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EXECUÇÃO CIVIL
PALAVRAS-CHAVE:
Efetividade do processo. Direitos do exequente. Satisfação do crédito.
Impenhorabilidade.
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Acadêmica do IESI/FERNORD, graduada em 2013.
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Mestre em Gestão Integrada de Território com ênfase em Direitos Sociais,
especialista em Direito Civil e Processual Civil, Coordenador e professor de
História do Direito e Direito Processual Civil do IESI/FENORD.
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unseizability as a means of protecting the debtor and limiting the rights
of the creditor. The development of research, will pick-up point to the
responsibility of the Legislative and Judiciary in resolving the
ineffectiveness enforceable provision. And at the end, will be
demonstrated the shape of applicability the principle of effectiveness
in the present day and, also, the positioning of patriotic courts on the
satisfaction of the creditor's rights when there are restrictions in
applicable legislation itself.
KEYWORDS:
Effectiveness of the process; Rights of the judgment creditor; the
satisfaction of the credit; Unseizability
1 INTRODUÇÃO
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efetivados nos dias atuais, quando impedidos por garantias dadas ao
devedor.
A pesquisa para este trabalho, através do método exploratório e
explicativo, foi realizada em fontes jurídicas como doutrinas,
jurisprudências e artigos, com enfoque em materiais produzidos a partir
do ano de 2002, considerando que foi a partir dessa data que
legisladores e doutrinadores passaram a dar mais importância ao direito
fundamental à tutela executiva.
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Art. 649 - São absolutamente impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato
voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que
guarnecem a residência do executado, salvo os de
elevado valor ou que ultrapassem as necessidades
comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso
pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários,
remunerações, proventos de aposentadoria, pensões,
pecúlios e montepios; as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do
devedor e sua família, os ganhos de trabalhador
autônomo e os honorários de profissional liberal,
observado o disposto no § 3º deste artigo;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios,
os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou
úteis ao exercício de qualquer profissão;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento,
salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em
lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições
privadas para aplicação compulsória em educação,
saúde ou assistência social;
X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a
quantia depositada em caderneta de poupança.
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos,
nos termos da lei, por partido político.
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A natureza jurídica da impenhorabilidade é de restrição para o
credor e para o Estado e de benefício para o devedor. Restrição de
direitos processuais do credor, uma vez que afeta a exigibilidade do
crédito exequendo e restrição ao exercício da jurisdição, tendo em vista
que impede a prática de atos executivos pelo Poder Judiciário.
Segundo Marcelo Lima Guerra (2003, p. 165):
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A efetividade do processo também repousa na locução contida
no artigo 5º, XXXV da Constituição Federal, de que a lei não excluirá
nenhuma lesão ou ameaça a direito da apreciação do Poder Judiciário.
Esse texto constitucional é um direito fundamental que se identifica
com o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, ou o
direito fundamental à tutela jurisdicional.
O que se pode extrair do princípio da efetividade processual é
que o direito, além de ser reconhecido, deve ser efetivado, devendo
existir meios capazes de propiciar pronta e integral satisfação a
qualquer pessoa que seja titular do direito.
Por força do disposto no artigo 612 do Código de Processo
Civil, a execução se mostra como o meio hábil de satisfazer o direito
do credor e deve se desenvolver de acordo com o seu interesse.
Todavia, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo Poder
Judiciário é a inefetividade do provimento executivo, pois as normas
infraconstitucionais não tem o condão de superar tal dificuldade, haja
vista que em muitos casos a própria regra impede a satisfação do direito
do credor por prever garantias ao devedor.
Assim, surgem nos credores o temor de não ter o seu direito
satisfeito, ocasionando a descrença pública nas decisões judiciais e,
consequentemente, a criação de uma nova categoria do direito, o direito
de ser inadimplente.
Dinamarco (2007, p. 147) alerta que não se pode chegar ao
absurdo de buscar a preservação do devedor a todo custo, mormente
quando isto implica na inefetividade do direito material do credor.
É certo que garantias são necessárias para a proteção da
dignidade da pessoa do devedor, mas em muitos casos tais garantias
são excessivas causando a impossibilidade da satisfação do direito do
exequente, ou seja, afetando a dignidade da pessoa do credor.
Importante a observação de Antônio Ricardo Corrêa (2003, p.
221):
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É sabido que a intenção das alterações feitas no Código de
Processo Civil pela Lei 11. 382/06 era de conferir maior efetividade ao
procedimento executivo. Era previsão expressa na referida lei a
penhora sobre quarenta por cento do valor que ultrapassasse o
equivalente a vinte salários mínimos nacionais, recebidos a título de
remuneração. Previa, ainda, a penhora de bem de família que
ultrapassasse o montante equivalente a mil salários mínimos,
reservando-se ao devedor uma quantia necessária, a partir da venda do
bem, para aquisição de outro imóvel correspondente a média nacional
da população, o que não lhe feriria a sua dignidade. Caía, assim, por
terra, a impenhorabilidade absoluta do salário e do bem de família, para
conferir maior efetividade ao processo de execução. Ocorre que,
mesmo após a aprovação desses dispositivos no Congresso Nacional,
os mesmos foram vetados pelo Poder Executivo, sob o argumento de
que contrariavam o princípio da dignidade da pessoa humana.
A aplicação de tais medidas, por certo reduziriam a
inefetividade do processo de execução e jamais teriam o condão de
afetar a dignidade da pessoa do devedor. É o que defende Hellman
(2009, p.14):
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efetividade. A fundamentação do veto é singela, errada,
contraditória e inútil. De ínfimo tamanho, as razões do
veto não enfrentam o fundamento principal das
propostas de mudanças, que é a aplicação do princípio
da proporcionalidade, para o equacionamento do
conflito entre o direito fundamental à dignidade humana
do réu e o direito fundamental à dignidade humana do
credor (simbolizado na dificuldade de efetivar direitos
seus por entraves causados pela legislação processual).
Olha-se mais uma vez apenas para o devedor. (...)
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A impenhorabilidade do salário, prevista no art. 649, IV, do
CPC, tem como objetivo assegurar ao devedor a dignidade da pessoa
humana, que engloba a subsistência do devedor, haja vista que o salário
tem natureza alimentar.
Considerando a necessidade de haver um equilíbrio na
preservação das condições de subsistência do executado e na satisfação
do direito do exequente em receber o seu crédito, a aplicação de tal
regra vem sendo ponderada pelos juristas diante dos casos concretos,
prevalecendo o entendimento de que a impenhorabilidade do salário
deve prevalecer somente nos casos em que o ato de penhora online
possa retirar do executado as condições mínimas de sobrevivência.
É o que defende Didier (2012, p. 564):
É possível mitigar essa regra de impenhorabilidade, se,
no caso concreto, o valor recebido a título de verba
alimentar (salário, rendimento de profissional liberal,
etc.) exceder consideravelmente o que se impõe para a
proteção do executado. É possível penhorar parcela
desse rendimento. Restringir a penhorabilidade de toda
verba salarial, mesmo quando a penhora de uma parcela
desse montante não comprometa a manutenção do
executado, é interpretação inconstitucional da regra, pois
prestigia apenas o direito fundamental do executado, em
detrimento do direito fundamental do exequente.
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DEVEDOR. POSSIBILIDADE. 1. É possível o
bloqueio de parcela do salário depositado em conta
corrente, quando essa medida se mostra como única
forma viável para o cumprimento da obrigação
inadimplida pelo devedor. 2. A mitigação da
impenhorabilidade do salário visa à busca de prestação
jurisdicional efetiva e célere, nos casos onde a
persecução patrimonial do devedor se mostrou inócua.
3. Reclamação conhecida e provida. Decisão reformada
para autorizar a penhora on line de até 30% (trinta por
cento) dos proventos do devedor, depositados em sua
conta corrente. Unânime. (TJ-DF; Div
2004.01.1.121969-7; Ac. 292703; Primeira Turma
Recursal dos Juizados Especiais; Relª Juíza Editte
Patricio da Silva Moura; DJU 25/01/2008; Pág. 719).
Assim, o papel do judiciário tem sido muito importante na
preservação dos direitos fundamentais inerentes às partes envolvidas
no processo. Em busca da justiça, tende na interpretação das normas
constitucionais e, no caso concreto, se necessário, relativiza normas
infraconstitucionais, como a regra da impenhorabilidade do salário e
do bem de família.
7 A FLEXIBILIZAÇÃO DA IMPENHORABILIDADE DO
BEM DE FAMÍLIA
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mansão milionária, que serve de sede familiar, decretando a
inconstitucionalidade da restrição no caso concreto”.
Para ilustrar melhor o entendimento, citamos o caso de um
devedor que possui um bem de família de altíssimo valor, que é
considerado um bem relativamente impenhorável. Imagine que o valor
devido pelo executado seja trinta por cento do valor do imóvel. A venda
judicial do imóvel, com prevalência no caso do princípio da
efetividade, satisfaria tanto o direito do credor, como preservaria a
dignidade da pessoa do devedor e o direito fundamental de moradia,
tendo em vista que com o valor remanescente, o executado poderia
adquirir outro bem de família. Portanto, a interpretação literal da regra
da impenhorabilidade, protegeria exclusivamente o devedor de
maneira desnecessária, considerando que o valor do bem permitiria a
quitação do débito e a aquisição de outro imóvel. Seria uma
interpretação em desconformidade com os preceitos da atual
hermenêutica constitucional, que indica nos casos de confrontos de
direitos fundamentais, a interpretação que mais adequadamente proteja
a ambos.
O próprio STJ já admitiu em mais de uma oportunidade,
desmembramento de imóvel residencial para efeito de penhora,
conforme vejamos:
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uma regra infraconstitucional não pode ser vista como absoluta. Assim,
apesar de haver a proibição legal da penhora de bem de família, no caso
concreto, já se vê posicionamentos contrários à lei infraconstitucional,
amparados pela norma maior, que é a nossa tão respeitada Constituição
Federal.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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é de direito, já que o fim da execução é a satisfação dos interesses do
credor.
REFERÊNCIAS
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DISTRITO FEDERAL. Tribunal de Justiça. Apelação:
1219697120048070001 DF 0121969-71.2004.807.0001. JUIZADOS
ESPECIAIS. RECLAMAÇÃO. BLOQUEIO PARCIAL EM CONTA
CORRENTE DE TRINTA POR CENTO DOS PROVENTOS DO
DEVEDOR. POSSIBILIDADE. (Relator: Editte Patrício, Data de
Julgamento: 27/11/2007, Primeira Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do D.F., Data de Publicação: 25/01/2008,
DJU Pág. 719). Disponível em: < http://tj-
df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6618446/dvj-
1219697120048070001-df-0121969-7120048070001>. Acesso em 2
jun. 2013.
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ms-10120620115050000-ba-0001012-0620115050000-trt-5> . Acesso
em 2 jun. 2013.
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http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/418120/recurso-especial-
resp-207693-sc-1999-0022231-8>. Acesso em 15 jun. 2013.
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