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AO DOUTO JUÍZO RELATOR DA Xª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS

ESPECIAIS FEDERAIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO.

PROCESSO Nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, já devidamente qualificado


nos autos do presente processo, vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, por meio de seu procurador, opor os presentes EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO em face do acórdão anexo nº XX, nos termos do artigo 1.022
e seguintes do CPC, de acordo com os fundamentos que ora passa a expor.

DO CABIMENTO

Nos termos do artigo 1.022 do CPC/2015, cabem embargos de


declaração quando em qualquer decisão judicial houver omissão,
contradição ou obscuridade. Além disso, o inciso III do referido artigo traz a
possibilidade de manejo do presente recurso para o efeito de corrigir erro
material.

Portanto, em se tratando de decisão omissa proferida pela 3ª


Turma Recursal do Juizado Especial de Pernambuco, é pertinente o manejo do
presente recurso.
DA EXISTÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO EMBARGADO

Quando da sentença de primeiro grau, o MM. Juízo julgou


parcialmente procedente o pleito autoral, deixando de reconhecer a
especialidade do período de 29/04/1995 a 05/03/2018, por entender que, pela
descrição das atividades desenvolvidas, não restou demonstrada habitualidade
e permanência na exposição aos agentes nocivos biológicos (vírus e bactérias),
bem como que, tal nocividade, supostamente, estaria elidida, vez que o PPP
informa a utilização de EPI de maneira eficaz.

Irresignado, o autor, ora embargante, interpôs recurso inominado


requerendo a reforma da sentença, a fim de considerar o período de
29/04/1995 a 05/03/2018 como tempo especial, uma vez que restou evidente
que a exposição ocorreu de modo habitual e permanente, tendo em vista que o
recorrente esteve em contato com pessoas e materiais infectados. Além disso,
os EPI’s indicados como eficazes, na verdade, não elidem a nocividade dos
agentes nocivos biológicos, o que impõe, por consequência, o reconhecimento
da especialidade do referido período.

Todavia, no julgamento do recurso inominado, a 3ª Turma Recursal


deu parcial provimento ao recurso inominado, reconhecendo a especialidade
tão somente o período de 29/04/1995 a 02/12/1998. Vejamos:

EMENTA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR


TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.  RECONHECIMENTO DE
TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. BIOQUÍMICO. ATIVIDADE
EXERCIDA EM LABORATÓRIO. CONTATO COM FLUIDOS
BIOLÓGICOS. DEMONSTRAÇÃO DO CARÁTER
PERMANENTE DA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS.
TEMAS/REPRESENTATIVOS 205 E 211. USO DE EPI
EFICAZ. DESCARACTERIZAÇÃO DO TEMPO ESPECIAL A
PARTIR DE 03/12/1998. TEMA/RG 555. RECURSO PROVIDO
EM PARTE.

VOTO
Cuida-se de recurso interposto pelo autor contra sentença que
julgou parcialmente procedente o pedido, condenando o INSS
a averbar, como tempo de serviço especial, o período
contributivo de 01/05/1989 a 28/04/1995.

Em razões de recurso, sustenta o demandante que o período


de 29/04/1995 a 05/03/2018 também deveria ser computado
como tempo de serviço especial, alegando, para tanto, em
síntese: a) que exerceu atividades em condições insalubres,
com exposição a agentes biológicos nocivos, provenientes do
contato com pessoas enfermas e materiais contaminados; b)
que a exposição aos agentes teria ocorrido de forma habitual e
permanente, o que teria sido atestado no PPP; c) que a
informação no PPP sobre o uso de EPI eficaz não seria
suficiente para afastar a natureza especial das suas atividades.
Postula, por fim, a concessão de aposentadoria especial, com
DIB na DER.  

Não foram oferecidas contrarrazões.

Pois bem.

Até 28/04/1995, véspera da entrada em vigor da Lei


9.032/1995, para o reconhecimento das condições de trabalho
como especiais, bastava a comprovação do exercício de uma
das atividades previstas nos anexos dos Decretos 53.831/1964
ou 83.080/1979, não sendo exigida prova da efetiva exposição
a agentes nocivos. A necessidade de comprovação de
exposição a agentes nocivos por formulários descritivos da
atividade do segurado (SB-40 ou DSS-8030) e laudo técnico
pericial só surgiu com o advento do Decreto nº 2.172, de
05/03/1997, que regulamentou a Lei 9.032/1995 e a MP
1.523/1996 (convertida na Lei 9.528/1997), exceto para os
agentes físicos ruído e calor, para os quais sempre se exigiu a
apresentação de laudo pericial, tendo em vista tratar-se de
agentes nocivos que necessitam de aferição técnica para sua
medição (PEDILEF 200772510045810, JUIZ FEDERAL JOSÉ
ANTONIO SAVARIS, TNU, DJ 01/03/2010.). Nada obstante, a
apresentação do formulário de PPP pode dispensar a juntada
do LTCAT, haja vista a presunção de congruência dos dados
de ambos os documentos (PEDILEF 200971620018387, JUIZ
FEDERAL HERCULANO MARTINS NACIF. Fonte: DOU
22/03/2013).

No caso em tela, o formulário de PPP, encartado no anexo


4, descreve que o autor exerceu as funções de
“bioquímico” e “supervisor bioquímico”, com exposição a
vírus e bactérias, fazendo uso, entretanto, de EPI eficaz.

Embora o PPP não tenha feito menção expressa ao contato


do autor com pessoas doentes e materiais contaminados,
isto, por si só, não afasta a possibilidade de considerar
especial a atividade que foi Poe ele exercida. Com efeito, no
julgamento do PEDILEF 0500012-70.2015.4.05.8013/AL
(Tema/Representativo 205), a TNU firmou as seguintes teses:
“a) para reconhecimento da natureza especial de tempo
laborado em exposição a agentes biológicos não é necessário
o desenvolvimento de uma das atividades arroladas nos
Decretos de regência, sendo referido rol meramente
exemplificativo; b) entretanto, é necessária a comprovação em
concreto do risco de exposição a microorganismos ou parasitas
infectocontagiosos, ou ainda suas toxinas, em medida
denotativa de que o risco de contaminação em seu ambiente
de trabalho era superior ao risco em geral, devendo, ainda, ser
avaliado, de acordo com a profissiografia, se tal exposição tem
um caráter indissociável da produção do bem ou da prestação
do serviço, independentemente de tempo mínimo de exposição
durante a jornada (Tema 211/TNU)”.

Na hipótese, a profissiografia descreve que o segurado, no


exercício da função de bioquímico, realizava, entre outras
atividades, exames de hematologia, bioquímica,
espermograma e líquidos biológicos. Daí se infere que a
exposição aos agentes biológicos era indissociável à
prestação dos seus serviços, restando, assim,
demonstrado o caráter permanente da exposição. Não é
outro o entendimento da TNU, que no julgamento do PEDILEF
0501219-30.2017.4.05.8500/SE (Tema/Representativo 211),
assentou que, “para aplicação do artigo 57, §3.º, da Lei n.º
8.213/91 a agentes biológicos, exige-se a probabilidade da
exposição ocupacional, avaliando-se, de acordo com a
profissiografia, o seu caráter indissociável da produção do bem
ou da prestação do serviço, independente de tempo mínimo de
exposição durante a jornada”.  Nesse cenário, o período de
29/04/1995 a 02/12/1998 deverá ser computado como tempo
de serviço especial.

Já o período de 03/12/1998 a 05/03/2018 deverá ser


computado apenas como tempo comum, tendo em vista
que o PPP informa que o EPI utilizado se mostrou eficaz
frente aos agentes nocivos.

Neste ponto, cumpre destacar que o STF, em regime de


repercussão geral (Tema 555), firmou entendimento no sentido
de que “o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva
exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de
modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a
nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria
especial”. Entretanto, isto somente tem o efeito de
descaracterizar o tempo especial a partir de 03/12/1998, data
em que entrou em vigor a MP 1.729/1998, convertida na Lei
9.732/1998 (súmula 87 da TNU), a partir da qual essa
informação passou a ser exigida.
Ressalte-se que nesta Terceira Turma tem prevalecido o
entendimento de que a informação sobre o uso de EPI eficaz,
constante do formulário de PPP, revela-se suficiente para
descaracterizar a natureza especial da atividade e,
consequentemente, o tempo especial. Não se desconhece que
tal matéria encontra-se pendente de julgamento pela TNU em
processo afetado com representativo de controvérsia (Tema
213). Apesar disso, por ora, deve ser seguida a orientação
jurisprudencial desta Turma Recursal, prestigiando-se, assim, a
segurança jurídica e a isonomia.

A planilha anexa revela que o demandante, na DER, já tinha


atingido o tempo de contribuição necessário para a concessão
do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição.

Do exposto DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, para


condenar o INSS a conceder ao autor o benefício de
aposentadoria por tempo de contribuição, com DIB na DER,
calculadas as parcelas atrasadas, com correção pelo IPCA-e e
incidência de juros de mora na forma do art. 1º-F da Lei n.
9.494/1997 (Tema/RG 810).

É o voto.

ACÓRDÃO
Vistos e discutidos, decide a Terceira Turma Recursal dos
Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à
unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso
inominado, nos termos do voto-ementa.
Recife/PE, data do julgamento.
POLYANA FALCÃO BRITO
Juíza Federal Relatora

Neste interim, o r. acórdão deixou de conhecer a especialidade do


período de 03/12/1998 a 05/03/2018, sob a mesma alegação do Juiz
sentenciante, de que a simples utilização de EPI elidiria a nocividade dos
agentes nocivos biológicos (vírus e bactérias).

Entretanto, o acórdão da 3ª Turma Recursal de Pernambuco foi


omisso quanto ao fato de que, apesar do PPP indicar que o EPI foi eficaz,
O LTCAT CONSTANTE NO ANEXO 05, NÃO INDICA A UTILIZAÇÃO DE
QUALQUER TIPO DE EPI, MUITO MENOS DE FORMA EFICAZ.
Com efeito, o PPP deve refletir as informações constantes no
Laudo Técnico, de modo que se o LTCAT não informa sequer o uso de
EPI, só se pode concluir que o empregador, como forma de burlar a
legislação tributária, emitiu PPP indicando que o EPI é eficaz, apenas para
deixar de pagar o adicional do SAT/RAT.

Sendo assim, havendo divergência entre as informações


constantes no PPP e no LTCAT, devem-se prevalecer as informações do
LTCAT, visto que este serve de base para a elaboração do PPP.

Não obstante, a 3ª Turma Recursal de Pernambuco restou omisso


também ao não se manifestar em relação à recente afetação do PEDILEF nº
0004439-44.2010.4.03.6318/SP, como REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA, a fim de submeter a julgamento da TNU: "saber quais são
os critérios de aferição da eficácia do Equipamento de Proteção Individual na
análise do direito à aposentadoria especial ou à conversão de tempo especial
em comum".

Ou seja, ao contrário do que julgou o acórdão embargado, o STF


deixou em aberto os critérios de aferição da eficácia do Equipamento de
Proteção Individual na análise do direito à aposentadoria especial ou à
conversão de tempo especial em comum, tanto é, que somente como o
julgamento do Representativo da Controvérsia é que a TNU definirá tal
questão.

Diante disso, fica claro que não será o PPP o fator decisivo para
afastar, ou não, a especialidade do período, diante da mera informação de EPI
eficaz, isso porque, a própria TNU ainda não definiu quais são os critérios a
serem adotados nesses casos.

A fim de comprovar as informações supramencionadas, segue


abaixo o inteiro teor do PEDILEF nº 0004439-44.2010.4.03.6318/SP:
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI
(TURMA) Nº 0004439-44.2010.4.03.6318/SP

RELATOR: JUIZ FEDERAL FABIO DE SOUZA SILVA

REQUERENTE: JOAO BENEDITO DE ALMEIDA

REQUERIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

RELATÓRIO

1. Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal,


interposto contra acórdão da 4ª Turma Recursal de São Paulo, tendo
como questão central a validade das informações do Perfil
Profissiográfico Previdenciário (PPP) para a aferição da eficácia do
Equipamento de Proteção Individual (EPI).

2. Insurge-se o recorrente contra o não reconhecimento da natureza


especial do trabalho desenvolvido nos períodos de 01/09/2004 a
15/12/2005 e 16/01/2006 a 07/03/2008, em que trabalhou com
exposição a tintas e agentes químicos, uma vez que o acórdão da
Turma Recursal considerou provada a eficácia do EPI, mesmo com
informações incompletas no PPP, especialmente, a ausência de
indicação do certificado de aprovação (C.A.).

3. O recorrente traz como paradigmas acórdão do TRF3 (AL-ApRN


0002439-74.2010.4.03.6123; SP) e da TRU da 4ª Região (IUJEF
2008.72.51.007110).

4. Inadmitido na origem, o incidente foi distribuído a este relator por


força de decisão do Ministro Presidente da TNU, em sede de agravo.

VOTO

5. O acórdão recorrido, ao analisar o conjunto probatório, considerou


que a simples informação de utilização de EPI eficaz no PPP é
suficiente para afastar o direito à aposentadoria especial. Vale
colacionar fragmentos da decisão em que a questão é debatida:

1. Trata-se de pedido de concessão de aposentadoria especial ou por


tempo de serviço, com o reconhecimento de períodos laborados em
condições especiais. Sentença de parcial procedência, nos seguintes
termos:

(...)

11. EPI eficaz. Após longos debates jurisprudenciais, o STF, por


ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo
664.335/SC, com repercussão geral reconhecida, fixou as seguintes
teses: “I - O direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva
exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que,
se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá
respaldo constitucional à aposentadoria especial; II – Na hipótese de
exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de
tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil
Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do
Equipamento de Proteção Individual – EPI, não descaracteriza o
tempo de serviço especial para aposentadoria.” Isso porque
considerou a Corte Suprema que em se tratando “especificamente do
agente nocivo ruído, desde que em limites acima do limite legal,
constata-se que, apesar do uso de Equipamento de Proteção
Individual (protetor auricular) reduzir a agressividade do ruído a um
nível tolerável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do
som em tais ambientes causa danos ao organismo que vão muito
além daqueles relacionados à perda das funções auditivas. (...) Ainda
que se pudesse aceitar que o problema causado pela exposição ao
ruído relacionasse apenas à perda das funções auditivas, o que
indubitavelmente não é o caso, é certo que não se pode garantir uma
eficácia real na eliminação dos efeitos do agente nocivo ruído com a
simples utilização de EPI, pois são inúmeros os fatores que
influenciam na sua efetividade, dentro dos quais muitos são
impassíveis de um controle efetivo, tanto pelas empresas, quanto
pelos trabalhadores.” (ARE 664.335/SC, Rel. Luiz Fux, 04.12.2014)

(...)

19. Como prova de seu direito, apresentou a parte autora os


seguintes documentos, dos quais se depreende:

(...)

ii. PPP de fls. 07/08 do evento nº 16, emitido por CARTONADER


INDUSTRIA E COMERCIO LTDA, indicando, no período de
01/09/2004 a 15/12/2005, como único fator de risco a exposição a
tintas, informando a utilização de EPI eficaz.

a. Portanto, tendo em vista que a utilização de EPI eficaz afasta a


especialidade dos períodos com exposição a agentes químicos, o
período de 01/09/2004 a 15/12/2005 deve ser considerado como
comum.

iii. PPP de fls. 05/06 do evento nº 16, emitido por CARTONADER


INDUSTRIA E COMERCIO LTDA, indicando, no período de
16/01/2006 a 07/03/2008, como único fator de risco a exposição a
tintas, informando a utilização de EPI eficaz.

a. Portanto, tendo em vista que a utilização de EPI eficaz afasta a


especialidade dos períodos com exposição a agentes químicos, o
período de 16/01/2006 a 07/03/2008 deve ser considerado como
comum.
6. No que tange ao acórdão paradigma suscitado, prolatado pelo
TRF3 0002439-74.2010.4.03.6123, este não está apto a embasar o
presente incidente que, nos termos do art. 14, §2º, da Lei n.
10.259/01, se destina a uniformizar a jurisprudência no âmbito dos
Juizados Especiais Federais, fundado em divergência entre decisões
de turmas de diferentes regiões ou da proferida em contrariedade a
súmula ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça
(STJ).

7. Já o precedente da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região


(IUJEF 2008.72.51.007110-1) atende os pressupostos legais e
autoriza o conhecimento do pedido. A decisão paradigma afirma que
a mera informação da eficácia do EPI no PPP, sem um detalhamento
dessa informação, é insuficiente para afastar o reconhecimento do
caráter especial da atividade:
EMENTA: INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO.
ATIVIDADE ESPECIAL. HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS. USO
DE EPI. NÃO DESCARACTERIZA A ESPECIALIDADE.
NEUTRALIZAÇÃO DOS AGENTES NOCIVOS DEVE SER
COMPROVADA POR LAUDOTÉCNICO.

1.A mera informação no formulário ou laudo ambiental do


oferecimento de equipamentos de proteção individual ao trabalhador,
ou a informação lacônica de que a ação nociva do agente resta
neutralizada pelo uso de EPI, não descaracterizam a especialidade
do tempo de serviço. É necessário, para que seja refutada a
declaração de especialidade, de uma informação mais detalhada,
através do laudo da empresa ou laudo judicial, de que o uso do EPI
efetivamente elida a ação nociva do agente insalutífero. 2.
Precedente desta Turma Regional: IUJEF nº
2007.72.95.001463-2/SC 3. Incidente de uniformização conhecido e
provido. (IUJEF 2008.72.51.007110-1, Turma Regional de
Uniformização da 4ªRegião, Relator Rodrigo Koehler Ribeiro,D.E.
17/12/2010)
8. A divergência entre as teses interpretativas nos acórdãos das
Turmas de São Paulo e Rio Grande do Sul é de superlativa relevância
e alcança um enorme número de processos, especialmente, em razão
da decisão do Supremo Tribunal Federal no ARE 664.335/SC, no qual
fixou a seguinte tese: “o direito à aposentadoria especial pressupõe a
efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de
modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade
não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial”.

9. Vale destacar que aquela Suprema Corte afirma expressamente,


no mesmo acórdão, que “a Administração poderá, no exercício da
fiscalização, aferir as informações prestadas pela empresa, sem
prejuízo do inafastável judicial review. Em caso de divergência ou
dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a
premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo
reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial.
Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afigurar
suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a que
o empregado se submete”.

10. Desse modo, uniformizar os critérios de aferição da eficácia do


EPI é essencial para evitar soluções divergentes no âmbito do
microssistema dos Juizados Especiais Federais e garantir maior
racionalidade e previsibilidade das decisões judiciais.

11. Isto posto, proponho a afetação da matéria e indico o presente


recurso como representativo de controvérsia, nos termos do art. 17, I
do Regimento Interno da Turma Nacional de Uniformização, a fim de
se buscar identificar quais são os critérios de aferição da eficácia do
Equipamento de Proteção Individual.

12. Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER o Pedido de


Uniformização e AFETÁ-LO COMO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA, propondo a seguinte questão a ser submetida
a julgamento da Turma Nacional de Uniformização: "saber quais
são os critérios de aferição da eficácia do Equipamento de
Proteção Individual na análise do direito à aposentadoria
especial ou à conversão de tempo especial em comum"

Sendo assim, é preciso que o acórdão embargado se manifeste


sobre a validade das informações constantes no LTCAT, uma vez que
este não indica o uso de qualquer EPI, muito menos eficaz, bem como é
preciso que diga com base em que a 3ª Turma Recursal de Pernambuco
determinou que a informação de eficácia do EPI no PPP é suficiente para
afastar a especialidade do período de 03/12/1998 a 05/03/2018, se no
julgamento do ARE 664335 pelo STF não restou decidido qualquer critério
sobre a questão e, muito menos tal critério foi estabelecido pela TNU, cuja
análise só se dará com o julgamento do PEDILEF nº 0004439-
44.2010.4.03.6318/SP.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, configura-se, portanto, que existe omissão a ser


sanada no acórdão. Dessa forma, requer a parte embargante:

a) O conhecimento dos embargos de declaração, uma vez


evidenciadas a omissão no acórdão que julgou o Recurso
Inominado;

b) O provimento dos embargos declaratórios, para sanar as


omissões apontadas e, empregando-lhes efeitos infringentes,
reformar o acórdão embargado, a fim de reconhecer a
especialidade do período laborado de 03/12/1998 a 05/03/2018.
Por consequência, requer-se o acréscimo do referido tempo
especial, com os demais interregnos reconhecidos no acórdão,
para fins de aposentadoria especial com DIB na DER;

c) Caso não seja acatado o pedido acima, é preciso que o


acórdão embargado se manifeste e diga com base em que a
3ª Turma Recursal de Pernambuco determinou que a
informação de eficácia do EPI no PPP é suficiente para
afastar a especialidade do período de 03/12/1998 a 05/03/2018,
se no julgamento do ARE 664335 pelo STF não restou
decidido qualquer critério sobre a questão e, muito menos tal
critério foi estabelecido pela TNU, cuja análise só se dará
com o julgamento do PEDILEF nº 0004439-
44.2010.4.03.6318/SP.

d) Reconhecendo-se que os critérios de eficácia dos EPI’s


constante no PPP ainda vão ser estabelecidos pela TNU
quando julgar o PEDILEF nº 0004439-44.2010.4.03.6318/S,
requer-se o sobrestamento dos autos até o julgamento
definitivo da questão.

e) A manifestação expressa dessa MM. Turma Recursal


acerca das omissões apontadas nos presentes embargos de
declaração, para fins de prequestionamento.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.
XXX, XX de XX de XXXX.

ADVOGADO
OAB

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