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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DISCIPLINA: SISTEMA DE GESTÃO DE SAÚDE


E SEGURANÇA NO TRABALHO

CUSTO DOS
ACIDENTES DE
TRABALHO

Professora: Dra. Fabrícia N. de


Oliveira
OBJETIVO DA AULA
▪ O QUE SÃO CUSTOS DE ACIDENTES DE TRABALHO?

São prejuízos financeiros que a empresa tem


decorrente de um acidente de trabalho.

Todo e qualquer acidente,


independente de sua
gravidade, gera prejuízos
para a empresa.
▪ CUSTO DOS ACIDENTES

O custo dos acidentes é composto de duas parcelas:


a) O Custo direto ou segurado: Cd;
b) O Custo Indireto ou não segurado: Ci;

Temos, considerando Ct = Custo total a seguinte fórmula:

Ct = Cd + Ci
▪ CUSTO DOS ACIDENTES

⚫ Cd - Custo direto ou
Segurado:
⚫ diz respeito a todas as

despesas ligadas
diretamente ao
atendimento do
acidentado, as quais são
de responsabilidade da
entidade seguradora.
▪ CUSTOS DIRETOS

No Caso do Brasil, esta competência é do INSS - Instituto


Nacional do Seguro Social. Este custo se destina a fazer face:
▪ CUSTO DOS ACIDENTES

• Ci - Custo Indireto ou Não Segurado: engloba as


despesas não seguradas, atribuídas aos acidentes, ou
que se manifestam como consequência direta da
ocorrência dos mesmos.

1. Salários pagos durante o tempo perdido por outros trabalhadores,


na hora do acidente e pós o mesmo;

2. Salários adicionais pagos por trabalhos de horas extras, em virtude


de acidente;

3. Salários pagos a supervisores durante o tempo despendido em


atividades decorrentes do acidente;
▪ CUSTOS INDIRETOS

4. Salários pagos ao acidentado, não cobertos pela seguradora;

5. Diminuição da eficiência do acidentado ao retornar ao trabalho;

6. Despesas com o treinamento do substituto do acidentado;

7. Custo de material ou equipamento danificado nos acidentes:


Material (Matéria prima inutilizada, bens em processamento ou
produtos inacabados) e equipamentos (maquinaria, ferramentas,
edifícios, instalações industriais, etc.) podem ser envolvidos num
acidente. O custo de reparação ou substituição deve ser computado
neste item;
▪ CUSTO DOS ACIDENTES

8. Custo eventual de interferência na produção (retardamento da


entrega, multas contratuais) etc;

9. Custo da perda de lucros pela improdutividade do acidentado e por


máquinas Paradas;

10. Despesas médicas e com materiais de primeiros socorros, não


cobertas pela seguradora.
▪ O CUSTO EFETIVO DE UM ACIDENTE:

Para o cálculo dos prejuízos sofridos pela empresa, em decorrência de


acidentes, o estudo do Engenheiro DE CICCO sugere a seguinte fórmula:

C = C1 + C2 + C3 – I

C = Custo efetivo dos acidentes;


C1 = Custo correspondente ao tempo de afastamento (correspondente aos
15 primeiros dias de afastamento)

Histórico: A lei 8213/91 assegurava ao trabalhador que após 15 dias de


afastamento ficaria a cargo do INSS. A MP 665 de 30/12/2014 estabeleceu
o prazo de afastamento para que a responsabilidade passasse do
empregador para o INSS após 30 dias. No entanto, em 17/06/15 a MP
665/2014 é convertida na lei 13.135/215 que mantem a regra das empresas
pagarem os primeiros 15 dias de afastamento do trabalhador e o governo
federal pagar pelo período restante em consequência de acidentes com
lesão.
▪ O CUSTO EFETIVO DE UM ACIDENTE:

Para o cálculo dos prejuízos sofridos pela empresa, em decorrência de


acidentes, o estudo do Engenheiro DE CICCO sugere a seguinte fórmula:

C = C1 + C2 + C3 – I

C = Custo efetivo dos acidentes;


C1 = Custo correspondente ao tempo de afastamento;

C2 = Custo referente aos reparos e reposições de máquinas, equipamentos


e materiais;
C3 = Custos complementares relativos às lesões (assistência médica e a
primeiros socorros) e aos danos a propriedade danificados;
I = Indenização e ressarcimento recebidos através de seguro ou de terceiros
(Valor líquido).
▪ O que é o FAP?
▪ O que é o FAP?

O SAT é o Seguro Acidentes de Trabalho e agora passou a se


chamar de RAT – Riscos Ambientais do Trabalho

Risco Ambientais do Trabalho – RAT


▪ O que é o FAP?
Atualmente, há três alíquotas de contribuição aos riscos ambientais do
trabalho (RAT), de 1%, de 2% e de 3%. Elas são aplicadas de acordo com o
grau de risco do ramo de atividade, cabendo aos setores com maior
incidência de doenças e acidentes uma contribuição maior. Com a
instituição do FAP, a alíquota será definida pelo desempenho de cada
empresa.

Aquelas com alta incidência de acidentes deverão arcar com aumento de


até 100% na alíquota de contribuição, pois não cabe a todos os
cidadãos via previdência a responsabilidade pelo custo dos acidentes
devido a condições insalubres e inadequadas oferecidas por alguns
segmentos econômicos. A intenção é criar a cultura da prevenção de
acidentes e doenças ocupacionais.

O FAP é um multiplicador a ser aplicado às alíquotas de 1%, 2% ou 3%


incidentes sobre a folha de salários, para financiar os Riscos Ambientais do
Trabalho (RAT). Ele varia de 0,5 a 2,0, o que significa que a alíquota de
contribuição da empresa pode ser reduzida à metade ou dobrar.
ESTATÍSTICA DOS ACIDENTES DE TRABALHO
Prestações por acidente do trabalho ou doença
ocupacional
Obs.:

a) O valor da renda mensal da aposentadoria por invalidez


será acrescida de 25% (vinte e cinco por cento) desse valor,
quando comprovado através de avaliação médico pericial que
o acidentado necessita de acompanhante;

b) O salário de benefício consiste na média aritmética


simples de todos os últimos salários de contribuição
relativos aos meses imediatamente anteriores ao
do afastamento da atividade ou da data de entrada do
requerimento, até o máximo de 36 (trinta e seis), apurados
em período não superior a 48 (quarenta e oito) meses.
Indicadores utilizados para medir o risco no trabalho

A OIT utiliza três indicadores para medir e comparar a


periculosidade entre diferentes setores de atividade
econômica de um país (ILO, 1971):
Indicadores utilizados para medir o risco no trabalho

Já a NBR nº 14.280/2001, sugere a construção dos


seguintes indicadores:

▪ taxas de freqüência (total, com perda de tempo e


sem perda de tempo de atividade);
▪ taxa de gravidade;

▪ e medidas de avaliação da gravidade (número médio


de dias perdidos em conseqüência de incapacidade
temporária total, número médio de dias perdidos em
conseqüência de incapacidade permanente, e tempo
médio computado).
O coeficiente de freqüência (CF) - indica o número
de acidentes do trabalho com perda de tempo
(com afastamento) possível de ocorrer a cada um
milhão de horas-homem trabalhadas.

O Coeficiente de Gravidade (CG) - representa a


estimativa da gravidade dos acidentes ocorridos
pela perda de tempo total (Dias perdidos e dias
debitados).
Para estatística e análise de acidentes, consideram-
se elementos essenciais:
CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DA FREQÜÊNCIA E
GRAVIDADE DOS ACIDENTES

A verificação dos dados estatísticos referentes à taxa de


freqüência e gravidade de uma unidade (empresa) é
realizada em função dos seguintes elementos:
Para o cálculo da taxa de freqüência utiliza-se o Número
de acidentes e hht, enquanto que na taxa de gravidade
utiliza-se, além do hht, os dias perdidos e debitados.
Horas-homem de exposição ao risco – hht

Definição: É o somatório das horas durante as quais os


empregados ficam à disposição do empregador, em
determinado período. As horas-homem são calculadas pelo
somatório das horas de trabalho de cada empregado.

Numa empresa podemos ter diversas situações para cálculo


de horas-homem de exposição ao risco. Veremos cada
situação:

I - Horas-homem, em um certo período, se todos trabalham o


mesmo número de horas, é o produto do número de homens
pelo número de horas.
Horas-homem de exposição ao risco – hht

Por exemplo:

25 homens trabalhando, cada um, 200


horas por mês, totalizam 5.000 horas-
homem.

25 x 200 = 5.000 hht /mês


II - Quando o número de horas trabalhadas varia de
grupo para grupo, calculam-se os vários produtos, que
devem ser somados para obtenção do resultado final.

Por exemplo:

25 homens, dos quais 18 trabalham, cada um, 200


horas por mês, 4 trabalham 182 horas por mês e 3,
apenas, 160 horas por mês, totalizam 4 808 horas-
homem, como abaixo indicado:

18 x 200 = 3600
4 x 182 = 728
3 x 160 = 480
Total = 4808 hht/mês
III – Quando a empresa tem diversos setores / gerências,
devemos calcular o hht separadamente por cada
setor/gerência e o hht da empresa como um todo.
Por exemplo:

•Gerência de produção (GP) - 20 homens a 150 horas /mês


•Gerência de armazenagem (GA) – 10 homens a 140
horas/mês
•Gerência de embalagem (GE) – 5 homens a 160 horas/mês
•Gerência de manutenção (GM) – 4 homens a 165 horas/mês
IV – Quando é fornecido o número de horas trabalhadas
diárias, para sabermos qual o valor de hht do mês,
devemos multiplicar estas horas por 22, pois devemos
considerar somente os dias úteis no mês. De 30 dias, em
média, 8 são de folgas. Se precisarmos calcular o hht no
ano, então devemos multiplicar 22 por 12 = 264 dias de
hht.

Exemplo: 600 empregados trabalhando 8 horas por dia.


Calcule o hht do mês, semestre e do ano:
Responda:
1) HORAS DE TRABALHO DE EMPREGADO RESIDENTE EM PROPRIEDADE
DA EMPRESA

Resposta: Não. Só devem ser computadas as horas durante as quais o


empregado estiver realmente a serviço do empregador.

2) HORAS DE TRABALHO DE PLANTONISTA

Resposta: Para empregados de plantão nas instalações do empregador


devem ser consideradas as horas de plantão.
Dias perdidos - DP

São dias corridos de afastamento do empregado ao


trabalho em virtude de lesão, exceto o dia do acidente e
o dia da volta ao trabalho. São os dias de incapacidade
que impedem o empregado de retornar ao trabalho.

Por exemplo:

Um empregado acidentou-se no dia 15/05/2019 e


retornou ao trabalho no dia 29/05/2019. Como NÃO são
computáveis o dia do acidente e o dia de retorno ao
trabalho, registra-se 13 dias perdidos.

15/05/19 29/05/19
Dias Debitados – DD

São dias de incapacidade definidos em função da


lesão sofrida pelo acidentado, onde se avalia um valor
descrito em tabela oficial (Quadro 1 da NBR 14280).

Para cada parte do corpo perdida, debita-se uma


quantidade de dias de acordo com o quadro I da NBR
14280.

São dias debitados as situações de morte;


incapacidade permanente total ou incapacidade
permanente parcial.
ALGUNS EXEMPLOS DE DÉBITOS:

1- amputação da 1° falange proximal do 4° quirodáctilo


(anular): 240 dias;
2- amputação do 5° quirodáctilo (mínimo) atingindo parte
do metacarpo: 400 dias;
ALGUNS EXEMPLOS DE DÉBITOS:

1- amputação da 1° falange proximal do 4° quirodáctilo


(anular): 240 dias;
2- amputação do 5° quirodáctilo (mínimo) atingindo parte
do metacarpo: 400 dias;

Se ambas decorrerem do mesmo acidente, o total de dias


a debitar deve ser de 240 + 400 (640 dias).
NOTA:

Nota 1: O total de dias a debitar deve ser a soma dos dias a debitar por
parte lesada. Se a soma exceder 6 000 dias, deve ser desprezado o
excesso.

Nota 2: Os dias a debitar por lesão permanente não constante no


quadro I (tal como lesão de órgão interno, ou perda de função) devem
ser uma percentagem de 6.000 dias, determinada de acordo com
parecer médico, que se deve basear nas tabelas atuariais de avaliação
de incapacidade utilizadas por entidades seguradoras.
Tempo computado

É o tempo contado em "dias perdidos, pelos


acidentados, com incapacidade temporária total" mais
os "dias debitados pelos acidentados vítimas de morte
ou incapacidade permanente, total ou parcial.
Ou seja, é o somatório dos dias perdidos e os dias
debitados.

DIAS PERDIDOS + DIAS DEBITADOS = TEMPO COMPUTADO


TAXA DE FREQUÊNCIA E DE GRAVIDADE DE ACIDENTES

▪ Taxa de Freqüência

A taxa de freqüência mede o número de acidentes ocorrido


para cada 1 milhão de horas-homem de exposição ao risco,
em determinado período.

Esta taxa deve ser expressa com aproximação de


centésimos e calculada pela seguinte fórmula:

TF = (N x 1000.000) / HHT

• A base de cálculo de 1.000.000 de horas surgiu em função


de um cálculo baseado num empregado que trabalha 2.000
horas aproximadamente por ano (8h/dia). Desta forma, este
valor de 1.000.000 representa o trabalho anual de 500
empregados (500 x 2000 hs = 1.000.000).
• Em outras palavras, quando achamos uma taxa de
freqüência de 10,00, significa que ocorreram 10
acidentes, estatisticamente, para cada grupo de 500
trabalhadores.

• Conclui-se que, independente do número de


empregados da empresa, a base de cálculo será sempre
de 500 trabalhadores.

TF = Taxa de freqüência
N = Número de acidentes
HHT = Horas-homem de exposição ao risco

1.000.000 = um milhão de horas de exposição ao risco


(utilizado, internacionalmente, como a base de cálculo).
1 - A empresa de produção têxtil “bons alunos” possui no seu
quadro 300 empregados, cumprindo cada um 150 horas por
mês. Houve dois acidentes no mês de Janeiro de 2019.
Calcule a taxa de frequência do mês.

HHT – 300 x 150 = 45.000


N – 2 acidentes
TF = ?

TF = (N x 1.000.000) / HHT

TF = (2 x 1.000.000) / 45.000

TF = 44,44

Interpretando o resultado: O valor de 44,44 nos mostra


que para cada 1.000.000 de horas de exposição ao risco a
empresa está tendo 44 acidentes.
A empresa de produção têxtil “bons alunos” possui no
seu quadro 300 empregados, cumprindo cada um 150
horas por mês. Houve dois acidentes no ano de 2019.
Calcule a taxa de frequência do ano (acumulado).

HHT – 300 x 150 = 45.000


45.000 x 12 = 540.000
N – 2 acidentes
TF = ?
Neste caso, como está pedindo a taxa de freqüência do ano
de 2019, ou seja, o acumulado, então devemos multiplicar o
valor do HHT do mês por 12 (Um ano = 12 meses), o que nos
leva a chegar ao resultado de 540.000 de hht durante todo o
ano.

TF = (N x 1.000.000) / HHT

TF = (2 x 1.000.000) / 540.000

TF = 3,7
Taxa de Gravidade
A taxa de gravidade significa o tempo computado (em
dias) de afastamento ocorrido para cada 1 milhão de
horas-homem de exposição ao risco, em determinado
período.

A taxa de gravidade mede o nível de gravidade de cada


acidente a partir da duração do afastamento do
trabalho, permitindo avaliar a perda laborativa devido a
incapacidade.

Esta taxa deve ser expressa em números inteiros e


calculada pela seguinte fórmula:
Taxa de Gravidade
Exemplo I:

1 - A empresa de energia “Luz alta” possui no seu quadro 1500


empregados, cumprindo cada um 202 horas por mês. Houve 1
acidente com afastamento no mês de Março de 2019, sendo 90
dias perdidos e 200 dias debitados. Calcule a taxa de gravidade
do mês.
Exemplo I:

Calcule a taxa de gravidade acumulado até o mês de Março.


Exemplo I:
Calcule a projeção do ano de 2019.
Classificação pela OIT - Organização Internacional
do Trabalho, da situação das Empresas de acordo
com as taxas “TF” e “TG”:
Ex. 1 – Em determinada empresa, durante o mês de outubro de
2019, ocorreram três acidentes do trabalho, dos quais um
resultou na morte imediata do trabalhador, ao passo que os
outros dois trabalhadores se acidentaram no dia 10 e
retornaram ao trabalho no dia 26 do mesmo mês, sem maiores
sequelas. Sabe-se, ainda, que o total de horas trabalhadas por
todos os empregados durante o cotado mês foi de 100.000 (cem
mil). Pede-se calcular a Taxa de Freqüência (TF) e a Taxa de
Gravidade (TG).
Dados: Solução:
NA = 3 TF = (NA x 1.000.000)/HHER = (3 X 1.000.000)/100.000 = 30,00
acidentados
TF = 30,00
DP = 2 X 15 = 30
dias perdidos
DD = 6.000 dias TG = [(DP + DD) x 1.000.000]/HHER = [(30 + 6.000) x
debitados 1.000.000]/100.000 =

HHT = 100.000 CG = 60.300


horas trabalhadas
O material desta apresentação foi retirado da
apostila do Professor Uanderson Rebula, com a
sua devida autorização
OBRIGADA!

"Não se compreende todo


o caminho num grande e
único passo: novas
estradas se abrem quando
se persiste no caminhar.”
(Danilo Gandin)

e-mail: fabricia@ufersa.edu.br

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