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“Se alguém, sentado no monte Troiano Ida, tivesse visto o exército dos helenos avançando
pela planície, com ordem e disposição perfeitas... sem dúvida ter-lhe-ia vindo a idéia de que existia um
ordenador de semelhante ordem dirigindo soldados tão bem dispostos ao seu comando... Do mesmo
modo, os primeiros que viram o céu e contemplaram o sol percorrendo o seu caminho desde a aurora
até o ocaso, e as danças ordenadas dos astros, procuraram um artífice dessa formosa ordenação, não
pensando que pudesse formar-se ao acaso, mas por obra de uma natureza superior e incorruptível que
é Deus” (De philos. fr.12).
“Todo móvel deve ser movido por um motor. Portanto, se não tiver em si mesmo o princípio
do movimento, é evidente que é movido por outro...Uma vez que cada corpo móvel é movido por um
motor, é necessário, também, que cada corpo movido no espaço nele seja movido por outro. E, então,
o motor por outro motor, pois também se move, e este, por sua vez, por outro (Física, VII, 1, 241).
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Mas isto não pode continuar até o infinito; deve deter-se em um ponto e haverá algo que será causa
primeira do movimento... (Física, VII, 2, 242). Se (o motor) está em movimento, será necessário que
se aceite que ele muda e é movido por alguma coisa: pois devemos parar e chegar a um movimento
produzido por um imóvel (Física VIII, 15,267).
Posto, então, que todo móvel é movido por um motor, e que este é um imóvel ou movido, e movido
sempre por si mesmo ou por outro, chega-se a estabelecer que há um princípio dos movimentos que,
para os móveis, é o que se move por si mesmo, e, para a totalidade do universo, é o imóvel”. (Física,
VIII,8,259)
“É preciso que haja uma substância eterna imóvel... Se o universo é sempre o mesmo em seu
movimento circular, deve existir algo que permaneça agindo sempre do mesmo modo (Met.
XII,6,1071). Existe algo que sempre é movido de maneira inexaurível, quer dizer, circular...;pelo que
será eterno o primeiro céu. Há, pois, alguma coisa que o move. E, como o que é movido e move é
mediador (entre motor e imóvel), há alguma coisa, pois, que move sem ser movida, sendo eterna e
todo substância e ato (Metaf. XII, 7, 1072). Este não tem mais necessidade de mudar, poderá, porém,
mover sempre (pois não lhe causa nenhuma fadiga mover assim); e o movimento por ele produzido é
uniforme, ou ele só ou por excelência: uma vez que o motor não tem mudança de espécie alguma”.
(Física, VIII, 15, 267)
“Então, o céu e a natureza dependem de um princípio de tal natureza. E essa vida que também
para nós é a mais excelente, mas que somente nos é concedida por breve tempo, ele a vive sempre
(para nós, seria, entretanto, impossível), pois, para ele, a sua atividade é também gozo... O ato
intelectual que é por si mesmo, tem por objeto o ótimo, por si mesmo; e o ato intelectual, por
excelência, tem por objeto o ótimo, por excelência. O intelecto pensa por si mesmo mudando-se em
inteligível; pois se faz inteligível no contato e na inteligência (de si mesmo), por isso, identificam-se o
intelecto e o inteligível. Com efeito, o intelecto é capacidade do inteligível e da substância; mas, já os
possuindo, é em ação; por isso, o que parece ter de divino o intelecto é mais aquele do que esta, e a
atividade mais doce e excelente é a contemplação... E como o ato de compreender é vida, ele é ação,
assim a ação pura por si mesma é a sua ótima e eterna vida. Por isso dizemos que Deus é vivente
eterno, ótimo...Pois isto é Deus... Mas é evidente, também, que é impassível e inalterável (Metaf. XII,
7, 1072-3)...Pensa, pois, por si mesmo, uma vez que é o ótimo, e o seu pensamento é pensamento do
pensamento.. E assim está ele sendo ação de pensamento que se pensa a si mesmo durante toda a
eternidade”(Metaf. XII,9, 1074-5)
Extraído de:
MONDOLFO, Rodolfo. O Pensamento Antigo. São Paulo: Mestre Jou,1973. v.2. p.13-34.
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HADOT, Pierre. Aristóteles e sua escola. In: _____. O que é a filosofia antiga. São Paulo: Loyola,
Leituras complementares:
1999. P. 119-138
MOTTA PESSANHA, J.Américo. Vida e obra. In: Aristóteles. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os
Pensadores)
REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. São Paulo: Loyola, 1994, v.2. p.335-74.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Filosofia Pagã Antiga. São Paulo:
Paulus, 2003, cap. 7.