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Pré-socráticos II

SB-03

Prof. Marcelo Feijó - Filosofia


AULA2 - Introdução

 Os pré-socráticos buscavam, além de falar sobre a origem das coisas,


mostrar que a physis (naturezas) passava por constantes mudanças e
cosmologia

que essas eram provocadas por alguma coisa que tentavam conhecer.
Por causa das viagens marítimas, da invenção do calendário, da
invenção da moeda, do surgimento das polis, da invenção da escrita e
da política os gregos passaram a perceber que nada ocorria por acaso
e que não existia a interferência de deuses relatados no período
mitológico.
COSMOLOGIA

A cosmologia surgiu como a parte da filosofia


que estuda a estrutura, a evolução e
composição do universo, sendo a primeira
Pensar a realidade

expressão filosófica apresentada no Período


pré-socrático ou cosmológico. Suas principais
características são: a substituição da
explicação da origem e transformação da
natureza através de mitos e divindades por
explicações racionais que identificam as
causas de tais alterações, defende a criação
do mundo a partir de um princípio natural e
que a natureza cria seres mortais a partir de
sua imortalidade.
O princípio de todas as coisas : Arkhé
Os primeiros pensadores centraram a atenção na
natureza e elaboraram diversas concepções de
cosmologia (procurar a racionalidade constitutiva
do universo), explicar, diante da mudança (do
Arkhé

devir) a estabilidade, o uno. Ao perguntarem como


seria possível emergir o cosmo do caos (da
confusão inicial surge o mundo ordenado), os pré-
socráticos buscam o princípio (em grego, arkhé)
de todas as coisas, entendido não como aquilo que
antecede no tempo, mas como fundamento do ser.
Buscar a arkhé é explicar qual o elemento
constitutivo de todas as coisas.
Demócrito(460-360 a.C.)
 Uma das questões levantadas por Demócrito era se a alma seria também
feita de átomos. A resposta que obteve foi que “princípios de todas as
coisas são os átomos e o vazio”. Ele acredita que o átomo é o elemento
que dá base a uma infinidade de especulações complexas, sendo que sua
existência pressupõe a manifestação do vazio, onde os átomos se
movimentam.

“os homens acreditam que o branco e o


preto, o doce e o amargo, e todas as
outras qualidades do gênero, são algo
de real, quando na verdade só o que
existe é o ente e o nada”.
Demócrito

 Assim, explica a relação entre os átomos e o vazio. Sua teoria


implica que existem diferenças de quantidade entre os átomos e as
diversas combinações entre eles são as respostas para a qualidade
das coisas.

 O filósofo ainda fala sobre a linguagem e sua criação pelos homens.


É pioneiro a falar sobre convencionalismo linguístico. Segundo ele,
os homens da geração primitiva “pronunciavam palavras
desarticuladas e desprovidas de significado, aos poucos passaram a
articular as palavras, estabelecendo entre si expressões
convencionais para designar cada objeto”.
Demócrito
 A questão fundamental também é citada. A vida teria surgido do
vórtice atômico, ou seja, os átomos se concentram em corpos
sólidos e se compactam. Este fenômeno é mecânico e refere-se a
força centrípeta desenvolvida pelo movimento de um grande
vórtice que gera o nascimento da vida.

 Em suas palavras: “Por essa razão, o Sol e a multidão de astros


foram apanhados no vórtice geral; a parte lamacenta e turva, com
mescla de elementos úmidos, depositou-se inteiramente em um
lugar graças a seu peso e, girando e volvendo-se continuamente
sobre si mesma, com o elemento líquido formou o mar”.
Empédocles (588-524 a.C.)

 Retomando as discussões dos primeiros filósofos,


Empédocles concordava que a Natureza possuía uma
só origem, mas inovou ao pensar essa origem não
apenas derivada de um princípio único, mas sim
composta de quatro raízes fundamentais: terra, fogo,
ar e água.

Assim, numa espécie de síntese do pensamento


desses filósofos, Empédocles concebe que essas
substâncias possuíam iguais condições e,
portanto, eram todas elas, formadoras da physis.
Por isso, esse filósofo e seus seguidores ficaram
conhecidos como da Escola da Pluralidade.
Empédocles

 Empédocles gostava de denominar, água, ar (ou éter),


terra e fogo eram as 'raízes' (rizómata) do universo e,
embora cada um tivesse uma 'missão' específica, esses
quatro elementos eram iguais em idade e condições. A
mistura deles, por sua vez, daria origem à vida, ao
passo que a separação originaria a morte. Assim,
segundo esse filósofo, é da união desses elementos
que surgem os seres.
 Para responder a essas questões, ele concebe a existência de duas forças
universais, externas ao quarteto de elementos e que, para ele, seriam
responsáveis pelo movimento de união e separação que dá origem ao ser
e à morte. Essa duas forças são, respectivamente, o amor (philia) e o ódio
(neikos).

Podemos dizer que na teoria de Empédocles, amor e ódio assemelham-se


às forças de atração e repulsão estudadas pela física.

Amor Ódio
 Partindo desse pressuposto, Empédocles propõe a seguinte
explicação: no início do processo, as quatro raízes estão
totalmente misturadas e indiscerníveis, formando o uno. Para que
isso mude, o ódio, enquanto força corpórea de separação, age
afastando as raízes umas das outras; a partir da ação do ódio, o
que era uno torna-se múltiplo. Como nessa etapa do processo os
quatro elementos estão separados, nenhum ser pode surgir.

A mistura dos quatro elementos : terra, água, ar e fogo, em diferentes


proporções, teriam dado início a todas as coisas no universo.
Pitágoras ( 570 a 497 a.C.)

 Filósofo e matemático grego criou uma


escola batizada com seu nome –
pitagórica. Seu pensamento contribuiu
muito para o desenvolvimento da
Matemática e da Filosofia ocidental.
Aliás, curiosamente, foi ele quem
elaborou o termo ‘filósofo’. Pitágoras
também realizou seu sonho – transformar
em realidade e em inovação política seu
ideal de educação ética. Mas isto lhe
trouxe muitas inimizades e críticas, que o
levaram a abandonar Cretona.
Pitágoras

 A Escola Pitagórica tinha uma predileção pela investigação do


caráter dos números, uma vez que para seus adeptos eles
constituíam a essência de tudo.
 Do estudo desta área surgiu a teoria da harmonia das esferas,
segundo a qual todo o Universo é governado por interações
matemáticas.
 Como eles não tinham ainda conhecimento suficiente, nesta
época, para diferenciar formas, leis, matéria e a substância dos
objetos, concluíram que o número era a ponte entre os
elementos.
 Segundo o pitagorismo, há quatro elementos – terra, água, ar
e fogo. Seguindo estas veredas investigativas, eles
revelaram diversos princípios da física e da matemática. O
pentagrama, por exemplo, tornou-se até mesmo o símbolo
desta linha filosófica.
 Segundo Pitágoras, esta figura nasce ao se traçar as
diagonais de um pentágono regular; através dos pontos de
encontro de suas superfícies, constrói-se outro pentágono
regular, com as mesmas proporções do original.
 O nome deste genial matemático ficou para sempre
conectado a um significativo teorema, segundo o qual em
qualquer triângulo retângulo a soma dos quadrados dos
catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.
Zenão( 489-430 a.C.)

 Era discípulo de Parmênides e defensor árduo de seu


pensamento.
Segundo Aristóteles, Zenão foi o fundador da Dialética
como arte de provar ou refutar a verdade de um
argumento, partindo de princípios admitidos por seu
interlocutor. Já Platão disse que ele nada mais fez do que
fundamentar a tese de seu mestre, mas não provando que o
SER é UM e sim demonstrando que o MULTÍPLO é
impensável.
 Para mostrar aos seus adversários no que consistia a unidade
ou repouso do ser, evidenciando que o movimento ou
pluralidade é impossível, Zenão inventou os paradoxos (para
= contra; doxa = opinião), que permitiam a ele refutar as
teses apresentadas como meras opiniões, vias do não ser,
características das confusões causadas pela percepção
humana. Assim, remetia toda definição a uma exigência de
não contradição, o que mais tarde seria desenvolvido, junto
com o princípio de identidade de Parmênides, na Lógica de
Aristóteles.
 Um dos exemplos clássicos dos paradoxos de Zenão é o da
corrida entre Aquiles (o herói mais veloz da mitologia grega)
e a tartaruga. Segundo Zenão, numa disputa entre os dois, se
fosse dada uma pequena vantagem à tartaruga, Aquiles
jamais a alcançaria. Isso porque se o espaço é divisível ao
infinito (observe os divisores de uma régua, por exemplo),
Aquiles sempre deveria passar por um ponto dividido entre o
infinito e o ponto de partida, ou seja, o espaço será sempre
dividido pela metade, impossibilitando o movimento. Isso
significa que em tempo finito, jamais alguém poderá
percorrer uma distância infinita. Difícil? Não parece tanto. Se
nós modernos sabemos que existem infinitos números entre
o número 1 e o número 2, como chegar ao 2? Onde e quando
se sai efetivamente do domínio da unidade?
Saindo antes, a tartaruga SEMPRE estará à frente no
TEMPO, porém não no ESPAÇO.
Assim, a percepção nos passa informações contraditórias,
logo.. O MOVIMENTO É UMA ILUSÃO.
 Outro famoso paradoxo é o da flecha. Neste, um arqueiro
mira um alvo e lança a flecha de seu arco. Mas, pensou
Zenão, em cada instante de tempo determinado, a flecha
ocupa um espaço determinado (pensem numa imagem
fotográfica desse movimento sucessivo de instantes) o
que significa que em cada tempo finito a flecha está em
repouso. Ora, como entender que ela está
simultaneamente em repouso e movimento? O movimento
gera o repouso? Não, isso é uma contradição, aos olhos
dos antigos.
 A percepção do tempo é inversamente
proporcional ao deslocamento do corpo.
Quanto mais rápido o corpo se movimenta no
espaço, mais lentamente o tempo se passa
para esse corpo. Einstein
FIM

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