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AÇÃO DA PRECE

O Espiritismo nos faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do


pensamento, seja quando o ser a quem oramos atende ao nosso apelo, seja quando o nosso
pensamento eleva-se a ele. Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário
imaginar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que
preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é
impulsionado pela vontade pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som,
com diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se
ampliam ao infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum ser, na Terra ou no
espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece
de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.

A energia da corrente está na razão direta da energia do pensamento e da vontade. É assim


que a prece é ouvida pelos Espíritos onde quer que eles se encontrem, assim que os Espíritos
se comunicam entre si, que nos transmitem a suas inspirações, e que a relações se
estabelecem à distância entre os próprios encarnados.

Esta explicação se dirige sobretudo aos que não compreendeu a utilidade da prece puramente
mística. Não tem por fim materializa a prece, mas tornar compreensíveis os seus efeitos, ao
mostrar que ela pode exercer a ação direta e positiva. Nem por isso está menos sujeita à
vontade de Deus, juiz supremo em todas as coisas, e único que pode dar eficácia à sua ação.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – CAP. 27, Item 10.

PERISPÍRITO

É sabido que todas as matérias animais têm como princípios constituintes o oxigênio, o
hidrogênio, o azoto e o carbono, combinados em diferentes proporções. Ora, como
dissemos, esses mesmos corpos simples têm um princípio único, que é o fluido cósmico
universal. Por suas diversas combinações eles formam todas as variedades de substâncias
que compõem o corpo humano, o único de que aqui falamos, embora seja o mesmo em
relação aos animais e às plantas. Disto resulta que o corpo humano não passa, na realidade,
de uma espécie de concentração, de uma condensação ou, se quiserem, de uma solidificação
do fluido universal, como o diamante é uma solidificação do gás carbônico. Com efeito,
suponhamos a desagregação completa de todas as moléculas do corpo: recuperaremos o
oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono; em outros termos, o corpo será volatilizado.
Esses quatro elementos, voltando ao seu estado primitivo por uma nova e mais completa
decomposição – se os nossos meios de análise o permitissem – dariam o fluido cósmico.
Sendo esse fluido o princípio de toda a matéria, ele mesmo é matéria, embora num
completo estado de eterização.

Passa-se um fenômeno análogo na formação do corpo fluídico, ou perispírito: é, igualmente,


uma condensação do fluido cósmico em torno de um foco de inteligência, ou alma. Mas aqui
a transformação molecular se opera diferentemente, porque o fluido conserva sua
imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispiritual e o corpo humano têm,
pois, sua fonte no mesmo fluido; um e outro são matéria, conquanto em dois estados
diferentes. Assim, tivemos razão de dizer que o perispírito é da mesma natureza e da mesma
origem que a mais grosseira matéria.
Como se vê, nada há de sobrenatural, já que o perispírito se liga, por seu princípio, às coisas
da Natureza, das quais não passa de uma variedade.

Sendo o fluido universal o princípio de todos os corpos da Natureza, animados e inanimados


e, por conseguinte, da terra, das pedras, razão tinha Moisés quando disse: “Deus formou o
corpo do homem do limo da terra.” Isto não quer dizer que Deus tomou terra, petrificou-a e
com ela modelou o corpo do homem, como se modela uma estátua com argila e como
acreditaram os que tomam as palavras bíblicas ao pé da letra; mas, sim, que o corpo era
formado dos mesmos princípios ou elementos que o limo da terra.

Moisés acrescenta: “E lhe deu uma alma vivente, feita à sua semelhança.” Ele faz, assim,
uma distinção entre a alma e o corpo; indica que ela é de natureza diferente, que não é
matéria, mas espiritual e imaterial como Deus. Diz: uma alma vivente, para especificar que
nela só está o princípio da vida, ao passo que o corpo,

formado da matéria, por si mesmo não vive. Estas palavras: à sua semelhança, implicam uma
similitude e não uma identidade. Se Moisés houvesse considerado a alma como uma porção
da Divindade, teria dito: Deus o anima dando-lhe uma alma tirada de sua própria substância,
como disse que o corpo tinha sido tirado da terra.

Estas reflexões são uma resposta às pessoas que acusam o Espiritismo de materializar a
alma, porque lhe dá um envoltório semimaterial.

REVISTA ESPÍRITA DE MARÇO DE 1866. Introdução ao Estudo dos Fluidos Espirituais – Item
VII.

As respostas seguintes nos foram dadas pelo Espírito


São Luís. Muitos outros, depois, as confirmaram.
I. Será o fluido universal uma emanação da divindade?
“Não.”
II. Será uma criação da divindade?
“Tudo é criado, exceto Deus.”
III. O fluido universal será ao mesmo tempo o elemento universal?
“Sim, é o princípio elementar de todas as coisas.”
IV. Alguma relação tem ele com o fluido elétrico, cujos efeitos conhecemos?
“É o seu elemento.”
V. Em que estado o fluido universal se nos apresenta, na sua maior simplicidade?
“Para o encontrarmos na sua simplicidade absoluta, precisamos ascender aos Espíritos puros. No vosso
mundo, ele sempre se acha mais ou menos modificado, para formar a matéria compacta que vos cerca.
Entretanto, podeis dizer que o estado em que se encontra mais próximo daquela simplicidade é o do
fluido a que chamais fluido magnético animal.”
VI. Já disseram que o fluido universal é a fonte da vida. Será ao mesmo tempo a fonte da inteligência?
“Não, esse fluido apenas anima a matéria.”
VII. Pois que é desse fluido que se compõe o perispírito, parece que, neste, ele se acha num como estado
de condensação, que o aproxima, até certo ponto, da matéria propriamente dita?
“Até certo ponto, como dizes, porquanto não tem todas as propriedades da matéria. É mais ou menos
condensado, conforme os mundos.”
VIII. Como pode um Espírito produzir o movimento de um corpo sólido?
Demonstrada, pelo raciocínio e pelos fatos, a existência dos Espíritos, assim como a possibilidade que
têm de atuar sobre a matéria, trata-se agora de saber como se efetua essa ação e como procedem eles para
fazer que se movam as mesas e outros corpos inertes. Uma idéia se apresenta muito naturalmente e nós a
tivemos. Dando-nos outra explicação muito diversa, pela qual longe estávamos de esperar, os Espíritos a
combateram, constituindo isto uma prova de que a teoria deles não era efeito da nossa opinião. Ora, essa
primeira idéia todos a podiam ter, como nós; quanto à teoria dos Espíritos, não cremos que jamais haja
acudido à mente de quem quer que seja. Sem dificuldade se reconhecerá quanto é superior à que
esposávamos, se bem que menos simples, porque dá solução a inúmeros outros fatos que, com a nossa,
não encontravam explicação satisfatória.

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