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OS PRÉ-SOCRÁTICOS

Filósofos da physis (natureza)


AS PRIMEIRAS “ESCOLAS”
FILOSOFIA GREGA ANTIGA
Tales de Mileto (625 à 546 a.C.)
Tales de Mileto (625 à 546 a.C.)
A água
• Considerado o primeiro filósofo disse "tudo é água". A nova concepção
de mundo dos milésios denominou-se logos (λόγος) palavra grega que
significa razão, palavra ou discurso. A palavra 'logos' foi dita pela
primeira vez por Heráclito.

• As características do logos, que o contrapõem ao pensamento mítico,


são a imanência (oposta à transcendência), o naturalismo e o
abandono do antropomorfismo.

• Para Tales, portanto, tudo é fundamentado pela água, o logos é água.

• A importância de Tales está na originalidade de ter sido o primeiro


pensador a imputar a um elemento único a causa de todos os
fenômenos. Se Tales estivesse hoje entre nós, talvez ele dissesse:
"tudo é crise econômica".
Anaximandro (610 à 546 a.C.)
Anaximandro (610 à 546 a.C.)
o infinito (ápeiron)
• Contemporâneo de Tales e Anaxímenes, fez o primeiro mapa-múndi.

• Para ele, o arkhé (do grego, princípio) é o infinito.

• E a sua observação cosmológica se deu da seguinte forma:

“se à luz se contrapõe a escuridão,


se ao seco se contrapõe o úmido,
se ao quente se contrapõe o frio,
ao limitado se contrapõe o ilimitado”

A palavra ápeiron significa ilimitado ou infinito.


Anaxímenes (586 à 525 a.C.)
Anaxímenes (586 à 525 a.C.)
O ar
• Contemporâneo de Tales, disse que "tudo é ar". Sua observação está focada no ar como
aquilo que sustenta a vida, aquilo que se encerra no último suspiro.

• Ar (pnêuma) tem, em Anaxímenes, um significado mais espiritual do que natural. Ar é uma


espécie de “sopro”, fonte de vida.

• A preocupação destes três filósofos (Tales, Anaximandro, Anaxímenes), iniciadores da


filosofia, foi pensar um universo fundamentado na natureza cosmológica em contraposição
aos mitos.

• Diante da multiplicidade e da mutabilidade das aparências, buscavam um princípio unificador


imutável, ao qual chamaram arkhé, origem, substrato e causa de todas as coisas.

• A adoção de um princípio único é chamado de monismo (quem não é monista é dualista -


Platão, Descartes -, ou pluralista - Aristóteles)
Anaxímenes (586 à 525 a.C.)
O ar
• Diante da multiplicidade e da mutabilidade das aparências, buscavam um
princípio unificador imutável, ao qual chamaram arkhé, que significa
origem, substrato e causa de todas as coisas.

• A adoção de um princípio único é chamado de monismo (quem não é


monista é dualista - Platão, Descartes -, ou pluralista - Aristóteles)
Pitágoras (580 à 500 a.C.)
Pitágoras (580 à 500 a.C.)
O número

• Criador da irmandade religiosa pitagórica, divulgava, a partir de uma


reformulação do orfismo (que cultuava o deus Dionísio) a
transmigração da alma (reencarnação) e advogava o não consumo de
carne, pois os humanos poderiam reencarnar em animais.

• Pitágoras propôs algo imaterial, o número, como princípio de


explicação das coisas e do mundo.

• Para a linguagem pitagórica, "número" é sinônimo de harmonia.


'Número' para Pitágoras não era uma abstração, para ele, a
constituição íntima das coisas era feita realmente de 'números'.
Estas duas descrições de Pitágoras influenciaram as filosofias de
Platão e de Aristóteles.
Heráclito (540 à 480 a.C.)
Heráclito (540 à 480 a.C.)
O fogo (devir)
• Era chamado de "obscuro" por ter um estilo de difícil compreensão.

• Para ele o arkhé é o 'fogo'.

• Foi o filósofo do vir-a-ser (devir), que preconiza tudo estar em movimento e


mudança permanente; e também foi o criador da dialética.

O 'fogo' de Heráclito é uma metáfora de algo que possibilita a
transformação. O dinheiro, por exemplo, é algo que permite transformar as
horas trabalhadas por uma pessoa em alimentos para o seu sustento.
Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no
mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes
a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da
mudança, dispersa e de novo reúne.
HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado).
Heráclito (540 à 480 a.C.)
O fogo (devir)
• Os fragmentos mais famosos de Heráclito foram:

"Tudo flui e nada permanece.",


"Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio."
"O Sol é novo a cada dia.”

• Heráclito cunhou a palavra 'logos' que significa: palavra, enunciado,


definição, discurso, explicação, cálculo, medida, avaliação, razão,
causa, pensamento. Portanto, para ele, o logos é o fogo, ou seja a
causa dos fenômenos é o fogo (é a mudança). Tomando um exemplo:
o que há de constante em algo que conheço é a sua mudança
permanente.
Influenciou a filosofia de Hegel e Karl Marx. Alguns filósofos o
colocaram em oposição a Parmênides.
Parmênides (séc. VI a.C.)
Parmênides (séc. VI a.C.)
O ser
• Nasceu em 515 a.C.

• Para Parmênides, tudo o que existe constitui uma única realidade: o ser,
que ele identifica com o pensamento, uma vez que só se pode pensar
sobre aquilo que existe.

• Esse ser é incriado, imóvel, imutável, homogêneo e esférico, ou seja,


fechado em si mesmo.

• Não pode, portanto, mudar; o aparente movimento das coisas não seria
senão um engano dos sentidos.

• Nesse aspecto, Parmênides se opunha radicalmente a Heráclito, para


quem a mudança era o princípio fundamental da realidade.
Parmênides (séc. VI a.C.)
Princípio de identidade (não-contradição)
• Admirado por Aristóteles e por Platão. Parmênides formulou pela primeira
vez o princípio de identidade, ou da não-contradição, segundo o qual o
ser é e o não-ser não é, base de toda a lógica posterior.
Por que o argumento de Parmênides se contrapõe ao de Heráclito? Ora, se
tudo muda como diz Heráclito, como é possível o conhecimento?
• Para Parmênides só é possível conhecer o que é (o que permanece igual a
si mesmo); e aquilo que é sempre um vir-a-ser (um não ser) não está
passível de conhecimento.

Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser


é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável
e sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo
homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é
perecer? Como poderia gerar-se?
PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).
Parmênides (séc. VI a.C.)
• “Só é possível pensar e dizer que o ente é, pois o ser é, mas o nada não é;
sobre isso, eu te peço, reflita, pois esta via de inquérito é a primeira de que
te afasto; depois afasta-te daquela outra, aquela em que erram os mortais
desprovidos de saber e com dupla cabeça, pois, no peito, a hesitação dirige
um pensamento errante: eles se deixam levar surdos e cegos, perplexos,
multidão inepta, para quem ser e não ser é considerado o mesmo e não
o mesmo, para quem todo o caminho volta sobre si mesmo”.
Parmênides, Sobre a Natureza, 6, 1-9.

A relação entre mito e logos pode ser ilustrada a partir do seguinte


fragmento do poema Sobre a Natureza de Parmênides:
“E a deusa me acolheu benévola
Mão direita tomou e assim dizia e me interpelava:
Ó jovem, companheiro de aurigas imortais
Tú que assim conduzido chega à nossa morada,
Salve! Pois não foi mal destino que te mandou perlustrar
Essa via (pois ela está fora da senda dos homens) ...”
Empédocles (490 à 430 a.C.)
Empédocles (490 à 430 a.C.)
Os quatro elementos
• Disse que tudo se fundamentava em água, fogo, terra e ar.

• Estes quatro elementos se separam pela força do ódio e se juntam pela


força do amor.

• Curiosidade:
• O filósofo pré-socrático Empédocles tinha delírios de grandeza. De acordo
com o biógrafo Diógenes Laércio, pulou na boca do vulcão Etna, na Sicília,
na esperança de se tornar um Deus (também há quem afirme que ele,
pessoalmente, não tinha a ilusão de se tornar imortal – só queria dar um
golpe e fazer a população acreditar nisso). De outras versões da lenda
consta que o vulcão, malandramente, cuspiu de volta uma das sandálias,
revelando a farsa aos presentes. Em sua homenagem, um imenso vulcão
submarino na costa da Sicília em foi batizado de “Empédocles” em 2006.
Anaxágoras (500 à 428 a.C.)
Anaxágoras (500 à 428 a.C.)
As sementes (homeomerias)
• Como Parmênides, afirmava que só o ser é e o não-ser não é, porque ao
ser, enquanto totalidade, não se pode acrescentar nem tirar nada.

• Considerava, em consequência, que "nada vem à existência nem é


destruído, tudo é resultado da mistura e da divisão". A cambiante
pluralidade do real é simplesmente o produto de ordenações e
reordenações sucessivas, já não dos quatro elementos tradicionais, água,
terra, fogo e ar, mas sim de "sementes", ou "homeomerias".

• Anaxágoras, contudo, defendeu também a ideia de que, junto à matéria,


existe um princípio ordenador, um nous ou "inteligência", como causa do
movimento. Por isso ele é considerado o primeiro dualista.
Demócrito (460 à 370 a.C.)
Demócrito (460 à 370 a.C.)
Os átomos e o vácuo
• Para explicar as mudanças da natureza, Heráclito havia afirmado que tudo
é movimento, enquanto Parmênides dizia que o ser é uno e imutável e que
o movimento é ilusão.

• Tentando resolver esse dilema, Demócrito considerou que toda a realidade


se compunha de dois únicos elementos: o vácuo ou não-ser e os átomos.

• Afirmava que o arkhé são os “átomos” (a = negação + tomos = divisão),


palavra grega que designa aquilo que é indivisível.

• Os átomos, segundo Demócrito, são materiais eternos e sem causa, cujas


propriedades são tamanho, forma, impenetrabilidade e movimento.
Demócrito (460 à 370 a.C.)
A tranquilidade (epitimia)
• Essas partículas se movem continuamente no vácuo e, segundo sua forma
e tamanho, constituem os diferentes corpos físicos: sólidos, gasosos etc.

• Todos os fenômenos e mudanças de estado, como a morte, não passam


de combinações e separações de átomos.

• Demócrito explicava a sensação argumentando que os corpos emitiam


imagens muito tênues que impressionavam a alma, também material, por
meio dos sentidos. A partir desse conhecimento sensorial o homem se
elevaria até o racional.

• Demócrito, portanto, oferece uma explicação totalmente material e


mecanicista do mundo. Portanto, sua ética é antes de tudo prática e se
encaminha para o bem comum. O homem deve aspirar à epitimia, ou
tranquilidade de espírito, livre de temores e emoções, e sua busca
precisa ser garantida por leis justas de convivência.

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