Você está na página 1de 14

AO DOUTO JUÍZO PRESIDENTE DA Xª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS

ESPECIAIS FEDERAIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO.

PROCESSO Nº: XXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, já devidamente qualificado nos autos


do presente processo, por meio de seus procuradores, vem, interpor AGRAVO em
face da decisão que inadmitiu o Pedido Nacional de Uniformização, a fim de que
seja encaminhado o referido recurso para a Turma Nacional de Uniformização,
depois do cumprimento das formalidades processuais e de acordo com os
fundamentos jurídicos a seguir aduzidos.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Recife, 24 de julho de 2019.

ADVOGADO
OAB

EGRÉGIA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO


PROCESSO Nº XXXXXXXXXXXXXXXXXX
ORIGEM: Xª TURMA RECURSAL DE PERNAMBUCO
AGRAVANTE: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
AGRAVADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

RAZÕES DO AGRAVO EM FACE DA DECISÃO QUE INADMITIU O PEDIDO


NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO.

Egrégia Turma,
Ilustre Presidente e Relator(a).

I – SÍNTESE PROCESSUAL.

Cuida-se de ação especial cível previdenciária proposta pelo ora


agravante, em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, visando o
pagamento de indenização pelo fato de exercer atividades com desvio de função,
relativa à diferença remuneratória entre o valor recebido pelo seu cargo de técnico
do seguro social e o cargo de analista do seguro social.

Não obstante todos os argumentos lançados na inicial e todas as


provas anexadas aos autos, o MM. Juízo de primeiro grau, apesar de reconhecer o
fato da parte agravante ter analisado pedidos que envolviam a concessão,
manutenção ou alteração de benefícios previdenciários, julgou improcedente o
pedido, por entender que não restou caracterizado o desvio de função, em síntese,
pelos seguintes termos:

“(...)
Nesse contexto, o fato de a parte autora ter analisado
pedidos que envolviam a concessão, manutenção ou
alteração de benefícios previdenciários não é suficiente à
conclusão de que houve desvio de função. Tal atividade
está inserida no "suporte técnico", que a lei define como
atribuição do Técnico Previdenciário. Vale ressaltar,
ademais, que essa análise, na maioria dos casos, é
executada de forma rápida, após a simples alimentação
dos sistemas informatizados do INSS, e não se confunde
com a decisão administrativa final.

Observe-se, ainda, que acaso o pleito da autora fosse


procedente por se entender que, por exemplo, a simples
concessão de benefício previdenciário é atribuição privativa de
Analista do Seguro Social, sob pena de se perpetuar ilícito já
conhecido, deveria a mesma retomar o exercício exclusivo de
atividades que entende inerentes ao seu cargo.
(...)”

Ao dispor que “o fato de a parte autora ter analisado pedidos


que envolviam a concessão, manutenção ou alteração de benefícios
previdenciários, não é suficiente à conclusão de que houve desvio de
função.”, fica claro que a sentença de primeiro grau reconheceu que o
agravante exerceu atividades privativas dos Analistas do Seguro Social, mas
mesmo assim, julgou improcedente a demanda, por entender, de forma
equivocada que tais atribuições estão dentro do “suporte técnico”, que a lei
define como atribuição do Técnico do Seguro Social.

Irresignado, o agravante interpôs Recurso Inominado, visando


a reforma da sentença, já que demonstrado por meio dos anexos 5 a 8, e
especialmente por meio da Declaração de Atividades Exercidas junto ao INSS,
juntada no anexo 16, que o agravante, técnico do seguro social, exerceu e
exerce atividades privativas dos Analistas do Seguro Social.

Contudo, por meio de acórdão, a Xª Turma Recursal dos JEF’s


de Pernambuco, sem se manifestar quanto a Declaração de Atividades
Exercidas junto ao INSS, constante no anexo 16 , negou provimento ao recurso
inominado, sob a justificativa de que para comprovação das atividades
exercidas pelo agravante seriam exclusivas dos ocupantes do cargo de
Analista do Seguro Social -, a revelar, assim, o desvio de função. Veja-se:

“(...)
O cerne da controvérsia, cinge-se em verificar se a parte
recorrente, servidor(a) público(a) do INSS, na qualidade de
Técnico do Seguro Social, vem desempenhando atividades
que não são inerentes ao cargo por ela ocupado, bem como,
se tais atividades seriam privativas do cargo de nível superior,
dando ensejo ao recebimento de diferenças de vencimentos.

Não obstante o entendimento cristalizado na Súmula nº


378 do Superior Tribunal de Justiça prescreva que,
“Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às
diferenças salariais decorrentes”, seria indispensável a
comprovação de que as atividades exercidas pelo autor
seriam exclusivas dos ocupantes do cargo paradigma -
Analista Previdenciário -, a revelar, assim, o desvio de
função.

As atribuições dos cargos de analista e técnico previdenciário


estão disciplinadas na Lei 10.667/2003:
Art. 6º Os cargos de Analista Previdenciário e Técnico
Previdenciário, criados na forma desta Lei, têm as seguintes
atribuições:
I - Analista Previdenciário:
a) instruir e analisar processos e cálculos previdenciários, de
manutenção e de revisão de direitos ao recebimento de
benefícios previdenciários;
b) proceder à orientação previdenciária e atendimento aos
usuários;
c) realizar estudos técnicos e estatísticos; e
d) executar, em caráter geral, as demais atividades inerentes
às competências do INSS;
II - Técnico Previdenciário: suporte e apoio técnico
especializado às atividades de competência do INSS.
Parágrafo único. O Poder Executivo poderá dispor de forma
complementar sobre as atribuições decorrentes das atividades
a que se referem os incisos I e II. (destacado).

No âmbito do serviço público, é natural que existam


determinadas atividades que podem ser desempenhadas por
servidores ocupantes de cargos distintos. Da leitura dos
incisos I e II, do art.6º, da Lei 10.667/03, constata-se que o
legislador não detalhou as atividades que seriam exercidas
pelos Técnicos do Seguro Social, conferindo a estes, tão
somente, atividades de suporte e apoio às atividades do INSS.

Daí que o Técnico pode exercer qualquer atividade cuja


complexidade esteja, naturalmente, dentro da exigência do
grau de instrução exigido no concurso público.

Do exame dos documentos carreados pelo autor (anexos


05 a 08), nota-se que estes não são hábeis a comprovar o
alegado desvio de função nas atividades desenvolvidas
pela parte autora. Não está claro, pela documentação
colacionada, que o autor vem exercendo função privativa
ao cargo de nível superior (analista do seguro social).
Assim, o que se verifica é que os ocupantes do cargo de
Técnico Previdenciário podem desempenhar qualquer
atividade, de natureza técnica e administrativa, necessária
às competências do INSS, devendo ser respeitada apenas
a compatibilidade entre o grau de complexidade da
atividade e o nível de formação exigido para ingresso no
cargo específico.

É exigido de qualquer ocupante dos quadros funcionais


do INSS um conhecimento mínimo acerca da matéria
previdenciária, suficiente à realização das atividades
rotineiramente desempenhadas pelas agências da
Previdência Social, o que abrange a análise de pedidos de
concessão de benefícios e o atendimento a segurados e
dependentes.

Ademais, foi registrada que a parte demandante não ofereceu


oposição ao desempenho de quaisquer das atividades que lhe
foram atribuídas, jamais tendo apresentado insurgência.

É certo que a investidura em cargo público deve atender aos


parâmetros fixados pelo art. 37, II, CF, que exige a aprovação
prévia em concurso público.

Entender que o desempenho por ocupante de cargo


técnico de qualquer atribuição que também possa ser
exercida por servidor de nível superior seria suficiente
para concretizar o desvio de função, a justificar o
recebimento de diferenças remuneratórias, implicaria
grave violação ao dispositivo constitucional acima
referido.

Assim, tendo em vista que o técnico pode exercer qualquer


atividade cuja complexidade esteja de acordo com o grau de
instrução exigido para ingresso nos quadros funcionais do
INSS, e não se tendo verificado nenhuma incompatibilidade
entre as atribuições desempenhadas pela autora e as
abrangidas pelo cargo de nível técnico, não há de se falar em
diferenças remuneratórias ou em modificação de funções
funcionais.

Com efeito, ainda que o autor e o paradigma exerçam, em


certos momentos, tarefas iguais ou semelhantes, é certo
que o Analista do Seguro Social tem atribuições de maior
complexidade específicas para este cargo. O técnico de
seguro social exerce as atribuições menos complexas, sem
supervisão do analista, e as mais complexas com o auxílio
deste. Assim, a concessão de benefício previdenciário pode
envolver ou não uma análise mais complexa, dependendo das
variantes envolvidas no caso. Logo, não se pode chegar a um
entendimento absoluto de que o servidor ocupante do cargo
de técnico concedeu benefício previdenciário em situação
própria do cargo de analista. A regra é que o técnico realiza
atividades de menor complexidade e solicitará o auxílio do
analista previdenciário nos casos de maior complexidade.

Assim, inexistindo prova do desvio de função, deve ser


mantida a sentença.

Recurso improvido. Sentença mantida em todos os seus


termos.

Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da


causa.

Custas, como de lei.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decide a


Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de
Pernambuco, por maioria, vencido o Juiz Paulo Roberto Parca
de Pinho, negar provimento ao recurso do particular, nos
termos da ementa supra.

Recife, data do julgamento.

José Baptista de Almeida Filho Neto

Juiz Federal – Relator”

Visto isso, o acórdão recorrido entendeu que para caracterizar desvio


de função seria imprescindível a comprovação de que as atividades exercidas pelo
autor seriam exclusivas dos ocupantes do cargo, isso com base apenas nos
documentos juntados nos anexos 05 a 08, mas sem analisar o documento
acostado no anexo 16, o que modificaria totalmente o rumo do acórdão
recorrido.

Ao mesmo tempo, o acórdão reconheceu que mesmo o agravante


tendo exercido, em certos momentos, tarefas iguais ou semelhantes, é certo
que o Analista do Seguro Social tem atribuições de maior complexidade
específicas para este cargo.
Diante da patente omissão e contradição, foram opostos Embargos de
Declaração, a fim de que o acórdão se manifestasse sobre o anexo 16, onde
constavam de forma ainda mais detalhada, as reais atribuições desempenhadas
pelo agravante, além de esclarecer a contradição, quanto a confissão do próprio
INSS o exercício de funções privativas do Analista do Seguro Social, independente
da complexidade da matéria, bem como do próprio acórdão ao reconhecer que em
certos momentos, o agravante exerceu tarefas iguais ou semelhantes ao dos
Analistas do Seguro Social.

Entretanto, em acórdão genérico, a Xª Turma Recursal dos JEF’s de


Pernambuco, se limitou a dizer que não houve omissão, contradição ou obscuridade
no acórdão embargado.

Ato contínuo, foi interposto Pedido Nacional de Jurisprudência pelo


Autor, ora Agravante, visando a anulação do acórdão recorrido com base na
Questão de Ordem nº 20 da TNU, a fim de que se analise a Declaração
constante no anexo nº 16 e, após verificar-se a vastidão das atribuições
elencadas como efetivamente exercidas pelo agravante, seja dado provimento
ao seu Recurso Inominado, para reconhecer o direito do agravante às
diferenças salariais entre os cargos de Técnico e Analista do Seguro Social.

Contudo, o Presidente da Xª Turma Recursal de Pernambuco inadmitiu


o Pedido Nacional de Jurisprudência, sob a justificativa de que implicaria em
reexame de provas, o que é vedado pela Súmula 42 da TNU.

Sendo assim, o presente Agravo visa demonstrar que não se trata de


reexame de matéria de fato no presente Pedido de Uniformização e que há omissão
no acórdão recorrido, além de divergência entre o acórdão recorrido e o acórdão
paradigma da Turma Nacional de Uniformização.
II - DA AUSÊNCIA DE REEXAME DE MATÉRIA DE FATO.

Conforme já relatado anteriormente, o Presidente da Xª Turma


Recursal de Pernambuco inadmitiu o Incidente de Uniformização interposto pela
parte autora, ora Agravante, por considerar que o recurso implicaria em reexame de
matéria de fato.

Todavia, é imprescindível salientar que a questão ora debatida é a


possibilidade de anulação do acórdão, a fim de analisar a Declaração das
Atividades Exercidas junto ao INSS constante no anexo nº 16, uma vez que a
Xª Turma Recursal de Pernambuco se restringiu a analisar tão somente os
documentos dos anexos 05 e 06, o que impossibilita o reconhecimento do
desvio de função entre a sua função de Técnico do Seguro Social com a
função de Analista do Seguro Social , de modo que não há o que se falar em
reexame de provas.

Portanto, resta demonstrado o cabimento do incidente de


uniformização, pela flagrante contrariedade do acórdão se confrontado com a
decisão proferida pela Turma Nacional de Uniformização, conforme demonstrado no
PUJ apresentado.

III - DAS RAZÕES RECURSAIS PARA A ADMISSÃO DO INCIDENTE DE


UNIFORMIZAÇÃO.

Como se denota, a Xª Turma Recursal de Pernambuco deixou de


analisar na Declaração de Atividades Exercidas junto ao INSS, juntada no anexo 16,
na qual estão elencadas as reais atividades exercidas pelo agravante, confirmando
que tais atribuições vão muito além do suporte e apoio às atividades do INSS, pois
envolvem – INDEPENDENTEMENTE DA COMPLEXIDADE (informação expressa
no documento emitido pelo próprio INSS) - a análise, concessão e indeferimento de
benefício (o agravante é o verdadeiro juiz do processo administrativo);
processamento da revisão de benefícios; emissão de certidão/averbação tempo de
serviço; homologação de entrevista rural; auditoria interna dos benefícios, etc.

Dessa forma, mesmo comprovado que as atividades mencionadas


foram desenvolvidas pelo agravante, a Xª Turma Recursal de Pernambuco julgou
com base em fundamentos diversos da Turma Nacional de Uniformização tendo
vista que a análise de processos de concessão de benefícios, bem como a decisão
pela concessão ou não desses, transbordam os limites legalmente estipulados para
o cargo de Técnico do Seguro Social, conforme firmado no Pedido de
Uniformização nº 5004041-78.2012.4.04.7105, o que configura a divergência
jurisprudencial em torno da questão de direito material. Vejamos o acórdão
paradigma:

5004041-78.2012.4.04.7105

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA.


DIREITO ADMINISTRATIVO. DESVIO DE FUNÇÃO.
TÉCNICO-PREVIDENCIÁRIO E ANALISTA-
PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE. CARGOS DIVERSOS
COM REMUNERAÇÃO DIFERENTE. NECESSÁRIA
DIFERENÇA DE ATRIBUIÇÕES E/OU
RESPONSABILIDADES. INCIDENTE PARCIALMENTE
CONHECIDO E PROVIDO.
1. Trata-se de incidente de uniformização, suscitado por
servidor técnico-previdenciário do INSS, pretendendo a
reforma de acórdão oriundo de Turma Recursal que,
mantendo a sentença, não acolheu pretensão no sentido
de que fosse reconhecido tempo laborado em desvio de
função e o consequente pagamento da indenização
respectiva, correspondente à diferença entre o referido
cargo e o cargo de analista-previdenciário, este de nível
superior, aquele de nível médio.
2. O acórdão recorrido, no ponto em que é atacado pelo
presente recurso, encampando a fundamentação da
sentença, concluiu nos seguintes termos:
“Com efeito, conquanto as atividades desempenhadas pela
autor(a) possam, de um lado, ser enquadradas como
atribuições do cargo de Analista Previdenciário, não se
pode, de outro, excluí-las peremptoriamente das
atribuições típicas de Técnico Previdenciário, uma vez que
há parcial identidade entre elas. Como se viu, as
atribuições do Técnico Previdenciário envolvem atividades
técnicas e administrativas necessárias ao desempenho
das competências do INSS. Ou seja, há uma previsão
genérica para a sua atuação, que deve, contudo, estar
restrita a tarefas de complexidade condizente com o cargo,
que não extrapolem da rotina administrativa do órgão. [...]A
autora pede a equiparação para o cargo de Analista
Previdenciário desde que ingressou no cargo de Técnico -
26/05/2008. Todavia, a autora sequer possuía formação
superior nesta época, pois, ao ser ouvida em Juízo (evento 51 -
AUDIO MP32), informou que somente colou grau em Ciências
Jurídicas e Sociais - Direito, em dezembro de 2009. Ressalte-
se, ainda, que o fato da autora formar-se em curso de nível
superior não lhe dá o direito ao recebimento de valores como
se Analista fosse. De qualquer modo, ainda que admitido, em
tese, o direito do servidor ao recebimento de diferenças
remuneratórias, não se vislumbra a configuração, no caso
concreto, do desvio de função alegado pela parte autora.
Entendo que a criação do cargo de Analista Previdenciário
nada mais foi do que uma medida para valorizar e
qualificar a carreira dos servidores vinculados ao INSS,
com o ingresso de servidores com ensino superior”.
3. A parte autora sustenta o cabimento do pedido de
uniformização, por entender que esse posicionamento estaria
contrário à jurisprudência da 4.ª TR/RS:
“Contudo, nada obsta que, se caracterizado o desvio
funcional, através da prova colhida na instrução, o Autor
venha a ter direito a receber as diferenças salariais
provenientes do exercício dessas novas atribuições, as
quais pressupõem uma exigência técnica determinada,
demandando, por conseguinte, uma contraprestação
monetária equivalente ao serviço prestado. Entender de
modo diverso ao apresentado seria ratificar o
locupletamento ilícito por parte da Administração, que
aproveita em seus quadros funcionais servidores
provenientes de outros cargos para a realização de tarefas
que necessitam de um grau diferenciado de conhecimento.
(Processo n.º 5004651-80.2011.404.7105, relator o Juiz
Federal Osório Ávila Neto, julgado em 15/09/2011)”
4. A Lei nº 10.259/2001 prevê o incidente de uniformização
quando “houver divergência entre decisões sobre questões de
direito material proferidas por Turmas Recursais na
interpretação da lei” (art. 14, caput). Caberá à TNU o exame de
pedido de uniformização que envolva “divergência entre
decisões de turmas de diferentes regiões ou da proferida em
contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante do STJ”
(art. 14, § 4º).
5. No caso, a apontada divergência se confirma, razão pela
qual o incidente deve ser conhecido.
6. O desvio de função constitui-se em ilícito administrativo não
previsto expressamente em lei, mas reconhecido pela
jurisprudência pátria, uma vez que todo cargo público, além de
ser criado por lei, tem suas atribuições/funções nela previstas,
de maneira que se qualquer servidor público, investido em
determinado cargo, desempenha, na prática, funções de cargo
diverso, para o qual se prevê remuneração maior em razão da
diferença de complexidade/responsabilidade, apesar de não se
admitir o reenquadramento, posto que vedado pela
Constituição Federal, admite-se o pagamento da diferença de
remuneração, a título de compensação.
Acerca do tema, conferir a jurisprudência do STJ, em caso
análoga, produzida através do rito dos recursos repetitivos:
“Questão referente ao pagamento de diferenças de
vencimentos a professores do Estado do Amapá por força de
desvio de função. [...] Reconhecido o desvio de função, o
servidor faz jus às diferenças salariais decorrentes. [...] Nos
casos de desvio de função, embora o servidor não tenha o
direito à promoção para a outra classe da carreira, mas apenas
às diferenças vencimentais decorrentes do exercício desviado,
tem ele direito aos valores correspondentes aos padrões que,
por força de progressão funcional, gradativamente se
enquadraria caso efetivamente fosse servidor daquela classe”.
(REsp. n.º 1.091.539, relatora a Ministra Maria Thereza De
Assis Moura, julgado no dia 26/11/2008) ***** No âmbito deste
colegiado, o desvio de função também já foi expressamente
admitido, com o reconhecimento do direito à indenização
respectiva: “Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus
às diferenças salariais decorrentes (Súmula 378 do STJ).
2. A base de cálculo para a apuração das diferenças
remuneratórias, na hipótese de comprovado desvio de função,
deve levar em conta a situação paradigma que exerce função
semelhante ao autor, com tempo de serviço e progressões
funcionais semelhantes a que faria jus o autor se enquadrado
naquela função, e não com base na situação de profissional
iniciante”. (PEDILEF n.º 200671520024297, relator o Juiz
Federal Vladimir Santos Vitovsky, julgado no dia 16/08/2012)
7. No presente caso, o acórdão recorrido sequer admitiu a
possibilidade de reconhecer-se o desvio de função, sob o
argumento de que os cargos de técnico e analista têm
atribuições análogas:
“Com efeito, conquanto as atividades desempenhadas pela
autor(a) possam, de um lado, ser enquadradas como
atribuições do cargo de Analista Previdenciário, não se pode,
de outro, excluí-las peremptoriamente das atribuições típicas
de Técnico Previdenciário, uma vez que há parcial identidade
entre elas. Como se viu, as atribuições do Técnico
Previdenciário envolvem atividades técnicas e administrativas
necessárias ao desempenho das competências do INSS. Ou
seja, há uma previsão genérica para a sua atuação, que deve,
contudo, estar restrita a tarefas de complexidade condizente
com o cargo, que não extrapolem da rotina administrativa do
órgão. [...] Entendo que a criação do cargo de Analista
Previdenciário nada mais foi do que uma medida para valorizar
e qualificar a carreira dos servidores vinculados ao INSS, com
o ingresso de servidores com ensino superior.” ***** Não se
chegou a analisar a prova do eventual desvio. Ao assim
agir, negando a diferença de função e responsabilidade
entre os dois cargos, o acórdão recorrido findou por negar
a própria possibilidade, mesmo em tese, da existência de
eventual desvio de função, o que não se admite por
contrariar a própria ideia de carreiras diferentes e
diversamente remuneradas, nos termos da lei. 8. Pedido de
Uniformização conhecido e parcialmente provido, para
determinar o retorno dos autos à Turma Recursal de
origem para aplicação da diretriz ora fixada.
Decisão
Decide a Turma Nacional de Uniformização de
Jurisprudência DAR PROVIMENTO AO INCIDENTE DE
UNIFORMIZAÇÃO, nos termos do voto-ementa do relator.
(PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE
LEI FEDERAL 50040417820124047105, JUIZ FEDERAL
BIANOR ARRUDA BEZERRA, DOU 24/04/2017 PÁG.
115/222.)

Destarte, considerando que o acordão da 1º Turma Recursal de


Pernambuco deixou de analisar a Declaração de Atividades Exercidas junto ao
INSS, juntada no anexo 16, requer-se que seja dado provimento ao pedido
regional de uniformização para anular o acórdão recorrido para que se analise
a referida Declaração e, por consequência, caso verificado que as funções
elencadas são aptas a caracterizar o desvio de função entre o cargo de
Técnico do Seguro Social exercido pelo agravante e o cargo de Analista do
Seguro Social, que seja dado provimento ao seu Recurso Inominado, a fim de
lhe conceder o direito de receber as diferenças salariais, respeitada a
prescrição das parcelas.

Tal hipótese acima tem base legal na Questão de Ordem nº 20 da


TNU, que dispõe o seguinte:

“Se a Turma Nacional decidir que o incidente de uniformização


deva ser conhecido e provido no que toca a matéria de direito e
se tal conclusão importar na necessidade de exame de
provas sobre matéria de fato, que foram requeridas e não
produzidas, ou foram produzidas e não apreciadas pelas
instâncias inferiores, a sentença ou acórdão da Turma
Recursal deverá ser anulado para que tais provas sejam
produzidas ou apreciadas, ficando o juiz de 1º grau e a
respectiva Turma Recursal vinculados ao entendimento da
Turma Nacional sobre a matéria de direito.”
Não obstante, caso a Colenda Turma Nacional de Uniformização
entenda que a sentença e o acórdão reconheceram que o agravante exerceu
atividades de análise de pedido de concessão, manutenção ou alteração de
benefícios previdenciários, e que essas atividades são privativas do cargo de
Analista do Seguro Social, requer-se o provimento do presente Pedido Nacional de
Uniformização, para reconhecer o desvio de função entre o cargo de Técnico do
Seguro Social exercido pelo agravante e o cargo de Analista do Seguro Social, bem
como o direito de receber as diferenças salariais, respeitada a prescrição das
parcelas.

Portanto, resta demonstrado no presente Agravo o cabimento do


Incidente de Uniformização, devendo seguir para a apreciação da Turma Nacional
de Uniformização.

III - DOS REQUERIMENTOS

Pelo exposto, REQUER o agravante que:

Seja o presente agravo analisado pelo Juiz Presidente da Xª Turma


Recursal de Pernambuco, para, querendo, reconsidere a decisão de
inadmissibilidade, caso contrário, encaminhe o incidente de uniformização à Turma
Nacional de Uniformização.

Mantendo-se a decisão de inadmissão, postula-se então que


encaminhe-se o presente Agravo à Turma Nacional de Uniformização, para que
conheça do Agravo e lhe dê provimento, para conhecer e dar provimento ao próprio
incidente de uniformização, a fim de que seja anulado o acórdão recorrido, com base
na Questão de Ordem nº 20 da TNU, a fim de analisar a Declaração de Atividades
Exercidas junto ao INSS, juntada no anexo 16 e, por consequência, caso
verificado que as funções elencadas são aptas a caracterizar o desvio de
função entre o cargo de Técnico do Seguro Social exercido pelo agravante e o
cargo de Analista do Seguro Social, que seja dado provimento ao seu Recurso
Inominado, a fim de lhe conceder o direito de receber as diferenças salariais,
respeitada a prescrição das parcelas.

Contudo, caso esta i. TNU entenda que a sentença e o acórdão


reconheceram que o agravante exerceu atividades de análise de pedido de
concessão, manutenção ou alteração de benefícios previdenciários, e que
essas atividades são privativas do cargo de Analista do Seguro Social, requer-
se, no mérito, o provimento do presente Agravo, por consequência, do Pedido
Nacional de Uniformização, para reconhecer o desvio de função entre o cargo
de Técnico do Seguro Social exercido pelo agravante e o cargo de Analista do
Seguro Social, bem como o direito de receber as diferenças salariais,
respeitada a prescrição das parcelas.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Recife, XX de XXXX de XXXX.

ADVOGADO
OAB

Você também pode gostar