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• A meta, um valor pretendido em relação ao padrão, coincidindo ou não com este, é o objetivo
a ser alcançado em tempo definido;
Seletividade: o indicador deve traduzir de fato os aspectos, resultados essenciais ou críticos, sob
o ponto de vista da dimensão do processo que se quer avaliar do desempenho.
Estabilidade: indicadores que podem ser comparados temporalmente, cuja geração seja feita de
forma rotineira e incorporada à atividade da área geradora.
Rastreabilidade: o conjunto de indicadores deve permitir a pesquisa dos fatores que afetam as
características que se quer avaliar, desde o maior até o menor nível de controle definidos.
Indicadores de Segurança
Indicador de Frequência
As horas-homem são calculadas pelo somatório das horas de trabalho de cada empregado em
um determinado período de tempo e devem ser extraídas das folhas de pagamento ou quaisquer
outros registros de ponto, considerando apenas as horas efetivamente trabalhadas, incluindo as
horas extraordinárias.
Segundo esta norma técnica, quando não se puder determinar o total real de horas trabalhadas
elas devem ser estimadas multiplicando-se o total de dias de trabalho pela média do número de
horas trabalhadas por dia. Na impossibilidade absoluta de se conseguir o total, na forma
anteriormente citada, e na necessidade de obter-se índice anual comparável, que reflita a situação
do risco da empresa, arbitra-se em 2000 horas-homem anuais a exposição às condições
perigosas para cada empregado.
As horas pagas não realmente trabalhadas, sejam reais ou estimadas, tais como as relativas a
férias, licenças para tratamento de saúde, feriados, dias de folga, gala, luto, convocações oficiais,
não devem ser incluídas no total de horas trabalhadas, isto é, não são consideradas como horas
de exposição. Só devem ser computadas as horas durante as quais o empregado estiver
realmente a serviço do empregador. No caso de dirigente, viajante ou qualquer outro empregado
sujeito a horário de trabalho não definido, deve ser considerada, no cômputo das horas de
exposição, a média diária de oito horas para fins de cálculo das horas de exposição. No caso de
mão de obra subcontratada, de empresas prestadoras de serviços, as horas de exposição
pertinentes devem também ser consideradas.
O cálculo da taxa de frequência deve ser realizado por períodos mensais e anuais, podendo-se
usar outros períodos, quando houver conveniência. Neste caso, o número de pessoas acidentadas
deve ser registrado com data da ocorrência dos acidentes para efeito do cálculo. O mais comum
é as empresas calcularem suas taxas de frequência global considerando os incidentes totais e
desdobrados de acordo com a classificação de incidentes adotados pela empresa. Um
exemplo do cálculo deste indicador é mostrado na figura 1.
Este indicador é interpretado como o número de eventos ocorridos para cada milhão de horas-
homem de exposição. Usando os valores da figura 1, pode-se afirmar que a empresa A é a mais
segura dentre as três, pois não apresentou naquele ano nenhum óbito, a taxa de incidentes com
afastamento (1,96) e a taxa global de incidentes (11,67) são as de menor valor.
É prática comum entre as empresas segregar as taxas de óbitos ou fatalidades dos incidentes
com afastamento, expressando esta, em separado e considerando os eventos com afastamento,
aqueles que provocaram a ausência do empregado ao trabalho de maneira temporária. Como a
base de cálculo é a mesma para todas as classes de incidentes, é possível somar estas taxas.
Deste modo, a taxa de incidentes sem afastamento é a soma das taxas dos eventos considerados
que não exigiram a ausência do empregado ao trabalho: incidentes com restrição ao trabalho,
incidentes com tratamento médico e aqueles classificados como de primeiros socorros.
Algumas empresas adotam a prática e incentivam o relato dos incidentes que não geraram lesão,
comumente denominados de quase acidentes ou incidentes sem lesão. Nestes casos, é possível
também calcular a taxa de frequência para estes eventos e utilizá-la como um indicador de
desempenho da segurança.
É muito comum as empresas buscarem referenciais de desempenho externo, para definir suas
metas e alavancar a melhoria da segurança. Para isso selecionam a melhor taxa de frequência
obtida por outra empresa como alvo a ser perseguido. Ao fazer isso, é importante conhecer
também os critérios definidos para a classificação dos incidentes, pois eles podem ser diferentes,
além do referencial adotado para o cálculo da taxa propriamente dito.
Indicador de Gravidade
1. as taxas devem incluir todos os acidentados vítimas de lesões com afastamento do período
considerado (mês, ano). Para isso, os trabalhos de apuração devem ser encerrados, quando
necessário, após decorridos 45 dias do fim desse período;
4. as revisões das medidas de avaliação, quando necessárias, devem incluir todos os casos
ocorridos dentro do período considerado, conhecidos na data da revisão, devendo o tempo
computado ser ajustado conforme a incapacidade (real ou estimada, se a definitiva ainda não
for conhecida).
Figura 2 – Seleção de dias a debitar em função da extensão da lesão – Fonte: NBR 14280
Semelhantemente ao cálculo da taxa de frequência, a taxa de gravidade deve ser calculada
por períodos mensais e anuais, podendo-se usar outros períodos quando houver conveniência.
Igualmente, o acidente de trajeto deve ser tratado à parte, não sendo incluído no cálculo usual das
taxas de gravidade e nem de frequência. O tempo perdido, correspondente às lesões causadas
nas pessoas acidentadas, deve ser registrado com a data da ocorrência dos incidentes. Os casos
de lesões mediatas (doenças do trabalho), que não possam ser atribuídas a um acidente de data
perfeitamente fixável, devem ser registrados com as datas em que as lesões forem
comunicadas pela primeira vez.
Ainda segundo esta norma técnica, não devem ser consideradas como causadoras de
incapacidade permanente parcial, mas de incapacidade temporária total ou inexistência de
incapacidade (caso de lesões sem afastamento) e portanto, não há dias a debitar, mas sim
computar os dias efetivamente perdidos, decorrentes das seguintes lesões:
2. perda de unha;
4. perda de dente;
5. desfiguramento;
6. fratura, distensão, torção que não tenha por resultado limitação permanente de movimento
ou função normal da parte atingida.
Embora a taxa de frequência seja desdobrada por processos em várias empresas, o mesmo quase
nunca ocorre com a taxa de gravidade, a qual, muitas vezes, nem é utilizada como indicador de
segurança e calculada apenas para efeito de informação ao Ministério do Trabalho e em
cumprimento a requisito legal. Um exemplo do cálculo deste indicador, utilizando os dados da
figura 1 é mostrado na figura 3.
Figura 3 – Exemplo de cálculo da taxa de gravidade
Este indicador é interpretado como a perda expressa em dias, ocorrida para cada milhão de horas-
homem expostos. Usando os valores da figura 3.3, pode-se afirmar que a empresa A é a que
apresenta a menor perda em dias e, portanto, aquela na qual os incidentes foram na sua totalidade
menos graves (55 dias perdidos a cada milhão de horas-homem de exposição). Observa-se na
figura 3 que foram debitados 6.000 dias no ano, decorrentes da ocorrência de uma fatalidade,
utilizando a tabela da figura 2.
De maneira similar pode-se utilizar este indicador estratificado por classe de incidente ou mesmo
de maneira global, sem nenhum incidente. Uma variação deste indicador é a inversão do cálculo.
Ao invés de expressar o número de unidades produzidas sem a ocorrência de incidentes, adota-
se expressar o número de incidentes por cada conjunto de unidades produzidas. Por exemplo, em
mineração, pode-se utilizar o indicador definido como “o número de eventos por milhão de
toneladas produzidas” ou a quantidade de produção conseguida sem a ocorrência de incidentes.
Indicador de Severidade
Dentre os indicadores de uso corrente, apenas a taxa de gravidade expressa a severidade das
ocorrências de incidentes e, mesmo assim, só pode ser calculada para incidentes que geraram
perda de tempo ou afastamento do trabalho e para aqueles dos quais resultaram incapacitação
permanente para o trabalho, uma vez que a expressão de cálculo requer o número de dias
perdidos e debitados como expressão das perdas geradas pelos incidentes.
Deste modo, a gravidade dos incidentes que não geram perda de tempo ou afastamento do
trabalho não é conhecida. Embora a consequência do incidente seja uma variável qualitativa, é
possível transformá-la num indicador, atribuindo valores a cada uma das classes de
consequência, como exemplificado na figura 4, e construir um indicador de gravidade, incluindo
os eventos que não geraram perda de tempo.
Figura 4 – Exemplo de valoração de uma variável qualitativa
Com base neste artifício é possível construir um indicador para avaliar a severidade potencial dos
incidentes, uma vez que nem sempre a consequência real representa o potencial de perda
da ocorrência. Este indicador pode ser calculado mensalmente e anualmente ou a intervalos
julgados pertinentes a partir da avaliação do potencial de consequência dos incidentes relatados.
Este indicador pode ser construído para expressar a severidade potencial do incidente de qualquer
classe, bastando para isto avaliar e registrar, para cada evento, o número que representa a sua
consequência potencial. Muito frequentemente, um determinado incidente nem resulta numa
lesão, mas poderia ter resultado em fatalidade. Neste caso, a consequência real é baixa
(severidade 1 no exemplo da figura 4) porém, a consequência potencial é altíssima (potencial de
severidade 9 no exemplo da figura 4). Daí a importância de se definir um indicador para medir as
consequências potenciais dos incidentes que não geram perda de tempo ou afastamento do
trabalho.
O cálculo desse indicador é simples, bastando para isso que o número de incidentes esteja
apropriado nas suas respectivas classes de severidade potencial. O cálculo é feito,
calculando a média ponderada dos incidentes registrados, utilizando como ponderador o valor
atribuído à severidade potencial (vide exemplo da figura 4). Um exemplo do cálculo deste indicador
é mostrado na figura 5 na qual os ponderadores adotados são aqueles definidos na figura 4.
Figura 5 – Exemplo de cálculo do indicador de severidade
Observando a figura 6 constatamos que a taxa de frequência dos incidentes sem perda de tempo
é decrescente. Isto pode gerar uma sensação de conforto e crença de que estamos no caminho
certo e o que está sendo feito está produzindo os efeitos de melhoria esperados.
No entanto, quando analisamos o potencial de severidade mês a mês verificamos que ele é
crescente, ou seja, embora a taxa de frequência esteja diminuindo a severidade potencial dos
incidentes registrados, mesmo não tendo gerado afastamento do trabalho ou perda de tempo, está
aumentando.
Seguindo esta tendência, pode-se inferir que a ocorrência de um evento com consequências mais
sérias ou mesmo uma fatalidade é apenas uma questão de tempo.
Outros Indicadores
Deste modo, eles são úteis para medir e avaliar os fatores associados à mão de obra, à máquina,
ao meio ambiente, ao método, à matéria-prima, à medida e ao gerenciamento. No jargão da
qualidade, estes indicadores são conhecidos como itens de verificação, por serem os elementos
que podem contribuir para a ocorrência ou não de um incidente (fatores de causa), enquanto
aqueles associados diretamente com os incidentes são classificados como itens de controle por
representarem um efeito do processo que é o incidente propriamente dito. Sabidamente, no
gerenciamento, não basta medir e monitorar os efeitos.
É preciso também medir e monitorar os fatores de causa, completando assim o ciclo causa-efeito,
em termos de indicadores de gestão da segurança. Exemplos de indicadores desta natureza:
• Indicador de participação: Uma prática comum por parte das empresas é o incentivo à
participação dos empregados em ações e em discussões sobre o tema segurança e para isso
adotam algum tipo de indicador para medir esta participação. Um dos indicadores utilizados é o
número de relato de ocorrências por empregado, sejam elas ocorrências de incidentes sem lesão
ou os quase acidentes ou mesmo o relato de condições perigosas, requisitos fora do padrão do
ambiente e, portanto, condição insegura no trabalho, tais como um piso escorregadio, uma escada
sem corrimão, uma máquina com partes móveis sem proteção das mesmas, etc.
É sabido que a ausência de incidentes não é sinônimo de Segurança. Isto significa que o uso
da taxa de frequência, hoje largamente utilizada como indicador de desempenho em segurança
do trabalho, não reflete o desempenho em segurança totalmente. Há de se pensar em utilizar um
indicador proativo que complemente os indicadores de segurança do trabalho. Indicador proativo
em Segurança do Trabalho é necessariamente um indicador de risco.