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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000447-66.2018.5.02.

0710

ACÓRDÃO
(5ª Turma)
GMMAR/nat/abn

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL
PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017. PRELIMINAR DE NULIDADE POR
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. As
questões tidas como omissas pela agravante -
relacionadas à responsabilidade do
empregador por pensão mensal arbitrada em
razão do agravamento da moléstia
desenvolvida pelo reclamante - ou são
irrelevantes para o deslinde da controvérsia, ou
foram objeto de análise pela Corte Regional. A
parte manifesta tão somente o seu
inconformismo com o decidido, o que não
enseja a declaração de nulidade por negativa
de prestação jurisdicional. Mantém-se a
decisão recorrida. Agravo conhecido e
desprovido. LIMBO PREVIDENCIÁRIO.
RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR PELO
PAGAMENTO DOS SALÁRIOS.
TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. É
firme o entendimento desta Corte Trabalhista
no sentido de que é do empregador a
obrigação de reintegrar ou readaptar o
empregado quando cessado o benefício
previdenciário, ainda que o considere inapto,
sob pena de responsabilização pelos salários
do trabalhador no período em que este
permanecer no limbo previdenciário.
Precedentes. Na hipótese dos autos,
consignada a oposição do empregador em
receber o empregado após a alta
previdenciária (Súmula 126/TST), verifica-se
que a decisão regional de impor ao
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empregador o pagamento dos salários do


período entre o fim do benefício previdenciário
e a concessão da aposentadoria por invalidez
foi proferida em consonância com o
entendimento jurisprudencial desta Corte
Superior, o que atrai o óbice do art. 896, §7º, da
CLT. Ausente a transcendência da matéria,
mantém-se a decisão agravada. Agravo
conhecido e desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-1000447-66.2018.5.02.0710, em
que é Agravante CAÇAPAVA EMPREITADA DE LAVOR LTDA. e é Agravado EDIVALDO DE
SOUSA MACHADO..

Por meio da decisão monocrática ora atacada, neguei


provimento ao agravo de instrumento da reclamada.
Irresignada, a parte interpôs agravo.
Intimado, o agravado apresentou impugnação.
É o relatório.

VOTO

ADMISSIBILIDADE
Presentes os requisitos legais de admissibilidade, conheço do
agravo.

MÉRITO
Por meio da decisão monocrática ora atacada, neguei
provimento ao agravo de instrumento, por ausência de transcendência da questão
invocada em recurso de revista, na esteira dos seguintes fundamentos:

"Trata-se de agravo de instrumento interposto contra

despacho proferido pelo Eg. Tribunal Regional, que denegou


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seguimento a recurso de revista, na esteira dos seguintes

fundamentos:

"Id. b9eef58: A reclamada requer a expedição de ofício para

o INSS a fim de que sejam fornecidos dados quanto ao recente

afastamento previdenciário do autor ou que o reclamante seja

intimado para tanto, sob a cominação de aplicação de multa por

litigância de má-fé.

Compulsando os autos, verifica-se que a discussão central

trata-se de afastamento previdenciário do reclamante no ano de

2015 e o seu retorno em 2017, em razão da alta dada pelo INSS,

mas não reconhecida a capacidade laboral pela empresa, ficando

o reclamante no chamado "limbo previdenciário". O documento

referente ao afastamento do reclamante nesta ocasião já se

encontra nos autos, nos termos do Id. a7abc78 Por sua vez, a

reclamada informou na petição de Id. b1ef14b, que teria tomado

ciência de novo afastamento previdenciário pelo reclamante

agora no ano de 2020, o que foi confirmado pelo autor na peça de

Id. 22bc1c9, com a carta de concessão do benefício, concedido

desde 23/12/2019, no Id. b6e280b. Na mesma ocasião, o

reclamante informou que tal afastamento decorreu de sua

submissão a uma nova cirurgia. Ademais, na carta de manutenção

do benefício (Id. 2667d4a) há a indicação da sua manutenção até

o dia 31/20/2020.

Deste modo, verifica-se que já há nos autos as informações

pretendidas pela reclamada. Assim, indefere-se os pedidos de

expedição de ofício para o INSS ou de intimação do reclamante

para apresentar os documentos, uma vez que já existentes nos

autos. Ressalte-se que, sendo necessário na fase de liquidação, o

juízo poderá requerer as informações pertinentes aos

afastamentos previdenciários do autor, a seu critério.

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
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Tramitação na forma da Lei n.º 13.467/2017. Tempestivo o

recurso (decisão publicada no DEJT em 16/11/2020 - Aba de

Movimentações; recurso apresentado em 26/11/2020 - id.

194a78b ).

Regular a representação processual, id. 37ec311.

Satisfeito o preparo (id(s). f22eb9d).

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS DIREITO PROCESSUAL CIVIL E

DO TRABALHO / Atos Processuais / Nulidade / Negativa de

Prestação Jurisdicional.

Alegação(ões): Sustenta que houve negativa de prestação

jurisdicional pela E.Turma que, mesmo instada por Embargos

Declaratórios, permaneceu omissa no pedido de apreciação de

questões relativas à comprovação da inexistência da culpa da

recorrente pela doença do recorrido de natureza degenerativa.

Não se vislumbra a hipótese de nulidade do julgado por

negativa de prestação jurisdicional, uma vez que a jurisdição foi

devidamente prestada, no caso, mediante decisões

suficientemente motivadas, não obstante contrárias à pretensão

do recorrente, tendo a E.Turma justificado suas razões de decidir.

Incólumes, portanto, as disposições legais e constitucionais

pertinentes à alegação (Sumula 459, do TST).

DENEGA-SE seguimento.

Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por

Dano Moral / Doença Ocupacional.

Assevera o recorrente que não houve comprovação da

culpa pelo agravamento da doença de natureza degenerativa

sofrida pelo autor, assim como deve ser acolhida a conclusão do

primeiro laudo confecionado.

Não obstante as afrontas legais e constitucionais aduzidas,

bem como o dissenso interpretativo suscitado, inviável o

seguimento do apelo, uma vez que a matéria, tal como tratada no


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v. acórdão e posta nas razões recursais, reveste-se de contornos

nitidamente fático-probatórios, cuja reapreciação, em sede

extraordinária, é diligência que encontra óbice na Súmula n.º 126

do C. TST.

DENEGA-SE seguimento.

Contrato Individual de Trabalho / Suspensão / Interrupção

do Contrato de Trabalho / Licenças / Afastamentos / Licença

Previdenciária.

O C. TST pacificou o entendimento no sentido de que a

responsabilidade pelo pagamento dos salários durante o período

no qual o trabalhador não recebe nenhum benefício do Órgão

Previdenciário, mas fica sem poder trabalhar por determinação

patronal, é do empregador.

Nesse sentido, os seguintes precedentes: RR-1002136-

66.2013.5.02.0502, Rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma,

DEJT 12/05/2017; AIRR-1187-07.2016.5.19.0009, Rel. Min. Maria

Helena Mallmann, 2ª Turma, DEJT 13/04/2018; AIRR-1444-

83.2014.5.02.0006, Rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte,

3ª Turma, DEJT 27/04/2018; ARR-20301-50.2015.5.04.0601, Rel.

Min. Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, DEJT 13/04/2018; Ag-AIRR-

1124-65.2012.5.15.0095, Rel. Min. Breno Medeiros, 5ª Turma, DEJT

01/06/2018; ARR-1897-49.2013.5.02.0027, Rel. Min. Kátia

Magalhães Arruda, 6ª Turma, DEJT 04/08/2017; AIRR-1001467-

79.2013.5.02.0383, Rel. Desemb. Convocado Ubirajara Carlos

Mendes, 7ª Turma, DEJT 11/05/2018; AIRR-252-53.2015.5.10.0008,

Rel. Min. Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 15/09/2017.

Assim, se a função uniformizadora do C. Tribunal Superior

do Trabalho já foi cumprida na pacificação da controvérsia, e o

julgado está em plena consonância com esse entendimento,

impõe-se obstar o seguimento do presente recurso por alegação

de violação de dispositivos legais e constitucionais.


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DENEGA-SE seguimento.

CONCLUSÃO

DENEGA-SE seguimento ao recurso de revista."

Pretende a parte recorrente o destrancamento e regular processamento

de seu apelo.

Publicado o acórdão recorrido sob a vigência da Lei nº 13.467/2017,

submete-se o apelo à disciplina trazida pelo art. 896-A da CLT, segundo o qual

"O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará previamente se

a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza

econômica, política, social ou jurídica".

De plano, contudo, verifica-se que o valor da causa não representa

patamar monetário elevado a ponto de, por si só, atrair a intervenção desta

Corte. Não configurada a transcendência econômica.

Além disso, as matérias submetidas a debate não trazem questões de

direito novas ou controvertidas em torno de interpretação da legislação

trabalhista. Inexiste transcendência jurídica.

O cotejo entre fatos e teses jurídicas releva, por um lado, a inexistência

de afronta manifesta aos direitos sociais constitucionalmente protegidos

pelos arts. 6º a 11 da CF/88 (não caracterizada a transcendência social) e,

sob outro viés, não demonstrada contrariedade à jurisprudência pacificada no

âmbito desta Corte Superior e do Supremo Tribunal Federal. Logo, da mesma

forma, ausente a transcendência política.

Em suma, a falta de transcendência da questão debatida, em qualquer

de suas vertentes, constitui óbice ao conhecimento do recurso de revista.

Por tudo quanto dito, com esteio no art. 896-A, § 2º, da CLT, nego
provimento ao agravo de instrumento."

Em razão da devolutividade, inerente aos recursos de natureza


extraordinária, somente será objeto de análise a matéria expressamente renovada no
agravo de instrumento, tal como determina o art. 1º, caput, da Instrução Normativa no
40/2016 do TST.
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PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO


JURISDICIONAL
Suscita a agravante a nulidade do acórdão regional, sob o
argumento de que a Corte de origem deixou de se manifestar sobre questões
essenciais ao deslinde da controvérsia, nada obstante a oposição de embargos de
declaração. Alega que o TRT deixou de fixar premissas a respeito dos seguintes pontos:
a) o motivo pelo qual a documentação acostada pela reclamada não é capaz de
comprovar a adoção de medidas previstas em lei para a proteção da saúde do
trabalhador e a prevenção de acidentes; b) se a reclamada agiu com culpa; e c) se a
doença tem origem degenerativa. Argumenta a presença de transcendência política e
social da causa. Indica ofensa aos artigos 93, IX, da CF, 832 da CLT e 489, §1º, IV, do CPC.
Transcreve arestos.
Sem razão.
Com efeito, a matéria debatida não oferece transcendência hábil
a impulsionar o processamento do apelo.
Isso porque, dos fundamentos transcritos nos acórdãos
regionais, emerge manifestação devidamente fundamentada acerca das questões
postas nas razões recursais, ainda que de forma contrária aos interesses da parte.
No caso concreto, o inconformismo do recorrente diz respeito ao
próprio mérito do exame probatório realizado pelo TRT da 2ª Região, e não a supostas
omissões na análise dos elementos de prova apresentados.
Quanto à imprestabilidade da documentação acostada como
meio da prova da adoção de medidas preventivas por parte do empregador (ponto "a"),
vale ressaltar que o julgador não está obrigado a se manifestar sobre todos os fatos,
teses e argumentos suscitados pela parte, de maneira que é suficiente, para o deslinde
da controvérsia, o registro de que "não foi identificada documentação comprobatória de
eficazes medidas de prevenção e proteção do adoecimento do obreiro, o que modificou a
evolução natural da enfermidade constatada (osteoartrose de joelhos), conforme laudo
pericial elaborado nos autos".
Quanto ao ponto "b", o TRT assim se manifestou":

Ademais, também constou do v. acórdão a ressalva de que a


questão debatida no laudo não consistia propriamente na culpa, ou não,
das reclamadas em relação ao acidente de trabalho noticiado pelo autor,
mas, sim, do agravamento da moléstia por ele desenvolvida. Daí a
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condenação quanto à pensão mensal vitalícia, eis que esta Relatora entendeu
não haver outros elementos robustos e suficientes que infirmassem as
conclusões periciais. [destaques acrescidos]

No que diz respeito à configuração da culpa da empresa,


acrescente-se que a Corte Regional se limitou a dizer que a questão não foi objeto de
análise no laudo pericial, pois este se ateve ao exame do agravamento da moléstia. De
outra mão, o TRT deixou expressamente consignada a falta de prova sobre a adoção de
medidas de prevenção e proteção do adoecimento do empregado, em clara alusão à
participação do empregador no agravamento da patologia. Inexiste, portanto,
deficiência a ser sanada nesse aspecto.
Com relação ao ponto "c)", é desnecessária a declaração de
nulidade do acórdão regional por ausência de manifestação expressa sobre a origem da
doença, porquanto irrelevante para o deslinde da controvérsia, diante da confirmação
do nexo de concausalidade entre o agravamento da doença desenvolvida pelo
reclamante e as atividades exercidas na função ocupacional, conforme constatado pela
prova pericial.
Logo, não há vício capaz de ensejar a nulidade dos julgados
regionais, de maneira que remanescem incólumes os dispositivos manejados.
Dessa forma, irretocável a decisão monocrática proferida com
esteio no art. 932 do CPC.
Nego provimento ao agravo.

LIMBO PREVIDENCIÁRIO. RESPONSABILIDADE DO


EMPREGADOR PELO PAGAMENTO DOS SALÁRIOS.
Na minuta, a agravante alega a configuração do dissenso
interpretativo, quando o TRT prolata o entendimento que "seria possível a
responsabilização da empresa pelo pagamento dos salários no período por não compeli-lo
[o empregado] ao retorno", ainda que o empregado também não se considere apto ao
trabalho, o que destoa de arestos de outros Tribunais Regionais. Reitera a
transcendência da matéria.
Sem razão.
Emerge do acórdão recorrido que "esgotado o período de
afastamento previdenciário concedido, o trabalhador deve retornar ao trabalho,
permanecendo em atividade até que seja reconsiderada a decisão da cessação da licença

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médica previdenciária ou mesmo obtenção de nova licença, se estas forem as hipóteses e,


não se apresentando ao trabalho, compete à empregadora notificá-lo para retorno ao
emprego ou que justifique sua ausência, sob pena da aplicação da pena máxima da
dispensa por justa causa ao empregado, com amparo na alínea "i" do artigo 483 da CLT.".
Além disso, o TRT consignou que "por ter a ré contrariado a
posição previdenciária, torna-se responsável pelo pagamento das verbas contratuais devidas
desde 15/08/2017 até o efetivo retorno do autor ao trabalho".
É firme o entendimento desta Corte Trabalhista no sentido de
que é do empregador a obrigação de reintegrar ou readaptar o empregado quando
cessado o benefício previdenciário, ainda que o considere inapto, sob pena de
responsabilização pelos salários do empregado no período em que este permanecer no
limbo previdenciário.
Cito precedentes:

"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/17. LIMBO PREVIDENCIÁRIO.
PAGAMENTO DE SALÁRIOS. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. 1. O
Tribunal Regional do Trabalho, analisando o conjunto fático-probatório dos
autos, consignou que " não há dúvidas de que a obreira foi submetida ao
chamado ' limbo jurídico previdenciário' , a partir do momento em que ela se
apresentou na empresa em 29/10/2021, após término do benefício
previdenciário e foi considerada inapta ao trabalho (atestado de ID. 0043609-
Pág.2) ". Na ocasião, registrou a Corte de origem que , " com a alta
previdenciária, a regra impositiva de pagamento de salários volta a ter
eficácia, ainda que a empresa considere a empregada inapta para as
atividades laborais, sendo responsabilidade do empregador o pagamento dos
salários até o retorno às atividades ". 2. A jurisprudência desta Corte Superior
é pacífica quanto à responsabilidade do empregador pelo pagamento dos
salários do empregado, a partir da alta previdenciária, ainda que considerado
inapto pela junta médica da empresa. 3. Considerando que a função precípua
desta Corte Superior é a uniformização da jurisprudência trabalhista em
âmbito nacional e que o posicionamento deste Tribunal sobre a matéria ora
debatida já se encontra firmado, no mesmo sentido do acórdão regional, tem-
se que a pretensão recursal não se viabiliza. Incidência do artigo 896, § 7º, da
CLT e da Súmula n.º 333 do TST. 4. Confirma-se, assim, a decisão agravada,
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porquanto não constatada a transcendência da causa do ponto de vista


econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses
subjetivos do processo. Agravo a que se nega provimento" (Ag-AIRR-11480-
84.2021.5.03.0048, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury Rodrigues Pinto Junior,
DEJT 10/03/2023).

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA LEIS NºS


13.015/2014 E 13.467/2017. LIMBO PREVIDENCIÁRIO. PAGAMENTO DAS
VERBAS CONTRATUAIS DO PERÍODO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
AUSÊNCIA DE PROVA DA RECUSA DA RECLAMADA EM ACEITAR O RETORNO DA
RECLAMANTE APÓS A ALTA PREVIDENCIÁRIA. ÓBICE DA SÚMULA 126 DO TST.
TRANSCENDÊNCIA NÃO CONFIGURADA . 1. Considerada a sensibilidade da
controvérsia sobre a responsabilidade do empregador pelo pagamento dos
salários do empregado durante o período do "limbo previdenciário",
identifica-se (i) a iterativa jurisprudência desta Corte no sentido da obrigação
do empregador, após a cessação da licença médica, de reintegrar ou
readaptar o empregado em atividade compatível com suas limitações físicas,
fundamentada na concretização do direito à dignidade da pessoa humana
(art. 1º, III, CF), bem como na previsão da Convenção nº 161 da OIT que
determina " a adaptação do trabalho às capacidades dos trabalhadores,
levando em conta seu estado de sanidade física e mental" ; (ii) a iterativa
jurisprudência desta Corte também quanto à responsabilidade do
empregador pelo pagamento de salários do empregado durante o limbo
previdenciário, nas hipóteses em que impedir o retorno do empregado ao
trabalho após o recebimento da alta previdenciária, desde que o trabalhador
comprove a recusa patronal em recebê-lo na empresa ou em readaptá-lo em
função compatível, por se tratar de fato constitutivo do seu direito, nos
termos do art. 818, I, da CLT c/c art. 373, I, do CPC. 2. No caso, extrai-se do
acórdão regional recorrido a seguinte premissa fática: " A autora não
comprovou a recusa da ré em aceitá-la de volta ao trabalho em função
compatível com seu estado de saúde". 3. A decisão do Tribunal Regional pelo
indeferimento do pedido e pagamento das verbas contratuais do período do
afastamento e de indenização por dano moral está alicerçada na ausência da
comprovação da conduta obstativa da reclamada quanto ao retorno ao
trabalho pelo empregado após a alta previdenciária. 4. A controvérsia objeto
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do recurso de revista circunscreve-se aos aspectos fático-probatórios, a atrair


a incidência da Súmula 126/TST. Agravo de instrumento a que se nega
provimento. [...]" (RRAg-1000514-88.2019.5.02.0421, 3ª Turma, Relator Ministro
Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 31/03/2023).

"I - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO SALÁRIOS. LIMBO PREVIDENCIÁRIO.


RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR. OMISSÃO EVIDENCIADA.
PROVIMENTO SEM ALTERAÇÃO DO JULGADO. A decisão a ser corrigida
viaembargosdedeclaraçãoé a que necessita de suprir omissão existente, sanar
alguma contradição ou aclarar obscuridade reconhecida, nos termos dos
artigos 897-A da CLT e 1.022, I e II, do CPC. No caso , constata-se que a decisão
de admissibilidade do recurso de revista, denegou seu seguimento com
relação ao tema dos salários, referentes ao limbo previdenciário. A reclamada
interpôs agravo de instrumento impugnando a decisão denegatória,
requerendo o processamento do recurso, carecendo a decisão de
manifestação em relação ao tópico. Embargos de declaração providos para
suprir omissão, sem imprimir efeito modificativo ao julgado. II - AGRAVO DE
INSTRUMENTO SALÁRIOS. LIMBO PREVIDENCIÁRIO. RESPONSABILIDADE DO
EMPREGADOR. NÃO PROVIMENTO. A jurisprudência desta Corte Superior
firmou entendimento de que é do empregador a responsabilidade pelo
pagamento dos salários do empregado no período denominado limbo
previdenciário. Precedentes. No mais, o acolhimento da tese de que houve o
pagamento do respectivo período ensejaria exame do conjunto probatório,
defeso nesta fase extraordinárias, nos termos da Súmula nº 126. Em vista de
decisão do Tribunal Regional em consonância com a jurisprudência desta
Corte Superior, o processamento do recurso de revista encontra óbice na
Súmula nº 333 e no artigo 896, § 7º, da CLT. A incidência das Súmulas nºs 126 e
333 e do artigo 896, § 7º, da CLT é suficiente para afastar a transcendência da
causa, uma vez que inviabilizará a análise da questão controvertida no recurso
de revista e, por conseguinte, não serão produzidos os reflexos gerais, nos
termos previstos no § 1º do artigo 896-A da CLT. Agravo de instrumento a que
se nega provimento" (ED-ARR-1001513-04.2017.5.02.0262, 4ª Turma, Relator
Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 11/02/2022).

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"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. LIMBO
PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIOS DO PERÍODO. SÚMULA Nº 126 DO TST. AUSÊNCIA
DE TRANSCENDÊNCIA. O Regional negou provimento ao recurso ordinário
patronal, ao fundamento de que "restou provado que o reclamante, em razão
da recusa do seu empregador, não pôde retornar ao trabalho logo após a alta
previdenciária, tendo buscado, o restabelecimento do benefício
previdenciário" , bem como que restou "incontroverso que o autor ficou
desguarnecido do seu sustento (sem salário e sem benefício previdenciário),
por um período, especificamente, de 27 de abril de 2016 a 15 de junho de
2016, quando o reclamante assumiu toda a responsabilidade pelo
afastamento do serviço "até a próxima decisão do INSS para apresentar a
empresa" consoante se verifica do documento de id. 33a187c, redigido e
assinado pelo autor, conferindo, portanto, validade aos termos ali inseridos" ,
razão pela qual concluiu que "cabe à reclamada pagar os salários da
reclamante, referente ao período de 27 de abril de 2016 a 15 de junho de
2016." Assim, ao manifestar pretensão recursal de reforma com base em
premissa fática diametralmente oposta (recusa do reclamante na realização
de exames médicos para retorno ao trabalho), o recurso encontra óbice
intransponível na Súmula nº 126 do TST, que dispõe ser: "Incabível o recurso
de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos
e provas." A existência de obstáculo processual apto a inviabilizar o exame da
matéria de fundo veiculada, como no caso , acaba por evidenciar, em última
análise, a própria ausência de transcendência do recurso de revista, em
qualquer das suas modalidades. Precedentes. Agravo não provido" (Ag-AIRR-
576-92.2018.5.05.0132, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT
30/09/2022).

"RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/17. LIMBO PREVIDENCIÁRIO.


EMPREGADO CONSIDERADO APTO PELO INSS E INAPTO PELO EMPREGADOR.
PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE A ALTA PREVIDENCIÁRIA E O RETORNO AO
TRABALHO. TRANSCENDÊNCIA. O entendimento desta c. Corte Superior é de
que é responsabilidade do reclamado o pagamento de salários ao empregado
impedido de retornar ao trabalho pelo empregador, que o considerou inapto,
não obstante a cessação do benefício e alta previdenciária. Recurso de revista
Firmado por assinatura digital em 23/11/2023 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que

instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.


fls.13

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000447-66.2018.5.02.0710

conhecido e provido" (RR-1675-64.2017.5.12.0059, 6ª Turma, Relator Ministro


Aloysio Corrêa da Veiga, DEJT 13/03/2020).

"ACÓRDÃO DE AGRAVO DE PETIÇÃO PUBLICADO APÓS A VIGÊNCIA DA


LEI Nº 13.467/2017. AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
REVISTA . PAGAMENTO DE SALÁRIO DO PERÍODO DE AFASTAMENTO. LIMBO
PREVIDENCIÁRIO. Instaurando-se divergência entre o INSS e a empregadora
sobre a aptidão do empregado para o trabalho, prevalece o ato da autarquia
previdenciária, por gozar de presunção relativa de legitimidade e veracidade.
Nesse contexto, recusando-se a empregadora a fornecer trabalho ao
empregado, deixando de "readaptá-lo" para o exercício de funções
compatíveis com as limitações verificadas pelo médico da empresa, comete
ato ilícito por abuso do poder diretivo, quebrando o equilíbrio decorrente do
caráter sinalagmático do contrato de trabalho, incorrendo em ofensa ao art.
187 do Código Civil. Vale lembrar que a empresa não se esgota em sua função
de produção e comercialização de bens e serviços, devendo exercer a sua
função social, direcionando-se pelos princípios da boa-fé, solidariedade social
e dignidade da pessoa humana, vértice do ordenamento jurídico. No caso em
espécie, extrai-se do v. acórdão regional que o trabalhador não recebeu o
benefício previdenciário após o período de alta, tampouco o seu salário. A
recusa da empregadora em fornecer trabalho ao reclamante o deixou sem
qualquer tipo de sustento, o que justifica a condenação. Por fim, a
jurisprudência desta Corte tem entendido que a responsabilidade pelo
pagamento dos salários do período de limbo previdenciário é do empregador.
Incide, no caso, o óbice do art. 896, § 7º, da CLT e da Súmula 333/TST.
Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e desprovido, por ausência de
transcendência do recurso de revista " (Ag-AIRR-12645-23.2016.5.15.0109, 8ª
Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 19/08/2022).

Consignada a oposição do empregador em receber o empregado


após a alta previdenciária (Súmula 126/TST), verifica-se que a decisão regional foi
proferida em consonância com o entendimento jurisprudencial desta Corte Superior, o
que atrai o óbice do art. 896, §7º, da CLT.

Firmado por assinatura digital em 23/11/2023 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que

instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.


fls.14

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000447-66.2018.5.02.0710

Assim, uma vez que o recurso esbarra em óbice processual e a


matéria não ostenta a transcendência alegada pela agravante, deve ser mantida a
decisão agravada.
Nego provimento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quinta Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo e, no mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 22 de novembro de 2023.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


MORGANA DE ALMEIDA RICHA
Ministra Relatora

Firmado por assinatura digital em 23/11/2023 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que

instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

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