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Isabelle Karla de Almeida Reis


José Jaelson Elias da Silva Filho

A efetividade no cumprimento de sentença versus menor onerosidade

Executar uma sentença é satisfazer uma obrigação delimitada por uma


relação jurídica material e/ou processual, seja de forma espontânea, quando a parte
sucumbente cumpre de forma voluntária a prestação, ou forçada, quando para o
cumprimento da tutela pleiteada são necessárias medidas típicas ou atípicas,
presentes na lei processual com o objetivo de atribuir efetividade ao resultado da
ação.
Com a modernidade e a predominância dos direitos humanos, a busca pela
satisfação do direito pleiteado deve ser pautada com garantias mínimas à dignidade
do devedor. Hoje, com a constitucionalização do processo no Brasil, foi atribuída aos
pronunciamentos judiciais a busca por sua legitimidade e efetividade na execução
das sentenças ou de qualquer outro título executivo judicial presente no art. 515 do
Código de Processo Civil.
É direito fundamental das partes uma tutela jurisdicional efetiva; isto orienta
tanto o legislador na estruturação das normas processuais, como o juiz na aplicação
do preceito normativo. Para Marinoni, o direito fundamental à tutela efetiva tem
aplicação imediata, conforme o art. 5º, § 1º, da Constituição Federal, e isto vincula o
Poder Público a delinear normas processuais adequadas à tutela dos direitos.
Para Bruno Mazulho Zaroni e Edilson Vitorelli, a efetividade está presente na
autenticidade do seu procedimento executório. Se o devedor não tem bens
suficientes para quitar a dívida, isto não quer dizer que a execução não foi efetiva;
pelo contrário a efetividade está ligada ao processo e não ao direito material, visto
que ela enseja na aplicação da norma processual ao processo de execução.
A efetividade está presente na melhor forma de atribuir uma prestação
jurisdicional de qualidade e que respeite as garantias constitucionais do executado.
Ela está inerente ao princípio da menor onerosidade, presente no art. 805, CPC, o
qual expõe que o juiz mandará que o exequente promova a execução de forma
menos gravosa ao executado e ainda: se o devedor alegar que a medida executiva
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mais gravosa foi escolhida incube a ele indicar outros meios mais eficazes e menos
onerosos.
Mas a efetividade do procedimento está ligada apenas ao princípio da menor
onerosidade? Acreditamos que não. Como afirmado, a efetividade do processo de
execução é fruto de um procedimento sem deficiências. O princípio da menor
onerosidade ao executado é um dos atributos para garantir a efetividade do
procedimento; acreditamos que uma execução efetiva é um conjunto entre
celeridade para executar, adequação do meio utilizado, garantias constitucionais do
executado; acreditamos ainda que a falta de um pode resultar de forma negativa em
todo o feito.
Em face disto, podemos ressaltar a aplicação do art. 139, IV, do Código e sua
utilização incoerente diante dos preceitos constitucionais do processo. Adiante,
analisaremos um caso referente ao tema.
A interpretação equivocada do texto normativo referido anteriormente pode
por em risco a legitimação do procedimento, bem como sua efetividade e
consequentemente, a segurança jurídica do processo. Legitimidade e efetividade por
ir de encontro aos direitos fundamentais do executado e segurança jurídica, partindo
do conceito da mesma.
Diante disto entendemos que a efetividade é fruto de um conjunto de
aspectos onde estão presentes as garantias constitucionais das partes e do
processo, bem como o meio mais adequado para garantir a tutela jurisdicional
pleiteada, com base nos princípios fundamentais da execução tendo por destaque o
da menor onerosidade para o executado.

Referências Bibliográficas

DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno;
OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual Civil: execução. 7. ed.
rev., ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2017. p.80.

JUNIOR, Humberto Theodoro. A onda reformista do direito positivo e suas


implicações com o princípio da segurança jurídica. Disponível
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em:<http://sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/ONDA.pdf >. Acesso em


03 jun. 2020.

MARINONI, Luiz Guilherme. O direito à tutela jurisdicional efetiva na perspectiva da


teoria dos direitos fundamentais. Disponível em:
<http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/15441-15442-1-PB.pdf>. Acesso
em 02 jun. 2020. p.12.

ZARUNO, Bruno Marzulho; VITORELI, Edilson. Reforma e efetividade da execução


no novo CPC. In DIDIER JR, Fredie (coord. geral), MACÊDO, Lucas Buril de,
PEIXTO, Ravi, FREIRE, Alexandre (orgs.). Novo CPC: doutrina selecionada, v.5:
execução. Salvador: Juspodvim, 2016, p. 54

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