Processo: 5101264-24.2022.8.09.

0051

Usuário: - Data: 10/11/2022 15:15:44

GOIÂNIA - 4º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Conhecimento -> Procedimento do Juizado Especial Cível
Valor: R$ 32.746,96
Poder Judiciário
Estado de Goiás
Comarca de Goiânia
4º Juizado Especial Cível
juizadocivel4goiania@tjgo.jus.br

Rua 10, Praça Universitária, Setor Universitário, Goiânia, CEP 74.605-220

Processo: 5101264-24.2022.8.09.0051

Requerente(s): Maria Aparecida Alves De Almeida

Requerido(s): Kandango Transportes E Turismo Ltda

SENTENÇA

Relatório dispensado por força do art. 38, caput da Lei 9.099/95.

Fundamento e decido.

Diferentemente do que ocorre no procedimento comum, onde a revelia se dá por

ausência de contestação (art. 344, CPC/15), no sistema dos Juizados (Lei 9.099/95) a revelia
advém, também, do não comparecimento do requerido a qualquer das audiências, seja ela
conciliatória ou instrutória.

Tendo em vista que o requerido, apesar de regularmente citado, não compareceu à

audiência de conciliação, decreto a sua revelia.

Analisando a liça travada entre as partes, tenho por mim que merecem guarida as
pretensões iniciais.

Cumpre deixar consignado que a relação jurídica travada entre as partes possui
natureza consumerista, uma vez que a parte requerente é destinatária final dos serviços
prestados pela requerida, que o faz de forma contínua e habitual no desenvolvimento de suas
atividades comerciais, fazendo com que as partes se enquadrem perfeitamente nos conceitos de
consumidor e fornecedor previstos nos arts. 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor.

No caso em tela, o autor apresentou, em sua inicial, as passagens compradas

antecipadamente, sendo que restou comprovado o atraso e a má prestação de serviços.

A Requerida, por sua vez, não trouxe elementos de convicção para afastar as
alegações da parte autora. Conforme estabelece o art. 373, inciso II, do CPC, “o ônus da prova
incumbe ao réu, quanto a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor”. Deste modo, restou demonstrado que a parte requerida não apresentou prova de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora.

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 10/11/2022 15:07:46
Assinado por MURILO VIEIRA DE FARIA
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Processo: 5101264-24.2022.8.09.0051

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GOIÂNIA - 4º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Processo de Conhecimento -> Procedimento de Conhecimento -> Procedimento do Juizado Especial Cível
Valor: R$ 32.746,96
Frisa-se que a responsabilidade em tela é objetiva, na forma do artigo 14 do CDC e
somente é afastada com a prova de culpa exclusiva da parte consumidora, o que não foi
verificado.

Vejamos o entendimento majoritário:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - PROCEDIMENTO COMUM - AÇÃO DE

INDENIZAÇÃO - ILEGITIMIDADE PASSIVA - ATRASO DA VIAGEM -
IRREGULARIDADE DA EMPRESA PARA FRETAMENTO INTERESTADUAL DE
PASSAGEIROS - FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - DANO MORAL -
QUANTUM INDENIZATÓRIO - JUROS DE MORA - TERMO INICIAL. A legitimidade
passiva cabe a quem se dirige a pretensão e que a ela opõe resistência. A empresa
que vende passagem de ônibus por meio de aplicativo responde objetiva e
solidariamente ao dano causado pela falha na prestação do serviço de transporte
interestadual de passageiros, pois figura na mesma cadeia de fornecimento dessa
atividade. O atraso da viagem interestadual, em razão da apreensão do ônibus que
transportava a parte autora, por irregularidade em sua documentação para a
realização de tal serviço, gera dano moral. Para o arbitramento da reparação
pecuniária por danos morais, o juiz deve considerar circunstâncias fáticas e
repercussão do ato ilícito, condições pessoais das partes, razoabilidade e
proporcionalidade. Assim, a quantia arbitrada com adequação, uma vez ponderados
esses parâmetros, não deve ser alterada. Segundo jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça os consectários legais constituem matéria de ordem pública e
podem ser alterados de ofício. Por se tratar de indenização por dano moral
decorrente de responsabilidade contratual, os juros de mora incidem a partir data de
citação (artigo 405 do Código Civil).

(TJ-MG - AC: XXXXX12612592001 MG, Relator: Marcelo Pereira da Silva (JD

Convocado), Data de Julgamento: 10/02/2022, Câmaras Cíveis / 12ª CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 16/02/2022)

RECURSO INOMINADO. TRANSPORTE TERRESTRE DE PASSAGEIROS.

ÔNIBUS QUEBRADO. MAIS DE 6 HORAS ATÉ A CHEGADA DO SOCORRO.
BANHEIRO DO VEÍCULO QUE ESTAVA INTERDITADO. AUTORA QUE ESTAVA
COM UM BEBÊ DE 6 MESES. DANO MORAL CONFIGURADO. PRETENSA
MAJORAÇÃO. VALOR DA INDENIZAÇÃO QUE SE MOSTRA ADEQUADO AO
CASO CONCRETO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJPR -
5ª Turma Recursal dos Juizados Especiais - XXXXX-72.2020.8.16.0019 - Ponta
Grossa - Rel.: JUÍZA DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUÍZAADOS
ESPECIAIS CAMILA HENNING SALMORIA - J. 13.06.2022)

(TJ-PR - RI: XXXXX20208160019 Ponta Grossa XXXXX-72.2020.8.16.0019

(Acórdão), Relator: Camila Henning Salmoria, Data de Julgamento: 13/06/2022, 5ª
Turma Recursal dos Juizados Especiais, Data de Publicação: 14/06/2022)

Levando em conta os fatos, tenho por bem fixar a indenização pelos danos morais, em
atenção ao princípio da razoabilidade, em R$ 6.000,00 (seis mil reais), valor que considero
adequado a reparar o dano moral e a punir a requerida, levando-se em conta sua conduta
negligente, sua capacidade econômica e o grau de intensidade do agravo causado ao autor.

Quanto ao dano material a situação de modifica.No caso em análise, verifica-se que a

parte requerente, não comprovou, conforme art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil, o
dano material que merecesse ser ressarcido, visto que embora não tenha sido prestado da forma

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

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devida, o serviço foi prestado. Portanto, não há dever de indenizar materialmente por parte da
requerida, motivo pelo qual indefiro o referido pedido.

Ante o exposto, com fulcro no art. 487, inciso I, do CPC/15, julgo PROCEDENTE o
pedido para CONDENAR a requerida ao pagamento da quantia de R$ 6.000,00 (seis mil reais),
para cada autor, a título de indenização por danos morais, corrigida monetariamente pelo índice
INPC, por ser o mais benéfico à devedora, a contar desta data, a qual constitui a data do
arbitramento, nos termos da Súmula 362 do STJ; e juros simples de 1% ao mês desde a citação
válida. Julgo IMPROCEDENTE o pedido de indeinzação por danos materiais.

Sem custas e honorários em caso de não interposição de recurso.

Caso a parte autora não tenha apresentado os dados bancários no bojo da presente
ação, intime-se parte interessada para, no prazo de 48 horas, apresentar dados da conta-corrente
para eventual depósito voluntário da parte vencida. Observa-se que caso a conta indicada seja a
do advogado, a procuração deverá conter poderes para receber e dar quitação.

Apresentada a conta, informe-se a parte vencida para eventual depósito voluntário.

Publicada eletronicamente.

Intimem-se.

Transitada em julgado, arquivem-se os autos.

Goiânia, 10 de novembro de 2022.

Murilo Vieira de Faria

Juiz de Direito

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