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Filosofia:

Pré-
socráticos
2º bimestre - 1º AM
A Filosofia surge na Grécia Antiga
no século VI a. C., mais
especificamente, em Mileto,
próspera cidade marítima
situada na região da Jônia, na
Ásia Menor. Os primeiros pré-
socráticos, Tales, Anaximandro e
Anaxímenes, também chamados
de monistas, são da cidade de
Mileto. A filosofia, portanto,
desenvolve-se da periferia para o
centro, concentrando-se em Atenas
somente mais tarde, com os
sofistas e Sócrates.
A filosofia nascente é uma
cosmologia, ou seja, é o estudo
racional sobre a origem do
mundo e as transformações
dos seres e da natureza.
Os primeiros filósofos são
chamados de pré-socráticos,
pois, diferentemente de
Sócrates, ocupavam-se
com questões relativas à
natureza, iniciando a separação
entre a filosofia e o pensamento
mítico.
• Os pré-socráticos foram os primeiros
pensadores que, nas cidades gregas da Ásia
Menor, por volta do séc. VI a. C.,
procuraram desenvolver formas de explicação
da realidade natural, do mundo que os
cercava, independentemente do apelo a
divindades e a forças sobrenaturais.
• Os pré-socráticos romperam com a tradição
mítica, e é por isso também que denominamos
seu pensamento de naturalista, por visar
explicar a natureza a partir dela própria,
compreendendo os fenômenos a partir de
relações de causa e efeito.
• Os filósofos pré-socráticos foram os primeiros
em nossa cultura a conceberem o mundo
de modo racional, investigando como a
natureza (physis) se origina, quais seus
componentes e qual o lugar do homem
nela. Por isso, são frequentemente
denominados cosmólogos, físicos ou filósofos
da natureza.
• Assim, buscaram analisar o processo de
origem (gênese) do universo com a exatidão
e objetividade que caracterizam a ciência.
• Os primeiros filósofos debatiam e buscavam o
elemento (princípio, substância
primeira) que teria dado origem a todas as
coisas.
• Nem todos os filósofos pré-
socráticos propuseram o
mesmo modelo de explicação
racional da natureza. Vejamos
os diferentes modelos a que
recorreram.
1) Escola de Mileto
Os filósofos de Mileto – Tales, Anaximandro e
Anaxímenes – consideraram que era possível estabelecer
um único princípio explicativo para a natureza.
Tales de Mileto sustentou que esse princípio é a água.
Anaximandro, discípulo de Tales, também
buscou compreender a origem e a formação de todo o
universo, buscando um elemento que teria dado origem a
tudo o que existe, o que era expresso pela palavra grega
arkhé (princípio).
Anaximandro considerou que tal princípio não
poderia ser nenhuma das substâncias concretas
que povoam o Universo, já que todas elas
procedem desse princípio; por isso, chamou-o
de ápeiron (indeterminado, indefinido).
A substância fundamental do universo não era a
água ou qualquer outra substância familiar, mas
algo intangível, o Ilimitado, “de onde provêm
todos os céus e os mundos neles contidos”.
Note o uso do plural: já que o universo de
Anaximandro era eterno e infinito em extensão,
um número infinito de “mundos” existiram antes
do nosso. Após sua existência, dissolveram-se
na matéria primordial antes que outros
aparecessem.
Anaxímenes, assim como Tales, recorreu a uma
substância determinada e afirmou que o princípio é o ar, do
qual todos os seres derivam, por meio de processos de
rarefação e de condensação.
"Quando o ar está igualmente distribuído é invisível:
manifesta a sua existência por meio do frio e do calor, da
umidade e do movimento. E está sempre em movimento".
"Quando o ar se rarefaz, torna-se fogo; e quando se
condensa, vento; com maior condensação, nuvem; se for
mais forte, água; se for mais forte ainda, terra; e com sua
extrema condensação, transforma-se o ar em pedra".
Exercícios de fixação
1) Tales, Anaximandro e Anaxímenes, da Escola de Mileto, ficaram conhecidos como physikoi,
porque se dedicaram a estudar e investigar a physis (natureza). Tales, por exemplo, afirmava que a
água era o princípio, tendo sido levado a essa constatação após muito observar as coisas e
fenômenos naturais, tal como estes lhe pareciam segundo a sensação: pois "o quente vive com o
úmido; as coisas mortas ressecam-se; as sementes de todas as coisas são úmidas; e, todo alimento
é suculento" (SIMPLÍCIO, Física, 23, 21 (DK 11 a 13). in.: ARANHA, 2002).
Assinale a opção que caracteriza a forma de investigação predominante no período pré-
socrático.
a) Desenvolvimento de doutrinas voltadas para a realização do bem-estar individual.
b) Enfoque em questões antropológicas, isto é, na capacidade humana de conhecer, de bem agir e
engajar-se no debate público da pólis.
c) Sistematização dos conhecimentos dos predecessores, organizando-os e compartimentando-os.
d) Busca por uma explicação racional para a totalidade da realidade, estabelecendo seu princípio
básico e ordenação.
e) Produção de argumentação racional e sistemática para sustentar a impossibilidade de alcançar a
verdade.
2. (Enem 2012 - Questão adaptada) Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o
elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas
provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao
passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por
condensação e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água,
quando mais condensada, transforma-se em terra, e, quando condensada ao
máximo possível, transforma-se em pedras (BURNET, J. A aurora da filosofia grega.
Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006).
Os primeiros filósofos pré-socráticos, da Escola de Mileto, desenvolveram
teses para explicar a origem do universo a partir de uma perspectiva
racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, constituem uma
teoria que
A) se baseava nas ciências da natureza.
B) refutava as teorias de filósofos da religião.
C) tinha origem nos mitos das civilizações antigas.
D) postulava um princípio originário para o mundo.
E) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
3. (Enem 2020) Aquilo que é quente necessita de umidade para viver, e
o que é morto seca, e todos os germes são úmidos, e todo alimento é
cheio de suco; ora, é natural que cada coisa se nutra daquilo de que
provém (SIMPLÍCIO. In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos.
São Paulo: Cultrix, 1993).
O fragmento atribuído ao filósofo Tales de Mileto é característico
do pensamento pré-socrático ao apresentar uma
a) abordagem epistemológica sobre o discurso racional e a
fundamentação da metafísica.
b) teoria crítica sobre a essência e o método do conhecimento
científico.
c) justificação religiosa sobre a existência e as contradições humanas.
d) elaboração poética sobre os mitos e as narrativas cosmogônicas.
e) explicação racional sobre a origem e a transformação da physis.
•.
4. (UNESP) Em 4 de julho de 2012, foi detectada uma nova partícula, que pode ser o
bóson de Higgs. Trata-se de uma partícula elementar proposta pelo físico teórico Peter
Higgs, e que validaria a teoria do modelo padrão, segundo a qual o bóson de Higgs
seria a partícula elementar responsável pela origem da massa de todas as outras
partículas elementares (Jean Júnio M. Pimenta et al. “O bóson de Higgs”. In: Revista
brasileira de ensino de física, vol. 35, no 2, 2013. Adaptado).
O que se descreve no texto possui relação com o conceito de arkhé, desenvolvido
pelos primeiros pensadores pré-socráticos da Jônia. A arkhé se refere:
A) à justificação ética das ações na busca pelo entendimento sobre o bem.
B) ao desenvolvimento da lógica formal como habilidade de raciocínio.
C) à investigação sobre a constituição do cosmos por meio de um princípio fundamental
da natureza.
D) a uma explicação da origem do cosmos fundamentada em pressupostos mitológicos.
E) à retórica utilizada pelos sofistas para convencimento dos cidadãos na pólis.
2) Natureza e matemática. A escola pitagórica

No século VI a.C., Pitágoras de Samos foi uma


das figuras mais influentes e misteriosas da
filosofia e da matemática. Como não existem
relatos originais de sua vida e de seus trabalhos,
há várias lendas a seu respeito, tornando difícil
separar fato de ficção.
Pitágoras desenvolveu a ideia da lógica numérica
e foi responsável pela primeira idade de ouro da
matemática. Graças ao seu gênio, os números
deixaram de ser instrumentos usados apenas para
contar e calcular e passaram a ser apreciados por
suas próprias características.
• Apesar de ter nascido em Samos,
Pitágoras emigrou para o sul da Itália,
que era então parte da Magna Grécia
(Grande Grécia), estabelecendo-se em
Crotona onde fundou a sua escola.
• A escola pitagórica foi uma comunidade
singular de caráter científico. Os
pitagóricos afirmaram que os
números constituem a natureza do
universo. Eles perceberam que os
fenômenos naturais são governados por
leis, e que essas leis podem ser descritas
por equações matemáticas.
• Uma das principais contribuições dos
pitagóricos à filosofia e ao desenvolvimento
da ciência consiste na doutrina segundo a
qual o número é o princípio fundamental da
realidade.
• Essa concepção do número como
elemento primordial reflete-se na tetractys,
ou "grupo dos quatro", que consiste nos
quatro primeiros algarismos (1, 2, 3 e 4),
que somam dez (10) e que podem ser
dispostos em forma triangular,
simbolizando uma relação perfeita.
Exercícios de fixação
A conexão que Pitágoras estabeleceu entre a música e a matemática foi absorvida pelo espírito grego. Um momento
decisivo é a nova concepção da estrutura da música. A harmonia exprime a relação das partes com o todo. Está nela
implícito o conceito matemático de proporção que o pensamento grego figura em forma geométrica e intuitiva. A
harmonia do mundo é um conceito complexo em que estão compreendidas a representação da bela combinação dos
sons no sentido musical e a do rigor do número, a regularidade geométrica e a articulação tectônica. A ideia grega de
harmonia abrange a arquitetura, a poesia e a retórica, a religião e a ética (Adaptado de: JAEGER,W. Paideia: a formação
do homem grego. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 207).
Com base no texto e em seus conhecimentos sobre o surgimento da filosofia e dos primeiros filósofos, assinale
a alternativa correta.
A) A concepção pitagórica de mundo permitiu que os gregos formassem a consciência de que, na ação prática
dos cidadãos, existe uma norma do que é proporcional, que deve ser seguida também na esfera do direito.
B) A filosofia pitagórica do número corresponde à ideia de que os números exprimem relações concretas entre as coisas,
o que possibilita dizer que os fenômenos naturais são reduzidos a relações quantitativas e calculáveis.
C) Inspirando-se nos estudos sobre a música e na observação da natureza, Pitágoras concluiu que há uma relação
de proporção entre cosmos e música, qual seja, ambas são disformes e caóticas; essa ideia norteará a
concepção pitagórica de ação humana.
D) O estudo das proporções em música verifica a existência de uma relação assimétrica entre o número de vibrações e o
comprimento das cordas da lira; a partir disso, Pitágoras estabeleceu a ideia de assimetria geométrica rigorosa
do cosmos.
E) Pitágoras compreendeu que a diversidade com que a natureza se manifesta permite inferir que a realidade última das
coisas assenta-se na matéria sensível e no modo como as coisas se apresentam aos sentidos humanos.
2. Entre as principais contribuições da Escola Pitagórica
para a história da filosofia e da ciência, destaca-se:
A) a concepção de que a realidade está em contínua
mutação.
B) a descoberta de que o movimento é uma ilusão dos
sentidos.
C) a definição do átomo como o elemento primordial da
realidade.
D) a importância dada ao aspecto quantitativo e à
matemática para a abordagem racional da realidade.

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