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Capítulo 3
INSPEÇÕES DE SEGURANÇA
A inspeção de segurança é uma vistoria feita no local de trabalho para verificar aspectos
relacionados à segurança e higiene. Seus objetivos incluem avaliar se os procedimentos de
segurança são seguidos, identificar atos e condições inseguras que possam causar danos, além
de descobrir riscos comuns, como falta de proteção em máquinas, uso inadequado de
equipamentos e organização inadequada. Participar dessas inspeções promove confiança na
administração e colaboração de todos para prevenir acidentes, fazendo com que os
colaboradores se sintam parte da empresa e responsáveis por sua segurança.
RELATÓRIOS DE INSPEÇÃO
Os relatórios de inspeção em segurança do trabalho são documentos essenciais que registram
observações, descobertas e recomendações resultantes de inspeções de segurança. Eles são
cruciais para documentar condições encontradas, identificar riscos e propor medidas corretivas,
promovendo transparência, comunicação eficaz e prestação de contas dentro da organização.
Além disso, os relatórios servem como evidência em investigações de acidentes e são
fundamentais para garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável.
EXECUÇÃO DA INSPEÇÃO
A execução da inspeção de segurança é dividida em três fases: preparação, inspeção no local e
conclusão. Na preparação, o inspetor reúne informações e elabora um roteiro. Durante a
inspeção, são coletadas evidências e comunica-se possíveis irregularidades aos responsáveis,
registrando todas as observações. Na conclusão, é elaborado o relatório de inspeção e
encaminhado ao responsável pela área, que deve elaborar um Plano de Ações Corretivas
(PAC). O profissional de segurança acompanha a implementação das medidas preventivas,
crucial para o sucesso da inspeção. A consolidação do processo ocorre com a confirmação da
conclusão das Ações Corretivas.
PLANEJAMENTO
O planejamento das inspeções de segurança é elaborado por meio de um plano de ação, pois
não há padrões estabelecidos pelas NRs para esse fim. Esse plano organiza as informações da
inspeção e inclui: o objetivo da inspeção, o que será inspecionado, por que será inspecionado,
como será inspecionado, onde será a inspeção, quem fará a inspeção e quando será realizada.
Essas informações são levantadas em um formulário e servem para orientar a execução da
inspeção de forma eficiente e organizada.
DESVIOS E ERROS
A inspeção de segurança visa detectar não conformidades, como desvios e erros, em aspectos
como instalação, máquinas, comportamento, entre outros. Essas não conformidades são
corrigidas por meio de ações corretivas e medidas de controle de riscos. A falha humana, que
inclui falta de atenção e violações intencionais de procedimentos, é um aspecto relevante a ser
considerado. Treinamentos e melhoria na comunicação são formas de corrigir erros, enquanto
uma mudança de atitude e fortalecimento da cultura de segurança são necessários para lidar
com violações. É importante registrar tanto o planejamento quanto os erros para garantir a
melhoria contínua da segurança no trabalho.
REGISTRO
As inspeções devem resultar em medidas de controle e correção das não conformidades
detectadas. Além do checklist de inspeção, é essencial elaborar um relatório que será enviado
ao responsável pela área inspecionada, que deve elaborar um plano de ações corretivas. Cópias
do relatório devem ser enviadas à CIPA e ao SESMT. O registro das inspeções formaliza o
processo, identifica as não conformidades e estabelece o compromisso de planejar e executar
ações corretivas. O relatório das inspeções torna público os resultados, permitindo que decisões
sobre segurança no trabalho sejam tomadas de forma eficaz.
Capítulo 4
Os estudos de análises de riscos têm ganhado importância como ferramenta para avaliar o risco
inerente às atividades industriais. Perigo é uma fonte com potencial para causar danos,
enquanto risco é a combinação da probabilidade de ocorrência e das consequências de um
evento perigoso. Desvios são considerados situações ilegais. As empresas estão passando a
considerar a segurança do trabalho como parte importante do negócio, agregando valor ao
produto ou serviço. Mattos et al. (2011) sugerem dez obrigações de gestão para prevenir
acidentes e aprimorar o sistema de gestão de segurança da organização, incluindo medir o
progresso por taxas de incidentes, utilizar técnicas estatísticas para melhoria contínua e
formalizar a participação dos trabalhadores na resolução de problemas.
DESVIO
Desvio é qualquer ação ou condição em não conformidade com procedimentos, normas e
requisitos legais que possa causar danos às pessoas, patrimônio ou meio ambiente. Isso inclui
descumprimento consciente das normas de segurança, como remover dispositivos de segurança
ou não usar EPIs exigidos. Condições do ambiente de trabalho que podem causar acidentes,
como piso sujo com óleo lubrificante, também são consideradas desvios. Eles são geralmente
identificados qualitativamente por meio de inspeções no local de trabalho.
RISCO
Risco, segundo Cardella (2009), é o dano ou perda esperados ao longo do tempo, sendo uma
variável aleatória associada a eventos, sistemas, instalações, processos e atividades. A OHSAS
18001 (2007) define risco como a combinação da probabilidade de ocorrência de um evento
perigoso ou exposição e da severidade das lesões, ferimentos ou danos para a saúde causados
por esse evento ou exposição.
PERIGO
Perigo, segundo a OHSAS 18001 (2007), é fonte, situação ou ato com potencial para causar
lesões, ferimentos ou danos à saúde. É a exposição ao risco, ou seja, situações que podem
resultar em danos, lesões ou mortes. Mattos et al. (2011) definem perigo como o potencial
inerente para causar lesão ou dano à saúde das pessoas, ressaltando a dificuldade de distinção
entre perigo e risco, pois são quase sinônimos. Exemplos incluem queda de andaimes,
vazamento de produtos químicos e níveis de ruído acima dos padrões. Risco é uma
classificação do perigo como grandeza, podendo ser quantitativo ou qualitativo.
ANÁLISE QUALITATIVA
A avaliação qualitativa na análise de riscos é subjetiva, dependendo das percepções do
avaliador. Ela envolve técnicas como inspeção visual, entrevistas e uso de palavras específicas
para mensurar a intensidade das consequências e probabilidades dos riscos. Essa análise é
utilizada nas fases iniciais dos processos, em situações de alto nível de criticidade ou quando
não há dados numéricos disponíveis para uma análise quantitativa. Escalas qualitativas de
probabilidades e consequências são utilizadas para atender às necessidades da organização.
ANÁLISE QUANTITATIVA
A análise quantitativa de riscos utiliza valores numéricos para representar consequências e
probabilidades, provenientes de fontes como registros anteriores, modelos de engenharia e
opinião de especialistas. Seu objetivo é mensurar o risco, utilizando instrumentos específicos e
dados estatísticos, como média, mediana e moda, além de ferramentas matemáticas e
estatísticas. As etapas incluem análise qualitativa inicial, formação de banco de dados
abrangente, definição e monitoramento de indicadores de perdas operacionais, e
desenvolvimento de métodos para calcular reservas de dinheiro e medidas de retorno ajustadas
ao risco. A análise quantitativa complementa a análise qualitativa, priorizando riscos e orientando
a elaboração de planos de resposta aos riscos.
FERRAMENTAS
As ferramentas de análise oferecem uma abordagem sistemática para identificar riscos e
perigos, e para determinar medidas de controle preventivas em cada etapa de uma tarefa,
visando garantir a segurança durante sua execução.
HAZOP
O estudo de operabilidade e riscos, conduzido através da técnica HAZOP (Estudo de Perigos e
Operabilidade), permite uma análise minuciosa das variáveis de um processo industrial,
identificando potenciais falhas nos equipamentos e desvios das condições normais de operação.
A metodologia HAZOP é guiada pela aplicação de palavras-guia a cada variável do processo,
gerando desvios dos padrões operacionais, os quais são analisados em relação às suas causas
e consequências.
A técnica visa investigar detalhadamente cada segmento de um processo, identificando desvios
das condições normais de operação, suas causas e consequências, e propondo medidas para
eliminá-los ou controlá-los.
O HAZOP é aplicado principalmente em projetos de novas unidades industriais e em
modificações ou ampliações de unidades já existentes, visando identificar riscos e problemas
operacionais que possam levar a danos materiais ou humanos.
Para a execução do HAZOP, é essencial dispor de informações atualizadas sobre o processo, a
instrumentação e a operação da instalação, como fluxogramas de engenharia, fluxogramas de
processo, memorial descritivo do projeto, entre outros documentos.
ARRANJO FÍSICO
O arranjo físico é um estudo que visa otimizar a combinação de recursos em uma instalação
para garantir a eficiência e a economia na produção. Seus objetivos incluem a redução de
custos, aumento da produtividade, melhor utilização do espaço disponível, redução da
movimentação de materiais e pessoal, fluxo racional de produção, melhoria das condições de
trabalho e prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Um arranjo físico deve ser flexível
para se adaptar a mudanças na quantidade de matéria-prima, equipamentos e mão de obra,
bem como em processos ou produtos. Aspectos como integração adequada de máquinas,
materiais e pessoal, distância mínima entre operações, segurança ambiental e flexibilidade para
futuras mudanças devem ser considerados. Um arranjo físico inadequado pode resultar em
condições inseguras, riscos físicos (como ruído e calor) e ergonômicos (como má postura).
Exemplos de riscos relacionados ao arranjo físico incluem falta de demarcação de áreas de
circulação, presença de obstáculos, falta de definição de locais para armazenagem,
inadequação dos espaços ao redor das máquinas, pisos sujos e desorganização de ferramentas.
ESPAÇO CONFINADO
Um espaço confinado, de acordo com a NR 33, é um ambiente não projetado para ocupação
humana contínua, com meios limitados de entrada e saída e ventilação insuficiente para remover
contaminantes ou manter níveis seguros de oxigênio. Esse ambiente apresenta diversos riscos,
incluindo deficiência de oxigênio, exposição a agentes físicos e químicos, risco de explosão e
incêndio, perigos elétricos e mecânicos. A concentração insuficiente de oxigênio representa um
perigo imediato, enquanto a exposição a agentes físicos e químicos ocorre durante atividades
como soldagem, pintura e limpeza. Explosões e incêndios podem ser desencadeados por
reações químicas exotérmicas em ambientes com combustíveis e oxigênio adequados. Serviços
que envolvem soldagem e oxicorte também apresentam riscos elétricos e mecânicos, e a
eletricidade estática pode servir como fonte de ignição.
ELÉTRICOS
O risco elétrico está relacionado ao perigo de choque elétrico, que pode causar uma série de
efeitos adversos no corpo humano. O choque elétrico é uma perturbação que ocorre quando o
organismo é percorrido por corrente elétrica, podendo resultar em morte, fibrilação do coração,
contrações musculares violentas e parada respiratória. A gravidade do choque depende de
vários fatores, como o percurso da corrente, intensidade, tempo de contato, tipo de corrente,
resistência do corpo humano e diferença de potencial. A intensidade da corrente é crucial, sendo
que correntes acima de 10 mA podem causar consequências graves, como fibrilação ventricular
e morte, especialmente se o contato persistir por mais de alguns segundos. Portanto, é
fundamental tomar medidas de segurança, como proteger tomadas de energia, principalmente
em residências com crianças.
INCÊNDIO E EXPLOSÃO
O risco de incêndio está presente em diversas atividades de trabalho e é causado pela
combustão, que requer quatro elementos: combustível, comburente, fonte de ignição e reação
em cadeia. A combustão continuará até que um desses elementos seja removido. Os principais
riscos relacionados a incêndios incluem queimaduras, intoxicação por gases gerados pela
combustão e asfixia devido à falta de oxigênio no ambiente. A explosão está frequentemente
associada a incêndios, podendo ser causada por calor gerado ou condições de armazenamento
inadequadas de produtos combustíveis ou perigosos.
TRABALHO EM ALTURA
A NR 35 define trabalho em altura como qualquer atividade realizada a mais de 2 metros do
nível inferior, com risco de queda. Exemplos incluem trabalhos em andaimes, escadas, postes e
plataformas. Antes de iniciar qualquer trabalho em altura, os riscos devem ser identificados e
medidas de controle devem ser implementadas. Além do risco de queda do trabalhador, há
também o risco de queda de materiais e ferramentas, assim como outros perigos específicos,
como choque elétrico e colisões. A NR 35 exige que o trabalho em altura seja planejado,
organizado e executado por trabalhadores capacitados e autorizados, priorizando medidas para
evitar o trabalho em altura sempre que possível, seguidas por medidas para eliminar ou
minimizar o risco de queda.
ANIMAIS PEÇONHENTOS
Os animais peçonhentos são aqueles que produzem substâncias tóxicas e as injetam em suas
presas para caça ou defesa. Esses animais, como cobras, aranhas e escorpiões, podem causar
acidentes tanto no meio rural quanto nas cidades, sendo responsáveis por diversos casos.
MEDIDAS PREVENTIVAS
A empresa é responsável por adotar e utilizar medidas de proteção coletivas e individuais para
garantir a segurança e saúde dos trabalhadores, além de fornecer informações detalhadas sobre
os riscos das operações e dos produtos manipulados. O descumprimento das normas de
segurança e higiene no trabalho pode resultar em multas e ações regressivas da previdência
social contra os responsáveis. A previdência social pode pagar benefícios decorrentes de
acidentes de trabalho, mas isso não exclui a responsabilidade civil da empresa ou de terceiros. É
fundamental promover a instrução e formação para prevenir acidentes de trabalho por meio de
estabelecimentos de ensino, sindicatos, associações e outros meios. Para evitar custos e
prejuízos, é essencial realizar um diagnóstico inicial, mapeamento dos processos, avaliação de
riscos, identificação de requisitos legais, definição de objetivos, implementação de programas de
gestão e tratamento de desvios e incidentes. Além disso, é crucial manter e utilizar os
equipamentos de segurança para evitar acidentes e consequências legais.
Capítulo 6
RISCOS BIOLÓGICOS
Os riscos biológicos incluem vírus, bactérias, parasitas, protozoários, fungos e bacilos, podendo
causar diversas doenças quando em contato com humanos. Muitas profissões, como
alimentação, saúde, limpeza pública, laboratórios e atividades agrícolas, apresentam exposição
a esses riscos. A classificação dos agentes biológicos varia de acordo com seu potencial
patogênico, sendo classificados em quatro níveis de risco, de baixo a alto. Reconhecer e
classificar os riscos biológicos é fundamental para prevenir doenças relacionadas a esses
agentes.
TIPOS DE RISCOS
Os riscos biológicos englobam uma variedade de microrganismos, incluindo vírus, bactérias,
parasitas, protozoários, fungos e bacilos, que podem causar doenças em humanos e animais.
Esses microrganismos podem ser encontrados em diferentes ambientes de trabalho, como
indústrias de alimentos, hospitais, laboratórios, agricultura e tratamento de água e esgoto. A
classificação dos agentes biológicos é baseada em seu potencial patogênico, sendo
classificados em quatro níveis de risco: classe de risco 1 (baixo risco), classe de risco 2
(moderado risco), classe de risco 3 (alto risco) e classe de risco 4 (risco máximo). Reconhecer e
classificar esses riscos é essencial para implementar medidas preventivas eficazes e proteger os
trabalhadores contra doenças relacionadas à exposição a agentes biológicos.
CONTROLE
O controle do risco biológico é realizado através de diversas medidas, incluindo o uso de
equipamentos de proteção individual, como luvas, máscaras e aventais, especialmente em
atividades com possibilidade de contato com agentes biológicos como sangue, secreções e
mucosas. Além disso, são recomendadas medidas de imunização, quimioprofilaxia e
acompanhamento sorológico dos trabalhadores. Em casos de exposição ao material biológico, é
importante lavar o local afetado com água e sabão ou solução fisiológica. Na área da saúde, as
precauções básicas devem ser seguidas em todos os pacientes, independentemente do
diagnóstico, incluindo o uso de EPIs e cuidados específicos na manipulação e descarte de
materiais contaminados. O controle de sanidade dos animais também é importante para prevenir
o contato com agentes biológicos. Em caso de acidente de trabalho, é necessário preencher a
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) dentro do prazo estabelecido.
MEDIDAS PREVENTIVAS:
Existem diversas medidas preventivas para evitar a exposição a riscos biológicos no ambiente
de trabalho, como substituir agentes nocivos por alternativas menos perigosas, reduzir o número
de trabalhadores expostos, estabelecer procedimentos de gestão de resíduos, usar sinalização
adequada, fornecer equipamentos de proteção, oferecer treinamento sobre os riscos, realizar
vigilância médica, promover campanhas de vacinação, manter a higiene, garantir o saneamento
básico, entre outras.
Essas medidas são essenciais para evitar a contaminação por riscos biológicos e cabe ao
Técnico de Segurança do Trabalho identificar os riscos e implementar essas medidas
preventivas.
Capítulo 7
ERGONOMIA
A Ergonomia, desde os tempos antigos, busca facilitar o trabalho humano, adaptando-o às
características físicas e psicológicas do ser humano para promover conforto, segurança e
produtividade. Derivada das palavras gregas para trabalho e leis, a Ergonomia é uma disciplina
científica que estuda e aplica regras e normas para organizar o trabalho de forma compatível
com o ser humano.
Essa disciplina abrange diversas áreas de atuação, indo além do setor industrial e englobando
também agricultura, serviços e tarefas cotidianas. A atuação da ergonomia pode ocorrer desde o
planejamento e concepção de produtos e equipamentos até a detecção e correção de riscos
ergonômicos em condições de trabalho existentes. Além disso, a conscientização dos
trabalhadores sobre posturas e condições inadequadas também é uma parte importante da
aplicação da Ergonomia.
Na prática, a Ergonomia se baseia em uma base científica que inclui disciplinas como anatomia,
antropometria, biomecânica, fisiologia, psicologia, sociologia, engenharia e arquitetura. Esses
conhecimentos são essenciais para adaptar o ambiente de trabalho às necessidades do ser
humano e promover um ambiente seguro, saudável e produtivo.
FISIOLOGIA DO TRABALHO
A fisiologia do trabalho estuda os ajustes fisiológicos às condições laborais, enfocando os órgãos
e sistemas envolvidos no esforço físico. O corpo humano, uma máquina de transformação de
energia, depende da ação muscular para o movimento, com os músculos respondendo a
estímulos, transmitindo excitação, contraindo e recuperando a forma. Cerca de 40% do corpo
masculino é composto por músculos esqueléticos, enquanto nas mulheres corresponde a 25-
30%. Compreender a fisiologia do trabalho é fundamental para estabelecer uma boa ergonomia
laboral.
DOENÇAS RELACIONADAS
Em 2007, foram registrados 514.135 acidentes de trabalho, sendo 393.954 com homens e
120.981 com mulheres, incluindo acidentes típicos, de trajeto e doenças ocupacionais. No Brasil,
a LER (hoje DORT) foi reconhecida como doença ocupacional na década de 1980. Embora o
termo LER tenha sido consagrado, o termo mais adequado atualmente é DORT, porém não
deve ser usado como diagnóstico médico. A DORT não é uma doença recente, mas uma
constatação antiga relacionada a várias atividades profissionais. Cerca de 30% dos casos são
claramente causados pelo trabalho, enquanto 40% têm correlações difíceis. O diagnóstico de
DORT é clínico-ocupacional e muitas vezes desafiador, sem grande utilidade de exames
complementares. O tratamento requer uma equipe multidisciplinar e melhorias ergonômicas nos
ambientes de trabalho. Todos os casos confirmados de DORT devem ser objeto de emissão de
CAT, com descrição da atividade e do posto de trabalho para fundamentar o nexo causal.
Diversas patologias, como tendinites e síndromes, têm nexo causal com atividades laborais,
muitas delas decorrentes de má postura.
ANÁLISE ERGONÔMICA
A análise ergonômica do posto de trabalho considera diversos aspectos, como postura, esforço
físico, erros e acidentes, visando melhorar as condições laborais e impactar positivamente na
saúde e produtividade. Um exemplo de roteiro para essa análise inclui avaliação da altura da
mesa e cadeira, posição do monitor, iluminação, organização do espaço e uso de ferramentas
adequadas. Este roteiro pode ser adaptado de acordo com as características específicas de
cada posto de trabalho.
INTERVENÇÃO ERGONÔMICA
Investir em programas de prevenção da DORT é crucial devido à relação entre produtividade e
bem-estar dos trabalhadores. Esses programas proporcionam melhorias nas condições dos
postos de trabalho, conforto ambiental, método de trabalho, organização do sistema de trabalho
e ergonomia de concepção. Regras básicas de ergonomia incluem prever espaços mínimos
compatíveis com as necessidades das pessoas, evitar grandes distâncias entre pessoas, reduzir
a movimentação, ajustar o posicionamento de acordo com a interdependência do trabalho,
organizar o fluxo de trabalho de forma contínua, considerar as dimensões do layout e cuidar para
evitar acidentes entre o corpo humano e máquinas. Estudar a posição do sol, manter áreas bem
demarcadas e posicionar os postos de trabalho próximos à luz natural são medidas importantes.
Esses cuidados ajudam a reduzir problemas relacionados à ergonomia e esforços repetitivos.
BIOMECÂNICA
A biomecânica estuda as interações entre o trabalho e o homem sob o ponto de vista dos
movimentos e das forças aplicadas. Ela analisa as posturas no trabalho e a aplicação de forças,
utilizando conceitos de engenharia e leis da física para descrever e analisar movimentos e forças
sobre o corpo humano durante a execução das atividades. A demanda muscular varia entre
trabalho estático e dinâmico, sendo o primeiro aquele que exige contração contínua de grupos
musculares para manter uma posição corporal, enquanto o segundo envolve a alternância entre
contração e descontração muscular. O alongamento muscular é essencial para prevenir
problemas causados por atividades repetitivas, pois ajuda a evitar encurtamentos musculares e
aumenta a absorção de edema. A postura adequada durante as atividades é fundamental para
garantir o conforto do trabalhador e prevenir lesões, sendo necessário realizar movimentos
rítmicos, suaves e curvos. O transporte de cargas também requer cuidados, como manter a
carga próxima ao corpo e evitar rotação da coluna. O trabalho fisicamente pesado geralmente
ocorre em ambientes com alta exigência física, altas temperaturas e envolve carregamento de
cargas. Orientar os trabalhadores sobre práticas seguras ao carregar pesos e garantir o conforto
térmico, acústico e de iluminação nos postos de trabalho são medidas importantes para
promover a saúde e segurança no ambiente de trabalho.
MEDIDAS PREVENTIVAS
Recomendações de ergonomia para o correto uso dos músculos do sistema locomotor visam
melhorar as condições de trabalho, reduzindo os impactos dos movimentos, esforços e posturas
no trabalhador. Isso inclui orientações para postura em pé, sentada e semissentada, que são
essenciais para controlar e aplicar medidas preventivas relacionadas à ergonomia no ambiente
de trabalho.
Capítulo 8
ILUMINAMENTO
A iluminação adequada no ambiente de trabalho é crucial para garantir a segurança e o
desempenho dos trabalhadores. A luz natural é preferível sempre que possível, pois proporciona
condições ideais para a realização das tarefas. No entanto, a iluminação artificial também
desempenha um papel importante, especialmente em edifícios durante a noite.
A iluminância, medida em lux, representa a quantidade de luz que incide sobre uma superfície. A
norma brasileira NBR 5413 estabelece valores de iluminância adequados para diferentes
atividades, levando em consideração a dificuldade visual envolvida. O ofuscamento, causado por
uma luz forte, pode causar desconforto e prejudicar o desempenho visual.
A eficiência dos sistemas de iluminação artificial depende de diversos fatores, como o tipo de
lâmpadas e luminárias utilizadas, a utilização da luz natural, as cores das superfícies e o
dimensionamento adequado dos componentes. Integrar a iluminação natural e artificial de forma
harmoniosa é essencial para garantir um ambiente de trabalho bem iluminado e confortável para
os trabalhadores
EFEITOS DA EXPOSIÇÃO
A luminosidade adequada no local de trabalho é crucial para o desempenho dos trabalhadores.
Uma iluminação profissional, clara e sem reflexos, contribui para reduzir o cansaço ocular e
aumentar a produtividade. A versatilidade da iluminação é essencial para garantir que as
diferentes tarefas sejam realizadas com a luz adequada.
O baixo nível de iluminamento pode prejudicar a saúde do trabalhador, causando fadiga,
cansaço e incômodos, além de reduzir a capacidade produtiva. Reflexos e ofuscamentos podem
provocar cefaleias e distúrbios visuais, enquanto a exposição a raios infravermelhos e
ultravioletas pode causar danos mais graves, como cataratas e úlceras de córnea.
O olho humano se adapta a diferentes níveis de luminosidade por meio de processos como
acomodação e fixação, que envolvem ajustes na pupila e na sensibilidade da retina. Esses
processos ocorrem rapidamente na transição entre luz do dia e escuridão, mas a adaptação total
pode levar até 60 minutos. A acomodação, que ajusta a visão a diferentes distâncias, ocorre por
meio de alterações na curvatura do cristalino auxiliadas pelos músculos dos olhos.
LIMITES DE TOLERÂNCIA
A Norma Brasileira NBR ISO 8995-1 estabelece os requisitos de iluminação para ambientes de
trabalho internos, visando garantir que as pessoas possam realizar suas tarefas visuais de forma
eficiente, confortável e segura durante todo o período de trabalho. Esta norma, em vigor desde
2013, substitui as normas NBR 5413 e NBR 5382, que foram revogadas.
No entanto, o item 17.5.3.3 da Norma Regulamentadora NR 17, atualizada em junho de 2007,
ainda refere-se aos níveis mínimos de iluminamento estabelecidos na NBR 5413. Como as NRs
têm força legal e as NBRs são normas técnicas, a definição dos níveis de iluminamento continua
sendo baseada na NBR 5413.
MEDIDAS PREVENTIVAS
Para melhorar as condições de trabalho e proporcionar conforto aos trabalhadores, algumas
recomendações importantes incluem: evitar o excesso de luz para evitar desconforto, garantir
uma iluminação mínima de 500 lux na área de trabalho, fornecer iluminação pontual quando
necessário, controlar a luz solar com cortinas e iluminação artificial, atender às diferentes
necessidades de iluminação ao longo do dia, usar cores variadas na iluminação para um
ambiente mais agradável, aplicar recursos de iluminação nas paredes, evitar ofuscamento nas
telas de computador, remover lâmpadas desnecessárias e manter a limpeza do ambiente com
cores claras para melhorar a iluminação e o conforto.