Você está na página 1de 25

Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
ACÓRDÃO
3ª Turma
GMAAB/rcb/ILSR/ct

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. ACIDENTE DO TRABALHO.
ATIVIDADE DE RISCO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. DONO DA OBRA.
RESPONSABILIDADE. INAPLICABILIDADE DA
OJ Nº 191 DA SBDI-1. De início observa-se que,
ao contrário do que aduz a agravante, não há
que se perquirir acerca dos requisitos da
responsabilidade subjetiva. Com efeito, o
Tribunal Regional consignou que a atividade
empresarial da 1ª reclamada “acarreta risco
acima do normal aos trabalhadores, dado o labor
em altura”, aplicando a responsabilidade
objetiva, o que se coaduna com o
entendimento desta Corte Superior. Ademais, a
decisão está em consonância com o
entendimento firmado nesta Corte Superior,
segundo o qual é solidária a responsabilidade
do dono da obra, em casos de acidente de
trabalho, nos termos do artigo 942 do Código
Civil (“se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação”).
Nesses casos, não é aplicado o entendimento
consagrado na OJ nº 191 da SBDI-1, pois a
indenização tem natureza jurídica civil, não se
enquadrando como verba trabalhista em
sentido estrito. Precedentes. Agravo de
instrumento conhecido e desprovido.
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL EM
RICOCHETE. ACIDENTE DO TRABALHO. ÓBITO DE
EX-EMPREGADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
De início, ressalta-se que o TRT decidiu o tema
do montante da indenização por danos morais
Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.2

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

sob o enfoque dos princípios da


proporcionalidade e da razoabilidade, e não
segundo os critérios específicos do artigo
223-G da CLT, motivo pelo qual não há como
reputá-lo como violado. Por outro lado, a
jurisprudência desta Corte Superior é no
sentido de que não se admite a majoração ou
diminuição do valor da indenização por danos
morais nesta instância extraordinária. Apenas
nos casos em que a indenização for fixada em
valores excessivamente módicos ou
estratosféricos, o que não é o caso dos autos, é
que se tem admitido sua reapreciação. Agravo
de instrumento conhecido e desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de


Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002, em que é
Agravante IGREJA METODISTA WESLEYANA DA 4 REGIAO e são Agravados IVO
CHAVES DA SILVA e ESTRUMETAL ESTRUTURAS E COBERTURAS METÁLICAS LTDA -
ME.

O e. TRT, por meio do v. acórdão às págs. 662-681, não conheceu


do recurso ordinário da primeira reclamada, negou provimento ao apelo da segunda
reclamada e deu provimento parcial ao recurso ordinário do reclamante, apenas para
majorar o valor da indenização por dano moral reflexo.
Inconformada, a segunda reclamada interpôs recurso de revista,
às págs. 833-878, ao qual foi denegado seguimento pela r. decisão das págs. 897-884.
A reclamada, então, interpôs agravo de instrumento, às págs.
892-936.
O autor apresentou contrarrazões ao recurso de revista, às págs.
945-952, bem como contraminuta ao agravo de instrumento, às págs. 953-956.

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.3

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

A primeira reclamada também apresentou contraminuta ao


agravo de instrumento, às págs. 957-962, e contrarrazões ao recurso de revista, às págs.
963-971.
É o relatório.

VOTO

1 – CONHECIMENTO

CONHEÇO do agravo de instrumento porque satisfeitos os


pressupostos extrínsecos de admissibilidade.

2 – MÉRITO
Eis os fundamentos da r. decisão que denegou seguimento ao
recurso de revista:

“PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / RECURSO /
TRANSCENDÊNCIA
Quanto à alegação de transcendência, resta prejudicada a sua análise
nesta oportunidade, diante do que dispõe o §6º do artigo 896-A da
Consolidação das Leis do Trabalho, "in verbis": "O juízo de admissibilidade do
recurso de revista exercido pela Presidência dos Tribunais Regionais do
Trabalho limita-se à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do
apelo, não abrangendo o critério da transcendência das questões nele
veiculadas".
Dessa forma, passo à análise das demais insurgências recursais.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA / Subsidiária / Tomador de Serviços /
Terceirização / Empreitada / Dono da Obra.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR / Indenização por Dano
Moral / Valor Arbitrado.
Alegação(ões):
- violação dos artigos 5º, caput, II, V, X, LIV e LV, e 7º, inciso XXVIII, da
Constituição Federal;
- violação dos artigos 186, 187, 927 e 944 do Código Civil, 223-A e 223-G
caput e §1º da CLT;
- divergência jurisprudencial: para fundamentar suas teses, colaciona
arestos dos TRTs da 1ª, 4ª, 6ª, 11ª e 18ª Regiões e TST.
Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.4

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

Alega que Constituição Federal estabelece em seu art. 7º, inciso XXVIII, a
responsabilidade subjetiva nos casos de acidente de trabalho, ou seja, "não
dispensa o empregado do dever de comprovar a culpa e o nexo causal do
empregador, sendo que, sem os quais a pretensão não poderá ser deferida".
Argumenta que "a ora Recorrente (dona da obra) não é, nem nunca foi
empregadora da vítima e sequer terceirizou serviços, não podendo ser
responsabilizada civilmente por qualquer acidente de trabalho, eis que
inexiste qualquer ação ou omissão ilícita, culposa ou dolosa praticada pela
mesma".
Afirma que "responsabilidade do dono da obra é subjetiva, razão pela
qual a obrigação de indenizar, por parte da ora Recorrente, somente restaria
devida caso restasse comprovado a sua culpa no evento (em sentido amplo,
abrangendo dolo e culpa em sentido estrito), conforme preconiza os artigos
186 e 187 do Código Civil, não apenas a culpa da empregadora (1ª
reclamada)".
Aduz que "A dona da obra não pode ser tratada de forma igual a
empregadora e ser responsabilizada de forma objetiva, pois suas obrigações e
responsabilidade SÃO DISTINTAS".
Quanto ao valor arbitrado a título de dano moral, assere que "fora
fixada com excessiva desproporção entre o dano e a gravidade da culpa da
empregadora e da ora Embargante, ou seja, o valor encontra-se fixado de
forma excessiva, não atendendo à finalidade reparatória, razão pela qual viola
de forma direta e literal o artigo 5º, V e X da CF/88 e artigo 944 do Código
Civil."
Alega que "A legislação ordinária e constitucional, assim como a
jurisprudência acerca da matéria asseveram que ao arbitrar o valor da
indenização por danos morais, o magistrado deve levar em consideração
precipuamente os princípios da razoabilidade e proporcionalidadee, entre
outros parâmetros, a gravidade da lesão; A intensidade do dolo ou da culpa
do ofensor; a posição social ou política do ofendido; a extensão do dano; as
condições econômicas das partese ainda os regramentos contidos no art.
223-G, §1º da CLT".
Inicialmente, transcrevo os trechos do acórdão recorrido quanto às
matérias em questão (Id 317218a):
"2.2.1 ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DO EMPREGADO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DA EMPREGADORA.
[...]
A regra em nosso ordenamento jurídico é a teoria da responsabilidade civil
subjetiva, cujos elementos configuradores (conduta danosa do agente, dano, nexo
causal e culpa do agente para ocorrência do dano) devem ser comprovados, para
ensejar o dever de reparar, defendida por parte da doutrina, com arrimo no art.
7º, XXVIII, da Constituição Federal, pois, tratando-se de uma norma constitucional,
lei infraconstitucional (art. 927 do Código Civil) não poderia dispor acerca da
responsabilidade objetiva.

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.5

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

A tese da responsabilidade objetiva aplica-se a casos excepcionais, segundo


a qual é prescindível de comprovação a culpa do agente no fato danoso, quando
sua atividade, pela própria natureza, implicar riscos a outrem, não havendo se
perquirir acerca de prova da culpa, porquanto ela se presume, diante das
atividades oferecidas pela empresa, bem ainda aquelas desempenhadas pelo
trabalhador.
Para aplicar tal teoria, além de se indagar sobre a vinculação do dano à
atividade obreira, cuja natureza é de risco, também deverá o julgador inquirir se o
risco é decorrente do trabalho exercido na empresa.
No caso em tela, o de cujus foi contratado em 13-5-2013 pela 1ª reclamada
para a função de soldador, restando incontroversa a ocorrência do infortúnio, em
22-6-2016, no momento em que o trabalhador exercia suas atividades habituais,
em favor da 2ª demandada, na montagem e cobertura de uma estrutura metálica
para uma de suas igrejas, culminando na sua morte, em decorrência de impacto
causado por queda de uma altura aproximada de cinco metros.
Acerca da dinâmica do acidente de trabalho, o Laudo de Exame em Local de
Morte Violenta assim descreveu o local do acidente (id. 67d2463):
[...]
Do quadro delineado, a assertiva patronal de que sempre foram observadas
as normas de medicina e segurança do trabalho não encontra suporte no
conjunto probatório dos autos, consoante as declarações supra, mais
demonstrando não terem sido adotadas providências eficazes para evitar
acidentes, pois evidenciado que, para adequada execução do serviço, a empresa
deveria ter fornecido andaimes e, embora os possuísse, não disponibilizou aos
empregados.
Além disso, por ocasião da investigação realizada pelo Fiscal do Trabalho
Bianor Salles Cochi, constatou-se ausência de condições seguras de trabalho (id.
a7b14b0):
[...]
Diante disso, é impossível dizer que o desastre resultou de caso fortuito ou
força maior, como pretende fazer crer a ora recorrente.
Da mesma forma, não há como acolher tese de excludente de
responsabilidade consubstanciada em culpa exclusiva, ou concorrente, da vítima.
Não ficou demonstrado que o reclamante foi desatento, distraído ou displicente
na condução de suas tarefas. Cabia à empregadora fazer prova robusta de que as
normas de proteção ao trabalhador foram devidamente cumpridas por ocasião
do acidente de trabalho a ponto de se concluir pela exclusiva culpa do
trabalhador no infortúnio, o que não ocorreu no caso concreto, consoante
explanado alhures.
Ao revés, restou comprovado que a 1ª reclamada deixou de propiciar meio
ambiente de trabalho adequado e seguro ao empregado, infringindo normas de
segurança e medicina do trabalho, com evidências de descumprimento das
normas de prevenção indicadas na legislação.
[...]

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.6

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

2.2.2 ACIDENTE DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.


RESPONSABILIDADE DO DONO DA OBRA. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 191 DA
SBDI-1 DO TST. INAPLICABILIDADE.
Ao apreciar o pedido de responsabilidade subsidiária da 2ª reclamada, o
Juízo sentenciante proferiu a seguinte decisão:
[...]
Com efeito, discute-se nos autos a responsabilização do dono da obra,
quanto às indenizações decorrentes de acidente de trabalho, ocorrido no decorrer
da execução do contrato de empreitada, fato incontroverso, conforme se extrai do
contrato firmado entre as reclamadas, anexado sob o id. bd5eba7, assim, não se
tratando de terceirização de prestação de serviços, portanto, inequívoca a
condição de dona da obra da Demandada Igreja Wesleyana que, por não ser
construtora ou incorporadora, num primeiro momento, atrairia a aplicação da OJ
n. 191 da SBDI-1 do E. TST ao presente caso e, por consequência, a exclusão de sua
responsabilização.
Entretanto, cumpre esclarecer que nas lides envolvendo demandas oriundas
de acidente do trabalho tem-se reconhecido a responsabilidade solidária no caso
do dono da obra, pelo pagamento da indenização por danos morais, não se
aplicando a hipótese da OJ nº 191 da SBDI-1 do TST por não se tratar de
responsabilidade pelos direitos trabalhistas em sentido estrito, mas sim pela
indenização de natureza civil (arts. 927, caput, e 942 do Código Civil).
[...]
Nesses termos, sem maiores digressões, mantém-se a responsabilização
subsidiária reconhecida na origem, ante a vedação da reformatio in pejus.
Nada a prover.
2.2.3ACIDENTE DE TRABALHO FATAL. DANO MORAL REFLEXO POSTULADO
PELOS GENITORES DA VÍTIMA. QUANTUM INDENIZATÓRIO. ANÁLISE CONJUNTA.
Impugna a 2ª Ré o valor fixado a título de reparação por dano moral, pois
exorbitante e absurdo, sem observar a equidade e vedação ao enriquecimento
sem causa, devendo ser reduzido, cujo novo montante deve obedecer a critérios de
moderação e proporcionalidade. Por sua vez, os autores postulam majoração do
montante arbitrado na origem, em "valor mínimo de R$100.000,00 (cem mil reais)
para cada um", em razão do acidente fatal.
Com relação à valoração que se dá ao dano moral, cediço que a fixação do
quantum indenizatório não obedece a critério absoluto, puramente objetivo ou
tarifado.
Nesse contexto, o arbitramento figura como um dos mais utilizados, e se
desenvolve de modo que o julgador deve operar se atendo aos vários vetores, com
moderação proporcional ao grau de culpa do ofensor e à capacidade econômica
das partes, de forma tal que se outorgue ao ofendido uma justa compensação,
sem enriquecê-lo indevidamente; ao mesmo tempo que esse valor deve ser
significativo o bastante ao causador do dano, para que se preocupe em agir com
maior cuidado, ao adotar procedimentos que possam novamente causar lesões
morais às pessoas, ou seja, a faceta pedagógica dessa condenação.

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.7

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

O direito pátrio tem se pautado no estabelecimento de indenizações que


busquem efetivamente indenizar o dano, fiel ao princípio moral que repugna o
enriquecimento sem causa. Deve-se cuidar, também, do outro extremo, isto é,
evitando indenizações insignificantes que aviltam ainda mais a parte lesada.
Nessa toada, o montante que serve ao ressarcimento do dano moral se
situa no plano satisfativo, sendo que a importância paga à vítima deverá propiciar
uma satisfação que mitigue, de algum modo, a dor causada pelo ato ilícito contra
ela cometido. A reparação deverá compreender todas as consequências dolorosas
imediatas e mediatas do ato que as causou.
De fato, não há como mensurar o nível de dor, tristeza, agonia e o
sofrimento de uma mãe e de um pai, ao perderem seu filho num acidente, sendo
difícil dimensionar referida dor, mormente se levado em conta que a ordem
natural da vida é que os filhos sepultem seus pais e não o contrário. Não se olvide,
outrossim, que o empregado falecido contava com apenas trinta e seis anos de
idade à época do acidente fatal.
Ao apreciar a matéria e todo o conjunto probatório, o Juízo a quo arbitrou
em R$40.000,00 (quarenta mil reais), para cada um dos pais do falecido, os danos
morais postulados, com espeque no art. 944 do Código Civil, para tanto,
considerando as nuances do caso concreto.
Impõe-se esclarecer que quando a indenização visa reparar danos de
ordem extrapatrimonial, doutrina e jurisprudência têm adotado diferentes
critérios consoante apreciação equitativa do caso concreto e as regras de
experiência comum no mensurar desses valores.
Vale acrescentar que cabe ao julgador, ao fazer uso da experiência comum,
sopesar as circunstâncias do caso concreto mediante razoabilidade e
proporcionalidade.
Diante dessas ponderações, bem como de todo o arcabouço probatório e,
ainda, em conformidade com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade,
considerando a aplicação da responsabilidade objetiva à empresa, realinho o
valor da condenação para o montante de R$120.000,00 (cento e vinte mil reais),
sendo R$60.000,00 (sessenta mil reais) para cada um dos pais do de cujus, o qual
entendo justo e razoável, sem desprezar os fatos e a finalidade do instituto da
responsabilidade civil, a dor experimentada pelos autores, em cotejo com o
caráter pedagógico aplicado ao ofensor, no sentido de se evitar a reincidência, e a
capacidade econômica das partes, tudo isso aliado às regras de experiência e bom
senso.
Assim, dou parcial provimento ao pleito obreiro para majorar o valor da
indenização por danos morais, que passa a ser de R$120.000,00 (cento e vinte mil
reais), sendo R$60.000,00 (sessenta mil reais) para cada um dos pais do de cujus.
Por corolário, nego provimento ao recurso patronal."
Em que pesem as alegações da recorrente, a presente revista não deve
ser processada, visto que em se confrontando as razões de recorrer e o
decidido pela Turma desta Especializada, constato que as teses erigidas nos
remetem ao exame casuístico dos elementos instrutórios da demanda,

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.8

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

implicando o revolvimento dos fatos e provas discutidos no processo,


proposição inviável em sede de recurso de revista.
A reapreciação de fatos e provas não se compadece com a natureza
extraordinária do recurso de revista, consoante a redação da Súmula nº 126
do Tribunal Superior do Trabalho, que assim dispõe: "Recurso. Cabimento.
Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, letra b, da CLT)
para reexame de fatos e provas".
A respeito desse caráter conferido ao recurso de revista, assim a
doutrina se posiciona:
"(...) a finalidade para a qual se instituiu o recurso de revista não foi a tutela
do direito subjetivo dos litigantes, mas a preservação da integridade do direito
objetivo, tanto com a garantia de observância da lei posta como com a busca de
uniformidade jurisprudencial, verdadeira decorrência do princípio constitucional
da igualdade. Decorre daí ser despicienda a reapreciação, em recurso de revista,
do aspecto fático da controvérsia, uma vez que o julgamento em que se apreciou
mal a prova, podendo causar lesão ao direito das partes, em nada abala o
ordenamento jurídico. Trata-se de "sententia lata contra ius litigatoris" injusta com
toda a certeza, mas cuja correção não se mostra viável por meio de recurso de
revista, e que não se confunde com a sententia contra "ius in thesi", essa sim
passível de reforma por meio de impugnação extraordinária, dado incorrer o Juiz
em erro na interpretação ou na aplicação do direito objetivo. (MALLET, Estevão. Do
recurso de revista no processo do trabalho. São Paulo: LTr, 1995, p. 99/100)."
"Se a finalidade do recurso de revista repousa na supremacia do direito
objetivo e na uniformização acerca da interpretação dos Tribunais Regionais do
Trabalho, salta aos olhos que esta modalidade de recurso extraordinário não se
presta a reexame de fatos e provas. É o que se infere das Súmulas n. 297 do STF e
n. 7 do STJ, bem como da Súmula n. 126 do TST.
Ora, é sabido que o exame ou reexame de provas significa, na verdade,
apreciar ou reapreciar questões de fato, o que se mostra incabível em sede de
instância extraordinária. Daí a afirmação corrente de que os recursos de natureza
extraordinária são eminentemente técnicos e não se prestam a corrigir justiça ou
injustiça da decisão recorrida. (Leite, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito
processual do Trabalho. 9ª ed. São Paulo: LTr, 2011, p. 834)."
Com efeito, diante do óbice consagrado na Súmula nº 126 da Corte
Superior Trabalhista, não há como se determinar o processamento deste
apelo de natureza extraordinária, no particular.
CONCLUSÃO
Ante o exposto, nego seguimento ao presente recurso de revista, em
virtude da ausência dos requisitos de sua admissibilidade elencados nas
alíneas "a" e "c" do art. 896 da Consolidação das Leis do Trabalho.”

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.9

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

2.1 – ACIDENTE DO TRABALHO. ATIVIDADE DE RISCO.


RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DONO DA OBRA. RESPONSABILIDADE.
INAPLICABILIDADE DA OJ Nº 191 DA SBDI-1
A segunda reclamada alega que não há que se falar em
responsabilidade objetiva, uma vez que a atividade do reclamante, soldador, não pode
ser considerada como de risco. Aduz que, em casos de acidente do trabalho, a
responsabilidade subjetiva não dispensa o empregado de demonstrar a culpa e o nexo
causal do empregador no infortúnio sofrido, sem os quais não pode ser deferida a
indenização. Ressalta ainda que, como dona da obra, não pode ser responsabilizada, já
que não era empregadora da vítima, tampouco realizou terceirização de serviços.
Aponta violação dos artigos 186, 187 e 927 do CC, 223-A da CLT e 5º, caput, II, LIV e LV, e
7º, XXVIII, da CF e divergência jurisprudencial.
Em atenção ao artigo 896, § 1º-A, da CLT, a parte transcreveu em
seu recurso de revista, às págs. 842-845, o seguinte trecho do acórdão recorrido:

“RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA IGREJA METODISTA


WESLEYANA. ACIDENTE DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
RESPONSABILIDADE DO DONO DA OBRA. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL
Nº 191 DA SBDI-1 DO TST. INAPLICABILIDADE. Discute-se nos autos a
responsabilização do dono da obra, quanto às indenizações decorrentes de
acidente de trabalho, ocorrido no decorrer da execução do contrato de
empreitada, fato incontroverso, conforme se extrai do contrato firmado entre
as reclamadas, anexado feito, assim, não se tratando de terceirização de
prestação de serviços, portanto, inequívoca a condição de dona da obra da
Demandada Igreja Wesleyana que, por não ser construtora ou incorporadora,
num primeiro momento, atrairia a aplicação da OJ n. 191 da SBDI-1 do E. TST
ao presente caso e, por consequência, a exclusão de sua responsabilização.
Entretanto, cumpre esclarecer que nas lides envolvendo demandas oriundas
de acidente do trabalho tem-se reconhecido a responsabilidade solidária no
caso do dono da obra, pelo pagamento da indenização por danos morais, não
se aplicando a hipótese da OJ nº 191 da SBDI-1 do TST por não se tratar de
responsabilidade pelos direitos trabalhistas em sentido estrito, mas sim pela
indenização de natureza civil (arts. 927, caput, e 942 do Código Civil).
Precedentes do E. TST. Na hipótese, reconhecida a responsabilidade
subsidiária, nos limites do pedido, deve ser mantida, ante a vedação da
reformatio in pejus. Recurso ordinário conhecido e não provido.
(...)
Com efeito, discute-se nos autos a responsabilização do dono da obra,
quanto às indenizações decorrentes de acidente de trabalho, ocorrido no
decorrer da execução do contrato de empreitada, fato incontroverso,
conforme se extrai do contrato firmado entre as reclamadas, anexado sob o
Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.10

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

id. bd5eba7, assim, não se tratando de terceirização de prestação de serviços,


portanto, inequívoca a condição de dona da obra da Demandada Igreja
Wesleyana que, por não ser construtora ou incorporadora, num primeiro
momento, atrairia a aplicação da OJ n. 191 da SBDI-1 do E. TST ao presente
caso e, por consequência, a exclusão de sua responsabilização.
Entretanto, cumpre esclarecer que nas lides envolvendo demandas
oriundas de acidente do trabalho tem-se reconhecido a responsabilidade
solidária no caso do dono da obra, pelo pagamento da indenização por danos
morais, não se aplicando a hipótese da OJ nº 191 da SBDI-1 do TST por não se
tratar de responsabilidade pelos direitos trabalhistas em sentido estrito, mas
sim pela indenização de natureza civil (arts. 927, caput, e 942 do Código Civil).
(...)
Nesses termos, sem maiores digressões, mantém-se a
responsabilização subsidiária reconhecida na origem, ante a vedação da
reformatio in pejus.
Nada a prover.”

De início observa-se que, ao contrário do que aduz a agravante,


não há que se perquirir acerca dos requisitos da responsabilidade subjetiva. Com efeito,
o Tribunal Regional consignou que a atividade empresarial da 1ª reclamada “acarreta
risco acima do normal aos trabalhadores, dado o labor em altura”, aplicando a
responsabilidade objetiva, o que se coaduna com o entendimento desta Corte Superior.
Nesse sentido, cito os seguintes precedentes:

“A) AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A


ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. ACIDENTE NO
TRABALHO. ÓBITO DO TRABALHADOR AUTÔNOMO. TOMADOR DE SERVIÇOS
PESSOA FÍSICA. TRABALHO EM ALTURA. MANUTENÇÃO DE ELEVADOR DE
GRÃOS EM SILO. ATIVIDADE DE RISCO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA.
Demonstrado no agravo de instrumento que o recurso de revista preenchia
os requisitos do art. 896 da CLT, dá-se provimento ao agravo de instrumento,
para melhor análise da arguição de violação do art. 927, parágrafo único, do
CCB. Agravo de instrumento provido. B) RECURSO DE REVISTA. PROCESSO
SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. ACIDENTE
NO TRABALHO. ÓBITO DO TRABALHADOR AUTÔNOMO. TOMADOR DE
SERVIÇOS PESSOA FÍSICA. TRABALHO EM ALTURA. MANUTENÇÃO DE
ELEVADOR DE GRÃOS EM SILO. ATIVIDADE DE RISCO. RESPONSABILIDADE
CIVIL OBJETIVA. Registre-se, inicialmente, que o TRT concluiu que restou
comprovado nos autos que a relação existente entre o " de cujus " e o
Reclamado (pessoa física) decorreu de contrato de prestação de serviços,
sendo o Obreiro, trabalhador autônomo. Com efeito, a condição de
trabalhador autônomo não afasta, por si só, a responsabilização do tomador
Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.11

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

de serviços, pois a indenização por danos morais e materiais resultantes de


acidente do trabalho tem natureza jurídica civil , conforme previsto nos
artigos 186 e 927, caput , parágrafo único, do Código Civil. Assim, para que se
possa imputar responsabilização ao Reclamado pelo alegado acidente, mister
se faz a conjugação dos seguintes requisitos: o dano; o nexo causal (que
traduz a causalidade entre a conduta antijurídica e o dano sofrido); e, regra
geral, a culpa. Não é o caso, contudo, de culpa presumida, que só pode ser
reconhecida nas relações de emprego, em virtude de o empregador ter o
controle e a direção sobre a estrutura, a dinâmica, a gestão e a operação do
estabelecimento em que ocorrer o evento danoso. Nesse sentido, conforme
leciona o professor Sebastião Geraldo de Oliveira: " Se ocorrer acidente de
qualquer natureza , tanto com o empregado doméstico quanto com o simples
prestador de serviços sem vínculo de emprego, a vítima pode ter direito à
indenização por responsabilidade civil, se estiverem presentes os
pressupostos do dano, nexo causal e culpa do empregador ou tomador de
serviços. O direito de qualquer lesado à reparação dos danos está consagrado
de modo amplo no ordenamento jurídico nacional, em especial no código
civil. Assim, não há fundamento legal ou lógico para afastá-lo nos danos
oriundos dos acidentes ocorridos com os trabalhadores domésticos ou sem
vínculo de emprego , a não ser que haja alguma das excludentes da
responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima (ou fato da vítima), o
caso fortuito ou força maior e o fato de terceiro. (...) ." (OLIVEIRA, Sebastião
Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. 12
ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2021, pg. 607). No caso dos autos, segundo
os dados que se extrai do acórdão, conclui-se como aplicável a
responsabilidade objetiva, uma vez que a atividade desempenhada pelo Autor
efetivamente representa um risco maior do que o vivenciado pelo indivíduo
médio. O Tribunal Regional registrou ser: " Incontroverso nos autos que
Zelázio Jeremias sofreu acidente do trabalho fatal em 09/07/2017, enquanto
realizava serviços de serralheria de manutenção de um elevador de grãos em
silo de armazenagem de cereais na propriedade rural do reclamado , Antônio
Taurino Patrício (fotos às fls. 34-36). Segundo consta do boletim de ocorrência
anexado aos autos, " a vítima realiza manutenção na estrutura de ferro
quando ao pisar na escora de madeira a mesma quebrou ocasionando a
queda " . Enfatize-se, ademais, que a Corte Regional anotou que a " análise do
acidente de trabalho realizada pelo auditor fiscal do trabalho (fl. 281), que
imputou ao demandado o dever de aplicação das normas de segurança do
trabalho " - dever esse, todavia, que não foi respeitado pelo tomador de
serviços demandado, no caso dos autos. Anota-se que a controvérsia deve ser
examinada sob o enfoque da responsabilidade objetiva da tomadora ante o
risco acentuado a que estava exposto o de cujus (art. 927, parágrafo único, do
CC c/c art. 7º, caput , da CF). Não há dúvida de que a atividade em altura, no
exercício de manutenção de elevador, expõe o trabalhador a riscos mais
acentuados do que aquele a que se submete a coletividade . No exercício de

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.12

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

tais atividades, o trabalhador fica sujeito à possibilidade de quedas, muitas


vezes fatais, o que potencializa o risco de acidentes. No acórdão recorrido,
constata-se, ainda, o posicionamento firmado pelo Delegado de Polícia no
relatório de investigação do acidente de trabalho, que vitimou o "de cujus", no
sentido de que " os indicativos apontaram-no como sendo um dos
responsáveis pela própria empreitada. Não bastasse esse mar de dúvidas
aqui relatadas, ainda resta claro e previsível que qualquer um que ande por
cima de tábuas, as quais se encontram posicionadas em cima de um poço, se
autocoloca em uma situação de risco de, não sendo a mera entrega de
equipamento individual suficiente a impedir a causa da morte ". Com efeito,
resulta patente tratar-se de atividade de risco a ensejar a responsabilidade
objetiva. Pode-se entender que, inclusive nas relações de trabalho autônomo ,
há a possibilidade de aplicação da teoria da responsabilidade civil objetiva,
haja vista que a incidência da diretriz constante no art. 927, parágrafo único,
do Código Civil, não se limita às relações jurídicas envolvendo os contratos de
emprego. Por outro lado, esclareça-se, quanto à suposta culpa exclusiva da
vítima , que o fato da vítima (denominado como culpa da vítima no CCB/2002 -
art. 936) é fator excludente da reparação civil, por inexistência de nexo de
causalidade do evento danoso com o exercício da atividade laboral. Nesse
norte, a caracterização da culpa exclusiva da vítima é fator de exclusão do
elemento "nexo causal" para efeito de inexistência de reparação civil no
âmbito laboral quando o infortúnio ocorre porcausa únicadecorrente da
conduta do trabalhador , sem qualquer ligação com o descumprimento das
normas legais, contratuais, convencionais, regulamentares, técnicas ou do
dever geral de cautela por parte de quem o contratou , ou também sem
qualquer ligação com os fatores objetivos do risco da atividade - o que não é o
caso dos autos, haja vista que o acidente não ocorreu tendo como causa única
conduta do trabalhador, estando diretamente atrelada aos fatores objetivos
do risco da atividade, além do descumprimento do dever geral de cautela por
parte do tomador de serviços. Logo, não há falar em culpa exclusiva da vítima
. Ademais, a presença de culpa concorrente não é fator de exclusão da
responsabilidade civil da tomadora, devendo ser considerada, no entanto, no
momento do arbitramento dos valores das indenizações. Recurso de revista
conhecido e provido no aspecto.” (RR - 736-95.2017.5.12.0023, Orgão
Judicante: 3ª Turma, Relator: Mauricio Godinho Delgado, Julgamento:
07/12/2021, Publicação: 17/12/2021)

“I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017.
TRABALHADOR AUTÔNOMO. MESTRE DE OBRAS. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAL E MATERIAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO TOMADOR. Ante a possível violação do
artigo 927, § único, do CC, impõe-se a reforma do r. despacho agravado, para
melhor análise do recurso denegado. Agravo de instrumento conhecido e

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.13

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

provido. II - RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DAS LEIS


13.015/2014 E 13.467/2017. TRABALHADOR AUTÔNOMO. MESTRE DE OBRAS.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAL E MATERIAL DECORRENTE DE ACIDENTE
DE TRABALHO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO TOMADOR. 1 - Esclareça-se
que o fato de ser o de cujus profissional autônomo, por si só, não afasta a
responsabilidade da empresa tomadora do serviço, devendo ser analisada a
existência do nexo de causalidade entre o acidente sofrido e a culpa da
tomadora de serviço para que se configure a existência do dano moral, bem
como, por consequência, o dever de indenizar. 2 - No caso dos autos, o TRT
consignou que "o só fato de não se estar diante de típica relação de emprego
não afasta o dever do tomador dos serviços de indenizar, caso o conjunto
fático-probatório indique presentes os requisitos caracterizadores da
responsabilidade civil." (fl.474). 3 - Nesse sentido, ficou destacado que o
trabalhador sofreu acidente de trabalho no exercício das atividades de
pedreiro para o Sindicato dos Empregados no Comércio de Viamão, em razão
de queda de uma escada, enquanto descia do telhado, o que levou à sua
morte. Veja-se que a Corte Regional, embora tenha optado pela teoria da
responsabilização subjetiva, entendeu que não restou provada a culpa da
parte ré, embora inexistindo dúvida quanto à evidência do dano - a morte do
trabalhador (João Celso da Silva Paiva) e o nexo causal entre o acidente e as
atividades realizadas no exercício profissional ao contratante, uma vez que "O
perito médico nomeado para elaborar laudo concluiu que: "o óbito do de
cujus ocorreu por acidente de trabalho típico, com fratura de crânio por
hematoma subdural extenso". (fl. 475) No entanto, a Corte Regional reformou
a sentença, que julgou procedente a ação, por entender que não foi
comprovada a culpa da parte reclamada, na medida em que "restou evidente
a experiência do de cujus no ramo em que atuava, do que emerge a convicção
de que ele era quem possuía condições técnicas de avaliar as circunstâncias
do trabalho realizado - inclusive dependendo da altura se deveria subir com
uma escada ou montar um andaime, bem como era dele a responsabilidade
pela execução dos serviços da forma mais adequada e segura." Consignou,
ainda, que "como empreiteiro autônomo, era do de cujus a obrigação de
observar as regras de segurança e os EPIs utilizados, ou a sua conveniência.
Noto que a testemunha dos autores declarou que qualquer reclamação sobre
falta de materiais e equipamentos era direcionada ao falecido, a ressaltar que
era ele o responsável por isso. Em decorrência, inexistia a obrigação legal de o
reclamado fornecer tais equipamentos de proteção, tampouco há prova de
que tenha fornecido a escada de onde ele caiu, de modo que nem mesmo
concorrente pode lhe ser atribuída culpa pelo infortúnio que acarretou a
morte do trabalhador." (fl.479) 4- No presente caso, está configurado o nexo
de causalidade, uma vez que o trabalhador autônomo sofreu o acidente no
momento em que prestava serviço nas dependências do recorrido. Já no
tocante à culpa da ré, esta também está configurada, tendo em vista a
situação em que o autor se encontrava, no alto de uma escada, enquanto

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.14

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

descia do telhado, sem qualquer equipamento de proteção, demonstrando de


forma clara a existência da culpa do réu. De qualquer sorte, a jurisprudência
desta Corte tem considerado que a atividade de construção civil enseja ônus
para os trabalhadores maior do que aqueles a que geralmente estão
submetidos os trabalhadores das atividades em geral, o que permite a
aplicação da responsabilidade objetiva prevista no art. 927, parágrafo único,
do Código Civil. Precedentes. 5 - Ressalte-se ainda, que o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento do Tema 932, do RE 828.040, fixou tese no sentido da
possibilidade da aplicação da responsabilidade objetiva do empregador em
caso de danos decorrentes de acidente de trabalho. Confira-se: " O artigo 927,
parágrafo único, do Código Civil é compatível com artigo 7º, inciso 28 da
Constituição Federal, sendo constitucional a responsabilização objetiva do
empregador por danos decorrentes de acidentes de trabalho nos casos
especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida por
sua natureza apresentar exposição habitual a risco especial, com
potencialidade lesiva e implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais
membros da coletividade". 6 - Dessa forma, o eg. Tribunal Regional ao afastar
a responsabilidade do sindicato tomador, não levou em consideração tais
circunstâncias nem os elementos probatórios constantes do próprio acórdão
que demostram, além de risco da atividade, o dano (óbito), o nexo de
causalidade e a ocorrência de culpa do recorrido. Assim, percebe-se que o eg.
Regional não deu o melhor enquadramento aos fatos constantes dos autos,
uma vez que presentes os elementos ensejadores da responsabilidade civil,
decorrente do acidente que culminou na morte do trabalhador - Sr. João
Celso. 7 - Conhecido o apelo por violação do artigo 927, parágrafo único, do
CCB, o provimento se impõe para restabelecer a r. sentença de origem, no
aspecto, que condenara o recorrido ao pagamento de indenização por danos
morais e materiais. Recurso de revista conhecido por violação do artigo 927,
parágrafo único, do CCB e provido.” (RR - 20078-80.2018.5.04.0411, Orgão
Judicante: 3ª Turma, Relator: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Julgamento:
15/12/2021, Publicação: 17/12/2021)

“DANOS MORAIS. ACIDENTE DE TRABALHO. INSTALADOR DE


TELEFONIA. CONTATO COM CABOS ELÉTRICOS. CHOQUE ELÉTRICO SEGUIDO
DE QUEDA DE POSTE. ATIVIDADE DE RISCO. AUSÊNCIA DE SEQUELAS.
INDENIZAÇÃO DEVIDA. Na situação em análise, embora seja incontroverso
que o autor, trabalhando na instalação de telefonia, sofreu uma acidente ao
subir em um poste e teve contato com cabo elétrico, sofrendo uma descarga
elétrica seguida de queda, a Corte regional entendeu indevida a indenização
pleiteada, sob o fundamento de "que o autor não sofreu danos físicos
significativos (apenas algumas escoriações, sangramento de nariz e alguns
minutos de inconsciência)" , bem como não "há elemento nos autos que
indique o autor, após a queda, tenha adquirido algum trauma, distúrbio
emocional ou tenha procurado tratamento psicológico" . O dever de

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.15

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

reparação civil na esfera trabalhista decorre da assunção, pelo empregador,


dos riscos do negócio também em relação às consequências decorrentes dos
acidentes de trabalho sofridos pelos seus empregados, consoante o princípio
da alteridade insculpido no artigo 2º da CLT. No caso destes autos, trata a
demanda de pedido de indenização por danos morais em razão de acidente
do trabalho sofrido pelo reclamante, por ter recebido choque elétrico seguido
de queda, em poste elétrico, decorrente de seu trabalho como instalador de
telefonia. Com efeito, tratando-se de acidente de trabalho ocorrido no
exercício de atividade de risco acentuado, como é o caso dos autos,
caracterizada está a responsabilidade objetiva da empresa reclamada,
conforme dispõe o artigo 927, parágrafo único, do Código Civil de 2002,
admitindo, no âmbito do Direito do Trabalho, a teoria da responsabilidade
objetiva do empregador nos casos de acidente de trabalho. Assim, a atividade
desempenhada pelo reclamante, em razão do constante contato com cabos
eletrificados e do trabalho em altura é considerada de risco acentuado, ou
seja, um risco mais elevado que aquele inerente às atividades de risco em
geral, diante da maior potencialidade de ocorrência do sinistro, o que
configura o dano moral in re ipsa (decorrente do próprio fato em si). Diante
dos incontroversos fatos relativos ao acidente sofrido e do nexo causal com o
contrato de trabalho, o dano moral daí resultante é considerado in re ipsa , já
que decorre da própria natureza das coisas, prescindindo, assim, de prova da
sua ocorrência concreta, em virtude de ele consistir em ofensa a valores
humanos, bastando a demonstração do ato danoso em função do qual a
parte afirma ter ocorrido a ofensa ao patrimônio moral. Ademais, o fato de o
acidente não ter causado nenhuma sequela ou incapacidade do trabalhador
não impede a condenação em razão do acidente incontroversamente sofrido.
Observa-se que a própria Corte regional, em razão da gravidade do infortúnio,
envolvendo a descarga elétrica de alta potência e a queda do poste,
reconheceu que o acidente sofrido pelo reclamante poderia ter sido fatal e ,
de fato, não o foi por simples questão fortuita. Assim, não é possível absolver
a reclamada do pagamento de indenização com base apenas no elemento
sorte. Em consequência, ao julgar improcedente o pedido de indenização por
danos morais e materiais, o Tribunal a quo violou, portanto, o disposto no
artigo 5º, inciso V, da Constituição Federal, motivo pelo qual merece reforma,
para condenar as reclamadas ao pagamento de indenização no importe de R$
10.000,00 (dez mil reais). Recurso de revista conhecido e provido.” (RR -
5656-46.2012.5.12.0037, Orgão Judicante: 2ª Turma, Relator: Jose Roberto
Freire Pimenta, Julgamento: 12/08/2020, Publicação: 21/08/2020)

Ademais, a decisão está em consonância com o entendimento


firmado nesta Corte Superior, segundo o qual é solidária a responsabilidade do dono da
obra, em casos de acidente de trabalho, nos termos do artigo 942 do Código Civil (“se a
ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação”).
Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.16

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

Nesses casos, não é aplicado o entendimento consagrado na OJ


nº 191 da SBDI-1, pois a indenização tem natureza jurídica civil, não se enquadrando
como verba trabalhista em sentido estrito.
Nesse sentido, citam-se os seguintes precedentes:

“(...) B) RECURSO DE REVISTA DO 2ª RECLAMADO ESTALEIRO JURONG


ARACRUZ LTDA . PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À
LEI 13.467/2017 . INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS
DECORRENTES DE DOENÇA OCUPACIONAL. PRETENSÃO INDENIZATÓRIA DE
NATUREZA CIVIL. INAPLICABILIDADE DA OJ 191/SBDI-1/TST. A jurisprudência
desta Corte, consubstanciada na OJ 191 da SBDI-1, é no sentido de que, diante
da inexistência de previsão legal específica, "o contrato de empreitada de
construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja
responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas
contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa
construtora ou incorporadora" . A SBDI-1 desta Corte, órgão uniformizador da
jurisprudência, no julgamento do Incidente de Recurso de Revista Repetitivo
n° TST-IRR-190-53.2015.5.03.0090 (Tema nº 6), em sessão realizada no dia
11/5/2017, no equacionamento das questões surgidas a respeito da matéria,
fixou teses jurídicas para condução das demandas envolvendo o debate da
responsabilização do dono da obra nos contratos de empreitada, assim como
reafirmou as razões determinantes para a elaboração da OJ 191/SBDI-1/TST,
uma das quais, conforme consta do voto do Relator, consiste no
entendimento de que " o contrato de empreitada a que alude a mencionado
verbete jurisprudencial é o destinado à construção civil, não abrangendo
outros contratos de distinta natureza , para o atendimento de necessidade
normal e permanente do empreendimento econômico, a exemplo do
contrato de montagem industrial ". No caso concreto , o Tribunal Regional
consignou que a 2ª Reclamada (Jurong) celebrou com a 1ª Reclamada (Van
Oord) um contrato de prestação de serviço de dragagem do canal de acesso
marítimo às instalações do estaleiro, da bacia de evolução e na dragagem de
área trapezoidal de acesso ao cais de equipamentos. Nessa situação, em
princípio, incide a norma jurídica que exclui a responsabilidade solidária ou
subsidiária do dono da obra por obrigação trabalhista, salvo se ele atuou na
condição de construtor ou de incorporador - o que não é o caso dos autos .
Contudo, observa-se que a controvérsia dos autos não se circunscreve à
responsabilidade por créditos trabalhistas inadimplidos. A causa de pedir é
indenização por danos morais e materiais em decorrência do agravamento de
doença ocupacional que acomete o Reclamante , enquanto prestava serviços
no 2º Reclamado, tomador dos serviços, mediante intermediação da 1ª Ré, sua
empregadora. A Constituição dispõe que todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, que é essencial à sadia qualidade de vida (art.
225, caput, CF/88). Com a sabedoria que tanto a caracteriza, esclarece a Lei
Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.17

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

Máxima que o meio ambiente do trabalho é parte integrante do conceito


constitucional de meio ambiente (art. 200, VIII, CF/88). A CLT, por sua vez,
informa que incumbe às empresas cumprir e fazer cumprir as normas de
segurança e medicina do trabalho (art. 157, I, CLT), inclusive as diversas
medidas especiais expostas no art. 200 da Consolidação e objeto de regulação
especificada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, na forma do art. 155, I,
da CLT e art. 7º, XXII, da Constituição ("redução dos riscos inerentes ao
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança"). Nessa linha,
cabe ao empregador ofertar a seus empregados, inclusive aos terceirizados,
quando houver, ambiente de trabalho hígido, regular, digno. Ressalte-se que a
responsabilidade por danos às pessoas naturais se acentuou no Estado
Democrático de Direito, em virtude da centralidade da pessoa humana na
ordem jurídica, com os diversos princípios constitucionais humanísticos daí
correlatos (dignidade da pessoa humana, inviolabilidade do direito à vida,
bem-estar individual e social, segurança, justiça social, subordinação da
propriedade à sua função ambiental). Na hipótese , consta do acórdão
recorrido que as atividades laborais exercidas em prol da 1ª Reclamada
funcionaram como fator de agravamento da doença que acomete o Obreiro
(tendinopatia crônica do epicôndilo medial do cotovelo esquerdo), que
culminou em incapacidade parcial e temporária do Obreiro, tendo sido
constatada a conduta culposa da Empregadora pois " não restaram
caracterizadas quaisquer contramedidas capazes evitar os riscos inerentes à
atividade, de forma a preservar a incolumidade física do trabalhador ". Com
efeito, essa pretensão (indenização por danos morais e materiais) tem
natureza eminentemente civil e a responsabilização da dona da obra resulta
diretamente do Código Civil (art. 932, III; art. 933; art. 942, parágrafo único,
todos do CCB/2002). A condenação das Reclamadas, em verdade, consistiu em
verbas resultantes de acidente de trabalho, de forma a atrair o art. 942 do
Código Civil, que determina que " se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação ". Portanto, ainda que se
considere que o contrato celebrado tenha sido de empreitada (na estrita
acepção do termo), a OJ 191/SBDI-1/TST não afasta, por si só, a
responsabilização da Reclamada - dona da obra -, relativamente à indenização
por danos morais e materiais resultantes de acidente do trabalho, pois tem
natureza jurídica civil - conforme previsto nos artigos 186 e 927, caput , do
Código Civil - e não se enquadra como verba trabalhista em sentido estrito.
Contudo, há de se manter a responsabilidade tão somente subsidiária
imposta pela Corte de origem, mas por fundamento diverso do adotado pelo
TRT , haja vista a incidência do óbice processual em se declarar a
responsabilidade solidária das Reclamadas, consistente na impossibilidade de
se alterar a decisão recorrida em prejuízo ao interesse da parte recorrente -
vedação ao "reformatio in pejus ". Recurso de revista não conhecido. (...)” (ARR
- 600-33.2016.5.17.0011, Orgão Judicante: 3ª Turma, Relator: Mauricio
Godinho Delgado, Julgamento: 28/10/2020, Publicação: 29/10/2020)

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.18

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DO RECLAMADO. AGRAVO DE


INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA NÃO PROVIDO. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 191 DA SBDI-1 DO TST.
DONO DA OBRA. INAPLICABILIDADE. ABRANGÊNCIA DA CONDENAÇÃO.
OMISSÃO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Os embargos de declaração destinam-se
exclusivamente ao suprimento dos vícios taxativamente contemplados nos
artigos 897-A da CLT e 1.022 do CPC de 2015, revelando-se, pois, impróprios
para outro fim. No caso, a simples leitura dos embargos declaratórios denota
a mera insurgência do ente público reclamado com as razões de decidir do
acórdão embargado, firme no sentido de que a controvérsia diz respeito à
"responsabilidade do ente público tomador de serviços pela reparação dos
danos decorrentes de acidente do trabalho típico que culminou com o
falecimento do trabalhador". A condenação tem, pois, em seu cerne a
caracterização de acidente do trabalho. Nessas circunstâncias, não há como
individualizar a existência de responsabilidade subsidiária - ante a
impossibilidade de atribuir-se ao recorrente responsabilidade solidária, dada
a inviabilidade de reformacio in pejus - apenas quanto a esta ou aquela verba
individualmente considerada, mesmo porque a instância ordinária assim não
o fez e também porque tal individualização não foi objeto de recurso de
revista. Não demonstradas, pois, quaisquer das hipóteses previstas no art.
897-A da CLT. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.” (ED-AIRR -
10201-37.2014.5.14.0425, Orgão Judicante: 3ª Turma, Relator: Alexandre de
Souza Agra Belmonte, Julgamento: 27/05/2020, Publicação: 29/05/2020)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO DA SEGUNDA RECLAMADA. RECURSO DE


REVISTA. CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE RODOVIAS. CONDIÇÃO DE
DONA DA OBRA DA FUNDAÇÃO DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - DER-RJ. RESPONSABILIDADE CIVIL POR
DANOS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO. ALEGAÇÃO DE
CONTRARIEDADE A OJ 191/SBSI-1/TST. 1. Decisão Regional em que fixada
responsabilidade subsidiária do órgão público pelos valores devidos pela
empresa contratada para prestar serviços de construção civil. 2. Provimento
do gravo de instrumento para exame da matéria relativa a alegada
contrariedade à OJ 191/SBDI-1/TST. Agravo de instrumento conhecido e
provido. CONTRATO DE EMPREITADA. CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE
RODOVIAS. CONDIÇÃO DE DONA DA OBRA DA FUNDAÇÃO DEPARTAMENTO
DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - DER-RJ.
RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS DECORRENTES DE ACIDENTE DE
TRABALHO . OJ 191/SBSI-1/TST. INAPLICÁVEL NA HIPÓTESE. 1. Questiona-se a
responsabilidade da Fundação Departamento de Estradas de Rodagem do
Estado do Rio de Janeiro - DER-RJ quanto danos causados aos reclamantes em
razão do falecimento de funcionário do consórcio contratado pelo ente
público para conservação e restauração de rodovias. 2 . Tratando-se de

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.19

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

contrato de empreitada para a execução de obra de construção civil, a


hipótese dos autos não se confunde com a de terceirização de serviços, que
foi prelecionada na Súmula 331 do TST. No caso, verifica-se a condição de
dono da obra do órgão público reclamado. 3. Nada obstante, em hipóteses
como a dos autos, em que a controvérsia diz respeito a danos advindos de
acidente de trabalho ocorrido durante o cumprimento do contrato de
empreitada, não se aplica a excludente fixada na OJ 191/SDI-I/TST, segundo o
qual , diante da inexistência de previsão legal e específica, o contrato de
empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não
enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas
contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa
construtora ou incorporadora . 4 . Isso porque o afastamento da
responsabilidade do dono da obra nos contratos de empreitada, nos moldes
previstos na Orientação Jurisprudencial mencionada, constitui uma exceção à
regra geral da responsabilização e diz respeito tão-somente às obrigações
trabalhistas em sentido estrito contraídas pelo empreiteiro, o que não é o
caso das indenizações pelos danos decorrentes de acidente de trabalho, que
possuem fundamentos no instituto da responsabilidade civil (arts. 186 e 927
do CC). Precedentes. 5 . Nesse contexto, porque a pretensão limita-se
exclusivamente à reparação dos prejuízos sofridos em razão do acidente de
trabalho que levou a óbito o trabalhador, a empresa dona da obra pode ser
responsabilizada nos termos em que dispõe a legislação civil acerca da
responsabilidade civil. 6. Devidamente demonstrados os requisitos para a
responsabilização civil da dona da obra, que, no caso, concorreu para o
infortúnio, poder-se-ia cogitar inclusive da incidência , em tese, da
responsabilidade solidária inserta no art. 942, caput, do Código Civil de 2002.
Contudo, por ser vedada a reformatio in pejus , deve ser mantida a
responsabilidade subsidiária fixada na origem. 7. Nesse contexto, torna-se
inviável conhecer o recurso de revista por contrariedade à OJ 191 da SBDI-1
do TST e à Súmula 331 do TST. Ilesos os arts. 186 e 927, parágrafo único, do
CC. Recurso de revista não conhecido .” (RR - 73700-92.2006.5.01.0471, Orgão
Judicante: 1ª Turma, Relator: Hugo Carlos Scheuermann, Julgamento:
13/02/2019, Publicação: 15/02/2019)

“RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. TOMADOR DE SERVIÇOS.


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE DE TRABALHO.
MORTE DE TRABALHADOR . Hipótese em que se discute a responsabilidade
solidária da 1ª reclamada, tomadora dos serviços, em virtude de acidente de
trabalho que causou o óbito de trabalhador. Extrai-se do acórdão recorrido
que a 1ª e a 2ª reclamadas firmaram contrato para realização de obra certa.
Na ocasião do acidente que vitimou o trabalhador, ele laborava em favor da 1ª
reclamada. Nos termos da jurisprudência do TST, a OJ nº 191 da SDI-1 do TST
afasta a responsabilidade do dono da obra apenas nas obrigações
trabalhistas em sentido estrito, o que não engloba os pedidos de indenização

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.20

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

por danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho. A


responsabilidade do dono da obra resulta diretamente do que dispõem os
artigos 932, III, e 942 do Código Civil. O fato de ter sido firmado contrato de
empreitada não exime o dono da obra da obrigação de zelar pelo meio
ambiente em que o trabalho é executado. No caso, foi caracterizada a culpa
da RGE pela falta de medidas eficazes que impedissem a ocorrência do
acidente. Assim, correta a decisão regional que manteve a condenação
solidária da 1ª reclamada ao pagamento de indenização por danos morais e
materiais aos reclamantes. Recurso de revista não conhecido.” (ARR -
670-31.2010.5.04.0461, Orgão Judicante: 2ª Turma, Relatora: Maria Helena
Mallmann, Julgamento: 28/10/2020, Publicação: 06/11/2020)

“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA SEGUNDA RECLAMADA


HAVAN LOJAS DE DEPARTAMENTO LTDA . ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO
NA VIGÊNCIA DAS LEIS Nºs 13.015/2014 E 13.467/2017. CONTRATO DE
EMPREITADA. DONA DA OBRA (CONTRATO DE EXECUÇÃO DE SERVIÇOS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL). RESPONSABILIDADE. VERBAS TRABALHISTAS.
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ACIDENTE DE TRABALHO.
TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO E PARCIAL
PROVIMENTO. I. Esta Corte Superior pacificou entendimento no sentido de
que não há responsabilidade, quer solidária quer subsidiária, do dono da obra
por débitos trabalhistas contraídos pelo empreiteiro (Orientação
Jurisprudencial nº 191 da SBDI-1). Cabe esclarecer que, por ocasião do
julgamento do IRR-190-53.2015.5.03.0090, a Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais desta Corte Superior estabeleceu as seguintes teses
jurídicas a respeito do tema: " 1. A exclusão de responsabilidade solidária ou
subsidiária por obrigação trabalhista, a que se refere a Orientação
Jurisprudencial nº 191 da SbDI-1 do TST, não se restringe a pessoa física ou
micro e pequenas empresas. Compreende igualmente empresas de médio e
grande porte e entes públicos. 2. A excepcional responsabilidade por
obrigações trabalhistas, prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial
nº 191 da SbDI-1 do TST, por aplicação analógica do artigo 455 da CLT, alcança
os casos em que o dono da obra de construção civil é construtor ou
incorporador e, portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do
empreiteiro. 3. Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação
Jurisprudencial nº 191 da SbDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Regional
do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do dono da obra,
excepcionando apenas ' a pessoa física ou micro e pequenas empresas, na
forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto
contratado' . 4. Exceto ente público da Administração direta e indireta, se
houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por
empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o dono da
obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em face de aplicação
analógica do art. 455 da CLT e de culpa in elegendo ". Ao julgar os Embargos

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.21

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

de Declaração opostos naqueles autos, a Subseção I Especializada em


Dissídios Individuais desta Corte Superior deu-lhes provimento para acrescer
ao acórdão originário a tese jurídica nº 5, de seguinte teor: " 5ª) O
entendimento contido na tese jurídica nº 4 aplica-se exclusivamente aos
contratos de empreitada celebrados após 11 de maio de 2017, data do
presente julgamento ". II. Cabe ressaltar que o reconhecimento de que a
causa oferece transcendência política (art. 896-A, § 1º, II, da CLT) não se limita
à hipótese em que haja verbete sumular sobre a matéria; haverá igualmente
transcendência política quando demonstrado o desrespeito à jurisprudência
pacífica e notória do Tribunal Superior do Trabalho sedimentada em
Orientação Jurisprudencial ou a partir da fixação de tese no julgamento, entre
outros, de incidentes de resolução de recursos repetitivos ou de assunção de
competência, bem como, na hipótese do Supremo Tribunal Federal, no
julgamento de recurso extraordinário com repercussão geral ou das ações de
constitucionalidade. Trata-se de extensão normativa do conceito de
transcendência política, prevista no art. 896-A, § 1º, II, da CLT, a partir,
sobretudo, da sua integração com o novo sistema de resolução de demandas
repetitivas inaugurado pelo Código de Processo Civil de 2015, cujas decisões
possuam caráter vinculante (exegese dos arts. 489, § 1º, 926, 928 do
CPC/2015). Ademais, ainda que assim não fosse, o próprio § 1º do art. 896-A
da CLT estabelece que os indicadores de transcendência nele nominados não
constituem cláusula legal exaustiva, mas possibilita o reconhecimento de
indicadores " entre outros ". III. No presente caso, extrai-se do acórdão
recorrido que a Reclamada é dona da obra. Nesse contexto, o posicionamento
adotado pela Corte Regional, no sentido de que segunda Reclamada (HAVAN
LOJAS DE DEPARTAMENTO LTDA.) é responsável subsidiária pelos créditos
trabalhistas deferidos ao Reclamante contraria a Orientação Jurisprudencial nº
191 da SBDI-1 desta Corte Superior, que deve ser interpretada em
conformidade com as teses jurídicas estabelecidas pela SBDI-1 no
IRR-190-53.2015.5.03.0090. Contudo, deve ser mantida a responsabilidade da
dona da obra em relação ao pagamento da indenização por dano moral
decorrente da doença ocupacional, nos moldes da jurisprudência iterativa
desta Corte Superior. Sob esse enfoque, impõe-se o conhecimento e o parcial
provimento do recurso. IV. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá
parcial provimento .” (RR - 10669-84.2015.5.05.0661, Orgão Judicante: 4ª
Turma, Relator: Alexandre Luiz Ramos, Julgamento: 01/04/2020, Publicação:
03/04/2020)

“I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE. RECURSO SUBMETIDO


À LEI Nº 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA E SOCIAL. EXISTÊNCIA.
CONTRATO DE EMPREITADA. ACIDENTE DE TRABALHO. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA DO DONO DA OBRA. Caracterizada a transcendência politica e
social da questão e diante da plausibilidade da alegação de violação dos
artigos 186, 297 e 932, III, do Código Civil, o provimento do agravo de

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.22

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

instrumento é medida que se impõe. Agravo de instrumento provido. II -


RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. RECURSO SUBMETIDO À LEI Nº
13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA E SOCIAL. EXISTÊNCIA. CONTRATO
DE EMPREITADA. ACIDENTE DE TRABALHO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
DO DONO DA OBRA. Verificada a transcendência política social da questão
objeto do recurso de revista. Considerando a atual jurisprudência do TST
sobre a matéria relativa à responsabilidade solidária do dono da obra em face
do contrato de empreitada decorrente de acidente de trabalho, segundo a
qual não se aplicam as disposições da Orientação Jurisprudencial 191 da
SBDI-1 do TST que afasta apenas a responsabilidade pelos créditos de
natureza trabalhista, sendo que na hipótese vertente se discute créditos de
cunho civilista, quais sejam, danos morais e materiais, resta caracterizada a
violação dos artigos 186, 927 e 932, III, do Código Civil, a ensejar o
acolhimento da pretensão recursa do reclamante . Recurso de revista
conhecido e provido.” (RR - 437-84.2014.5.12.0036, Orgão Judicante: 5ª Turma,
Relator: Joao Pedro Silvestrin, Julgamento: 30/04/2020, Publicação:
08/05/2020)

“(...)RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DONO DA OBRA. Nos termos da


jurisprudência desta Corte, não se aplica a OJ 191 da SBDI-1 ao pleito de
indenização por danos morais, estéticos e materiais decorrentes de acidente
de trabalho, por apresentar natureza jurídica civil, em razão de culpa aquiliana
por ato ilícito, consoante previsão dos arts. 186 e 927,caput, do Código Civil,
ou mesmo do § 6º do art. 37 da Constituição Federal. Recurso de revista não
conhecido. (...)” (RR - 854-12.2011.5.03.0030, Orgão Judicante: 6ª Turma,
Relator: Augusto Cesar Leite de Carvalho, Julgamento: 05/12/2018, Publicação:
07/12/2018)

“AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA DA AUTORA EM FACE DE DECISÃO


PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. ACIDENTE DE
TRABALHO. INDENIZAÇÕES POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.
RESPONSABILIDADE DO DONO DA OBRA. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº
191 DA SBDI-1 DO TST. INAPLICABILIDADE . Constatado equívoco na decisão
agravada, dá-se provimento ao agravo para determinar o processamento do
recurso de revista . RECURSO DE REVISTA DA AUTORA EM FACE DE DECISÃO
PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. ACIDENTE DE
TRABALHO. INDENIZAÇÕES POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.
RESPONSABILIDADE DO DONO DA OBRA. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº
191 DA SBDI-1 DO TST. INAPLICABILIDADE. A discussão dos autos se refere à
questão da responsabilidade das reclamadas quanto às indenizações por
danos materiais e morais decorrentes de acidente de trabalho sofrido pelo
empregado falecido. Por sua vez, a Orientação Jurisprudencial nº 191 da
SBDI-1 do TST afasta apenas a responsabilidade do dono da obra quanto às
obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro. Ou seja, tal isenção não

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.23

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

alcança as ações indenizatórias decorrentes de acidentes do trabalho, em face


da obrigação imposta ao tomador dos serviços concernente à manutenção do
meio ambiente de trabalho saudável e seguro, o que importa a observância
das normas de saúde e segurança, além da fiscalização das atividades
desenvolvidas no âmbito da empresa. Logo, em tais casos, é inaplicável o
entendimento contido no verbete desta Corte Superior, uma vez que a
responsabilidade decorre do disposto nos artigos 186, 927 e 932, III, do
Código Civil. Evidenciados os danos, assim como a conduta culposa das rés e
o nexo causal entre ambos, deve ser reconhecida a responsabilidade solidária
das reclamadas no pagamento da indenização. Recurso de revista conhecido
e provido . (...)” (RR - 422-43.2011.5.03.0078, Orgão Judicante: 7ª Turma,
Relator: Claudio Mascarenhas Brandao, Julgamento: 26/09/2018, Publicação:
19/10/2018)

Nesse esteio, o recurso de revista não prospera, nos termos do


art. 896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333 do TST.
NEGO PROVIMENTO.

2.1 – INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL EM RICOCHETE.


ACIDENTE DO TRABALHO. ÓBITO DE EX-EMPREGADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
A segunda reclamada alega que o valor arbitrado a título de
indenização por dano moral é exorbitante, requerendo sua redução para patamares
razoáveis e proporcionais. Indica violação dos artigos 944 do CC, 5º, V e X, da CF e 223-G,
caput e § 1º, da CLT e divergência jurisprudencial.
Em atenção ao artigo 896, § 1º-A, da CLT, a parte transcreveu em
seu recurso de revista, às págs. 846-848, o seguinte trecho do acórdão recorrido:

“ACIDENTE DE TRABALHO FATAL. DANO MORAL REFLEXO


POSTULADO PELOS GENITORES DA VÍTIMA. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
ANÁLISE CONJUNTA. Cabe ao julgador pautar-se na lógica do razoável e
proporcional, a fim de evitar extremos para mais ou para menos, objetivando,
efetivamente, reparar o dano, bem como observar o princípio moral que
repugna o enriquecimento sem causa. In casu, a fixação do valor em
R$40.000,00 (quarenta mil reais) para cada um dos pais do de cujus
mostrou-se desproporcional ao dano suportado, demandando sua adequação
para majorar a indenização, que passou a ser de R$60.000,00 (sessenta mil
reais) para cada genitor, afigurando-se como justo e razoável, sem desprezar
a proporcionalidade e equidade, bem como os fatos e a finalidade do instituto
da responsabilidade civil, a dor experimentada pelos autores em cotejo com o
caráter pedagógico aplicado ao ofensor, no sentido de se evitar a reincidência,
e a capacidade econômica das partes, tudo isso aliado às regras de
Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.24

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

experiência e bom senso. Recurso ordinário obreiro conhecido e


parcialmente provido. De corolário, recurso patronal desprovido.
(...)
Ao apreciar a matéria e todo o conjunto probatório, o Juízo a quo
arbitrou em R$40.000,00 (quarenta mil reais), para cada um dos pais do
falecido, os danos morais postulados, com espeque no art. 944 do Código
Civil, para tanto, considerando as nuances do caso concreto.
Impõe-se esclarecer que quando a indenização visa reparar danos de
ordem extrapatrimonial, doutrina e jurisprudência têm adotado diferentes
critérios consoante apreciação equitativa do caso concreto e as regras de
experiência comum no mensurar desses valores.
Vale acrescentar que cabe ao julgador, ao fazer uso da experiência
comum, sopesar as circunstâncias do caso concreto mediante razoabilidade e
proporcionalidade.
Diante dessas ponderações, bem como de todo o arcabouço probatório
e, ainda, em conformidade com os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, considerando a aplicação da responsabilidade objetiva
à empresa, realinho o valor da condenação para o montante de
R$120.000,00 (cento e vinte mil reais), sendo R$60.000,00 (sessenta mil
reais) para cada um dos pais do de cujus, o qual entendo justo e razoável, sem
desprezar os fatos e a finalidade do instituto da responsabilidade civil, a dor
experimentada pelos autores, em cotejo com o caráter pedagógico aplicado
ao ofensor, no sentido de se evitar a reincidência, e a capacidade econômica
das partes, tudo isso aliado às regras de experiência e bom senso.
Assim, dou parcial provimento ao pleito obreiro para majorar o valor da
indenização por danos morais, que passa a ser de R$120.000,00 (cento e vinte
mil reais), sendo R$60.000,00 (sessenta mil reais) para cada um dos pais do de
cujus. Por corolário, nego provimento ao recurso patronal.”

De início, ressalta-se que o TRT decidiu o tema do montante da


indenização por danos morais sob o enfoque dos princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, e não segundo os critérios específicos do artigo 223-G da CLT, motivo
pelo qual não há como reputá-lo como violado.
Por outro lado, a jurisprudência desta Corte Superior é no
sentido de que não se admite a majoração ou diminuição do valor da indenização por
danos morais nesta instância extraordinária. Apenas nos casos em que a indenização
for fixada em valores excessivamente módicos ou estratosféricos, o que não é o caso
dos autos, é que se tem admitido sua reapreciação.
Nego provimento.

ISTO POSTO
Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.25

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004782D65DDEA63E3.
PROCESSO Nº TST-AIRR-363-39.2018.5.14.0002

ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior


do Trabalho, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao agravo de instrumento.
Brasília, 16 de fevereiro de 2022.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


ALEXANDRE AGRA BELMONTE
Ministro Relator

Firmado por assinatura digital em 16/02/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Você também pode gostar