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ESCOLA JÔNICA – DE MILETO

QUESTÕES:

QUAL O PRINCÍPIO DE TODAS AS COISAS?

DO QUE AS COISAS SÃO CONSTITUIDAS?

Tales de Mileto (625/4 – 558/6 a.C.)


Anaximandro de Mileto (610 – 547 a.C.)
MONISMO
Anaxímenes de Mileto (585 – 528/5 a.C.)
Heráclito de Éfeso (540 – 470 a.C.)

Características:

Monismo: a busca pelo princípio (archê) primeiro de todas as coisas do universo, ou seja,
o que constitui todas as coisas, a natureza (phusis) que subjaz a todas as coisas.
Naturalismo: substância material – elemento da natureza.

TALES DE MILETO (625/4 – 558/6 A.C.)

A água o princípio a partir do qual são formadas todas as coisas.

ARISTÓTELES, Metafísica, I, 3. 983 b 6


A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos princípios de todas as coisas os que são
da natureza da matéria. Aquilo de que todos os seres são constituídos, e de que primeiro são gerados e em
que por fim se dissolvem, enquanto a substância subsiste mudando-se apenas as afecções, tal é, para eles,
o elemento, tal é o princípio dos seres; e por isso julgam que nada se gera nem se destrói, como se tal
natureza subsistisse sempre (...) Pois deve haver uma natureza qualquer, ou mais do que uma, donde as
outras coisas se engendram, mas continuando ela a mesma. Quanto ao número e à natureza destes
princípios, nem todos dizem o mesmo. Tales, o fundador de tal filosofia, diz ser água [o princípio] (é por
este motivo também que ele declarou que a terra está sobre água), levado sem dúvida a esta concepção por
ver que o alimento de todas as coisas é úmido, e que o próprio quente dele procede e dele vive (ora, aquilo
de que as coisas vêm é, para todos, o seu princípio). Por tal observar adotou esta concepção, e pelo fato de
as sementes de todas as coisas terem a natureza úmida; e a água é o princípio da natureza para as coisas
úmidas.
SIMPLÍCIO, Física, 23, 22
Tales de Mileto afirmava que água é o princípio, tendo sido levado a isto pelas (coisas) que lhe apareciam
segundo a sensação; pois o quente vive com o úmido, as coisas mortas ressecam-se, as sementes de todas
as coisas são úmidas e todo alimento é suculento.

ANAXIMANDRO DE MILETO (610 – 547 A.C.)

Não apresenta um elemento material específico como o princípio de todas as coisas.

Para Anaximandro, o princípio primeiro de todas as coisas é o apeiron (o ilimitado).


Por ser o Ilimitado, não admite princípio, pois se tivesse um princípio, automaticamente tal
princípio seria o seu limite. Sendo assim, ele existe desde sempre, e, enquanto princípio, não
pode estar sujeito à corrupção. Assim, “o Ilimitado é o princípio das outras coisas, ele
envolve cada coisa e governa todas as coisas [...] não admitindo causa [...] ele é o divino,
pois ele é imortal e imperecível.

Antes de surgirem as coisas existentes, havia uma massa indiferenciada, o apeiron, do


qual os contrários separaram-se. Após sua separação do seio do Ilimitado, cada contrário
tentou sobrepor-se ao outro, desequilibrando a harmonia existente entre eles. Parece que
temos dois motivos para a expiação pela injustiça realizada:

(a) o primeiro é pela própria separação dos contrários da unidade do apeiron;

(b) o segundo é tentativa de sobreposição dos contrários.

Essas duas injustiças são pagas, segundo a ordem do tempo, que funciona como
árbitro, com o retorno ao seio do Ilimitado, por necessidade. O processo originário de culpa
“moral e de expiação pode ser então entendida pela “dissociação de contrários” que estão na
origem do processo de geração (nascimento).

SIMPLÍCIO, Física, 24, 13


Dentre os que afirmam que há um só princípio, móvel e ilimitado, Anaximandro, filho de Praxíades, de
Mileto, sucessor e discípulo de Tales, disse que o ápeiron (ilimitado) era o princípio e o elemento das coisas
existentes. Foi o primeiro a introduzir o termo princípio. Diz que este não é a água nem algum dos chamados
elementos, mas alguma natureza diferente, ilimitada, e dela nascem os céus e os mundos neles contidos. É
manifesto que, observando a transformação recíproca dos quatro elementos, não achou apropriado fixar um
destes como substrato, mas algo diferente, fora estes. Não atribui então a geração ao elemento em mudança,
mas à separação dos contrários por causa do eterno movimento.
ARISTÓTELES, Física, III, 4. 203 b 6
Pois tudo ou é princípio ou procede de um princípio, mas do ilimitado não há princípio: se houvesse, seria
seu limite. E ainda: sendo princípio, deve também ser não-engendrado e o indestrutível, porque o que foi
gerado necessariamente tem fim e há um término para toda destruição. Por isso, assim dizemos: não tem
princípio, mas parece ser princípio das demais coisas e a todas envolver e a todas governar.

ANAXÍMENES DE MILETO (585 – 528/5 A.C.)

Retoma a preocupação original de Tales em estabelecer um único elemento como o


princípio de todas as coisas – o ar. O ar é o princípio das coisas que são atualmente
engendradas [geradas], das que foram e das que serão, mesmo as relativas aos deuses e coisas
divinas: tudo procede do ar. O ar possui aspectos diferentes, de acordo com as substâncias,
em função de sua condensação ou rarefação.

Afirma que uma só é a natureza subjacente, e diz, como aquele, que é ilimitada, não porém
indefinida, como aquele (diz), mas definida, dizendo que ela é ar. Diferencia-se nas
substâncias, por rarefação e condensação. Rarefazendo-se, torna-se fogo; condessando-se,
vento, depois nuvem, e ainda mais, água, depois terra, depois pedras, e as demais coisas
(provêm) destas. Também ele faz eterno o movimento pelo qual se dá a transformação.

Conclusão:

Enfim, os primeiros filósofos buscaram responder uma questão primordial: qual o princípio
que dá origem a todas as coisas? Independentemente do grau de sofisticação de cada
resposta, ela foi elaborada de modo racional, tentando dar conta dos fenômenos do mundo.
ESCOLA JÔNICA

TALES ÁGUA

APEIRON
MILETO ANAXIMANDRO ILUMITADO MONISMO

ANAXÍMENES AR
FOGO
LOGOS
ÉFESO HERÁCLITO DEVIR MONISMO
CONTRÁRIOS

https://radioteca.net/audioseries/os-7-sabios-da-grecia-3/

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