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Tribunal de Justiça do Estado da Bahia


PODER JUDICIÁRIO
QUINTA TURMA RECURSAL - PROJUDI

PADRE CASIMIRO QUIROGA, LT. RIO DAS PEDRAS, QD 01, SALVADOR - BA


ssa-turmasrecursais@tjba.jus.br - Tel.: 71 3372-7460

5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS DO ESTADO DA BAHIA

PROCESSO: 0011071-03.2019.8.05.0039 

CLASSE: RECURSO INOMINADO

RECORRENTE: IRANIR CRUZ RIOS

RECORRIDO: COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA


BAHIA COELBA

JUIZ PROLATOR: MELISSA MAYORAL PEDROSO COELHO LUKINE


MARTINS

JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. FASE EXECUTÓRIA. CONBRANÇA INDEVIDA.


SUFICIÊNCIA DA INTIMAÇÃO VIA ADVOGADO, PARA A COBRANÇA DE MULTA
POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, CONSTITUÍDA APÓS A LEI
FEDERAL 11.232/2005. EXCESSO DE EXECUÇÃO NÃO RECONHECIDO (R$
8.029,33). ADEQUAÇÃO DO MONTANTE APURADO AOS FATOS E PROVAS
PROCESSUAIS, TENDO EM VISTA TANTO O POTENCIAL LESIVO DA
MANUTENÇÃO DO DESCUMPRIMENTO, QUANTO O EXCESSIVO LAPSO
TEMPORAL DE DESOBEDIÊNCIA. MANUTENÇÃO, NOS SEUS PRÓPRIOS
TERMOS, DA SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTES OS EMBARGOS
EXECUTÓRIOS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

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Dispensado o relatório, nos termos do artigo 46 da Lei Federal


9.099/1995.

A parte recorrente se insurge contra a sentença de origem, que teve


como parte dispositiva (sic): JULGO IMPROCEDENTE os presentes embargos à
execução.

Para tanto, afirma o excesso da execução, sob o fundamento da


desproporcionalidade entre as punições aplicadas, e o dano cuja responsabilidade a
ele foi imputado, em razão da necessidade de retificação dos cálculos apresentados,
pois cumpriu tempestivamente a obrigação de fazer imposta, na parte que lhe
competia, impugnando a multa imposta e a exigibilidade dos honorários
sucumbenciais. Aduz, outrossim, não ter sido intimada para o cumprimento da
sentença, impugnando a aplicação da multa do 523 do CPC, por afronta ao princípio
da legalidade.

Já a parte recorrida defende a adequação da execução aos fatos e


provas processuais, e às normas do ordenamento jurídico brasileiro, pois inexiste o
excesso de execução alegado, visto que a decisão judicial foi flagrantemente
descumprida pela ré.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO

Ab initio, não procede a nulidade suscitada pela parte executada.

Ao contrário do que assevera, não existiu qualquer irregularidade em


sua intimação para efeito de cumprimento da obrigação discutida.

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De fato, nos termos do Enunciado 410 da Súmula de Jurisprudência do


STJ: ¿A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a
cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer¿.

No entanto, relativizando o conteúdo da citada Súmula, o próprio STJ


construiu novo entendimento a respeito do tema, esclarecendo que a regra nela
inserta somente tem aplicação nos julgamentos transitados em julgado anteriormente
à edição da Lei Federal 11.232/2005. Com isso,  nos casos em que o título judicial
tenha se constituído após a vigência do novo comando legislativo, conquanto não se
dispense o requisito da prévia intimação para se submeta o devedor ao pagamento
das astreintes, não é mais exigível a cientificação pessoal do executado para que
tenha início o prazo para o cumprimento voluntário da obrigação, valendo, assim, a
intimação realizada através do patrono que o represente no processo.

De forma didática, a Ministra Nancy Andrighi, quando do julgamento do


ED-AG 857.758 ¿ (2010/0010160-5), pela 2ª Seção, já seguidamente homenageado
em diversos outros julgados, expressou:

¿(...) 2- A intimação do devedor acerca da imposição da multa do art.


461, § 4º, do CPC, para o caso de descumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer, pode ser feita via advogado porque: (i) guarda
consonância com o espírito condutor das reformas que vêm sendo
imprimidas ao CPC, em especial a busca por uma prestação jurisdicional
mais célere e menos burocrática, bem como a antecipação da satisfação
do direito reconhecido judicialmente; (ii) em que pese o fato de
receberem tratamento legal diferenciado, não há distinção ontológica
entre o ato de fazer ou de pagar, sendo certo que, para este último,
consoante entendimento da Corte Especial no julgamento do REsp
940.274/MS, admite-se a intimação, via advogado, acerca da multa do
art. 475-J, do CPC; (iii) eventual resistência ou impossibilidade do réu
dar cumprimento específico à obrigação terá, como consequência final,
a transformação da obrigação numa dívida pecuniária, sujeita, pois, à
multa do art. 475-J do CPC que, como visto, pode ser comunicada ao
devedor por intermédio de seu patrono; (iv) a exigência de intimação
pessoal privilegia a execução inespecífica das obrigações, tratada como
exceção pelo próprio art. 461 do CPC; (v) uniformiza os procedimentos,
simplificando a ação e evitando o surgimento de verdadeiras "arapucas"

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processuais que confundem e dificultam a atuação em juízo,


transformando-a em terreno incerto. 3- Assim, após a baixa dos autos
à Comarca de origem e a aposição do "cumpra-se" pelo Juiz, o devedor
poderá ser intimado na pessoa do seu advogado, por publicação na
imprensa oficial, acerca do dever de cumprir a obrigação, sob pena de
multa. Não tendo o devedor recorrido da sentença ou se a execução for
provisória, a intimação obviamente não será acerca do "cumpra-se",
mas, conforme o caso, acerca do trânsito em julgado da própria
sentença ou da intenção do credor de executar provisoriamente o
julgado. Em suma, o cômputo das astreintes terá início após: (i) a
intimação do devedor, por intermédio do seu patrono, acerca do
resultado da ação ou acerca da execução provisória; E (ii) o decurso do
prazo fixado para o cumprimento voluntário da obrigação. 4- Embargos
de divergência providos.¿ (STJ - ED-AG 857.758 - (2010/0010160-5) -
2ª S. - Relª Minª Nancy Andrighi - DJe 25.08.2011 - p. 754)

No caso, tendo sido a obrigação imposta posteriormente ao ano de


2005, em sede de antecipação de tutela, que reclama cumprindo a partir da
intimação do devedor a respeito e após o vencimento do lapso temporal previsto para
o atendimento voluntário, não se aplica o Enunciado 410 da Súmula de Jurisprudência
do STJ, mas sim o entendimento revisado pelo STJ quanto a desnecessidade da
intimação pessoal do devedor, sendo suficiente a intimação na pessoa do seu
advogado.

Outrossim, não obstante a divergência passada, que inclusive gerou o


Enunciado 08 da Súmula de Jurisprudência das Turmas Recursais do Sistema de
Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Bahia, hoje revogado, conforme ratificação
contida no DEJ publicado em 19.05.11, a jurisprudência atual não atribui natureza
interlocutória ao ato que julga impugnação ao cumprimento de sentença (Embargos à
Execução) em sede de Juizado Especial Cível. Assim, tratado como sentença, o
recurso inominado, previsto no art. 41, caput, da Lei Federal 9.099/1995 surge como
medida processual apta ao seu questionamento, nos termos Enunciado 143 do
FONAJE, que tem prevalecido nesta Turma Recursal.

Vencida as questões preliminares e prejudiciais, no mérito recursal,


sentença recorrida, tendo analisado corretamente os aspectos fundamentais do litígio,
merece, no que tange ao reconhecimento da responsabilidade civil da parte ré,
confirmação integral, não carecendo, assim, de qualquer reparo ou complemento
dentro dos limites traçados pelas razões recursais, culminando o julgamento do

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recurso com a aplicação da regra inserta na parte final do art. 46 da Lei Federal
9.099/1995, que exclui a necessidade de emissão de novo conteúdo decisório para a
solução da lide, ante a integração dos próprios e jurídicos fundamentos da sentença
guerreada.

A título de ilustração apenas, e para realçar o feliz desfecho encontrado


para a contenda no primeiro grau, alonga-se na fundamentação do julgamento, e,
dessa forma, no mérito recursal, a hipótese é de manutenção da sentença
impugnada, nos seus próprios termos, e por seus próprios fundamentos.

Assim, nos termos em que a lide foi apresentada a julgamento, não se


pode censurar as conclusões contidas na sentença recorrida, e, portanto, torna-se
inviável o reconhecimento do excesso de execução, nos termos do dispositivo
sentencial, não havendo reparos a serem feitos em sede recursal.

Por isso, voto por CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso,


para MANTER a sentença impugnada, por seus próprios fundamentos, e nos seus
próprios termos. À parte recorrente, integralmente vencida, impõe-se a condenação
ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, arbitrados em 20%
(vinte por cento) do valor pecuniário imposto à EXECUÇÃO, atentando, especialmente,
para a natureza, a importância econômica da ação, e o trabalho da profissional que
defendeu os interesses da parte recorrida.

    

Salvador, Sala das Sessões, em 22 de junho de 2021.

       

ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

Relatoria e Presidência

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COJE ¿ COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS

TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSO: 0011071-03.2019.8.05.0039 

CLASSE: RECURSO INOMINADO

RECORRENTE: IRANIR CRUZ RIOS

RECORRIDO: COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA


BAHIA COELBA

JUIZ PROLATOR: MELISSA MAYORAL PEDROSO COELHO LUKINE


MARTINS

JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. FASE EXECUTÓRIA. CONBRANÇA INDEVIDA.


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MANUTENÇÃO DO DESCUMPRIMENTO, QUANTO O EXCESSIVO LAPSO
TEMPORAL DE DESOBEDIÊNCIA. MANUTENÇÃO, NOS SEUS PRÓPRIOS
TERMOS, DA SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTES OS EMBARGOS
EXECUTÓRIOS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

ACÓRDÃO

Realizado o Julgamento pela 5ª TURMA RECURSAL CÍVEL,


CONSUMIDOR, TRÂNSITO E CRIMINAL, composta dos Juízes de Direito ROSALVO
AUGUSTO VIEIRA DA SILVA, MARIAH MEIRELLES DE FONSECA e ELIENE SIMONE

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SILVA OLIVEIRA, decidiu-se, à unanimidade de votos, por CONHECER e NEGAR


PROVIMENTO ao recurso, para MANTER a sentença impugnada, por seus próprios
fundamentos, e nos seus próprios termos. À parte recorrente, integralmente vencida,
impõe-se a condenação ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios, arbitrados em 20% (vinte por cento) do valor pecuniário imposto à
EXECUÇÃO, atentando, especialmente, para a natureza, a importância econômica da
ação, e o trabalho da profissional que defendeu os interesses da parte recorrida.

       

    

Salvador, Sala das Sessões, em 22 de junho de 2021.

       

       

ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

Relatoria e Presidência

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