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Os primeiros filósofos

Pré-socráticos (aprox. séc. VI-V a.c.)


As escolas filosóficas. Alguns exemplos:
Escola de Mileto Neo Platonismo
os Eleatas Patrística (Escola de Alexandria e Antioquia)
Os Pitagóricos Escola de Bagdad (Al-Farabi, tradução de
textos gregos)
Os Sofistas
Universidades de Paris, Oxford e Cambridge
A Academia de Atenas (Platão)
Academia de Florença (Ficcino, della
O Liceu de Aristóteles (Teofrasto) Mirandola)

Escolas helenísticas (após morte de


Alexandre): Cépticos (Pírro), Estóicos Séc XX
Frankfurt (teoria crítica)
Amesterdão (estudos de argumentação)
A origem da linguagem e os modos de comunicação entre seres humanos
perdem-se no tempo. Com as descobertas da arqueologia e as investigações
historiográficas vamos tendo uma imagem mais informada do nosso passado.

A observação dos fenómenos e dos ciclos da natureza, a interpretação dos


acontecimentos do passado e a previsão de um futuro fizeram-se por narrativas
locais e lendas, da tradição oral. As poesias épicas que passam ao registo escrito.
Suméria (Gilgamesh) e Egipto (as escolas dos mistérios)
Mais exemplos? Minóicos (3500-1200 a.c).

Pergunta à turma: o que interrompe a tradição oral?

Os templos - Transmissão e interpretação dos textos sagrados, reservado aos sacerdotes, na


Índia e no Egipto, por exemplo.
Podemos encontrar muitos exemplos de explicações mitológicas da
criação do mundo, mas poucas ou chegaram aos nossos dias.
No mar Egeu, emergem comunidades de língua grega.
Teogonia, Os Trabalhos e os Dias, atribuídos a Hesíodo.
Odisseia e a Ilíada, atribuídos a Homero.
(séc.VII-VIII a.c)
O mito das cinco Idades,
As memórias dos minóicos, da ilha de Creta.
Oráculo de Delfos, centro religioso e cultural
A filosofia ocidental teve por berço as colónias gregas estabelecidas na
Ásia Menor e na Itália do Sul. O intenso comércio entre estas zonas e o
mundo conhecido transmite-lhe os conhecimentos de outros povos:
matemática, astronomia, geografia, calendário, a moeda, o papel.

Esta época caracteriza-se pela transição do regime aristocrático para


outras formas de governo (tirania, democracia), e por uma crise
política.

Confere pág. 7 e 12 do manual, que contém informação complementar


sobre as condições sociais, políticas e económicas que proporcionaram
o aparecimento da filosofia
Referentes Históricos
776 Data em que tradicionalmente se fizeram os primeiros Jogos
Olímpicos
621 Drácon, legislador ateniense, aprova um código de leis, com
muitos crimes puníveis com a morte.
594 Solón, estadista ateniense, torna-se "Árchon", quando
membro do Areópago (Monte de Ares), promove reformas sociais
(Ar. Ath Pol. 6), faz retornar do exílio escravos atenienses,
encoraja a plantação de oliveiras, estabelece o conselho dos 400.
(Ar. Ath Pol. 8).
A escola de MIleto - Os fisiólogos
A cidade de Mileto, situada onde é hoje a Turquia, era uma das 12 cidades
pertencentes à Liga Jónica. Periférica em relação aos grandes poderes hitita,
micénico (até séc VIII), e mais tarde persa.
585 a.c. - O filósofo Tales, de Mileto, prevê um eclipse solar durante uma batalha.

Sabemos, a partir de doxógrafos como Aristóteles e Teofrasto, da existência e de


citações atribuídas a Tales, que afirmava ser a água o princípio (“arché”*) da
descrição e explicação do mundo natural.

Responde à exigência de fluxo, movimento, transformação

Parece fazer parte de todos os processos, está presente em todas as coisas


visíveis (imanentes)

“Arché”- palavra plurívoca, significando “princípio”, “origem”, “fonte”, “substância


subjacente”, “comando”. Exemplos: arqueologia, arcaico, arquiteto
Anaximandro de Mileto (c.610-547 a.c.), astrónomo aluno e sucessor de
Tales
“Ele diz que não é a água nem nenhum dos chamados elementos, mas uma outra
natureza indefinida (apeiron) do qual provêm os céus e os mundos neles contidos;
todas essas coisas, das quais existe tornarem-se nas coisas que são, são também
aquelas nas quais se tornam, de acordo com o que tem que ser. Pois elas dão
castigo e recompensa a uma e a outra de acordo com a ordem do tempo.(...)”

Crítica a Tales: A água não pode ser “arché”, porque não pode dar origem ao seu
oposto. Nenhum dos elementos (água, fogo, ar, e terra), pela mesma razão, pode
ser arché.

Anaximandro propõe a existência de uma substância indefinida (o “apeiron” - o


infinito, indefinido, ilimitado, imperecível, talvez influenciado por Chaos, de Hesíodo)

Energia Escura, Matéria Negra, 80% do universo observável(?)


Anaxímenes, discípulo de Anaximandro, (c. 546 a.c)
O ar é o arché, domina e mantém unido o cosmos, da mesma
maneira que a alma o faz com o corpo.
Prova - dois processos: a condensação e a rarefação.
Por condensação do ar se formam as nuvens, por condensação das
nuvens, forma-se a água. A condensação da água origina a terra, a
condensação da terra produz as pedras e os minerais.
O processo inverso é a rarefação. A rarefação do ar produz o fogo.
Heraclito de Éfeso (540 a.c - 480 a.c.), é-lhe atribuído o livro Sobre
a Natureza.
O fogo como metáfora do processo de transformação - a impermanência (devir)
e a harmonia (logos) governam o universo (cosmos); o frio e o húmido
representam a morte.

Heraclito propõe a unidade dos contrários: tudo está em fluxo; o mundo é um


fogo eterno; a guerra é o pai de tudo (a corda da lira e do arco)

“Os homens ignoram o que fazem quando estão acordados, do mesmo modo
que se esquecem do que fazem quando estão a dormir”; “Ninguém se banha
duas vezes no mesmo rio”.

Acusado por Platão de incoerência e por Aristóteles como negando a lei da não-
contradição
Parménides de Eleia, (séc V a.c.). Poema da Deusa
A percepção é ilusória. Nada se move, não há coisas separadas nem
opostos. A mudança é aparente. O todo é contínuo. O movimento é o não-
ser. As opiniões são ou não são.
Ou algo é ou não é.
O ser é, e não pode não ser.
O não-ser não pode ser.

Percursor do idealismo. Está a confundir o “é” da predicação com o “é” da


existência?
Empédocles de Acragas, Sicília (c.495- c.435 a.c.),
Tratado de Medicina; Purificações, doutrina da pré-existência e
imortalidade da alma; Poema Sobre a Natureza dos Seres
Um cosmos esférico formado em quatro raízes (os quatro elementos da
matéria - água, terra, ar, fogo) com as duas forças motrizes: o amor e a
discórdia.
As forças do amor e da discórdia fazem com que as partículas dos
elementos se juntem entre si ou se separem, formando a matéria a partir
dos elementos (princípio da predominância), em processos cíclicos e
eternos.
Anaxágoras de Clazómenas (500-428 a.c.)

Aceitando de Parménides o princípio de que nada é gerado ou


destruído;
Explica a mudança pela mistura universal de tudo em tudo,
sementes e porções; a matéria é infinitamente divisível.
Atribui o poder causal à Mente ou ao Espírito, a causa da ordem
física do passado, presente e futuro. Só o espírito é eterno.
Existem mundos inumeráveis
Demócrito de Abdera (c.460-379-1 a.c.), com Leucipo, fundador
do atomismo clássico
Aceita o argumento de Parménides de que não há geração nem destruição.

Rejeita o argumento eleático contra o movimento, que é possível admitindo a


ideia de vazio, um tipo de ser mas não o nada absoluto.

No vazio infinito, um número infinito de partículas eternas e imutáveis- os átomos.


O movimento dos átomos no vazio gera um vórtice rodeado por uma esfera

Só conhecemos as qualidades sensíveis, os objetos reais não são


percepcionados. Por isso o conhecimento dos átomos deriva do raciocínio.

As experiências imoderadas provocam o desequilíbrio na alma, resultando em


sofrimento.
Zenão de Eleia (450 a.c.). Dele resta o relato de Aristóteles, na Física,VI,9.
Aristóteles chamou-o de pai da dialéctica.

“Entre duas coisas há sempre uma terceira”


4 argumentos famosos contra a ideia de movimento:
pista de corrida, (nunca se chega a atravessar a meta - a ideia de infinitesimal
Aquiles contra a tartaruga, (nunca chega a ultrapassá-la)
o argumento da flecha (em cada momento a flecha voadora ocupa apenas a sua
posição; logo está em repouso);
o argumento das filas em movimento relativo contrário, para gerar a ilusão de que
se movem em velocidades diferentes.
Os pressupostos da multiplicidade e do movimento têm consequências absurdas.
Conclusão e Síntese
Historicamente, podemos situar o aparecimento da filosofia? Certamente houve noutras partes do
mundo pessoas que pensavam o mundo de forma naturalista. A particularidade destes filósofos é
serem os nossos mais antigos registos (escritos) de argumentação.

Nestes tempos de reorientação opera-se uma mudança “do mito à razão”. Em lugar dos deuses
antropomórficos, procuram-se os princípios de explicação fundados na natureza e na razão para
explicar a ordem do mundo e o lugar do homem.

Os primeiros filósofos debateram entre si, criticando-se mutuamente, ao longo de gerações,


propondo explicar a ordem do mundo terrestre e do universo celeste, substituir entidades
transcendentes e pessoais (Animais, Deuses, heróis), por entidades materiais, forças e
processos impessoais como princípios de explicação dos fenómenos.

A originalidade da experiência de pensamento como instrumento de trabalho, e a utilização de


paradoxos como forma argumentativa são o que nos principalmente nos interessa enquanto
alunos iniciantes de filosofia.
Exercício de escrita cosmogónico:

1. Como se originou a ordem do mundo?


2. Como mudam os seres?
3. Qual o lugar do ser humano no cosmos?

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