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PRÉ-SOCRÁTICOS:

OS PRIMEIROS
FILÓSOFOS
CONTEÚDO

Os poetas Conceitos fundamentais


Homero e Hesíodo Physis, Cosmos e Logos

Pré-socráticos Heráclito Vs. Parmênides


As teses defendidas Mobilismo e Monismo
01
OS POETAS
OS POEMAS MITOLÓGICOS

 A invenção da escrita permite que os mitos passem a ser


registrados em textos escritos na forma de POEMAS.

 Dois tipos de POEMAS vão marcar essa transmissão escrita dos


mitos:

I. OS POEMAS COSMOGÔNICOS

II. OS POEMAS ÉPICOS (EPOPEIAS)


OS POETAS

HESÍODO (Séc. VIII a.C.) HOMERO (Séc. VIII a. C.)


Escreveu os poemas cosmogônicos Escreveu as epopeias “Ilíada” e
“Teogonia” e “Os trabalhos e os “Odisseia”.
dias”.
POEMAS
COSMÔNIGOS
São poemas que desenvolvem
uma narrativa sobre o
“nascimento do universo e das
coisas que existem nele.
Teo + gonia = surgimento dos deuses

Cosmo + gonia = surgimento do cosmos (universo)

Teogonia de Hesíodo ≠ Cosmogonias monoteísta

 Na Teogonia o surgimento do universo é


explicado através no nascimento dose deuses.
Urano com Gaia (século III). Mosaico Castração de Urano (afresco do
romano. século XVII). Polidoro da Caravaggio.
POEMAS
ÉPICOS
São poemas que narram as
aventuras dos heróis, os
apresentando como exemplos de
virtude.
Ulisses e as sereias (Herbert James Draper)
02
CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
OBJETOS DE ESTUDO

COSMO
O termo cosmo significa para
os gregos ordem, harmonia e
beleza. Sendo o oposto do
PHYSIS caos. Geralmente é traduzido LOGOS
É traduzido como natureza como universo. É uma palavra de múltiplos
ou mundo natural. É daí significados. Pode ser
que vem a palavra física. traduzido como linguagem,
discurso, razão, discurso
racional.
O filósofo busca compreender:

● O mundo natural (physis).


● Que é ordenado (cosmo)
● Porque é racional (logos).

Sendo que os seres humanos só podem


compreender a racionalidade do mundo
por eles possuírem também razão.
Exemplo:

“Observando o sol que pertence ao mundo


natural (physis) você observa que há uma
ordem (cosmo): ele nasce e se põe todos
os dias. A razão (logos) disso é o
movimento de rotação. E o ser humano só
é capaz de compreender isso, por ser
também racional”
03
PRÉ-SOCRÁTICOS
O ELEMENTO PRIMORDIAL

A palavra grega ARQUÉ, ARKHÉ ou


ARCHÉ (ἀρχή) é traduzido como
princípio, origem e elemento primordial.
Todos os pré-socráticos concordam que:

1. O elemento primordial (arqué)


explica a ordem racional da
natureza. Ou seja, a arqué explica a
origem de todas as coisas
existentes e suas transformações.

2. A arqué não é algo sobrenatural,


mas um elemento que descobrimos
olhando para a natureza (physis).
TALES DE MILETO (624 a.C. – 526 a.C.)

“A maior parte dos filósofos antigos concebia


somente princípios materiais como origem de
todas as coisas ( ... ) Tales, o criador de
semelhante filosofia, diz que a água é o princípio
de todas as coisas” (Aristóteles. Metafísica. 1,3).

“Tales afirmava que a terra flutua sobre a água.


Mover-se-ia como um navio; e quando se diz
que ela treme, em verdade flutuaria em
consequência do movimento da água” (Sêneca.
Nat. Quaest. 111,4)
ANAXÍMENES (585 a.C. – 528 a.C.)
“Como nossa alma, que é ar, nos governa e sustém, assim também
o sopro e o ar abraçam todo o cosmos” (Anaxímenes. Fragmento).

“Anaxímenes (...) disse que um ar indefinido é o princípio, do qual


provêm as coisas que estão nascendo, nasceram e nascerão, deuses
e coisas divinas e o restante das coisas que provêm disso”
(Hippol. 1.7.1).

“Quando o ar se rarefaz, torna-se fogo; e quando se condensa,


vento; com maior condensação, nuvem; se for mais forte, água; se
mais forte ainda, terra; e com sua extrema condensação,
transforma-se o ar em pedra” (Hippol. 1.7.3).

“Afirma que, pela condensação do ar, formou-se pela primeira vez a


Terra, sendo completamente plana. Por isto, compreende-se, flutua
ela sobre o ar. As estrelas surgiram da Terra, ao destacar-se desta a
umidade ascendente; com a rarefação da umidade, surgiu o fogo; e
do fogo, que se elevava, constituiram-se as estrelas” (Hippol. 1.7.6).
HERÁCLITO (536 a.C. – 475 a.C.)

“Eis as suas teorias. Tudo foi feito pelo fogo e


tudo se dissipa no fogo. Tudo esta submetido ao
destino. E o movimento determina toda a
harmonia do mundo” (Diog. Laert. IX 7-11).

“O Universo, segundo ele, é limitado, e há só um


cosmos, nascido do fogo e que voltara ao fogo
após certos períodos, eternamente, É o destino
que assim quer” (Diog. Laert. IX 7-11).
XENÓFANES (580 a.C. – 460 a.C.)
Fragmentos sobre os mitos:

“Se os bois, cavalos e leões tivessem mãos e


soubessem desenhar... os cavalos desenhariam
figuras de deuses semelhantes a cavalos, os bois
semelhantes a bois“ (Xenófanes. Frag. 15).

“Os Etíopes acreditam que seus deuses possuem


narizes achatados e que são negros” (Xenófanes.
Frag. 16).

Fragmento sobre a arqué:

“Tudo sai da terra e tudo volta à terra” (Xenófanes.


Frag. 28).
EMPÉDOCLES (490 a.C. – 430 a.C.)

“Empédocles admite como


princípio QUATRO ELEMENTOS,
acrescentando (à água, ar, fogo) a
terra como quarto. Estes, diz ele,
são eternos e não foram gerados,
mas unem-se em quantidade maior
ou menor à unidade e dela
separam-se novamente”
(Metafísica. Aristóteles).
LEUCIPO (500 a. C. – 420 a.C.)
E DEMÓCRITO (460 a.C. – 370 a.C.)

“Leucipo foi o primeiro a afirmar os átomos como


princípio de todas as coisas” (Diog. Lart. IX).

“Eis a teoria de Demócrito. Na origem de todas as


coisas estão os átomos e o vazio (tudo o mais não
passa de suposição). Os mundos são ilimitados,
engendrados e perecíveis. Nada nasce do nada e
nada volta ao nada. Os átomos são ilimitados em
grandeza e número, e são arrastados com o todo em
um turbilhão. Assim nascem todos os compostos: o
fogo, o ar, a água, a terra. Pois são conjuntos de
átomos, incorruptíveis e fixos devido à sua firmeza. O
Sol e a Lua são compostos de massas semelhantes,
simples e redondas; e a alma, da mesma forma, a qual
é idêntica ao espírito” (Diog. Lart. IX).
PITÁGORAS (571 a.C. – 497 a.C.)

"Os assim chamados pitagóricos [...]


chegaram à convicção de que o
PRINCÍPIO DAS MATEMÁTICAS é o
princípio de todas as coisas. Como os
números eram, por natureza, os
princípios delas [...], pensaram que os
elementos dos NÚMEROS eram os
elementos de todas as coisas”
(Aristóteles. Metafísica).
ANAXIMANDRO (610 a.C. – 547 a.C.)

"Dentre os que afirmam que há um só


princípio, Anaximandro, sucessor e discípulo
de Tales, disse que o APEIRON (ilimitado) era
o princípio e o elemento das coisas existentes.
Diz que este princípio não é a água nem
algum dos chamados elementos, mas alguma
natureza diferente, ilimitada, e dela nascem os
céus e os mundos neles contidos (…)”
(Simplício. Física).
04
HERÁCLITO VS.
PARMÊNIDES
MOVIMENTO OU PERMANÊNCIA?

DEBATE
O debate entre Heráclito e Parmênides é
um debate sobre a essência da realidade, a
essência daquilo que existe (Ontologia).

POSIÇÕES
Heráclito defende que tudo aquilo que
existe está em constante
movimento/mudança já Parmênides rejeita
a existência do movimento/mudança.
MOBILISMO
Fragmentos sobre a constante mutabilidade da
realidade:

F 12: "Para os que entram nos mesmos rios, afluem


sempre outras águas; mas do úmido exalam também os
vapores."

F 49a: "No mesmo rio entramos e não entramos;


somos e não somos."

Fragmentos sobre a luta dos opostos como motor da


mudança:

F 51: “Não compreendem como aquilo que está


separado se reúne consigo mesmo; há harmonia na
tensão contrária, como no caso do arco e da lira”.

F 88: “É como uma coisa só, a vida e a morte, a vigília


e o sono, a juventude e a velhice; pois essas coisas
quando mudam são aquelas, e aquelas, são estas”.
MONISMO
 Parmênides é o filósofo que introduz a distinção
entre APARÊNCIA e REALIDADE.

 O modo como o mundo aparece para nós é


diferente de como ele é de fato. Exemplo: ao
olharmos para o sol ele parece menor que a terra
(aparência).

 Parmênides entende que o movimento/mudança


não existe, só parece existir, mas é uma ilusão dos
sentidos.

 A doutrina que defende que existe uma única


realidade que permanece sempre a mesma ficou
conhecida como MONISMO ou IMOBILISMO.
Parmênides parte da premissa:
“O ser é, e o não-ser não é” e
chega a conclusão “O
movimento não existe”. Mas
como ele faz isso?
ALGO NADA

“O SER É O NÃO-SER
NÃO É” (PARMÊNIDES).
“POIS PENSAR E SER É O
MESMO” (PARMÊNIDES).
SIGNIFICADO: Aquilo que é
algo pode ser pensado/falado,
já o nada (não-ser) não pode
ser pensado.
P1: Algo que pode ser falado/pensado deve ser (existir).

P2: O nada não pode ser (existir).

P3: O não-ser (nada) não pode ser falado/pensado. (de P2)

P4: Falar/pensar a mudança significa falar/pensar a


passagem do não-ser para o ser.

P5: Não é possível falar/pensar a mudança. (de P3 e P4)

C: A mudança não existe.


MOVIMENTO

NÃO-SER SER
NÃO-SER SER
VELHO VELHO

Dizer que mudou de não-velho para velho, significa dizer que do


que não-existe surgiu o que existe.
SER

Como o nada não existe, é absurdo dizer que o que existe surgiu
do nada. Com isso a ideia de mudança/ movimento desmorona.

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