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Administrativa de um Estaleiro

Tema II. ESTIMATIVA DE CUSTOS DE CONSTRUÇÃO


- Custos directos
. Cálculos dos custos da mão-de-obra / Materiais

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Custos directos
Cálculos dos custos da mão-de-obra
 
A mão de obra é dos recursos mais importantes num projecto de construção.
Com efeito, o assentamento dos materiais e elementos, a operação dos diversos
equipamentos, a componente administrativa dependem do factor humano.
 
Os custos da mão de obra representam os encargos com a mão de obra
directamente afecta à execução de cada espécie de trabalho, assim como às
numerosas despesas resultantes do emprego dessa mão-de-obra.

Estas despesas englobam: encargos sociais, treinamento, férias, ferramentas e outros


benefícios como assistência médica, fundo de desemprego, transporte, segurança
social, pré-aviso, entre outros.

Normalmente na mão de obra distinguem-se três grupos, nomeadamente os:


(1) oficiais das distintas especialidades
(2) os operadores de equipamentos
(3) a serventia.
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O cálculo do custo total da mão-de-obra é normalmente feito numa base horária, por
exemplo: custo horário de encarregado geral, pedreiro, custo horário de pintor, custo
horário de servente.

É recomendável que os custos da mão de obra sejam determinados para cada


projecto específico, pois as circunstâncias podem variar de uma situação para outra.

Normalmente, os custos da mão de obra variam de empresa para empresa e, dentro


da mesma empresa, variam de projecto para projecto, reflectindo a alteração dos
inúmeros factores intervenientes. 

Os principais elementos a considerar no custo da mão de obra em projectos de


construção incluem:

 salários – salário mensal, pagamento por rendimento, por tempo, por acordo
 encargos fixos - seguros, férias, segurança social, IRPS
 encargos sociais – assistência médica, previdência, fundo de desemprego
 encargos variáveis – tempos improdutivos, transporte, ferramentas, pré-aviso,
treinamento, horas extraordinárias, bónus, etc.

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Para cada situação concreta é fundamental a análise da situação e obtenção dos
dados relevantes para o cálculo.
Por exemplo, algumas variáveis aplicam-se a determinadas regiões ou países.
Por outro lado, as percentagens dos diversos encargos têm em conta as normas
prevalecentes bem como a situação socioeconómica.

Como foi referido anteriormente, a base para o cálculo do custo da mão de obra é
normalmente a hora de trabalho, pese embora possam ser usadas a semana ou o
mês.

Para este exercício importa conhecer o número total das horas de trabalho por ano e
o correspondente custo total anual para desta forma se determinar o custo horário
de trabalho.

Neste cálculo podem surgir algumas dificuldades na medida em que as horas pagas
superam as horas de trabalho efectivo devido fundamentalmente a elementos como
perda de produtividade, feriados, folgas, etc.
Apesar das dificuldades mencionadas o cálculo é hoje em dia feito com uma
significativa precisão.

Assim, importa primeiro determinar o número total de horas de trabalho por ano.
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Horas efectivas de trabalho
 
nº de semanas por ano: 52 semanas
horas de trabalho por dia (legislação): 8 horas
dias de trabalho por semana: 5 dias
total de horas de trabalho: 52 x 5 x 8 = 2080 horas
 
Deduzindo horas em que não se trabalha
 
feriados nacionais e locais: 15 dias
datas festivas: 10 dias
nº de horas: 200 horas
 
Total de horas de trabalho por ano: 2080 – 200 = 1880 horas

Conhecido o número total de horas de trabalho por ano e o salário base é


possível considerar os outros factores intervenientes, factores anteriormente
mencionados, nos custos da mão de obra para determinar o custo horário do
trabalhador.

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Exemplo 1:
Calcular o custo horário de um 3º oficial de carpinteiro cujo salário base é de 20,00 mt por hora.
Número de horas de trabalho por ano – 1 880 horas
  Dados:
  Salário base – 20,00 mt/h
Salário anual – 20,00 x 1.880 = 37 600,00 mt/ano
Bónus de 1,50 mt/h – 1,50 x 1 880 = 2 820,00 mt/ano
Doença – 2% do valor base anual = 2% x 37 600,00 = 752,00 mt/ano (0,4 mt/h)
  

Total T1 = 41 172,000 mt/ano (37 600 + 2 820 + 752)


 Seguros 5% de T1 = 2 058,60 mt/ano
 Provisão p/treinamento 2% de T1 = 823,44 mt/ano
 Subsídio p/ferramentas 1% de T1 = 411,72 mt/ano
 Subsídio de risco 3% de T1 = 1 235,16 mt/ano
 Outros benefícios 10% de T1 = 4 117,20 mt/ano
 Subsídio de transporte 50,00/semana = 47 x 50,00 = 2 350,00 mt/ano

Total T2 = 10 996,12 mt/ano (2 058,6 + 823,44 + 411,72 + 1 235,16 + 4 117,2 + 2 350)


 Total Global T1 + T2 = 52 168,12 mt/ano
 

Custo horário do carpinteiro por hora = Total Global /Nº total de horas
 

Custo horário do carpinteiro por hora = 52 168,12/1880 = 27,749 mt/h


 

Portanto, o custo do 3º oficial de carpinteiro é de MZM 27,75 /h e resulta da combinação dos


custos com o salário base e de uma série de outros factores como os subsídios, os seguros, entre
outros.
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Para além do método anteriormente mostrado, existem outras formas de
considerar os encargos pelo emprego da mão-de-obra.

Um dos métodos é o da utilização de coeficientes da força de trabalho Kft


com recurso a percentagens médias para cada um dos factores
intervenientes de custos.

Deste modo obtém-se o Kft (coeficiente da força de trabalho), o qual é


multiplicado pelo salário base para se obter o custo da mão-de-obra.

Salário Base x Kft = Custo mensal da mão-de-obra

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Exemplo 2:
 

Calcular o custo horário de um primeiro oficial de pedreiro cujo salário base mensal é de
4 500,00 mt, tendo em conta as percentagens médias de cada um dos factores de custos.
 
providencia = 15%
ferramenta = 2,5%
fundo de desemprego = 2%
seguros = 8%
sobrevivência = 2%
subsídio de férias, feriados = 6,5%
tempos improdutivos = 2,5%

Resolução:
Com base nos dados fornecidos é preciso determinar o coeficiente da mão de obra e
multiplicar o resultado pelo salário base.

Kft = 1,15 x 1,025 x 1,02 x 1,08 x 1,02 x 1,065 x 1,025 = 1,445


  

Custo mensal = Kft x Salário Base = 1,445 x 4 500 = 6 502,5 mt


 

Assim, o custo mensal do operário é de 6 502,5 mt.


 

Considerando o mês com 4 semanas, 5 dias úteis cada, e 8 horas de trabalho por dia ter-
se-á o custo horário do operário = 6 502,5 / (4x5x8) = 40,64 mt/h

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Aspectos salientes dos custos da mão de obra
 
Nas circunstâncias em que os sindicatos têm um poder muito forte é
comum negociarem com as empresas de construção determinados níveis
de salários base para os seus associados.

Assim sendo, os trabalhadores membros destes sindicatos têm um salário


base já definido, devendo as empresas calcular os outros encargos
tomando em conta este factor.
As empresas nestes casos pagam uma contribuição ao sindicato.
 
Importa referir o facto da legislação em muitos países, incluindo
Moçambique, estipular o salário mínimo sectorial.
Nestes casos o cálculo dos custos de mão de obra têm de ter em conta
os valores estipulados não podendo, o salário base estar abaixo do
fixado.

Assumindo que os trabalhadores não estão associados a nenhum


sindicato e não são pagos salários mínimos o estabelecimento do salário
efectivo é feito com base na negociação entre a empresa e o trabalhador.
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Cálculo de custo dos Materiais
 
Para o cálculo das estimativas de custo dos materiais toma-se como base
os preços propostos pelos fornecedores ou fabricantes.
Solicitam-se cotações aos fornecedores ou fabricantes com indicação clara
das quantidades requeridas, especificações, entre outros elementos
relevantes.
Outros dados importantes na solicitação de cotações incluem os termos de
transporte, seguro, taxas, prazo de entrega, as modalidades de
pagamento, entre outros.
Os fornecedores devem indicar nas suas propostas todas as condições de
fornecimento.
 
As especificações técnicas dos materiais incluídas nos documentos de
concurso são um elemento fundamental a considerar na preparação do
pedido de cotações junto dos fornecedores.

As cotações ou propostas dos fornecedores devem ser bem examinadas


para verificar se cumprem as condições de fornecimento estabelecidas nos
pedidos de cotação. Pode eventualmente ocorrer uma discrepância entre o
solicitado e o proposto.
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Adicionalmente, é crucial que se verifique a capacidade do
fornecedor abastecer em tempo útil e nas quantidades requeridas
a fim de evitar constrangimentos no decurso dos trabalhos.

As condições do local da obra devem ser analisadas para se apurar


a viabilidade da entrega nesse lugar ou da necessidade de
transbordos quando os acessos foram difíceis.
 
O custo dos materiais inclui para além de custos de aquisição, os
custos inerentes ao:

• carregamento
• descarregamento
• transporte
• armazenamento
• seguro
• encargos administrativos.

Devem também ser considerados factores como as quebras,


desperdícios e roubos.
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As percentagens para atender a estes factores são variáveis em função
das condições específicas como indicação podem-se considerar os
seguintes valores:
  
•quebras 1 – 5%
•roubos 1 – 3%
•armazenagem 1 – 3%
•administração 5 – 7%
•carrega/descarregamento 3 – 5%
•transporte 2 – 3%
•seguro 1 – 5%
 
O custo dos materiais é determinado multiplicando o preço obtido dos
fornecedores ou fabricantes pelo coeficiente do material Km.

Km = %queb x %roub x %armaz x %adm x %carr/descarr x %transp x


%seg

Custo materiais = Custo fornecedor x Km


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Exemplo:
 
Determinar o custo unitário da tinta plástica da marca Dulux se 5 litros tiverem
sido obtidos a 1 000,00 meticais.
 
Resolução:
 
Determinação de Km
 
quebras e roubos (5%) - 1,05
administração (7%) - 1,05 x 1,07 = 1,124
carga e descarga (5%) - 1,124 x 1,05 = 1,179
transporte (3%) - 1,179 x 1,03 = 1,214
seguro (3%) – 1,214 x 1,03 = 1,25
 
Km = 1,25
O coeficiente de materiais é de 1,25 e o custo do fornecedor dum litro de tinta
é 1 000/5=200 mt/lt
Custo materiais = Custo fornecedor x Km

O custo unitário é 200,00mt/lt x 1,25 = 250,00 mt.


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