1) Aristóteles discute potência e ato para falar sobre movimento, definindo-os como princípios que vão além do entendimento sobre movimento.
2) Ele diferencia potências racionais e irracionais, aplicando-as a seres animados e inanimados, e explica que potências podem ser inatas, adquiridas por exercício ou instrução.
3) Aristóteles argumenta que o ato é anterior à potência em conceito, conhecimento e tempo, com exceção daquilo que é idêntico mas da mesma
1) Aristóteles discute potência e ato para falar sobre movimento, definindo-os como princípios que vão além do entendimento sobre movimento.
2) Ele diferencia potências racionais e irracionais, aplicando-as a seres animados e inanimados, e explica que potências podem ser inatas, adquiridas por exercício ou instrução.
3) Aristóteles argumenta que o ato é anterior à potência em conceito, conhecimento e tempo, com exceção daquilo que é idêntico mas da mesma
1) Aristóteles discute potência e ato para falar sobre movimento, definindo-os como princípios que vão além do entendimento sobre movimento.
2) Ele diferencia potências racionais e irracionais, aplicando-as a seres animados e inanimados, e explica que potências podem ser inatas, adquiridas por exercício ou instrução.
3) Aristóteles argumenta que o ato é anterior à potência em conceito, conhecimento e tempo, com exceção daquilo que é idêntico mas da mesma
CURSO DE FILOSOFIA Seminário diocesano Nossa Senhora do Desterro
Sem. Gustavo Alexandre da Cruz
Profº Dr. Daner Hornich
Trabalho da disciplina de Metafísica I do curso do
primeiro ano de Filosofia – Instituto Padre Eugênio Inverardi: resenha sobre o livro (nono) da metafisica de Aristóteles.
No livro em questão, a nona parte do compilado sobre a metafísica, Aristóteles vai
tratar em linhas gerais sobre os princípios de potência e ato para falar do movimento. Seu objeto de estudo será o ser. Para ele, além de o ente ser entendido como essência, qualidade, quantidade, ele também passa a ser entendido segundo a potência e o ato. Porém, a concepção de ambos ultrapassa o entendimento no que se refere ao movimento. Nesse primeiro capítulo do nono livro, Aristóteles diz sobre as potências conforme a mesma espécie; aquelas que estão relacionadas à potência primária, em que consiste o princípio de mudança (movimento). Mas segundo o filósofo, existe uma potência que é a capacidade de não sofrer mudanças para pior, nem destruição pela ação de outro ou de si enquanto outro, por obra de um princípio de mudança. A partir dessa concepção, em todas as definições está presente o conceito da potência originária. A partir desse sentido, tanto o fazer quanto o padecer possuem potência, sendo a mesma ou diferente. Ao final dessa primeira parte do livro nono, ele discorrerá sobre a impotência (ou impotente) como sendo privação; afirma que ela contém múltiplos significados. De acordo com o grego, toda potência se contrapõe a uma impotência – ou privação. Sofrem privações as coisas que, por força ou por sua natureza, deveriam conter a potência, mas não a contém. A partir dessa primeira concepção, ele trata das potências racionais e irracionais, separando-as entre seres inanimados e animados. De acordo com ele, de modo indutivo, se os princípios de potência aparecem nos seres inanimados e animados, logo haverá potências irracionais e outros racionais. As potências racionais são as mesmas para os contrários; no entanto, as irracionais são para um único. Para compreender a noção de contrário e privação, ele nos dá um exemplo: o quente só é potência de aquecer, enquanto a arte médica é da enfermidade e da saúde. A partir dessa noção, entende-se a essência da arte médica como saúde, e sua privação, a enfermidade. Já na terceira parte, ele aborda a distinção entre potência e ato, a partir da visão oposta dos megáricos. Segundo estes, só existe potência quando existe ato; se não existe potência, logo o ato também não existe. Seguindo o exemplo de uma construção, só possui potência e a arte de construir quem estiver construindo. Conforme essa perspectiva, de fato o construtor é em ato; mas aquele que aprende a arte de construir o é em potência. Mas, o erro deles está em considerarem que os construtores só possuem a arte de construir quando estão no ato da construção. No quinto capítulo Aristóteles abordará o modo de atuar das potências. Dentre esses modos ele discorre mais evidentemente sobre três: as congênitas, que seriam as inatas (naturais); essas não necessitam de uma atividade precedente; as de exercício, que são alcançadas pela prática, e as que são adquiridas por uma determinada instrução, ou seja, por aquisição. Para a primeira o exemplo são os nossos sentidos; já para a segunda, seria o exercício de tocar um instrumento; e no terceiro caso, a obtenção de uma arte. Para determinar a definição de potência, Aristóteles a subdivide como sendo ela algo determinado, em um tempo determinado e de um modo determinado. Retomando a noção das potências racionais e irracionais, ele dirá também sobre o princípio do desejo do ser. O que decide na escolha do ser que possuí potência racional é o desejo. Dessa forma, o indivíduo possuinte da racionalidade só agirá quando desejar aquilo de que tem potência e do modo como tem potência. Ainda nessa perspectiva, reaparece a noção dos contrários; - “Se alguém quisesse ou desejasse fazer, ao mesmo tempo, duas coisas diferentes ou contrárias, não poderia; de fato, não é desse modo que o indivíduo possui a potência para fazer tais coisas, e não existe potência de fazer coisas opostas ao mesmo tempo”. Logo, considerando as formas de atuação da potência (circunstância/tempo/modo) nesse caso, o indivíduo pode ter a capacidade, mas não a potência no momento; a possível inércia de uma enquanto uma outra age. Além disso, de acordo com Aristóteles, é preciso definir quando algo é em potência e quando não. Algumas coisas só podem, se forem capazes para tal. Ele então determina algumas interferências para que algo passe de potência para ato e cita a noção das coisas que possuem em si o princípio da geração. Sobre as interferências, ora são questões exteriores, ora interiores. No caso das coisas que possuem em si mesmas a geração, só não serão em potência por barreiras exteriores. Por exemplo o esperma; ele não é o homem em potência, pois depende de outro ser. Nesse caso, mesmo o homem tendo o princípio gerador, ele precisa de outro princípio, a mulher. Existem algumas coisas ou seres que não podem ser determinados, mas feitos de algo. Nesse sentido, há coisas que se referem a outras para serem. Por exemplo: a moeda não é bronze, mas é feita de bronze; um crucifixo não é madeira, mas feito dela. Mas segundo Aristóteles, se existe algo que não precisou de algo já existente, isso será a matéria-prima. Quanto à noção de prioridade, de acordo com o grego, de modo geral o ato é anterior à potência, segundo a noção, a substância e o tempo. A natureza e a potência pertencem ao mesmo gênero; porém a natureza é princípio de movimento, em si mesma enquanto tal. A partir da noção de substância, o ato é anterior à potência; mas a partir do tempo, pode não ser. Fica ainda mais evidente que o ato é anterior, a partir da noção de sua precedência, tanto em conceito quanto em conhecimento. Por exemplo, chamamos piloto a quem tem a capacidade de pilotar, e corredor a quem tem a capacidade de correr. Essa percepção vale para tudo o mais. Por fim, é anterior quanto ao tempo, a partir daquilo que é idêntico, não ele mesmo, mas da mesma espécie. Para continuar explicando essa prioridade, Aristóteles diz que existe sempre um movente precedente e um movente que já é em ato. Há formas de o ser em ato derivar do em potência, mas sempre por obra de outro já em ato. Ao tratar da substância, tudo que é ser – deriva de algo, torna-se algo, por obra de algo. Para entendermos isso, ele diz que é impossível que alguém seja construtor sem nunca ter construído nada; da mesma forma o jogador não pode ser sem jamais ter jogado; e ainda mais, só se aprende a construir – construindo, e a jogar – jogando. Ainda sobre o prisma da anterioridade do ato em relação à potência, falando sobre a substância, Aristóteles diz que nada do que é em potência é eterno, pois toda potência é ao mesmo tempo potência de contrários. O que não possui potência de ser, consequentemente não pode existir; paralelamente, tudo o que possui potência pode também não existir em ato. Por exemplo, um seminarista é um padre em potência, mas pode não vir a ser em ato. Ele também discorrerá sobre entes necessários, dizendo que esses só podem existir em ato, pois são seres primeiros. Algumas coisas são sempre em ato, porque seu princípio de movimento não está ligado com a potência dos contrários; nesse sentido tais coisas ou seres não são corruptíveis, como o sol e a lua. Logo, subentende-se que a substância daquilo que é corruptível é matéria e potência, e não ato. Se existe a realidade de um ser por si mesmo, incorruptível, ele é em ato e não em potência. Sendo ele por si mesmo necessário, não pode ser em potência, mas em ato; pois enquanto ser primeiro não pode vir a ser; ele é em ato. No capítulo nove, Aristóteles relacionará ato e potência com o bem, o mal e os teoremas geométricos. Tudo o que é dito em potência é potencialmente ambos os contrários; o sadio e o enfermo, o bem e o mal, o frio e o quente. As potências dos contrários existem ao mesmo tempo, mas os próprios contrários, não. Ou seja, a potência para o bem e para o mal existe ao mesmo tempo, mas o ato de realizá-los não pode ser feito junto. Em relação às proposições geométricas, os enunciados de problemas de geometria são sempre em ato. O processo de pensamento da resolução é a potência; esse processo acontece em ato. Ou seja, é construindo a resposta para o teorema geométrico que se pode resolvê-lo. Por fim, na última parte do nono livro, Aristóteles vai tratar do ser como verdadeiro e o não-ser como falso. Para poder defini-los, analisam-se primeiro as figuras das categorias; a potência e o ato dessas categorias; seus contrários e segundo o verdadeiro e falso. O ser V e F das coisas consiste na sua união e na sua separação. Para se chegar à definição do que é a realidade, é preciso que aconteça o processo de separação. Ao afirmar que algo é branco, deve- se partir não do pensar que é branco, mas porque algo é realmente branco. Aqui vê-se o movimento de separação entre o que é o pensamento e o que é a realidade. Em relação àquilo que nunca pode haver mudança em sua essência, será impossível que ora seja verdadeiro, ora seja falso. Por exemplo, o ser incomposto não pode ser ora V e ora F; pois existe uma diferença entre o ser simples e o ser composto. Sobre as substâncias não- compostas, todas são em ato e não em potência; de fato, se não fosse assim, iriam gerar-se e corromper-se. Enfim, sobre o ser que é em ato não há possibilidade de não o pensar, pois o próprio pensar já é em ato. A respeito do ser, não há possibilidade de ser falso, ou seja, de não ser. A consideração disso seria apenas por ignorância; logo se segue a ideia de que não é possível que o ser ora seja, e ora não seja.