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Citando Platão, Proclus apresenta em seu argumento décimo primeiro, a noção de que
a matéria subsiste por causa do universo. Isto é, a matéria tem a função de ser a base
para a geração dos entes deste mundo da mudança. Não sendo nada em particular, mas
sim uma aptidão para se tornar qualquer coisa, a matéria não é algo.
As coisas são compostas de matéria e de forma, então a matéria é dirigida para a forma
como o material de um artista é dirigido para a obra que o mesmo artista imprimirá no
seu material. As formas são perpétuas, e a matéria pura é incorruptível e inclinada à
receber as formas. Assim, o mundo, união de ambos, só pode ser eterno.
No argumento décimo segundo, Proclo afirma que em tudo aquilo que é gerado há a
necessidade de uma causa eficiente que imponha à matéria uma determinada Forma. Se
algo não existe, ou não existiu durante algum tempo, é por falta de uma matéria
adequada ou por falha de uma causa eficiente. Dado que o Demiurgo é eterno e sempre
o mesmo, não falta a ele jamais o poder de ser causa eficiente das coisas. Por seu turno,
a matéria primeira não é algo que mude, não sendo agora adequada e depois
inadequada ou vice-versa. O Demiurgo, segue-se do exposto, impondo Forma à matéria,
produz o mundo sem um início e sem um fim.
O décimo terceiro argumento diz que, como afirma Platão, a Divindade deu ao universo
um movimento circular, que é natural a ele. Sendo assim, nenhum outro movimento será
o seu, inexistindo movimento para cima ou para baixo, como no caso dos corpos do
mundo sublunar. Nem mesmo haverá, portanto, geração ou corrupção, como, de novo,
no caso dos corpos do mundo sublunar. Mas, dirão, os corpos do mundo sublunar estão
contidos no universo.
Entretanto, o todo sempre é mais nobre que as partes que o compõem, dado que estas
estão organizadas em vista da realização do todo e não o inverso. Se o universo tem um
movimento circular, e portanto eterno, as suas partes, não importando seus movimentos
próprios, estão organizadas em vista da realização do todo. Ademais, os próprios
elementos dos corpos sublunares são perpétuos, assim como os corpos celestes, o que
torna mais evidente que o todo universal, composto de perpétuos, deve ser ele mesmo
perpétuo.
Sendo assim, a matéria adequada para receber a Forma, ou a ordem, não tem início
temporal. Do mesmo modo, a ordem imposta à matéria não possui início temporal, o que
equivale dizer que a ordem é eterna e incorruptível. Na realidade, a distinção entre
Forma, matéria e ordem existe somente em nossa concepção das coisas. Sendo a ordem
sem início ou fim, o universo ele mesmo será sem início ou fim.
Proclo avança para o seu argumento décimo sexto mostrando que se o Demiurgo
possui duas vontades, elas devem ser, primeiro, que nada desordenado exista, e,
segundo, que o ordenado seja preservado. Ora, seria absurdo pensar que essas duas
vontades existissem em tempos diferentes, pois, como ensina Platão, não há tempo no
Demiurgo. Assim, as duas vêm desde sempre juntas, sem nenhuma anterioridade ou
posterioridade entre elas.
...
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