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SEGU RANÇA DO
TRA BALHO
Introdução
O cálculo de estatísticas de perdas e danos dos acidentes de trabalho é uma das ma-
neiras utilizadas para avaliar o desempenho de segurança e saúde no trabalho em de-
terminado intervalo de tempo. A partir dele, é possível determinar as prioridades e as
medidas corretivas que devem ser adotadas dentro do ambiente de trabalho. Assim,
é importante que o serviço especializado em engenharia de segurança e em medicina
do trabalho (SESMT) registre os dados atualizados de acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais.
Embora a versão atual da norma não exija esse registro ou acompanhamento, ela
exige que o SESMT elabore planos de trabalho, monitore metas, indicadores e re-
sultados. Assim, é esperado que a empresa possua indicadores reativos e proativos
para acompanhamento de sua gestão e que através de seus resultados ela possa
determinar quais ações corretivas e preventivas são necessárias.
2
Medidas de avaliação de
frequência e gravidade
No que se refere às medidas de avaliação de frequência e gravidade, estas devem ser
realizadas em função do número de acidentes e em função do tempo computado dos
acidentes, respectivamente, em relação às horas-homem de exposição ao risco ou às
horas-homem trabalhadas (HHT).
Cálculo de horas-homem
de exposição ao risco
Para calcular o total de horas-homem de exposição ao risco, basta a realização do
somatório das horas em que os empregados ficam à disposição do empregador,
em determinado período e obedecendo aos seguintes critérios:
Exemplo
a) Cálculo das horas-homem, em certo período, considerando que todos os empregados
trabalham o mesmo número de horas.
Para uma empresa com 200 funcionários e uma jornada mensal de 220 horas,
têm-se:
Ou seja, 200 funcionários trabalham 220 horas por mês, totalizando 44.000 horas-
-homem por mês.
HHT é igual a
200 vezes 220,
3
igual a 44.000.
No caso dessa mesma empresa ter 20% de horas extras, esse valor seria:
Para esse caso, calculam-se os vários produtos que posteriormente devem ser soma-
dos para se obter o resultado final.
Exemplo
Considere que, em uma empresa, trabalham 100 homens. Desses, 50 trabalhadores
trabalham 200 horas por mês; 20 trabalhadores, 120 horas e 30 deles trabalham 80
horas.
Quando não for possível determinar o total de horas-homens trabalhadas, elas devem
ser calculadas multiplicando o total de dias de trabalho pela média do número de horas
trabalhadas por dia.
Dez mil mais dois mil e quatrocentos mais dois mil e
Segundo a NBR-14280/2001, é importante levar em consideração algumas observações
quatrocentos é igual a catorze mil e oitocentos HHT.
importantes. São elas:
Se para cada setor de uma empresa, o número de horas trabalhadas por dia
for diferente, deve-se fazer uma estimativa para cada um dos setores e somar
os números resultantes, tendo como objetivo obter o total de horas-homem,
incluindo-se nessa previsão as horas extras. E, se houver impossibilidade de
se obter o número de horas trabalhadas, sendo necessário obter o número
anual que reflita a situação do risco da empresa, adota-se 2.000 horas-homem
anuais de exposição ao risco.
4
Se a obtenção das horas-homem tiver sido obtida mediante estimativa,
é necessário indicar a forma de realização.
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Além dessas definições, para efetuar a estatística e análise dos acidentes, é impor-
tante entender o que seriam os dias perdidos por incapacidade temporária, dias a
debitar e dias perdidos por incapacidade permanente parcial.
Dias a debitar
Caso haja gravidade da lesão (por exemplo: morte, lesão permanente total ou le-
são permanente parcial), surgem os dias debitados que são considerados para fins
estatísticos. O quadro 1(figura 1 neste texto) da NBR-14280 apresenta a quantidade
de dias a debitar, tomando como base os principais acontecimentos que envolvem
os acidentes de trabalho.
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I – Morte 6.000
II – Incapacidade 6.000
a) Membro superior:
3.600
Acima do punho até o cotovelo, exclusive
Amputação, atingindo 1º 2º 3º 4º 5º
todo o osso ou parte¹ (Polegar) (Indicador) (Médio) (Anular) (Mínimo)
c) Membro inferior
d) Pé
3º Falange – distal -- 35
IV – Perturbação funcional
Fonte: ABNT (2001).
¹Se o osso não é atingido, usar somente os dias perdidos e classificar como incapacidade temporária.
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Cálculo da taxa de frequência
A taxa de frequência é uma maneira da empresa determinar qual a previsão de aciden-
tes para um milhão de horas trabalhadas. Assim, pode ajudar as empresas a verificar
como está a gestão de segurança e saúde do trabalho.
F A = ( N × 1.000.000 ) ÷ HHT
Sendo:
N = Número de acidentes
8
Taxa de frequência de acidentados:
lesão com afastamento
A taxa de frequência de acidentados, quando ocorre a lesão com afastamento,
deve ser calculada pela seguinte fórmula:
FL = ( N × 1.000.000 ) ÷ HHT
Sendo:
Exemplo
Calcular a taxa de frequência de uma empresa com 200 funcionários que em
determinado mês registrou 10 acidentes típicos de trabalho, com afastamento.
Considere a jornada de trabalho mensal de 200 horas.
F L = ( N × 1.000.000 ) ÷ HHT
F L = ( 10 × 1.000.000 ) ÷ 40.000
F L = 250
9
Taxa de frequência lesão sem
afastamento
Deve-se determinar o número de acidentados vítimas de lesão sem afastamento, por
meio do cálculo da taxa de frequência. Esse valor apresenta a vantagem de alertar as
empresas que algo não vai bem e que pode resultar em um acidente com lesão. Em
termos estatísticos, esse valor deve ser apresentado separado, pois se trata de um
indicador importante que auxilia os serviços de prevenção, possibilitando comparar os
acidentes com afastamento e sem afastamento.
Sendo:
F L (sem afastamento) = Taxa de frequência de acidentados com lesão e sem
afastamento
Assim, esse dado visa auxiliar a empresa a determinar qual é o tempo de trabalho que
se perde em função dos acidentes que ocorreram em um determinado período, que
pode ser, por exemplo, um mês. É possível também, mediante a comparação des-
tes dados com as medidas de segurança que estão sendo adotadas pela empresa,
verificar se elas estão sendo eficientes ou o que é necessário ser adotado para que
acidentes não venham acontecer no ambiente de trabalho.
F L abre parênteses
sem afastamento fecha
parênteses é igual a abre
parênteses N vezes um
milhão fecha parênteses,
dividido por H H T.
10
Deste modo, a taxa de gravidade é expressa através de números inteiros, isto é,
sem casas decimal e calculada por meio da seguinte expressão:
Sendo:
G = Taxa de gravidade
Tempo computado = o tempo contado em dias per-
didos pelos acidentados com incapacidade tempo-
rária total mais os dias debitados pelos acidentados É importante citar que, no
vítimas de morte ou incapacidade permanente, to-
tal ou parcial.
cálculo da taxa de gravidade,
quando se computa os dias
HHT = Horas-homem de exposição ao risco. debitados, não são inseridos
os dias perdidos com o
mesmo acidente.
Exemplo 1
Uma determinada indústria, durante um mês, apresentou seis acidentes,
dos quais:
G é igual a abre
parênteses tempo
computado vezes
um milhão fecha
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Assim, considerando estes dados, determine a taxa de gravidade (G) em número de
dias perdidos:
Antes de iniciar o cálculo, é importante notar que, no acidente em que houve a perda
da mão, os dias perdidos (120) serão substituídos pelos dias debitados (3.000), pois
este último valor é maior. Os dias debitados somente são analisados para o cálculo
da taxa de gravidade.
G = 60.880
A taxa de gravidade foi de 60.880 para cada milhão de HHT (Horas-homem de expo-
sição ao risco).
Exemplo 2
Calcular a taxa de gravidade (G) de uma indústria, sabendo que o número de dias
perdidos (DP) foi de 200 e o número de HHT (horas-homem de exposição ao risco),
nesse período foi de 200.000.
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HHT igual, abre parênteses 100 vezes 200 fecha parênteses,
mais 6.000, igual a 28.000 horas
Exemplo 3 Dias debitados igual a 600 mais 600 mais 6.000, igual a 7.200.
F A igual a 107,14.
Perda do primeiro quirodáctilo (polegar): 600 dias (dias debitados)
G igual, abre colchetes, abre parênteses dias debitados mais dias
perdidos fecha parênteses, vezes 1.000.000 fecha colchetes, dividido
Perda da audição de um ouvido: 600 dias (dias debitados)
por HHT.
F A = ( N × 1.000.000 ) ÷ HHT
F A = ( 4 × 1.000.000 ) ÷ 28.000
FA = 142,86
A taxa de gravidade é:
ênteses, vezes
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Exemplo 4
Em uma empresa aconteceu, no mês de julho, quatro acidentes com afastamento, nos
dias 4, 5, 20 e 14; sendo que os acidentados retornaram para as atividades na empresa,
respectivamente, nos dias 14, 31, 27 e 24. Do segundo acidentado, resultou uma incapa-
cidade parcial permanente, o que corresponde a 300 dias debitados. Sendo que o total de
horas-homens trabalhadas é igual a 200.000. Assim, as taxas de frequência e de gravidade
são iguais a:
Considerando apenas os dias perdidos do primeiro, terceiro e quarto dia dos acidentes
têm-se:
F A = (4×1.000.000) ÷ 200.000 = 20
14
Dias transportados
Os dias perdidos transportados acontecem quando o retorno ao trabalho de um
funcionário acidentado ultrapassar o mês de origem do acidente. Por exemplo, um
acidente aconteceu no dia 25 de junho e o funcionário retornou ao seu posto de
trabalho no dia 5 de julho.
Então, o cálculo da taxa de gravidade tem uma pequena alteração. Por exemplo, um
trabalhador se acidenta em 25 de junho e retorna ao trabalho no dia 5 de julho do
mesmo ano. Como há uma mudança de mês, posterior ao do acidente, os dias 26,
27, 28, 29 e 30 serão contabilizados como dias perdidos para o mês de junho, e os
dias 01, 02, 03 e 04 são os dias perdidos que foram transportados para o mês de
julho, os quais serão utilizados para o cálculo da taxa de gravidade.
Exemplo
Uma determinada indústria tem uma média de 1.000 empregados. Foram levanta-
dos, para os meses de janeiro e fevereiro, o número de acidentes, os dias perdidos
e debitados. Então, calcule as taxas de frequência e gravidade, considerando os
dados dos meses de janeiro, fevereiro e o valor atualizado, conforme os itens forne-
cidos no quadro 2.
60* – Dias transportados do mês de janeiro, ou seja, são dias perdidos em fevereiro resultado
de um acidente com início no mês de janeiro.
15
Para o mês de janeiro:
F A= (N×1.000.000) ÷ H
F A= (20×1.000.000) ÷ 600.000
F A = 33,33
É importante lembrar que a taxa de gravidade deve ter o resultado expresso em nú-
meros inteiros (exemplo anterior 516,7 para 517). Por outro lado, a taxa de frequência
deve ser apresentada com duas casas decimais.
F A = (N×1.000.000) ÷ HHT
F A = (25×1.000.000) ÷ 800.000
F A = 31,25
G=517
16
16
Descrição ALT: G é igual a 517.
G=[(350+60+800)X 1.000.000]÷800.000 600.000
Descrição ALT: G igual, abre colchetes, abre parênteses, 350 mais 60 mais 800 fecha
parênteses, vezes 1.000.000 fecha colchetes, dividido por 800.000.
Para determinação do TFa, deve-se utilizar a soma do número de acidentes com afas-
tamento dos respectivos meses, o que resulta no total de 45 acidentes (20 acidentes no
mês de janeiro mais 25 acidentes no mês de fevereiro). Bem como, a soma das horas/
homens trabalhadas, as quais correspondem a 1.400.000 (600.000 horas/homens mês
de janeiro mais 800.000 horas/homens mês de fevereiro).
Para o cálculo da TGa, utiliza-se a soma dos dias perdidos, transportados e debitados
(310+350+60+800 = 1.520) dos meses e horas/homens trabalhadas.
Assim, por meio desse comparativo, as empresas verificam a eficácia de seu sistema
de gestão em saúde e segurança do trabalho.
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Avaliação de acidentes de trabalho
Nessa parte do material, vamos estudar como calcular alguns indicadores reativos
que estão baseados no número de acidentes. Os indicadores taxa de frequência e
taxa de gravidade de acidentes também serão calculados, para isso, alguns exem-
plos já detalham as horas homens trabalhadas. Nesses cálculos serão considerados
jornadas de 8h ou de 7,33horas diárias.
Exemplo
Uma empresa é composta somente por dois setores: administrativo e manuten-
ção. Sendo que, o setor administrativo tem uma jornada de 8 horas por dia de
trabalho, e a manutenção tem 7,33 horas, por dia de trabalho. Então, calcule e
preencha os quadros III, IV, V e VI da NR-04, com base nos seguintes dados:
Setor administrativo
18
Setor de manutenção
Total do estabelecimento
19
Com os dados anteriores, é preenchido o quadro a seguir.
Administrativo 10 2 2 6
(15)
22
Manutenção (150)O quadro apresenta 2
os registros 6 14
dos acidentes com vítima dentro
de uma empresa, considerando os
Total do setores em que os eventos acon-
estabelecimento 32 4 8 20
(165)
66,67 60 315,66 0 15
20
Coluna 1: setor
O preenchimento correto é:
Administrativo = 15
Manutenção = 150
Total do estabelecimento = 165
O preenchimento correto é:
Administrativo = 10
Manutenção = 22
Total do estabelecimento = 32
O preenchimento correto é:
Administrativo = 2
Manutenção = 2
Total do estabelecimento = 4
O preenchimento correto é:
Administrativo = 2
Manutenção = 6
Total do estabelecimento = 8
21
Coluna 5: número absoluto sem afastamento
O preenchimento correto é:
Administrativo = 6
Manutenção = 14
Total do estabelecimento = 20
Dados:
IR ⁄ TE = [(N° absoluto de acidentes ÷ N°empregados) × 100]
Administrativo:
IR/TE = 66,67
Manutenção:
O índice relativo/total
I R barra T E igual, abre colchetes, abre parênteses,
número absoluto de acidentes dividido pelo número
de empregados fecha parênteses, vezes 100, fecha
Administrativo:
estabelecimento, incluindo
I R barra T E igual, abre colchetes, abre parênteses,
10 dividido por 15 fecha parênteses, vezes 100,
IR/TE = 19,40
é a soma dos índices
Manutenção:
I R barra T E igual, abre colchetes, abre parênteses,
22
Coluna 7: dias/homens perdidos (D/HP)
Na sétima coluna, efetua-se o cálculo dos dias/homens perdidos para cada um dos
setores, e, no final, para todo o estabelecimento. Para isso, é necessário dividir o total
Administrativo:
de horas efetivamente D Hnão trabalhadas
P igual, dos empregados
abre chaves, acidentados
abre colchetes, pela jornada
abre parênte-
normal diária de trabalho da empresa. Alternativamente, podem-se contar
ses 2 vezes 13, fecha parênteses, mais, abre parêntesesos dias de
afastamento do trabalhador,
2 vezes 17caso sejaparênteses,
fecha mais conveniente.
fecha colchetes, vezes 8
fecha chaves, dividido por 8.
Dados:
D H P é igual a sessenta.
DHP=Total de horas não trabalhadas pelos empregados acidentados ÷ N° de
horas de jornada normalManutenção:
de trabalho
D H P igual, abre chaves, abre colchetes, abre parênte-
ses 2 vezes 10, fecha parênteses, mais, abre parênteses
2 vezes 18 fecha parênteses, mais, abre parênteses 2 ve-
zes 44, fecha parênteses, mais, abre parênteses 2 vezes
Administrativo:
60 fecha parênteses, fecha colchetes, vezes 7,33 fecha
chaves, dividido por 7,33.
DHP = {[(2×13)+(2×17)] × 8} ÷ 8
D H P é igual a 264.
D/HP=60 Dados:
F A igual, abre parênteses N
vezes 1.000.000 fecha parên-
teses, dividido por HHT.
Manutenção:
F A igual, abre parênteses 10
vezes×1.000.000
DHP = {[(2×10) + (2×18) + (2×44) + (2×60)] fecha parên-
7,33} ÷ 7,33
teses, dividido por 31.680.
DHP = 264
F A igual 315,66.
Nesta coluna deve ser efetuado o cálculo da taxa de frequência, o qual corresponde
ao número de acidentes (ou número absoluto do quadro) por milhão de horas-ho-
mem trabalhadas.
Dados:
F = (N×1.000.000) ÷ HHT
A
Administrativo:
F = (10×1.000.000)÷31680
A
F_A=315,66
23
Manutenção:
Manutenção:
A taxa de frequência
fecha parên-do
F A igual, abre parênteses 22
F A = (22×1.000.000) ÷ 329850 vezes 1.000.000
ambos
F A igualos setores, não
66,69.
Total do estabelecimento: é aTotal
soma das taxas de
do estabelecimento:
frequência deparênteses
F A igual, abre cada setor.
32
F A = (32×1.000.000) ÷ 361530 vezes 1.000.000 fecha parên-
teses, dividido por 361.530.
FA = 88,51 F A igual 88,51.
Coluna 9: óbitos
O preenchimento correto é:
Administrativo = 0
Manutenção = 0
Total do estabelecimento = 0
Sendo:
Embora algumas dessas relações sejam possíveis, o termo “pode” não dá certeza
absoluta dessa conclusão. Isso ocorre porque os parâmetros de índice relativo/total
de empregados e índice de avaliação de gravidade não são padronizados com rela-
ção a algo, diferentemente do que ocorre com as taxas de frequência e gravidade de
acidentes.
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As taxas são padronizadas para 1 milhão de horas-homem trabalhadas, e, por isso,
o resultado final pode ser comparado ano a ano independentemente do número de
funcionários, da jornada diária e do perfil dos acidentes.
Muitas vezes, esses dois parâmetros são utilizados para analisar tendências na área
de segurança. Porém, um ponto deve estar claro: embora o cálculo de ambos seja
muito semelhante, eles trabalham com dois focos diferentes: um deles foca no nú-
mero de acidentes; e o outro, na gravidade associada aos acidentes. Assim, não é
esperada uma relação direta entre as taxas.
Por exemplo, uma empresa com muitos acidentes tem uma taxa de frequência eleva-
da, mas somente terá uma taxa de gravidade alta se nesses mesmos acidentes existi-
rem incapacidades temporárias e/ou permanentes associadas.
Imagine uma empresa com um único acidente no ano, o qual resultou no óbito do
trabalhador imediatamente ao acidente. A taxa de frequência, no caso, seria baixa,
mas a taxa de gravidade seria elevada, e o índice de avaliação de gravidade que
calcula a média de acidentes para cada acidente com afastamento seria igual a zero.
O ideal é que, após preencher o quadro, o responsável realize uma análise crítica dos
dados. As taxas podem ser úteis para realizar comparações quando há diferenças
no número de acidentes e no número de empregados ao longo dos períodos com-
parados.
Observações sobre HHT e DHP
Como já discutido os dados das horas homens trabalhadas (HHT) podem ser oriun-
dos da área de recursos humanos da empresa ou serem estimados com base no que
determina a NBR 14280. Quando há acidentes e estes resultam em afastamentos
dos trabalhadores há a necessidade de recalcular essas horas homens trabalhadas,
excluindo-se o período do afastamento, nesse caso a área de recursos humanos
pode fornecer também esses dados. Embora seja esperado que os dados das HHTs
sejam conhecidos, em alguns casos, pode ser necessário realizar o ajuste das HHTs
no caso de afastamentos. Para ilustrar esse caso, veja o exemplo a seguir:
Exemplo
Suponha que determinado setor da empresa operou 19 dias no mês de março, de
segunda a sexta-feira e que possui um total de 10 trabalhadores, todos com uma
jornada diária de 8h/dia.
25
Aqui, devemos considerar que ele trabalhou na segunda-feira todo o dia e esteve
ausente na terça e na quarta, retornando apenas na quinta-feira. Nesse caso, ele dei-
xou de trabalhar por dois dias, ou seja, deixou de estar exposto por 16 horas (duas
jornadas de 8h/dia). Se terça ou quarta não forem feriados, então, a nova HHT pode
ser calculado como:
HHT = 10 × 19 × 8 − 16 = 1504 horas
HHT é a 10 vezes 19 vezes 8, que é igual a 1520 horas menos 16 horas que é igual a 1504 horas.
c) E se o acidente relatado no item ‘b’ tivesse ocorrido na manhã de sexta-feira, por exemplo,
uma hora após seu expediente iniciar, e o funcionário tivesse retornado na quarta-feira. Qual
seria o novo valor de HHT?
Nesse caso, devemos considerar então que ele não trabalhou por 7 horas na sexta-
-feira e por dois dias, segunda e terça-feira, assumindo que estes dias não fossem
feriados, ele deixou de trabalhar 7 horas (sexta-feira) e 16 horas (segunda e terça-fei-
ra), totalizando 23 horas. O novo valor de HHT é:
26
Agora, apresentamos o preenchimento de um quadro relacionado a doenças ocupa-
cionais, conforme figura 5.
27
Coluna 1: tipo de doença
Na terceira coluna, deve ser inserido o setor em que houve a ocorrência da doença,
bem como, no verso do quadro é preciso codificar o número e os nomes dos portado-
res por setor.
28
Coluna 5: número de óbitos
Na sexta coluna, deve-se ser preenchido o número de trabalhadores que por motivo de
saúde ou medida preventiva foram transferidos para outros setores. No caso do exem-
plo, não aconteceu transferências.
29
Agora, que tal exercitar as etapas de cálculo
envolvidas no quadro acidente com vítimas?
Tente resolver o exercício proposto a seguir!
Para fixar as etapas de cálculos que envolvem o quadro III da
NR-4, incluindo a taxa de gravidade de acidentes, considere uma
empresa do ramo alimentício que é composta por apenas três
setores: administração, produção e expedição. Com base nos
dados a seguir, preencha o quadro proposto.
Setor administrativo
• Número de empregados: 20
• Jornada diária: 8 horas.
• Dias trabalhados no ano: 240.
• Número de acidentes: 1.
Setor de produção
• Número de empregados: 100
• Jornada diária: 8 horas.
• Dias trabalhados no ano: 240.
• Número de acidentes: 3.
Setor de expedição
• Número de empregados: 10
• Jornada diária: 8 horas.
• Dias trabalhados no ano: 200.
• Número de acidentes: 2.
Acidentes
Índice de
N.º absoluto N.º absoluto N.º absoluto Índice relativo Dias-ho-
N.º Taxa de Taxa de avaliação
Setor com afastamen- com afasta- sem afasta- total de empre- mem perdi- Óbito
absoluto frequência gravidade da gravi-
to ≤ 15 dias mento > 15 dias mento gados dos
dade
Administra-
tivo
Produção
Expedição
Total do estabelecimento
30
Observe agora as respostas:
Acidentes
N.º absoluto
N.º absoluto N.º absoluto Índice relativo Dias- Índice de
N.º abso- com afasta- Taxa de Taxa de
Setor com afastamen- sem afasta- total de empre- homem Óbito avaliação da
luto mento > 15 frequência gravidade
to ≤ 15 dias mento gados perdidos gravidade
dias
Total do esta-
6 1 3 2 4,62 86 24,35 2622 0 21,50
belecimento
Cálculo de HHT
H H T é igual a jornada diária de trabalho vezes dias trabalha-
HHT=jornada diária de trabalho x dias trabalhados x número de
dos vezes número de trabalhadores.
trabalhadores
31
Cálculo do índice relativo do total de empregados
I R barra T E é igual a abre parênteses
IR⁄TE=(N.º absoluto de acidentes÷N.º de empregados)X100
número absoluto de acidentes dividido pelo
número de empregados fecha parênteses,
Para o setor administrativo:
vezes 100.
IR⁄TE=(1÷20)X100=5,00 I R barra T E é igual a abre parênteses 1 dividido por 20
32
32
Tempo computado
O tempo computado é a soma dos dias-homem perdidos mais os dias debitados para todos os
acidentes. Nos setores administrativo e de expedição, os tempos computados são os próprios
dias perdidos, ou seja, 0 e 20, respectivamente.
Já no setor de produção, o acidente 3 teve dias debitados (devido à lesão permanente) que supe-
G=(626 GXé1.000.000)÷192.00=3.260,41
igual a abre parênteses 626 vezes 1 milhão fecha parênte-
O valor ses dividido por
arredondado 192a mil,
para taxaigual a 3.260,41.
de gravidade é 3.260.
I A G é igual
IAG=DHP÷(N.º de acidentes (com alesão)⁄(com
D H P dividido por abre parênteses
afasta-
número de acidentes com lesão e com afastamento
Para o setor administrativo: o índice de avaliação de gravidade
fecha parênteses.