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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-819-20.2012.5.12.0013

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A C Ó R D Ã O
4ª Turma
JOD/csv/fv
RECURSO DE REVISTA.
RESPONSABILIDADE CIVIL. DONO DA
OBRA. ACIDENTE DE TRABALHO.
FALECIMENTO DE EMPREGADO
CONTRATADO POR EMPREITEIRA.
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 191
DA SbDI-1 DO TST.
INAPLICABILIDADE
1. Nas ações acidentárias não se
postulam simplesmente parcelas
contratuais não adimplidas, e sim
indenização por dano moral e/ou
material decorrente de infortúnio
que, nos casos de contrato de
empreitada, em regra, ocorre nas
dependências da dona da obra,
igualmente responsável em relação
à prevenção de acidentes e doenças
ocupacionais.
2. Se o dono da obra concorreu para
o infortúnio, no que não impediu
a prestação de labor sem a
observância das normas de higiene
e segurança do trabalho, a cargo
do empregador, incide a
responsabilidade solidária
inserta no art. 942, caput, do
Código Civil de 2002. Precedentes
da SbDI-1 do TST.
3. Agravo de instrumento dos
Reclamantes conhecido e provido.
Recurso de revista dos
Reclamantes de que se conhece e a
que se dá provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de

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Recurso de Revista n° TST-RR-819-20.2012.5.12.0013, em que são
Recorrentes SIRLEI DE FÁTIMA PEREIRA DA SILVA E OUTROS e
Recorridos ALCIDES RECH e SEBASTIÃO ANTUNES TIÃO - ME.
Irresignados com a r. decisão interlocutória
de fls. 410/412 da numeração eletrônica, mediante a qual a
Presidência do Eg. Tribunal Regional do Trabalho da Décima
Segunda Região denegou seguimento ao recurso de revista, os
Reclamantes interpõem agravo de instrumento.
Aduzem os Agravantes, em síntese, que o recurso
de revista é admissível por violação de dispositivo da
Constituição Federal e de lei, contrariedade a Orientação
Jurisprudencial da SbDI-1 do TST e divergência
jurisprudencial.
Contraminuta e contrarrazões não
apresentadas, consoante atesta a certidão de fl. 423 da
numeração eletrônica.
Não houve remessa dos autos à d.
Procuradoria-Geral do Trabalho.
É o relatório.
A) AGRAVO DE INSTRUMENTO
1. CONHECIMENTO
Atendidos os pressupostos extrínsecos de
admissibilidade, conheço do agravo de instrumento.
2. MÉRITO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
2.1. RESPONSABILIDADE CIVIL. DONO DA OBRA.
ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DE EMPREGADO CONTRATADO POR
EMPREITEIRA
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O Eg. TRT deu provimento ao recurso ordinário
do Reclamado Alcides Rech, para excluir a responsabilidade
subsidiária que lhe foi imposta relativamente às indenizações
decorrentes de acidente de trabalho que resultou na morte de
Luiz Pereira da Silva, empregado da empreiteira Sebastião
Antunes Tião - ME.
Concluiu pela aplicação da Orientação
Jurisprudencial nº 191 da SbDI-1 do TST.
Eis os fundamentos do v. acórdão regional:
“2 - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA-SUBSIDIÁRIA DO
SEGUNDO RÉU. RECURSO DOS AUTORES E DO
SEGUNDO RÉU
O Juízo de origem reconheceu a responsabilidade subsidiária do
segundo demandado (Alcides Rech) pelo adimplemento das
verbas que o primeiro réu (Sebastião Antunes Tião – ME),
empregador do de cujus, foi condenado de forma principal.
Os autores buscam a responsabilização solidária do segundo réu
(Alcides Rech) e este o afastamento da sua responsabilização.
Por meio do contrato de empreitada das fls. 84-89, os réus
acordaram a construção do prédio de alvenaria de quatro andares
com 1.075,43m2, figurando o segundo demandado (Alcides
Rech) como contratante (dono da obra) e o primeiro (Sebastião
Antunes Tião – ME), empregador do de cujus, como empreiteiro
contratado.
Logo, tratando-se de contrato de empreitada, em que o dono
da obra, que não tem como atividade o ramo da construção
civil, contratou, mediante remuneração, a execução de obra
certa, aplica-se o entendimento contido na Orientação
Jurisprudencial nº 191 da SBDI-1 do TST, a saber:
[...]
No presente caso, ocorreu um contrato de empreitada para
execução de obra certa, segundo réu (Alcides Rech) se
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enquadra na condição de dono da obra, já que, a toda a
evidência, não atua no ramo da construção civil.
A hipótese, portanto, é claramente de empreitada, emergindo a
excludente da responsabilidade solidária ou subsidiária prevista
na orientação acima transcrita.
Maurício Godinho Delgado (in ‘Curso de Direito do Trabalho’, 3ª
ed, LTr: São Paulo, 2004. p. 585) apresenta os seguintes critérios
de distinção entre o contrato de trabalho e o de empreitada: ‘as
diferenças entre o contrato de empreitada e o contrato
empregatício são marcantes. Em primeiro lugar, há a distinção
quanto ao objeto do pacto: é que na empreitada enfatiza-se a obra
concretizada pelo serviço, ao passo que, no contrato de emprego,
emerge relativa indeterminação no que tange ao resultado mesmo
do serviço contratado’.
Trago ainda os comentários de Raymundo Antonio Carneiro
Pinto e Cláudio Brandão acerca da OJ nº 191 da SDI-I do TST:
[...]
Assim, não há como imputar ao segundo réu (Alcides Rech) a
responsabilidade pretendida pelos autores.
Em razão do exposto, nego provimento ao recurso do autor nesse
aspecto e dou provimento ao recurso do segundo réu (Alcides
Rech) para afastar a sua responsabilidade pelo adimplemento das
verbas objeto da condenação.” (fls. 379/383 da
numeração eletrônica; grifos nossos)
Os Reclamantes, ora Agravantes, no recurso de
revista, pugnam pela atribuição de responsabilidade solidária
ao Reclamado Alcides Rech em relação ao acidente de trabalho
sofrido por Luiz Pereira da Silva.
Apontam violação dos arts. 7º, XXVIII, da
Constituição Federal, 186 e 927, parágrafo único, do Código
Civil, bem como má aplicação da Orientação Jurisprudencial nº
191 da SbDI-1 do TST. Transcreve, ainda, arestos supostamente
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divergentes.
Assiste-lhes razão.
O aresto de fl. 398 da numeração eletrônica,
oriundo do TRT da Quarta Região, adota a tese de que não se
aplica a Orientação Jurisprudencial nº 191 da SbDI-1 do TST
a caso de acidente de trabalho ocorrido durante execução de
obra em contrato de empreitada.
Tal posicionamento diverge daquele adotado
pelo v. acórdão ora agravado, que, como visto, sustenta a
aplicabilidade da Orientação Jurisprudencial nº 191 da SbDI-1
do TST para afastar a responsabilidade de dono da obra relativa
ao pagamento de indenização decorrente de acidente de
trabalho.
Desse modo, configurou-se o dissenso
jurisprudencial.
Em decorrência, dou provimento ao agravo de
instrumento para determinar o processamento do recurso de
revista.
Com fulcro nos arts. 897, § 7º, da CLT, 3º, §
2º, da Resolução Administrativa nº 928/2003 do TST, 228, caput
e § 2º, e 229, caput, do RITST, proceder-se-á à análise do
recurso de revista na primeira sessão ordinária subsequente.
B) RECURSO DE REVISTA
1. CONHECIMENTO
Considero atendidos os pressupostos
extrínsecos de admissibilidade do recurso de revista.
1.1. RESPONSABILIDADE CIVIL. DONO DA OBRA.
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ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DE EMPREGADO CONTRATADO POR
EMPREITEIRA
Como visto, o Eg. TRT de origem afastou a
responsabilidade do Reclamado Alcides Rech, dono da obra,
quanto às indenizações decorrentes de acidente de trabalho
sofrido por empregado da empreiteira executora da obra em razão
de aplicação da Orientação Jurisprudencial nº 191 da SBDI-1
do TST.
O aresto colacionado à fl. 398 da numeração
eletrônica, oriundo do TRT da Quarta Região, por sua vez,
abraça entendimento diametralmente oposto ao consignado no v.
acórdão regional, no sentido de que, em caso de
responsabilização civil do dono da obra por danos decorrentes
de acidente de trabalho ocorrido durante o cumprimento do
contrato de empreitada, não se aplica o entendimento
perfilhado na Orientação Jurisprudencial nº 191 da SbDI-1 do
TST se o dono da obra se houver conduzido de forma negligente
na fiscalização dos procedimentos de segurança.
Demonstrado, pois, o pretendido dissenso de
teses, nos termos do art. 896, “a”, da CLT.
Conheço do recurso de revista dos Reclamantes,
por divergência jurisprudencial.
2. MÉRITO DO RECURSO DE REVISTA
2.1. RESPONSABILIDADE CIVIL. DONO DA OBRA.
ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DE EMPREGADO CONTRATADO POR
EMPREITEIRA. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 191 DA SBDI-1 DO
TST. INAPLICABILIDADE
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A presente controvérsia consiste em definir
se, em caso de contrato de empreitada de construção civil, há
responsabilidade civil do dono da obra por acidente de trabalho
ocorrido em suas dependências, sofrido por empregado da
empreiteira.
É certo que a Orientação Jurisprudencial nº 191
da SbDI-1 do TST adota, como regra geral, o entendimento de
que, “diante da inexistência de previsão legal específica, o
contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra
e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou
subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo
empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora
ou incorporadora”.
Nas ações acidentárias, entretanto, como se
sabe, não se postulam simplesmente parcelas contratuais não
adimplidas, e sim indenização por dano moral e/ou material
decorrente de infortúnio que, nos casos de contrato de
empreitada, em regra, ocorre nas dependências da dona da obra,
igualmente responsável em relação à prevenção de acidentes e
doenças ocupacionais.
A esse respeito, as Normas Regulamentadoras do
Ministério do Trabalho e Emprego impõem à contratante e às
contratadas o dever de implementar, de forma integrada,
medidas de prevenção de acidentes de trabalho e de doenças
profissionais, bem como de executar ações visando à proteção
em relação aos riscos ambientais (NR-5.48 e NR-9.6.1).
Desse modo, se o dono da obra concorreu para
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o infortúnio, no que não impediu a prestação de labor sem a
observância das normas de higiene e segurança do trabalho, a
cargo do empregador, incide a responsabilidade solidária
inserta no art. 942, caput, do Código Civil de 2002, de seguinte
teor:
“Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do
direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e,
se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão
solidariamente pela reparação.” (grifo nosso)
A meu juízo, pois, se se discute acerca da
responsabilidade civil do dono da obra em face de acidente de
trabalho ocorrido em suas dependências, ainda que envolva
empregado de outrem, seja da empreiteira contratada ou até de
subempreiteira, afigura-se inaplicável a diretriz sufragada
na Orientação Jurisprudencial nº 191 da SbDI-1, dirigida
especificamente às obrigações meramente trabalhistas
contraídas pelo empreiteiro.
No âmbito da SbDI-1, há consenso quanto à
inaplicabilidade da Orientação Jurisprudencial nº 191 em
hipóteses substancialmente idênticas, em que se discute a
responsabilidade civil do dono da obra em relação aos acidentes
de trabalho ocorridos em decorrência do contrato civil de
empreitada.
Nesse sentido palmilham os seguintes julgados
recentes:
“RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA.
CONSTRUÇÃO CIVIL. DONO DA OBRA.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONDUTA
OMISSIVA. EMPREGADOS EM SITUAÇÃO DE
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TRABALHO DEGRADANTE. INTERVENÇÃO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. RESPONSABILIDADE CIVIL.
ARTS. 186 E 927 DO CÓDIGO CIVIL. ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL Nº 191 DESTA SUBSEÇÃO.
CONTRARIEDADE NÃO CONFIGURADA.
DISTINGUISHING. ARESTOS INESPECÍFICOS. SÚMULA
Nº 296, I, DO TST. Conforme registrado pela Turma, a partir
do quadro fático descrito pelo Tribunal Regional, restou
plenamente evidenciada a conduta omissiva da empresa com
relação ao tratamento recebido pelos empregados da empresa
contratada, pois presenciou a situação deles -beirar o
insuportável-, com intervenção necessária do Ministério
Público do Trabalho sem tomar qualquer iniciativa junto à
empreiteira. Nesse contexto, a conclusão da e. Turma está
alicerçada na responsabilidade civil da Sulgás, nos termos dos
arts. 187 e 927 do Código Civil, pois de sua conduta omissiva
inegavelmente resultaram danos ao autor. A hipótese,
portanto, não é de incidência da Orientação Jurisprudencial
nº 191 da SDI-1 do TST. Verificadas as particularidades do caso
concreto, que não permitem a aplicação direta da jurisprudência
consolidada, porque não estabelecida relação unívoca entre a
norma de interpretação e o fundamento e as premissas fáticas da
decisão embargada, tem-se o que a doutrina denomina
distinguishing. Não obstante não aplicada no caso concreto,
permanece mantida e reafirmada a Orientação Jurisprudencial nº
191 desta Subseção. São inespecíficos os arestos paradigmas
colacionados que não enfrentam a responsabilidade subsidiária do
dono da obra, quer à luz das premissas fáticas, quer à luz dos arts.
186 e 927 do Código Civil, em que alicerçada a conclusão da
Turma. Inteligência da Súmula nº 296, I, do TST. Recurso de
embargos não conhecido.”
(E-RR-728-42.2012.5.04.0371, Relator
Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte,
Data de Julgamento: 6/11/2014, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data
de Publicação: DEJT 19/12/2014; grifo nosso)
“(...) RESPONSABILIDADE. DONO DA OBRA.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS
DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO.
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CULPA DAS RECLAMADAS CARACTERIZADA.
INAPLICABILIDADE DA OJ Nº 191/SDI-1. Extrai-se do
entendimento consubstanciado na OJ nº 191 da SBDI-1 desta
Corte que a isenção da responsabilidade do dono da obra se
restringe às obrigações trabalhistas em sentido estrito, e tal se dá
em razão da ausência de dispositivo legal a subsidiar a referida
responsabilização. Já a obrigação de indenização por danos
morais e materiais decorrente de acidente do trabalho, advém da
culpa aquiliana por ato ilícito, com previsão expressa nos arts. 186
e 927, caput, do Código Civil. Muito embora, a obrigação de
indenizar, nesse caso, decorra da existência de vínculo de
emprego, e seja julgado pela Justiça do Trabalho em razão da EC
nº 45, não se constitui uma obrigação trabalhista em sentido
estrito, mas sim civil. Assim, a matéria relacionada à efetiva
responsabilidade pelo acidente de trabalho, e a culpa
direta/indireta do empregador (prestador dos serviços) e do
tomador dos serviços é tema que implica em apreciação
desvinculada da relativa ao status de dono da obra, pois a
proteção ao empregado não decorre da prestação de serviços,
em si, mas principalmente dos elementos que norteiam a
responsabilidade civil por culpa, de quem toma os serviços
para atividade de risco e não adota a precaução necessária à
proteção do empregado (culpas in eligendo e in vigilando).
Constatado, portanto, que a reclamada, dona da obra, não
cuidou de tomar as medidas para diminuir ou eliminar os
riscos da atividade, mormente porque não cuidou de fiscalizar a
execução dos serviços da primeira reclamada, exigindo a presença
de engenheiro para projetar e fiscalizar a execução das suas obras,
bem como pelo fato de que a obra estava se desenvolvendo,
inclusive sem licença do órgão competente, subsiste a sua
responsabilidade pelo acidente, não havendo que falar em
aplicação da OJ nº 191 da SDBI-1. Embargos conhecidos e
providos.”
(E-ED-ED-ED-RR-120200-67.2006.5.15.0039,
Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga,
Data de Julgamento: 10/4/2014, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data
de Publicação: DEJT 25/04/2014; grifo nosso)
“RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. DONO DA OBRA.
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ACIDENTE DO TRABALHO. DANOS MORAIS.
INAPLICABILIDADE DA ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL N.º 191 DA SBDI-I DESTA CORTE
SUPERIOR. 1. Consoante entendimento sedimentado nesta
Corte superior, nos termos da Orientação Jurisprudencial n.º 191
da SBDI-I, a isenção da responsabilidade solidária ou subsidiária
do dono da obra decorre, sobretudo, da ausência de disciplina
legal a regular as responsabilidades do dono da obra de
construção civil e somente alcança as obrigações de natureza
trabalhista contraídas pelo empreiteiro. Significa dizer que a
caracterização da condição de dono da obra não é fator suficiente
para eximir o tomador dos serviços de toda e qualquer
responsabilidade, ainda mais quando flagrante o dano causado a
terceiro, advindo da execução do contrato de empreitada. 2. Não
se afigura possível a invocação do entendimento sedimentado
na Orientação Jurisprudencial n.º 191 da SBDI-I, se a
controvérsia diz respeito à responsabilização civil do dono da
obra por acidente do trabalho ocorrido durante o
cumprimento do contrato de empreitada, máxime quando
evidenciado que o contratante, assim como o empreiteiro, não
adotou as precauções necessárias à proteção do obreiro. 3.
Inviável, de outro lado, o conhecimento de embargos, por
divergência jurisprudencial, quando inespecíficos os arestos
trazidos a colação, nos termos da Súmula n.º 296, I, do Tribunal
Superior do Trabalho. 4. Recurso de embargos não conhecido.”
(E-RR-77500-40.2005.5.17.0012, Redator
Ministro: Lelio Bentes Corrêa, Data de
Julgamento: 9/5/2013, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data
de Publicação: DEJT 21/3/2014; grifo nosso)
“RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI
11.496/2007. ACIDENTE DO TRABALHO. PRETENSÃO
INDENIZATÓRIA DE NATUREZA CIVIL.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DONO DA OBRA
QUE SE IMISCUIU NA EXECUÇÃO. CULPA
COMPROVADA. NÃO APLICABILIDADE DA OJ 191 DA
SBDI-1 DO TST. Hipótese em que a Turma do TST manteve a
responsabilidade solidária da empresa dona da obra pelo
pagamento das indenizações decorrentes de acidente do trabalho.
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O Colegiado afastou a tese de contrariedade à Orientação
Jurisprudencial 191 da SBDI-1 do TST por dois fundamentos. O
primeiro, por considerar que o verbete refere-se apenas a
obrigação trabalhista em sentido estrito, não abrangendo,
portanto, indenização de natureza civil. O segundo, relativo ao
fato de a recorrente, apesar de invocar a condição de dona da obra,
haver se envolvido diretamente na execução respectiva e no
desenvolvimento das atividades do reclamante, tendo sido
comprovada a sua conduta omissiva em relação à segurança do
ambiente laboral. Quanto a esse segundo fundamento, a Turma
registrou que o trabalhador laborava na montagem de um silo,
caiu de uma altura de dezoito metros, e, já no chão, foi atingido
pelo balancim que se desprendeu e provocou o acidente.
Acrescentou que esse balancim foi confeccionado com restos de
materiais e ferragens recolhidos no próprio pátio da recorrente
onde eram executadas as obras, sem observância de qualquer
norma técnica. Consignou não haver provas de que tenham sido
fornecidos equipamentos de proteção individual ao autor,
tampouco treinamento para trabalho em local elevado. Registrou,
por fim, que as instruções gerais de segurança foram passadas por
ambas as reclamadas, e a empresa dona da obra destacou um
técnico de segurança para acompanhar a execução de tais obras e
proferiu palestra a respeito de segurança aos empregados da
empresa contratada, não contemplando, contudo, o treinamento
do autor para o citado labor em local elevado. A decisão da
Turma não implica contrariedade à OJ 191, na medida em
que a orientação contém exegese dirigida ao art. 455 da CLT,
dada a ausência de previsão do dispositivo acerca da
responsabilidade do dono da obra. Não por outra razão, o
verbete restringe a sua abrangência às -obrigações
trabalhistas-. O pleito de indenização por danos morais,
estéticos e materiais decorrentes de acidente de trabalho
apresenta natureza jurídica civil, em razão de culpa aquiliana
por ato ilícito, consoante previsão dos arts. 186 e 927, caput,
do Código Civil. Não se trata, portanto, de verba trabalhista
stricto sensu. Ademais, mesmo para aqueles que entendem
tratar-se de verba tipicamente trabalhista, constata-se, pela tese
registrada na decisão da Turma, ter a recorrente efetivamente
extrapolado os limites de sua condição de dona da obra, quando
-se envolveu na execução das obras e no desenvolvimento das
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atividades do reclamante-. Essa conduta é suficiente para
demonstrar que a recorrente abriu mão do eventual privilégio de
não responder pelas obrigações trabalhistas, o qual poderia
invocar em seu favor, pois ficou efetivamente demonstrada a sua
culpa no acidente. Inconteste a responsabilidade da recorrente
no evento que vitimou o autor, nos termos dos arts. 927 e 942,
parágrafo único, do Código Civil. Recurso de embargos não
conhecido. (...)” (E-RR-9950500-45.2005.5.09.0872,
Relator Ministro: Augusto César Leite de
Carvalho, Data de Julgamento: 22/11/2012,
Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Data de Publicação: DEJT
7/12/2012; grifo nosso)
Na espécie, extrai-se do acórdão regional
(fls. 376/378 da numeração eletrônica) que o Reclamado Alcides
Rech, com vistas a construir imóvel de 4 (quatro) andares,
contratou a empreiteira Sebastião Antunes Tião – ME,
empregadora do falecido, Luiz Pereira da Silva, esposo da
Reclamante Sirlei de Fátima Pereira da Silva e pai dos demais
Reclamantes.
O empregado da empreiteira, Luiz Pereira da
Silva, sofreu acidente de trabalho fatal na execução da
referida obra ao cair do terceiro andar do prédio em
construção.
O Eg. Regional faz referência apenas à
empregadora do falecido quando fala sobre a culpa pelo acidente
de trabalho.
Entretanto, das condições fáticas delineadas
no acórdão regional, depreende-se facilmente a negligência não
apenas da empreiteira, mas também do dono da obra, que não
verificou os procedimentos de segurança no sentido de evitar
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.14

PROCESSO Nº TST-RR-819-20.2012.5.12.0013

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o infortúnio laboral dada a ausência de fiscalização quanto
à utilização de equipamentos de proteção pelo falecido (cinto
de segurança).
Como visto, é inegável a falha na adoção de
medidas de prevenção de acidentes e de proteção do empregado
em relação aos acentuados riscos profissionais inerentes ao
exercício de atividade de construção de prédio de 4 (quatro)
andares.
Daí por que, a meu juízo, afigura-se
inaplicável a diretriz sufragada na Orientação
Jurisprudencial nº 191 da SbDI-1, dirigida especificamente às
obrigações meramente trabalhistas contraídas pelo
empreiteiro, de que não se cuida.
Por todo o exposto, aplica-se a
responsabilidade solidária do dono da obra, nos termos em que
estatui o art. 942 do Código Civil de 2002, conforme requerido
pelos Reclamantes.
Ante o exposto, dou provimento ao recurso de
revista dos Reclamantes, para atribuir ao Reclamado Alcides
Rech responsabilidade solidária em relação às indenizações
decorrentes do acidente de trabalho sofrido por Luiz Pereira
da Silva e aos honorários advocatícios.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do
Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade:
a) conhecer do agravo de instrumento dos
Reclamantes e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar
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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.15

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o processamento do recurso de revista;
b) conhecer do recurso de revista dos
Reclamantes, por divergência jurisprudencial, e, no mérito,
dar-lhe provimento para atribuir ao Reclamado Alcides Rech
responsabilidade solidária em relação às indenizações
decorrentes do acidente de trabalho sofrido por Luiz Pereira
da Silva e aos honorários advocatícios.

Brasília, 01 de junho de 2016.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

JOÃO ORESTE DALAZEN


Ministro Relator

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