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NEUROCIÊNCIA APLICADA
A GESTÃO DE CONFLITOS,
NEGOCIAÇÃO E MUDANÇA
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atenção. É exatamente por isso que a tomada de decisão precisa ser vista e
entendida para muito além da lógica e da razão.
Assim, é comum entre os autores da área a ideia de que o tomador de
decisão deva lidar tanto com os critérios lógico-racionais quanto valores subjetivos
coordenados pelo inconsciente. Assim, a tomada de decisão não pode ser
convertida em critérios universais, pois depende não apenas da racionalidade,
mas de elementos muito pessoais (Lehnhart, 2016).
Outro fator preponderante é que vivemos na Quarta Revolução Industrial,
também chamada de Sociedade 4.0, na qual não apenas a globalização de
produtos está presente, mas a informação está muito facilitada, o que de um lado
agiliza a vida do tomador de decisões, mas por outro a torna muito mais complexa,
já que terá muito mais informações para filtrar (Préve; Moritz; Pereira, 2010).
Essas condições prévias de entendimento sobre a tomada de decisão, por
si sós, indicam que essas técnicas são essenciais, tanto para definir critérios como
organizar todo o processo.
Entendamos quais elementos são necessários para uma boa tomada de
decisão. Para que ela seja possível, é necessário definir o problema. Sem o
problema, a decisão corre o risco de ser imprecisa, e até sem sentido. Por isso,
antes mesmo de falar das técnicas propriamente ditas, é preciso conhecer bem o
problema (Lehnhart, 2016), o qual deve seguir sempre a regra básica de ser
formulado como pergunta, algo como: “Que prejuízos teremos se não comprarmos
agora essa empresa?”, “Compramos os insumos agora ou esperamos mais algum
tempo?”
Outra regra básica na formulação do problema é a possibilidade de que se
tenha uma solução. Então, se perguntamos algo como “Deus realmente existe?”,
Corremos o risco de não encontrar a solução. Problemas como “Qual a opção
mais vantajosa numa negociação?” ou “Quais as consequências de não tomarmos
uma decisão agora?” são muito mais plausíveis e verificáveis.
Delimitar o problema é outra condição preponderante a ser pensada pelo
tomador de decisão. Seguindo a premissa de Descartes, deve-se reduzir um
problema a tantas partes quantas forem possíveis, para serem examinadas uma
a uma e, com elas, deduzir a hipótese maior.
Identifique todos os envolvidos no problema e os descreva por ordem de
importância, não apenas para saber quais são, mas para entender quem faz o que
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e para que seja possível, à medida que se analisa o problema, delegar partes da
solução.
Por último, crie um espaço para elencar todas as informações adicionais
que julgar importante e que forem surgindo ao longo do processo. A qualidade da
informação, sua fonte e quem a gerou devem ser registradas também.
Tomadas de decisão exigem que nosso sistema nervoso seja capaz não
apenas de captar, mas também de analisar as variáveis envolvidas numa
situação-problema, a fim de maximizar os ganhos e minimizar as perdas. Tomar
decisões é um mecanismo adaptativo que nos permitiu superar as adversidades
e sobreviver mas, na condição de mecanismo adaptativo, não é exclusivo do ser
humano, pois os animais também são capazes disso (Corrêa, 2011).
Esse mecanismo adaptativo se baseia na regularidade com que um
estímulo ambiental nos aparece, de tal forma que os organismos desenvolvem
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processos comportamentais antecipatórios, que dão a esses organismos uma
melhor chance de sobrevivência. Incrivelmente, com os seres humanos acontece
algo a mais: além de sermos providos desses mecanismos naturais, temos
também uma capacidade inata de flexibilizar e nos adaptar a uma gama muito
grande de situações não conhecidas. Isso possivelmente nos possibilitou povoar
todos os cantos da Terra.
Para facilitar a tomada de decisão, veremos agora uma técnica de análise
de cenários que irá recrutar em nosso cérebro a capacidade de previsão e preparo
– recursos naturais – mais a capacidade de análise, que requer o uso das
estruturas mais recentes e flexíveis do cérebro (Préve; Moritz; Pereira, 2010).
Depois de termos o problema descrito e analisado em suas dimensões
básicas, é hora de projetar os cenários possíveis de solução. O conhecido autor
Michel Porter (1996) descreve cinco forças que devem ser consideradas na
análise de cenários: rivalidade entre competidores; ameaça de novos
competidores; poder de negociação de compradores; poder de barganha dos
fornecedores; e ameaça de novos produtos.
Ameaça de novos
competidores
Poder de barganha dos Rivalidade entre Poder de negociação
fornecedores competidores dos compradores
Ameaça de novos
produtos
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O terceiro passo crítico é a escolha das variáveis de cenário, em que se
ordenam as variáveis de maior risco para a tomada de decisão, a fim de facilitar a
compreensão das que teriam maior impacto.
Com base na relevância das variáveis, é possível construir e avaliar
cenários consistentes, ou seja, será possível combinar uma série de variáveis
para entender melhor o comportamento de cada uma delas e saber quais decisões
seriam mais ou menos viáveis (Porter, 1999).
Para facilitar a criação, o ideal é usar um espaço amplo, como um quadro,
para compor os cenários. Normalmente essa montagem é feita de maneira não
definitiva, ou seja, usamos post-its ou escrevemos com uma caneta de quadro-
branco, para que possamos apagar depois. O intuito maior de usar essas
ferramentas é poder alterar cenários conforme necessário.
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Uma técnica de tomada de decisão que nos ajuda a buscar as raízes de
um problema foi criada por Kaoru Ishikawa, ficando conhecida como diagrama de
Ishikawa, ou simplesmente diagrama de causa e efeito. Com ele é possível
compreender como os problemas são criados, identificar suas causas, definir os
níveis de importância de cada uma, melhorar os processos e, é claro, tomar
decisões mais eficientes e eficazes (Seleme; Stadler, 2010).
Inicialmente, definimos o problema; depois o subdividimos em frações
menores e analisamos cada uma delas. Vejamos o exemplo a seguir:
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TEMA 4 – ANÁLISE DE PARETO
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Pareto explica que nem todo problema, por mais urgente que seja, de fato
merece nossa atenção. Segundo ele, 20% dos problemas geram 80% das
consequências mais graves, e geralmente 20% dos produtos ou clientes geram
80% do lucro. Esse modelo não é exato, mas traz uma verdade importante: é
preciso focar mais alguns problemas do que outros.
Para auxiliar na composição da análise de Pareto, primeiro identifique todas
a situações-problema que requerem uma tomada de decisão e as elenque numa
lista decrescente, colocando ao lado o número de ocorrências num determinado
tempo. Veja a Tabela 1.
Problemas Recorrência
1 X 25
2 Y 20
3 Z 10
Assim fica bem fácil perceber quais são os problemas a serem resolvidos
primeiro – os defeitos no produto, e depois a demora na entrega. Aplicando sobre
esses problemas o diagrama de Ishikawa, será possível chegar à causa-raiz de
cada problema e, assim, tomar decisões que levem a um desfecho positivo para
todos.
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TEMA 5 – NEUROTÁTICAS
5.1 Neurotática 1
5.2 Neurotática 2
Lei do décimo homem: princípio que nasceu no meio militar mas acabou
ganhando o mundo empresarial. Esse princípio postula que, se 10 pessoas
estiverem reunidas para tomar uma decisão e 9 delas concordarem, é obrigação
do décimo discordar e encontrar razões que o sustentem. Como na neutotática 1,
o cérebro começa a reconhecer um padrão na concordância das pessoas e, por
conta disso, é fácil perder a capacidade de olhar o todo. Então, para evitar erros,
é importante que alguém contrarie o que parece ser o melhor caminho.
5.3 Neurotática 3
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torna esse processamento muito significativo. Antes de tomar uma decisão,
procure ter à sua frente uma quantidade significativa de imagens sobre o problema
a ser resolvido – gráficos, vídeos, esquemas, representações visuais das
alternativas, imagens de pessoas envolvidas etc. Esse efeito visual o ajudará a
despertar muitas áreas do cérebro e promoverá também a ação de centros
importantes à tomada de decisão. Um cuidado que se deve ter em relação a esse
procedimento é ter as coisas organizadas, que não estejam em números muito
excessivos a ponto de causar confusão ou fazer perder o foco do que se quer –
tomar uma decisão aceitável (Kahnelman, 2012).
5.4 Neurotática 4
5.5 Neurotática 5
Apresente sempre uma razão para o que está fazendo: alguns estudos
demonstram que, quando precisamos tomar uma decisão, e para isso são
requeridas razões, cerca de 60% das pessoas desistem de tomá-la. Contudo, se
oferecermos uma razão para que a pessoa decida, então o índice se inverte
substancialmente: cerca de 90% das pessoas aceitam. Pense num exemplo
simples: você está numa fila enorme e precisa entrar na frente de alguém. Se não
apresentar razões para tal, quase todas as pessoas ficarão indignadas e reagirão
contra você, mas, se apresentar uma razão para tal, e essa razão for razoável,
geralmente as pessoas não se negarão a decidir pela sua entrada na fila (Lima,
2017).
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FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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