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Introdução

Em seu famoso Sílabo de erros, o papa Pio IX condenou a seguinte proposição:

“A fé em Cristo está em contradição com a razão humana; e a revelação divina


não só não ajuda para nada, mas é ainda nociva para a perfeição do homem”.

Nesse trabalho eu vou apresentar numerosas evidências que demonstram justamente


isso que a “santa” Igreja Católica considera um “erro”: que a fé em Cristo é contrária à
razão. Por outro lado, eu não afirmo que a revelação divina em si seja algo nocivo; mas
simplesmente que o cristianismo não é a revelação divina, e sim uma religião
puramente humana.
Como explica o próprio “santo” Tomás de Aquino, o primeiro princípio de toda
demonstração racional é justamente o princípio da não-contradição. O que significa
que proposições contraditórias não podem ser simultaneamente verdadeiras. Ou em
outras palavras, uma coisa não pode ser e não-ser ao mesmo tempo e sob o mesmo
aspecto. Além disso, na teologia católica afirma-se que a fé não contradiz a razão,
como se vê declarado solenemente no Concílio Vaticano I, pelo mesmo papa Pio IX:

“...ainda que a fé esteja acima da razão, jamais pode haver verdadeira


desarmonia entre uma e outra, porquanto o mesmo Deus que revela os
mistérios e infunde a fé, dotou o espírito humano da luz da razão, e Deus não
pode negar-se a si mesmo, nem a verdade jamais contradizer a verdade.”

Sendo assim, se os “mistérios” da fé forem contrários à razão, necessariamente


devemos concluir que a revelação é falsa.
Pois bem. O modo mais simples de se visualizar a farsa da religião cristã é justamente
analisando as suas Escrituras “sagradas”. De forma geral, todos os cristãos acreditam
que a Bíblia é a própria palavra de Deus, o que significa que ela não pode conter
nenhum tipo de erro, como se vê ainda no Concílio Vaticano I:

“E esses livros do Antigo e do Novo Testamento, inteiros e com todas as suas


partes... devem ser aceitos como sagrados e canônicos. E a Igreja os tem como
tais, não por terem sido redigidos por mera obra humana e depois aprovados
por sua autoridade, nem somente por conterem a revelação isenta de erro, mas
porque, escritos sob a inspiração do Espírito Santo, têm Deus por autor e como
tais foram confiados à mesma Igreja”.
Como se vê, segundo a religião católica Deus seria o próprio autor da Bíblia, de modo
que o mínimo a se esperar desse livro “sagrado” é que ele não possua nenhum tipo de
falha ou contradição. No entanto, a verdade é exatamente o oposto: tanto o Antigo
quanto o Novo Testamento estão repletos de contradições dos mais diversos tipos. Em
primeiro lugar, existem contradições internas ao próprio Antigo Testamento; em
segundo, existem contradições internas do Novo Testamento; e por fim, existem
contradições entre Novo e o Antigo Testamento.
Como o foco desse trabalho não é refutar o judaísmo, eu tratarei brevemente apenas
de algumas das contradições mais notáveis da Bíblia judaica. Em seguida, abordarei
mais extensivamente as inconsistências internas do chamado Novo Testamento e suas
contradições em relação ao Antigo.

Status quaestionis: Jesus Cristo entre a mitologia e a história


O cristianismo é a religião verdadeira?
De forma geral, os estudiosos dessa questão se dividem entre os crentes e os não-
crentes. Para o primeiro grupo o cristianismo seria a religião verdadeira cuja doutrina
estaria fielmente representada na Bíblia, e especialmente no chamado “Novo
Testamento”. Os não-crentes, por outro lado, consideram o cristianismo como uma
religião puramente humana, e se dividem em duas categorias: os historicistas e os
miticistas.
Basicamente os historicistas acreditam que “Jesus Cristo” é uma figura histórica real
que eventualmente foi “divinizado” pelos seus seguidores. Enquanto os miticistas
afirmam o contrário: o Jesus da religião cristã é simplesmente um mito.

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