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Como todo princípio primeiro, diz o Filósofo, o princípio da não-
contradição é, por si só, indemonstrável. Primeiro, por se tratar de uma tentativa
que resultaria numa regressão ao infinito (“é impossível que exista demonstração
de tudo: nesse caso, ir-se-ia ao infinito e, consequentemente, não haveria
nenhuma demonstração” (1006 a 7/9). Depois porque, se se quisesse demonstrar
um primeiro princípio postulando algo que lhe é anterior, dar-se-ia nítida
contradição. Além disso, estaria a se configurar uma petição de princípio, de vez
que em qualquer demonstração já estaria operando o próprio princípio
(primeiro!) a ser demonstrado, pois que o principio de não-contradição é
condição de possibilidade para toda tentativa nesse sentido
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um limite, uma separação do que fica dentro ou fora do conjunto abrangido pela
significação da palavra dita. Em outros termos, se falo algo com significação,
delimito-o, pois não existe significado sem determinação.
Daí decorre que, se as coisas são determinadas, então não pode ser o caso
de serem e não serem, ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, de certo modo.
Portanto, há algo de verdadeiro com cuja significação me comprometo. A não ser
assim, não me será possível pensar ou sequer me comunicar.
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enfraquecimento da prova; valorizaria, ao contrário, tal prova, caso se fizesse
exigir somente a semântica – o vínculo se daria apenas com a determinação, por
si só, da linguagem.
A base de tal raciocínio está na distinção que ambos fazem entre as coisas
em si e as aparências, as coisas tal como se nos aparecem. As coisas seriam
fenomênicas no modo como se nos revelam. Assim sendo, pode ser o caso de que
as coisas, elas mesmas, sejam radicalmente indeterminadas, mas, tal como nos
aparecem, são determinadas. Localmente, penso de maneira determinada quando
uso o termo “homem”, mas isso não quer dizer que exista uma determinação
radical das entidades “homens” no mundo.
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estar mudando o tempo todo. Então se as coisas são indeterminadas, todas as
aparências a respeito dessas coisas são verdadeiras.
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Parte II
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conhecimento, há energeiai secundárias, ou realidades que são o exercício de tais
estados. Tais elaborações podem ser exemplificadas da seguinte forma: “falar
grego não é um processo imperfeito voltado a um fim da forma como aprender
grego o é; por outro lado, ele pode ser interrompido, e o saber grego não pode “.
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nada pode estar se movendo apenas por um momento
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A ontologia de Parmênides
De acordo com Parmênides, tudo o que pode ser deve ser alguma
coisa ou outra, não podendo nada ser. Tal pensamento expressa a universalidade
do Ser, no sentido de que o que possa ser nominado ou pensado deve ser; O
Inexistente seria, então, aquilo sobre o qual nada é verdadeiro e nem mesmo
pode ser pensado, visto que, para o filósofo, ser pensado e ser é uma coisa só.
Muitas objeções podem ser feitas a tal conclusão, uma das quais a de que
essa teoria levaria à afirmação de que seria possível provar que coisas existem só
de se pensar nelas. Por outro lado, há quem considere que a confusão atribuída a
Parmênides deu-se pelo uso errado da predicação envolvendo o verbo ser, no
idioma grego.
(De pronto, em livre pensar, o Ser de que fala Parmênides faz lembrar a
substância, a essência de que tratará Aristóteles.)
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Aristóteles refutará as duas teses ao argumento de que a verdade
estabelece uma relação entre uma proposição e as coisas a respeito das quais essa
proposição é feita. Desse modo, é necessário que coisas que tenham essas
aparências sejam radicalmente determinadas.
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Também é no diálogo Parmênides que se apresenta longa discussão
dialética sobre o uso e os predicados que lhe podem ser atribuídos, inclusive
quanto à possibilidade de o Uno partilhar do Ser, às vezes sim, às vezes não,
debate que se relaciona ainda uma vez com os objetos ordinários de percepção
sensorial, que estariam a vagar entre o ser e o não-ser. No tocante aos particulares
sensíveis, seria possível estabelecer tempos, aspectos, relações, fixando as
distinções próprias, ao atribuir predicados.
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