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Ato e Potência[1]

Como é que se explica o ato e potência?


1.Introdução
Primeiramente é necessário a compreensão do que seja potência. Em
física, potência é a grandeza que determina a quantidade de energia
concedida por uma fonte a cada unidade de tempo. Em outros termos, potência
é a rapidez com a qual certa quantidade de energia é transformada[2].
Já ato, significa "1. Aquilo que se faz ou se pode
fazer: Ato patriótico. 2. Decisão, deliberação ou determinação do poder
público. 3. Rel Exteriorização de certos sentimentos, convicções, desejos ou
propósitos: Ato de contrição, ato de esperança etc. 4. Rel Prece que contém
essa exteriorização (...)[3]".É bom perceber que existe uma ligeira diferença no
conceito de ato para a filosofia.
De acordo com as explicações filosóficas de Aristóteles, potência seria a
capacidade de uma coisa transformar-se em outra, devido a sua necessidade,
ou até mesmo, devido sua impossibilidade de permanecer sempre constante,
ou seja, continuar a ser o que é sem possibilidade de transformação. No início,
parece ser algo bastante difícil, todavia, é algo simples de ser compreendido,
sem se falar de que é algo de grande relevância para o entendimento moderno
da filosofia positiva.
Por exemplo, um diamante é um objeto em potência e em ato, pois tende a se
transformar em grafite, da mesma forma é o caso de uma semente, que não
chegando ao seu fim determinado, poderá ainda ser outra coisa – uma árvore-,
e está árvore, por conseqüência da ação humana, poderá ser transformada,
por exemplo, em folhas de papéis. Isso é uma das constatações de que o
universo sempre estará em reciclagem[4].
Neste ponto percebe-se que a teoria Lavoisier é bastante precisa - "Na
natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".
Todavia, Aristóteles determina uma exceção. A única coisa totalmente em ato,
ou seja, como um Ato Puro é identificado como sendo o Bem[5].
Se pensarmos bastante, isso é mais uma questão voltada à filosofia física, uma
área mais especifica da Filosofia (mãe de todas as ciências) [6].
O ato é uma coisa que já está realizada, por exemplo - o carbono, decorrido da
estabilização da matéria diamante; a árvore surgida pela realização da
despontencialização da semente ao ser plantada no solo, já lançaram uma
parte da potência na realização de outro objeto, ou na satisfação de outro
objetivo, tanto autonomamente, quanto co-relacionado.
Não se tem aqui a pretensão de atestar que um objeto seja apenas em ato, ou
apenas em potência, pois, todas as coisas (gênero) no universo são
manifestadas em potência e em ato. É importante relembrar
que Aristóteles determina uma exceção a esta regra, através de uma lógica
precisa. A única coisa que é apenas em ato, sem que exista transformação e
sem que ao menos precise dela é o BEM.
Este ato (O BEM) não é nada em potência, nem é a realização
de potência alguma. Ele é sempre igual a si mesmo e não é antecedente de
coisa alguma. Desse conceito Tomás de Aquino derivou sua noção
de Deus, em que o determinava como um "ato puro".
O que tanto se quer dizer é que uma matéria só poderá se transformar em
outra mediante uma movimentação impulsionada por uma energia (potência).
O esgotamento dessa potência transformará a matéria em ato. Desse modo, é
que se consente que o movimento de transformação só há na eminência
substancial de uma potência, esta não existindo, estará a "coisa" manifestada
apenas em ato.
Trabalhando na lógica de Aquino, pode-se entender que se o BEM é ato e não
tem Potência, quer dizer que o BEM surgiu de si mesmo, por isso a sua
genialidade. E se este BEM vem de Deus, conseqüentemente, Deus é um Ser
que existe por si só, sem depender de outra coisa ou energia para viver. É o
começo de tudo e tudo nele mesmo.
Em Deus não há potência; Ele é ato perfeito, puro, motor imóvel[7].
Através do exposto, presume-se que a potência se espelha a matéria, tendo a
capacidade de se transformar em qualquer determinação ("coisa"). E
o ato espelha-se a forma, existindo nele a completude, a finitividade, a
propriedade determinada da coisa.
Um ato não quer a possibilidade de mudanças, presume-se ser totalmente
acabado e perfeito, sem que dependa de mais nada para a sua existência.
O ato é algo que está realizado e está realização deu-se por si mesmo, sem
nenhuma interferência de potência. O ato é ilimitado nele mesmo.
Frente a isto, pode-se entender que algo trabalhado, puro, realizado, perfeito,
sem limites é mais necessário e valioso que seu oposto. Por exemplo, se for
comparado imagens e atitudes de pessoas que demonstram variações de
personalidades ( "caras"), estas acabariam sendo consideradas desagradáveis,
instáveis, impuras e inconstantes (potências) a um ambiente de pessoas de
alegrias constantes, puras e felizes. O ser humano tende a repudiar algo que
não lhe agrade, conceituando-o como ruim. Já como regra, tendem a
consagrar BOM, algo agradável e sempre permanente (ato), ai o "por que" da
brilhante teoria de Tomás de Aquino ao falar que Deus era em ato sem ser
em potência.
Algo que é bom tem que ser bom eternamente, conseguindo agradar sempre
(por isso o ser constante, perfeito e o puro do ato).
A POTÊNCIA se refere as múltiplas e, inclusive, contraditórias possibilidades
reais de um indivíduo. O ATO consiste no desenvolvimento de uma
possibilidade, na perfeição adquirida. O ATO é algo determinado, atualizado,
completo, perfeito, singular, concreto. A POTÊNCIA indica indeterminação,
possibilidade, estado incompleto, imperfeição, multiplicidade. Aristóteles nos
mostra uma realidade, pois percebemos o que significa o ATO. A POTÊNCIA,
por sua vez, é uma maneira incompleta, indeterminada. Podemos dizer que
algo é na medida em que este esteja em ato, e não em potência. Uma estátua
é ato quando está realmente esculpida, e não quando está em um bloco de
mármore. Assim, este bloco de mármore poderá se tornar uma linda estátua,
ou em piso para um templo ou lápides para a memória de alguém que não
mais está em nosso meio. Este é mais um dos exemplos aristotélicos.
Concluímos assim que ATO e POTÊNCIA não são entes, mas são dois
princípios opostos do mesmo ente[8].
2.Interpretação aristotélica
Aristóteles ocupou-se com a alegação dos megáricos contra a possibilidade
(ou a potencialidade, no sentido de algo ainda não real) sem, todavia,
mencionar diretamente a Diodoro. Mas, ao referir-se especialmente aos
megáricos e esta questão, terá pensado em Diodoro; sendo ele
posteriormente o principal citado por Sexto Empírico, este fato confirma a
hipótese de que visava em primeira mão a Diodoro.
Abordando Aristóteles a questão da potência e do ato, diz que para alguns
filósofos a potencialidade não existe; sendo senão o ato que se realiza,
somente há ato e não potência[9].
"Há filósofos, os megáricos por exemplo, que pretendem que não há
potência quando acontece o ato, e quando não há ato, não há potência:
Assim, aquele que não constrói, não tem a potência de construir, mas
somente aquele que constrói, no momento quando constrói, e assim por
diante" (Aristóteles, Metafísica 1046b 28-30).
Depois de contestar argumentando contra, acrescentou:
"A argumentação dos megáricos deriva, pois na anulação do movimento
e do devir, o ser em pé sempre de pé, o ser assentado sempre
assentado" (Metafísica 1047a 13-15).
3.A filosofia de Aristóteles influência Tomás de Aquino[10]
Data venia, para expor a teoria de Tomás de Aquino influenciada
por Aristóteles, sendo de grande relevância a compreensão da filosofia
positiva moderna, exercendo influência no surgimento de vários princípios
sociais.
Seu maior Mérito foi a Síntese do Cristianismo com a visão aristotélica do
mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na
escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base
filosófica para a teologia e ratificando o materialismo de Aristóteles. Em suas
duas "Summae", sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua
época : são elas a "Summa Theologiae", a "Summa Contra Gentiles".
A partir dele, a Igreja tem uma teologia fundada na revelação e uma filosofia
baseada no exercício da razão humana, que se fundem numa síntese
definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus.
Sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas
não se opõem. Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão.
Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser
de Deus; já o mal é a ausência da perfeição, haja vista que a essência do mal é
a privação ou ausência do bem.
Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma Teoria do
Conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos
políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto
de vista da ética, ao "Princípe" de Maquiavel.
Com o uso da razão é possível demonstrar a existência de Deus, para isto
propõe as cinco vias de demonstração:
Primeira via
Primeiro Motor Imóvel: Tudo o que se move é movido por alguém; é impossível
uma cadeia infinita de motores provocar o movimento dos movidos, pois do
contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo, há de se ter um
primeiro motor que dará início ao movimento existente e que por ninguém foi
movido.
Segunda via
Causa Primeira: Decorre da relação "causa-e-efeito" que se observa nas coisas
criadas. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido
causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria
nenhum efeito, pois, cada causa pediria outra numa seqüência infinita.
Terceira via
Ser Necessário: Existem seres que podem ser ou não ser contingentes, mas
nem todos os seres podem ser desnecessários, já que se assim fosse o mundo
não existiria, logo é preciso que exista um ser que fundamente a existência dos
seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro
ser.
Quarta via
Ser Perfeito: Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais
perfeitos do que outros. Dessa forma, qualquer graduação pressupõe uma
parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de
perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres.
Quinta via
Inteligência Ordenadora: Existe uma ordem no universo que é facilmente
verificada, ora, toda ordem é fruto de uma inteligência, não se chega à ordem
pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o Universo
na forma ordenada.
4.Conclusão
Conclui-se, pois, que todas as coisas são em potência e em ato. Ato é aquilo
perfeito, que existe em si mesmo, ou seja, que não mais está a se transformar.
Todavia, potência é uma coisa que tende a ser outra, que está sempre a se
apresentar como novas características, mesmo que permaneçam suas
substâncias.
Foi com essas idéias que São Tomás de Aquino desenvolveu a sua teoria do
Deus perfeito, consagrando o modo como nós enxergamos a verdade e o
cristianismo do mundo moderno.

[1] Assunto por Aristóteles


[2] Ver na Wikipédia o significado.
[3] Significado tirado do site- michaelis.uol.com.br/
[4] Poderia ser feita uma referência da teoria espírita, demonstrando o ciclo das
coisas materiais e espirituais.
[5] Em religião, ética e filosofia, a frase bem e mal se refere à avaliação de
objetos, desejos e comportamentos através de um espectro dualístico, em que
numa dada direção estão aqueles aspectos considerados
moralmente positivos e na outra, os moralmente negativos. O bem é por vezes
visto como algo que implica a reverência pela vida, continuidade, felicidade ou
desenvolvimento humano, enquanto o mal é considerado o recipiente dos
contrários. Por definição, bem e mal são absolutos porque qualquer enunciado
moral afirma ser válido, independentemente de quem o faz, e
independentemente de qualquer objeto ao qual o enunciado se refira. Por
exemplo, "assassinato é moralmente errado" afirma ser um enunciado objetivo
visto que não é uma declaração sobre o sujeito que o declara. O enunciado
também afirma ser absoluto porque implica que assassinato é mau em geral,
por contraste com assassinato ser moralmente errado para que uma pessoa o
cometa e não para outra.
Não há consenso se o bem ou o mal são intrínsecos à natureza humana. A
natureza da bondade tem recebido muitos tratamentos; em um deles, o bem é
baseado no amor natural, vínculos e afetos que se desenvolvem nos primeiros
estágios do desenvolvimento pessoal; outro, afirma que a bondade é um
produto do conhecimento da verdade. Existem diferentes pontos de vista sobre
o porquê do surgimento do mal. Muitas religiões e tradições filosóficas
concordam que o comportamento malévolo é em si mesmo uma aberração que
resulta da condição humana imperfeita ("A Queda do Homem"). Por vezes, o
mal é atribuído à existência do livre arbítrio e da agência humana. Alguns
argumentam que o mal em si baseia-se finalmente na ignorância da verdade
(isto é, valor humano, santidade, divindade). Alguns pensadores do iluminismo
alegaram o oposto, sugerindo que o mal é aprendido como conseqüência de
uma estrutura social tirânica.
Teorias da bondade moral investigam quais tipos de coisas são boas e o que a
palavra "bom" realmente significa no abstrato. Como um conceito filosófico, a
bondade pode representar a esperança de que o amor natural seja contínuo,
expansivo e abrangente. Num contexto religioso monoteísta, é
desta esperança que deriva um importante conceito de Deus—como uma
infinita projeção de amor, manifesta como bondade na vida das pessoas. Em
outros contextos, o bem é visto como algo que produz as melhores
conseqüências na vida das pessoas, especialmente em relação a seus estados
de bem estar.
Embora todas as linguagens possuam uma palavra expressando bem no
sentido de "ter a qualidade certa ou desejável" (ἀρετή) e mal no sentido de
"indesejável", a noção de "bem e mal" num sentido moral ou religioso absoluto
não é antigo, e surge das noções de purificação ritual e impureza. Os
significados básicos de κακός e ἀγαθός são "ruim, covardemente" e "bom,
bravo, capaz" e seus significados absolutos surgem somente por volta de 400
a.c, com a filosofia pré-socrática, Demóclito em particular. A moralidade em seu
sentido absoluto solifica-se nos diálogos de Platão, juntamente com a
emergência do pensamento monista (principalmente em Eutifro, o qual pondera
o conceito de piedade, τὸὅσιον, como um absoluto moral). A idéia é
posteriormente desenvolvida na antiguidade tardia, no Neoplatonismo,
Gnosticismo e pelos Pais da igreja.
Este desenvolvimento do relativo ou habitual para o absoluto é também
evidente nos termos ética e moralidade, ambos sendo derivados de termos
para "costume regional" (em grego ήθος e em latim mores, respectivamente).
[Wikipédia].
[6] Defendemos a Filososia como a mãe de todas as ciências e coisas.
[7] Geocities (site)
[8]Cézar Cardoso Neto - Ato e Potência: solução aristotélica- A Gazeta.
[9] ENCICLOPÉDIA SIMPOZIO
[10] Abordado pela Wikipédia, a enciclopédia livre.

Leia mais
em: http://www.webartigos.com/articles/10066/1/Ato-E-Potencia-Aristotelico/pag
ina1.html#ixzz1UkagLhhf

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