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Períodos da Filosofia Grega

*Período pré-socrático – neste período a temática estava voltada a Physis (natureza) e do Cosmo que vai do seculo VI ou VII àV a.c, que teve
como protagonistas os jônicos, Pitágoras e os pitagóricos, eleatas, pluralistas, etc. E, mais tarde, o interesse pela physis tornou-se de pouco
relevo. O objecto de interesse deslocou-se, de natureza para o homem. Este período ficou conhecido como humanístico ou antropológico, tendo
como destaque os sofistas e Sócrates.

Podemos afirmar que a filosofia pré-socrática caracterizava-se como um Realismo Metafísico (res = coisa ► realismo = o que existe), na medida
em que eles se perguntavam sobre a existência do ser que era o pressuposto de qualquer existência, o fundamento de toda a realidade, o ser que é
em si, que não se decompunha em outras coisas. Com os gregos começou um esforço para discernir entre aquilo que tem uma existência
meramente aparente e aquilo que tem uma existência real, uma existência em si, uma existência primordial, irredutível a outra. Estes filósofos
gregos procuram qual é ou quais são as coisas que têm uma existência em si. Eles chamavam a isto o "princípio" (arché), nos dois sentidos da
palavra: como começo e como fundamento de todas as coisas. Os primeiros filósofos que procuraram desvendar o arché, o princípio, o
fundamento de toda a existência foram chamados de filósofos naturalistas, pois este procuram na natureza, isto é, um elemento natural que fosse
o começo e o fundamento de todos as coisas. Estes são: Tales, Anaxímenes e Anaximandro, todos eles da cidade de Mileto, na região chamada
jônia, uma antiga colônia grega. Por isso são apelidados de jônicos ou Mileto. É comum ouvir Tales de Mileto, e assim por diante. Todos eles
concordavam com a ideia de existir uma substancia primordial por trás de todas as transformações.
Vamos conhecer alguns filósofos pré-socráticos e suas respectivas teorias.

Tales de Mileto (640 – 548 a.C.)


► O princípio de toda a realidade era a ÁGUA;
Anaximandro de Mileto (610-547 a.C.)
► O princípio fundamental da realidade era o APEIRON (INDEFINIDO);
Uma coisa indefinida que não era nem água, nem cerra, nem fogo, nem ar, nem pedra, mas antes tinha em si, por assim dizer, em
potência, a possibilidade de que dela se derivassem as demais coisas. Ele dizia que o mundo é apenas um de muitos que existem e se dissolvem
em algo que ele chamou de indefinido. Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.)
► O princípio fundamental da realidade era o AR INFINITO (pneuma ápeiron);
Foi quem pela primeira vez denominou o princípio de arché; O universo era o resultado das transformações do ar, da sua rarefação, o fogo, ou
condensação, o vento, a nuvem, a água e a terra. Esse era o processo pelo qual se passava da substância primordial para a multiplicidade dos
elementos.

Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.)


Foi o primeiro filósofo a perceber que as coisas são e não-são, ao mesmo tempo, ou seja, que a realidade está em constante movimento. O existir
é um perpétuo mudar, um estar constantemente sendo e não-sendo, um devir perfeito; um constante fluir. O elemento que representa o princípio
de todas as coisas é o fogo, pois este mostra a fluidez de tudo, o contínuo deixar de ser para tornar-se ser. O fogo consome, destrói, para
tornar-se o que é. Contemporâneo de Parmênides, Heráclito pensa que constantes transformações são a característica mais fundamental da
natureza. Talvez “Tudo flui”, dizia Heráclito. Tudo está em movimento, e nada é para sempre. Por isso não podemos “banhar-nos duas
vezes no mesmo rio”. Pois, quando mergulho no rio pela segunda vez, já não sou o mesmo, assim como o rio. Há um dinamismo
universal das coisas. Heráclito também apontou que o mundo está cheio de contradições. Se jamais adoecéssemos, jamais saberíamos o que
é gozarde boa saúde. Se jamais tivéssemos fome, jamais nos contentaríamos ao terminar uma refeição. Se jamais houvesse guerra, nunca
daríamos valor à paz, e, se jamais houvesse inverno, nunca nos contentaríamos com a visão da primavera. Tanto o bem quanto o mal têm um
lugar necessário no todo, dizia Heráclito. Se não houvesse um duelo constante entre os opostos, o mundo deixaria de existir. “Deus é dia e noite,
inverno e verão, guerra e paz, fome e fartura”, dizia. A luta dos contraste é o fundamento de todas as coisas.

Parmênides de Eléia (544-470 a.C.)


Sua filosofia está diametralmente oposta à filosofia de Heráclito. Enquanto este afirmava que o ser é e o não-ser também é,
Parmênides afirmava que o ser é e o não-ser não é. Parmênides verifica, pois, que dentro da ideia do devir há uma contradição lógica, há
esta contradição: que o ser não é; que aquele que é não é, visto que o que é neste momento já não é neste momento, antes passa a ser outra coisa.
Qualquer olhar que lancemos sobre a realidade nos confronta com uma contradição lógica, com um ser que se caracteriza por não ser. E diz
Parmênides: isto é absurdo; a filosofia de Heráclito é absurda, é ininteligível, não há quem a compreenda. Porque como pode alguém
compreender que o que é não seja, e, o que não é seja? As qualidades do ser de Parmênides são:
1) Idêntico a si mesmo - (princípio da identidade);
2) Único - não pode haver dois seres;
Suponhamos que haja dois seres; pois, então, aquilo que distingue um do outro "é" no primeiro, porém "não é" no segundo. Mas se no segundo
não é aquilo que no primeiro é, então chegamos ao absurdo lógico de que o ser do primeiro não é no segundo. Tomando isto absolutamente,
chegamos ao absurdo contraditório de afirmar o não-ser do ser. Dito de outro modo: se há dois seres, que há entre eles? O não-ser. Mas dizer que
há o não-ser é dizer que o não-ser, é. E isto é contraditório, isto é absurdo, não tem cabimento; essa proposição é contrária ao princípio de
identidade.
3) Eterno - não tem princípio nem fim;
Se tem princípio, é que antes de começar o ser havia o não ser. Mas, como podemos admitir que haja o não-ser? Admitir que há o não-ser, é
admitir que o não-ser é. Portanto tudo que existe sempre existiu e sempre existirá. Pela mesma razão não tem fim, porque se tem fim é que chega
um momento em que o ser deixa de ser. E depois de ter deixado de ser o ser, que há? O não-ser. Mas, então, temos que afirmar o ser do não-ser, e
isto é absurdo.
4) Imutável
Toda mudança do ser implica o ser do não-ser, visto que toda mudança é deixar de ser o que era para ser o que não era, e, tanto no deixar de ser
como no chegar a ser, vai implícito o ser do não-ser, o que é contraditório.
5) Infinito - não está em parte algum; Estar em uma parte é encontrar-se em algo mais extenso e, por conseguinte, ter limites. Mas o ser não
pode ter limites, porque se tem limites, cheguemos até estes limites e suponhamo-nos nestes limites. Que há além do limite? O não-ser.
6) Imóvel - mover-se é deixar de estar em um lugar para estar em outro; Mas como predicar-se do ser o estar em um lugar? Estar em um lugar
supõe que o lugar onde está é mais amplo, mais extenso que aquilo que está no lugar. Por conseguinte, o ser, que é o mais extenso, o mais amplo
que há, não pode estar em lugar algum, e se não pode estar em lugar algum, não pode deixar de estar no lugar

Empédocles de Agrigento (490-435 a.C.)


Este é tido como pluralista, pois não procurou um, mas vários princípios para a realidade, com a ideia de salvar as qualidades diferenciais das
coisas, admitindo, não uma origem única, mas uma origem plural; não uma só coisa, da qual fossem derivadas todas as coisas, mas várias coisas.
Assim, ele admitiu que eram quatro as coisas realmente existentes, das quais se derivam todas as demais e que essas quatro coisas eram: a água, o
ar, a terra e o fogo, que ele chamou raízes ou elementos isto é, aquilo com que se faz tudo o mais.
Empédocles sustentava que a culpada dessa grande divergência entre Parménides e Heráclito era a crença dos filósofos na existência de uma
única substância fundamental. Se isso fosse verdade, o abismo entre o que a razão nos diz e aquilo que “vemos com os nossos próprios
olhos” seria intransponível.
A água naturalmente não pode se transformar num peixe nem num pássaro. A água não pode jamais se transformar em outra substância. Água
pura será água pura por toda a eternidade. Nesse particular Parmênides tinha razão ao dizer que“nada se transforma”. Ao mesmo tempo,
Empédocles concordava com Heráclito quando dizia que devemos confiar naquilo que nossos sentidos nos dizem.

Pitágoras de Samos (séc. VI a.C.)


Foi o primeiro filósofo que pensou como fundamento da realidade um ser não-material, não acessível aos sentidos. Para Pitágoras a essência
última de todo ser, dos que percebemos pelos sentidos, é o número. As coisas são números, escondem dentro de si números. As coisas são
distintas umas de outras pela diferença quantitativa e numérica.

Anaxágoras (500-428 a.C.).


Outro filósofo que não estava nada satisfeito com a teoria de queuma determinada substância primordial, por exemplo, a água poderia se
transformar em tudo que vemos na natureza era Anaxágoras. Ele não aceitava a ideia de que terra, ar, fogo ou água poderiam se
transformar em ossos e sangue. Para Anaxágoras, a natureza seria composta de inúmeros pedacinhos imperceptíveis a olho nu. Tudo pode ser
dividido em pedaços menores ainda, mas mesmo nos menores pedaços existe um pouco de tudo. Assim, pele e cabelo nãopoderiam se
originar de algo diferente, mas haveria um pouco de pele e de cabelo no leite que bebemos e na comida que ingerimos, dizia ele.
Anaxágoras chamava esses pedacinhos que contêm um pouco de tudo em si de “sementes”ou “germes”. Nós ainda temos em mente as
ideias de Empédocles, para quem o amor era a força capaz de unir as partes de um todo. Anaxágoras também acreditava numa força
parecida para pôr ordem e originar animais e homens, flores e árvores. A essa força ele chamou de espírito ou inteligência (nous).

Demócrito de Abdera (460-370 a. C.)


► O princípio fundamental da realidade é o Átomo; Partículas minúsculas indivisíveis e invisíveis a olho nu e eternos. Se fossem divisíveis,
a natureza acabaria por se diluir. E como nada pode surgir do nada, são eternos. Um dos primeiros materialistas; Tenta resolver os impasses
surgidos nas teorias de Heráclito e Parmênides; O ser, o átomo é eterno (como pensava Parmênides), mas está em constante movimento (como
pensava Heráclito), como, por exemplo, os átomos que compõem a alma (feita de átomos sutis, que se movem, lisos e arredondados), já que esta
se move.

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