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Faculdade de Direito
Semestre 2018.2
Alberto Iervese
Sumário
Considerações Introdutórias .......................................................................................3
Cumprimento da Sentença.........................................................................................36
Ação Monitória.............................................................................................................60
Execução Fiscal .............................................................................................................66
Do processo de execução ............................................................................................70
Defesa do executado ....................................................................................................93
O professor Salomão Viana destaca o forte papel político da execução, pois é através
da execução que são efetivamente realizados e assegurados os direitos reconhecidos em
sentença, ou seja, é através da execução que o Estado consegue fazer valer seu poder sobre os
cidadãos. De nada basta a sentença por si só. Existe um direito fundamental a uma tutela
jurisdicional efetiva, o que tem como consequência a necessidade de um processo executivo
também efetivo (nenhuma tutela jurisdicional será efetiva se o respectivo processo executivo
também não o for).
P. Ex. A única casa da família, um bem de família em tese impenhorável, será penhorável se os titulares
do imóvel oferecem o mesmo como garantia. Se foi o imóvel oferecido como garantia, como não
poderia vir a ser penhorado? Seria incoerente.
Entretanto, esse direito potestativo, para ser efetivado, pode vir a gerar um direito de
prestação, e, em nome desse, poderá o indivíduo utilizar dos meios executórios. Ao certificar
e efetivar um direito potestativo, o órgão jurisdicional certifica, também, por consequência,
o direito a uma prestação que daquele é corolário.
P. Ex. A decisão que desconstitui uma alegada relação jurídica de locação é suficiente por si só, pois
trata-se de um direito potestativo. Se for necessária a realização de despejo por ordem judicial, pode
esse ser obtido através de uma execução, pois o direito potestativo reconhecido na sentença gerou um
direito de prestação (Um efeito da sentença – a saída do imóvel é o efeito de se ter desconstituído a
relação. Não há necessidade de outro processo de conhecimento para que seja ordenada a saída do
imóvel).
Em uma decisão que acolha o pedido de obrigação de dar, fazer, não fazer ou de dar
coisa distinta de dinheiro (coisa certa e coisa incerta), apenas por existir a decisão, ela não
produz efeitos na vida real automaticamente (não é porque o juiz determinou o pagamento de
uma quantia, que essa quantia será automaticamente paga pela parte).
• Obrigação de dar;
• Obrigação de fazer; São essas as obrigações às prestações.
• Obrigação de não fazer;
• Obrigação de dar coisa distinta
de dinheiro (coisa certa ou incerta).
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título,
observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto
no Livro II da Parte Especial deste Código.
OBS: Nada impede que o exequente opte por ingressar com um processo para que seja
reconhecida a dívida. Nesse caso, após os trâmites, ocorrerá a execução de um título JUDICIAL
(Art. 785 do CPC).
OBS: Quando o título judicial externo não ter valor certo, ou seja, uma situação em que seja
necessária a ocorrência do processo de liquidação para só então ocorrer a execução, nesse caso
será a execução considerada fase de um processo.
Em suma, a execução pode ser uma fase de um processo sincrético, que não nasceu com o fim
objetivo de execução (nesse caso será sempre fundada em título judicial, inclusive externo) ou
mesmo consistir em um processo autônomo, “nascido” com a finalidade de executar
(fundado em título judicial externo ou título extrajudicial).
§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o
cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
Comentários:
A autocomposição como título judicial, como visto nos incisos II e III, abrange tanto a
autocomposição judicial (no curso de um processo) quanto a extrajudicial. No caso de
autocomposição judicial, por força do §2º, poderá esta envolver sujeito estranho ao processo,
bem como versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo.
Inciso V: Este era considerado pelo CPC-73 como título extrajudicial, algo ilógico, visto que se
trata de decisão judicial.
Inciso VI: O valor fixado na seara penal não é definitivo, pode ser aumentado na esfera cível.
Entretanto, uma vez transitada em julgado essa sentença penal, esse valor não poderá ser
reduzido. Deverá o exequente solicitar a execução do valor assegurado no âmbito penal e
apresentar justificativos para que esse valor seja aumentado pelo juízo cível.
Nas hipóteses dos incisos VI, VII, VIII e IX, por se tratarem de títulos judiciais externos,
ou seja, em que não houve um prévio processo naquele âmbito, deverá o envolvido ser
CITADO (ato que dá ciência da existência de processo), na forma do §1º.
Novidade do CPC-15 XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de
emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados
nas tabelas estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.
Comentários:
Inciso II: Celebrado o negócio jurídico perante o tabelião, esse irá lavrar escritura pública,
dotando o instrumento de fé pública. Quanto ao termo “outro documento público”, o STJ
mantém o entendimento de que documento público é aquele produzido por autoridade
pública. Em ambos os casos, independente da espécie de obrigação contida no documento,
estaremos tratando de títulos executivos.
Inciso III: A exigência de duas testemunhas serve para conferir uma força maior ao documento.
É com base no descumprimento desse inciso que muitos advogados pleiteiam o não cabimento
da ação de execução.
Inciso IV: Não é preciso que o instrumento de transação seja referendado por todos esses
órgãos, mas somente por um.
Inciso V: Através da abertura conferida pelo legislador em “outro direito real de garantia”
inclui-se aqui, p. ex., a alienação fiduciária em garantia, contrato muito comum atualmente,
visto que não oferece riscos para as instituições financeiras.
OBS: Nessa situação não precisamos das duas testemunhas previstas no inciso III. A
exigência ali posta é para contratos em geral, enquanto que aqui tratamos de contratos
específicos.
Inciso VI: Apenas em caso de morte. Não mais em outros casos, como invalidez, como era
previsto pelo antigo código. Trata-se de uma novidade do CPC decorrente de lobby das
empresas seguradoras. A justificativa jurídica é a de que permitir a execução em caso de
invalidez traria para o processo de execução discussão não compatível com ele (o indivíduo
está invalido ou não?).
Inciso VII: Laudêmio é o valor pago pelo enfiteuta ao senhorio (possuidor do domínio direto)
toda vez que aliena onerosamente o imóvel do qual possui o domínio útil. Esse valor é
decorrente do não exercício do direito de preferência pelo senhorio. Foro, por sua vez, é um
valor pago anualmente ao senhorio pelo direito de possuir o domínio útil do imóvel (usar,
gozar e dispor do imóvel). O professor Salomão Viana aduz em sala que a região do Garcia e
do Canela, no passado foram objetos de contratos de enfiteuse pela Igreja local, motivo pelo
qual até hoje as negociações onerosas dos imóveis obrigam o vendedor a pagar o laudêmio à
Igreja.
Inciso VIII: Esse inciso não autoriza que o condomínio execute o condômino em razão das
taxas condominiais. Essa autorização se dá no inciso X. A menção final desse artigo deve aqui
ser entendida como a situação em que o proprietário paga as taxas de condomínio que
deveriam ter sido pagas pelo locatário.
Inciso IX: Inciso que embasa a execução fiscal. A inscrição na dívida ativa se dá por atuação
exclusiva do poder público (ex: indivíduo não paga IPTU, o poder público simplesmente o
insere na dívida pública, expede uma certidão e o executa).
Inciso X: Novidade do CPC-15. Esse inciso autoriza a execução pelo condomínio em desfavor
do condômino em razão do não pagamento de taxas condominiais.
Inciso XI: Outra novidade do CPC-15. Essa certidão também se dá por ato exclusivo do credor.
Inciso XII: Autorização para que leis extravagantes criem títulos extrajudiciais.
O professor Fredie Didier entende que é possível a criação de título executivo extrajudicial
através de negócio jurídico, por ser ele previsto em lei. O professor Salomão Viana discorda,
para ele é preciso uma lei especifica.
V. Classificações da execução
é uma certidão que atesta um crédito da União perante aquele que virá a ser executado.
Importante perceber que esse crédito não precisa ser tributário, como muitos pensam.
OBS: Se a lei apenas cria um título de crédito, mas não disciplina sua execução, estamos
tratando de uma execução comum.
Nesse caso são contratadas empresas especializadas que devem obrigatoriamente notificar o
executado para que pague. Se não o fizer, poderá inserir seus bens em leilão. São nesses leilões
que as pessoas costumam adquirir bens mais baratos. Entretanto, muitas vezes ocorrem
disputas judiciais, visto que o executado quase sempre ingressa judicialmente para que não
seja admitida a execução extrajudicial contra ele ocorrida.
Como dito acima, aqui o Poder Judiciário prescinde/não precisa da colaboração do executado
para a efetivação da prestação devida, pois, poderá o próprio Estado ou um terceiro adotar
uma medida substitutiva considerando a conduta do executado.
P. Ex.: Bloqueio do patrimônio do executado inadimplente através do sistema BACEN JUD para
satisfação da execução.
Antes era cabível somente nos casos de obrigações de fazer ou não fazer infungíveis, ação
alimentos e de obrigação de dar dinheiro* estabelecido em sentença como devido (essa mais
recente, desde 2006).
*Na obrigação de dar dinheiro, um exemplo claro é a multa por atraso. Esse é um
método coercitivo em que a mora é desestimulada.
Essa execução indireta pode ser baseada também em um benefício, ou seja, uma vantagem. É
o que denominamos sanção premial.
P. Ex.: Na ação monitória o sujeito que paga dentro do prazo de 15 dias não paga custas e tem os
honorários reduzidos pela metade.
É comum que seja cumulada a coação indireta com a sanção premial, ou seja, há um estímulo
ao adimplemento e uma sanção ao atraso.
P. Ex.: Juiz pode determinar a inserção dos dados do devedor nos bancos de dados de maus pagadores,
vide enunciado nº 76 do XXI Encontro Nacional dos Juizados Especiais.
1 DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil, Volume 5. 8ª edição. Págs. 53 e 54.
O professor Salomão Viana destaca que, apesar do ordenamento permitir que o beneficiado
aproveite os efeitos da decisão ainda não transitada em julgado através da execução
provisória, ao mesmo tempo transfere a ele a responsabilidade pelos danos eventualmente
causados por essa execução.
• Execução definitiva: É a execução completa, que vai até a fase final (com entrega do bem da
vida) sem exigências adicionais para o exequente. A execução de título extrajudicial é sempre
definitiva.
O critério para a diferenciação é a estabilidade do título executivo em que se
funda a execução: se se tratar de decisão acobertada pela coisa julgada
material, a execução será definitiva; se se tratar de decisão judicial ainda
passível de alteração (reforma ou invalidação), em razão da pendência de
recurso contra ela interposto, a que não tenha sido atribuído efeito
suspensivo, a execução é provisória.2
Esse juízo de mérito ocorrerá regularmente todas as vezes que o juiz decidir sobre as
postulações do exequente ou do executado sobre as mais diversas questões. Entretanto, para
chegar a essa análise, antes é preciso superar o obstáculo do juízo de admissibilidade do exame
do mérito (partes, causa de pedir, pedido, interesse de agir, legitimidade, tempestividade,
exigências específicas, etc.).
O não cumprimento dessas exigências, depois de concedida a chance de saná-las (se
possível for) dará origem a uma sentença de extinção do processo sem resolução de mérito
(que não faz coisa julgada).
P. Ex.: Se no curso da execução for penhorado um bem que supostamente vale metade do valor da
execução, o juiz irá se manifestar afirmando a satisfação parcial da execução e o prosseguimento da
mesma quanto ao restante (Há aqui uma decisão de mérito, mas não é ela sentença). Lado outro, haverá
sentença quando essa execução for plenamente satisfeita ou haveria sentença também se, na
propositura da ação – peça inicial – não tivessem sido percebidos os seus pressupostos.
P. Ex.: João (executado) perdeu no processo de execução um imóvel que havia adquirido através de um
contrato de alienação fiduciária em garantia. O terceiro interessado precisa ser informado acerca da
execução para que adote as providências necessárias no momento devido.
A peça que alega essas questões que podem ser discutidas dentro do processo é
comumente chamada de exceção de pré-executividade, que, segundo o professor Salomão,
possui uma péssima denominação. Para ele o nome ideal seria exceção de não executividade.
Há coisa julgada na execução e essa deve ser tratada com muito cuidado, visto que
pode haver mais de um título em que se pretende que seja ali executado (cumulação de
execuções). A coisa julgada pode recair sobre um título, mas não sobre o outro.
P. Ex.: Em uma execução fundada em dois títulos diversos: Sobre o primeiro o juiz reconhece a
prescrição enquanto que sobre o segundo o juiz inadmite em razão de não existirem os requisitos
previstos em lei. Nessa situação estaremos diante de uma situação peculiar. Sobre a decisão que
reconheceu a prescrição, há coisa julgada. Sobre a outra, não.
Nas hipóteses de extinção da execução previstas no art. 924 do CPC, apenas uma
hipótese não faz coisa julgada (inciso I), por se tratar de uma questão de juízo de
admissibilidade. Todas as demais tratam sobre mérito e formam coisa julgada.
III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;
Demais incisos: Tratam de
juízo de mérito. Fazem coisa IV - o exequente renunciar ao crédito;
julgada.
V - ocorrer a prescrição intercorrente.
Por força do artigo 2º do CPC, toda vez que for deflagrado um processo autônomo de
execução, ele assim o será por iniciativa da parte, ou seja, não poderá o juiz, ex officio, fazer o
processo “nascer”. Lado outro, a execução como fase do processo poderá se desenvolver por
impulso oficial.
Exceção: Por opção política, a execução (fase de processo) por quantia certa depende da
iniciativa da parte (§1º do Art. 513). Ns demais tipos de execução (fazer, não fazer, dar coisa
distinta de dinheiro), o juiz poderá declarar de ofício a prática dos atos executivos.
OBS: O professor Salomão destaca a necessidade de saber quando se aplicar ou não essa
exceção.
P. Ex.: Existe a obrigação da Caixa Econômica Federal de realizar o depósito relativo ao FGTS, é ela de
fazer ou de pagar? Utilizando a interpretação de que é uma obrigação de fazer, poderá o juiz instaurar
de ofício a execução.
Essa dispositividade como regra é também vista no art. 133, que trata do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica. O incidente não pode ser declarado de ofício,
devendo sempre ser instaurado por iniciativa das partes ou do MP.
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e
ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou
retificados.
§ 1o O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não
prejudicar a parte.
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão
for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos
termos do art. 485.
I - frauda a execução;
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à
penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e,
se for o caso, certidão negativa de ônus.
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em
montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em
execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos
próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza
processual ou material.
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de
seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do
processo:
O art.5º trata sobre a boa-fé: O indivíduo que figura em um processo de execução deve
se atentar para: Regras de concretização do princípio da boa-fé; proibição geral de conduta
dolosa, proibição geral de abuso de direito, proibição geral de comportamento contraditório e
“supressio” processual.
O professor Salomão Viana destacou a “supressio” processual:
P.Ex.: É contrário à boa-fé que o beneficiado por multa em razão de descumprimento fique inerte por
um período considerável almejando obter grandes valores através da multa imposta na decisão. Ocorreu
aí uma supressio processual, em que o cumprimento não mais poderá ser exigido.
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos,
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Importante notar a ficção jurídica imposta pelo legislador no §2º do art. 835:
Equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não
inferior ao débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.
Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
• Regra de que não existe execução sem título (“nulla executio sine titulo”)
A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe
o credor de promover-lhe a execução (Art. 784, §1º). Não pode ser obstado o direito de ação,
entretanto, se em processo diverso for reconhecida pelo juiz a não-exigibilidade da obrigação,
a execução poderá ser promovida, mas será desde logo indeferida, em razão de existir decisão
judicial que entende a obrigação como inexigível (foi possível promover a execução, como
manda o dispositivo legal, mas isso não significa que a execução continuará).
Assim, é nula a execução se o título não corresponder à obrigação líquida, certa e
exigível (Art. 803).
Art. 803. É nula a execução se:
Art. 776. O exequente ressarcirá ao executado os danos que este sofreu, quando
a sentença, transitada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a
obrigação que ensejou a execução.
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o
pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários
advocatícios.
Não se deve penhorar apenas os valores referentes à dívida do título, mas também os
juros, as custas e os honorários advocatícios. Todos os valores devidos em razão da existência
do processo executivo também devem ser penhorados, em razão da máxima efetividade.
Devem ser adotados todos os meios executivos necessários à prestação integral da
tutela executiva, sejam eles típicos ou atípicos.
O dinheiro será a prioridade na execução, vide art. 835, mas devem ser respeitados os
valores necessários para subsistência do executado e de sua família (Art. 833, IV).
Exceção: Na situação de existência de dívida alimentícia, pode ser penhorado qualquer valor,
até mesmo os excetuados acima, pois aqui entra em cena um outro direito fundamental,
referente aos direitos do menor. (Art. 833, §2º)
Art. 833. São impenhoráveis:
Dos textos dos artigos 139, II, 297, 536, §1º e 538, §3º, extraem-se regras que permitem
uso de técnicas de execução direta ou indireta.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe:
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para
efetivação da tutela provisória.
Na execução direta o Estado “substitui o devedor” e faz, por si só, cumprir a execução:
Pode se dar por desapossamento, por transformação ou por expropriação.
(i) Na expropriação os bens do devedor se submetem a atos executivos; os bens dos
executados são expropriados e vendidos ou transferidos para a satisfação do crédito.
A execução é forçada, ou seja, independe da vontade do devedor.
(iii) Já no tipo transformação, visa mudar a realidade fática presente. A tutela jurisdicional
visa, conforme a natureza obrigacional, coagir a parte em fazer ou não fazer algo para
mudar a realidade
Na execução indireta, o Estado busca atuar para que o próprio devedor cumpra com a
obrigação. Essa atuação pode se dar através de medidas de cunho pessoal ou patrimonial,
sejam elas por temor (sanção negativa), seja por incentivo (sanção premial).
(i) Coerção patrimonial: que incide sobre a esfera patrimonial do executado, como as
multas.
(ii) Coerção pessoal: incide sobre a esfera pessoal, ou seja, sobre a liberdade do executado.
Trata-se de meio primitivo, mas que previsto na Constituição Federal, como forma de
coagir o devedor a pagar o que deve. Ex. prisão civil do devedor de alimentos.
1º Conclusão: Nas execuções em geral (sem distinção entre aquelas fundadas em título judicial
ou em título extrajudicial), pode o órgão julgador utilizar medidas atípicas*, de execução direta
ou indireta, incluídas as sanções premiais.
*Medidas atípicas são aquelas que não estão previstas em lei.
No que se refere às medidas ATÍPICAS, estas podem ser utilizadas, de logo, em qualquer
tipo de execução?
O art. 139, IV (poder geral de efetivação), que menciona a execução por quantia certa
(pecuniária), diz respeito a uma regra genérica que abrange todos os tipos de execução. No
art. 297 também não há especificidade do tipo de execução. Já o art. 536 trata especificamente
da obrigação de fazer ou não fazer. O art. 538, que trata sobre entregar coisa distinta de
dinheiro, traz, em seu §3º, que no que couber aplicam-se as regras das obrigações de fazer ou
não fazer. Existem mais de 100 artigos que tratam sobre execução por quantia certa, ainda
assim o legislador não especificou a utilização de medidas atípicas. Disso, podemos extrair 04
observações:
(i) Quanto às prestações de fazer, de não fazer e de entregar coisa distinta de dinheiro há
previsão específica de uso de medidas atípicas;
(ii) Não há previsão específica de uso de medidas atípicas para a efetivação de prestação
pecuniária;
(iii) Há, no CPC, mais de 100 dispositivos disciplinando a execução por quantia certa;
Logo, conclui-se que, por opção política do legislador, na execução por quantia certa
o juiz precisa ser mais moderado, não podendo utilizar de logo medidas atípicas. Tanto é
assim, que a 4ª observação é a seguinte:
(iv) Frustrada a execução por quantia certa por não haver bens penhoráveis, a solução
legislativa é a suspensão do curso da execução (CPC. Art. 921, III e IV)
2ª Conclusão: A execução por quantia certa é marcada pela TIPICIDADE, em razão do que,
nela, a utilização de medidas atípicas deve se dar subsidiariamente.
• Princípio da menor onerosidade: Se o resultado for passível de ser obtida com medidas
menos onerosas ao executado, é por esse caminho que o juiz deve seguir;
• Princípio da efetividade: Devem ser adotadas medidas efetivas, que assegurem o
cumprimento da execução;
• Princípio da eficiência: Essas medidas devem dispender a menor energia possível, ou
seja, deve o juiz promover a menor quantidade de atos possíveis, desde que mantida a
efetividade das medidas;
• Postulado da proporcionalidade: Deverá ser feito um juízo acerca da:
13ª Conclusão: A previsão, como medida típica, da multa a que se refere o §1º do art. 523
impede a adoção da multa diária, como medida atípica, na execução por quantia certa. O
ordenamento jurídico não deixou espaço para que o juiz acrescente uma multa que não seja a
do art. 523, §1º. Medidas executivas atípicas devem ser aplicadas subsidiariamente. Entretanto,
o professor Salomão não descarta, caso seja avaliado necessário, a majoração da multa.
14ª Conclusão: Na execução por quantia certa, as medidas executivas atípicas, inclusive a
multa diária, podem ser utilizadas diretamente, e não subsidiariamente, para forçar o
cumprimento de deveres processuais.
15ª Conclusão: Não é possível a decretação de prisão civil como medida executiva atípica para
a efetivação de prestação de conteúdo patrimonial não alimentícia.
16ª Conclusão: É possível a decretação de prisão civil como medida executiva atípica para a
efetivação da prestação de conteúdo não patrimonial.
Não existe direito absoluto, nem mesmo a liberdade de ir e vir, pois é possível que outro direito
fundamental, em dada situação, tenha precedência sobre o direito fundamental à liberdade (p.
ex.: direito à vida, direto à saúde, direito à integridade física, etc.). Obviamente, essa prisão
civil deve ser por tempo determinado e, tão logo cumprida a obrigação, deve o indivíduo ser
solto. São indispensáveis:
1 – Fundamentação profunda;
2 – Esgotamento prévio de outras medidas menos onerosas;
3 – Contraditório prévio (Segundo o professor Salomão, com toda sua experiência, esse
contraditório é muito útil, pois quando o indivíduo é informado que está sendo
considerada sua prisão civil, é comum que cumpram a obrigação com uma velocidade
impressionante);
4 – Fixação do prazo de duração da medida atípica;
5 – Observação de que o cumprimento da prestação faz cessar a medida atípica.
17ª Conclusão: Não pode o juiz impor, como medida atípica, providência que constitua ilícito
de qualquer natureza (civil, penal ou internacional).
P. Ex.: Algo humilhante; Privação de sono; forçar o sujeito a dar voltas na praça do campo
grande, etc.
a) Atributos da Multa
Como veremos a seguir, a multa como medida executiva indireta possui natureza
processual, finalidade coercitiva, caráter acessório e é destinada à parte contrária.
Vejamos:
(i) Natureza Processual: Essa multa tem natureza processual, ou seja, não tem natureza
indenizatória. Dessa forma, não há qualquer problema em ocorrer sua cumulação com
uma multa de natureza indenizatória (p. ex.: perdas e danos resultantes da conversão
de obrigações de fazer, não fazer, entregar coisa distinta de dinheiro – CPC, Artigos
499 e 500).
Ademais, por não ter natureza indenizatória, essa multa não está submetida a teto. Se
houvesse natureza indenizatória o teto corresponderia ao valor do dano apurado.
(ii) Finalidade Coercitiva: Tem finalidade coercitiva, ou seja, tem finalidade de agir sobre
a vontade do sujeito. Não possui ela finalidade punitiva. Portanto, poderá ela conviver
tranquilamente com multas punitivas (p. ex.: a multa por litigância de má-fé). Por não
ter finalidade punitiva, não tem limite legal, nem está vinculada à fixação de um limite
pelo juiz (o limite tratado pelo código civil trata das multas punitivas).
(iii) Caráter acessório: Essa multa tem caráter acessório, ou seja, se o cumprimento da
obrigação for impossível, ela não incide. O mesmo ocorre se o cumprimento e tornar
impossível ou a obrigação for adimplida, ela cessa a incidência; se vier a ser
reconhecida a inexistência da obrigação, ela não é devida (seria ilógico a parte ser
obrigada a pagar uma multa pelo descumprimento de uma obrigação indevida).
A multa é exigível desde já, devendo ser depositada em juízo, permitido o
levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença, favorável à parte (Art. 537,
§3º). É a solução perfeita para não estimular o descumprimento (a execução será possível) nem
submeter as partes às injustiças (é injusto que a obrigação não seja devida, mas a multa seja).
(iv) Destinada à parte contrária: É uma multa destinada à parte contrária (Art. 537, §2º).
Observação: Nada impede que o juiz, no exercício do seu poder geral de efetivação, já
estabeleça um limite para a multa, desde que se trate de um limite que pressione o devedor a
cumprir a obrigação e não faça o credor se desinteressar pelo descumprimento da obrigação
principal.
Liquidação da Sentença
Primeiramente, destacamos que o vocábulo “sentença” deve ser aqui entendido como
decisão judicial, e não como sentença em sentido estrito.
Para que ocorra o cumprimento da sentença é necessário que exista um título executivo
judicial (“nulla executio sine titulo”) e que este contenha uma obrigação certa, líquida e exigível.
Disso surge uma pergunta: o que é uma obrigação certa, líquida e exigível?
(i) Certeza: A certeza da obrigação deve ser auferida a partir do conteúdo constante no título.
Aqui não importa se a obrigação já foi paga ou se foi obtida mediante coação. Para que a
obrigação seja certa, basta que a mesma conste do título. A certeza é intrinsicamente
relacionada com a existência.
P. Ex. A obrigação assumida verbalmente não é certa. A certeza dela só é percebida quando a
mesma consta de um título. Para isso, é necessária a propositura de uma ação, que ocasionará
uma sentença (título executivo).
(ii) Liquidez: Para aferição da liquidez da obrigação contida no título não se considera fatores
externos, mas apenas o que consta no título. Se a obrigação estiver quantitativamente
determinada, estaremos diante de uma obrigação líquida. Entretanto, diferentemente do que
muitos pensam, não é necessário que o valor seja precisamente indicado, mas apenas que
ele seja identificável através da análise do título (a realização de simples cálculos não
desnatura a liquidez da obrigação).
P. Ex.: Um título que contenha uma obrigação de pagar cem mil reais. Essa obrigação é líquida,
ainda que esses cem mil reais não sejam devidos.
P. Ex.: O cheque especial, em que uma quantia fica disponível para utilização da pessoa, mas
não obrigatoriamente será totalmente utilizado, não será uma obrigação líquida, pois o
próprio título não consegue dizer o valor devido.
OBS: Liquidez não se refere somente às obrigações de pagar. Pode ser necessária, por
exemplo, para identificação do objeto devido (p. ex. bezerros de determinada fazenda).
A liquidez pode acontecer até mesmo para definição dos credores (p. ex. uma
obrigação em que o credor são os funcionários de determinado estabelecimento. Será
preciso identificar quem são esses funcionários).
(iii) Exigibilidade: A obrigação é exigível quando não estiver submetida à condição (evento
futuro e incerto) ou termo (evento futuro e certo). O recurso é uma condição em relação a uma
obrigação consubstanciada em uma sentença.
OBS: Não existe obrigação líquida ou exigível se ela não for certa. Lado outro, uma vez
certa, ainda que ela não seja líquida ou exigível, a parte pode tomar providências para
IMPORTANTE! obter essas características.
Assim, podemos dizer, de forma bem pobre e simplória, que a certeza é o elemento
mais importante.
Pela leitura do dispositivo legal podemos inferir a regra geral e a exceção no que tange
à liquidação de uma ação relativa à obrigação de pagar.
Regra geral: Havendo imposição da obrigação de pagar quantia, a decisão deve ser líquida.
Exceção: Se não tiver jeito, não teremos outra opção que não o procedimento de liquidação
(§1º.)
Importante: As exceções atingem apenas a extensão da obrigação, mas não as demais
determinações que devem ser estabelecidas pelo juiz em sentença (índice de correção
monetária, a taxa de juros, termo inicial, etc.).
I. Espécies de Liquidação
Existem duas espécies de liquidação, a liquidação por arbitramento (inciso I do art. 509)
ou pelo procedimento comum (inciso II do art. 509). O antigo CPC trazia a denominação
“liquidação por artigos”, que nada mais é do que a liquidação pelo procedimento comum.
Uma situação que poderia ser enquadrada como uma terceira espécie seria a prevista
no §2º do art. 509, que traz a situação em que a situação apenas depende de cálculo aritmético,
mas, como vimos anteriormente, a mera necessidade de realização de cálculos não configura
a iliquidez da obrigação. A discussão sobre esse valor e eventual impugnação ocorrerá no
cumprimento da sentença.
É bom perceber que a liquidação pode ser requerida tanto pelo credor quanto pelo
devedor, como dita o caput do art. 509.
A iliquidez de uma parcela da sentença não impede a execução da parcela líquida
enquanto ocorre a liquidação da parcela ilíquida (§1º)
Aqui será somente discutido o quantum e não mais se é devida ou não a execução. NA
EXECUÇÃO NÃO HÁ DISCUSSÃO DA LIDE. A cognição do magistrado é parcial, somente
poderá decidir acerca do procedimento da liquidação em si. (§4º)
Voltando ao assunto cálculos, precisamos destacar as normas contidas no art. 524 do
CPC:
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com
demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição
conter: (...)
Assim, percebemos que a tarefa de realizar os cálculos pode vir a envolver até mesmo
o executado, que, se não colaborar, serão considerados corretos os cálculos apresentados pelo
exequente.
OBS: A gratuidade da justiça compreende também os custos com a elaboração da memória de
cálculo, quando exigida para instauração da execução. (Art. 98, §1º, VII).
Trata-se do procedimento cabível apenas quando existir fato novo a ser provado. Por
ser uma intimação, percebemos que se trata de uma continuação de um processo existente.
Lado outro, se o título for judicial externo, será necessária uma citação, pois estaremos diante
de um processo autônomo de execução (Art. 515, §1º).
Mesmos autos ou atos apartados? A liquidação deverá ser realizada em autos apartados e
poderá ser realizada mesmo na pendência de recurso (Art. 512).
Cumprimento da Sentença
I. Considerações Iniciais
Aqui trataremos da execução fundada em título judicial que, como anteriormente
afirmado, optou o legislador por denominar como “Cumprimento da Sentença”, com
regramento legal no Livro I, Título II da Parte Especial do CPC.
Cumprimento definitivo/Obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública → Art. 534 e
535.
Cumprimento definitivo/Obrigação de fazer, não fazer e de dar coisa diversa de dinheiro → Art.
536 a 538.
Como vimos, a execução fundada em título judicial pode ser instaurada tanto por
requerimento da parte quanto ex officio pelo magistrado, exceto quando se tratar de execução
fundada em obrigação de pagar quantia certa, hipótese em que apenas poderá ser instaurada
a requerimento da parte.
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 246, não tiver
procurador constituído nos autos
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na
fase de conhecimento.
O devedor será obrigatoriamente intimado para cumprir a sentença (Art. 513, §2º). A
citação por edital mencionada no inciso IV somente será aplicável quando a parte for revel e
se manter ausente no processo, visto que pode ela pode, ao mesmo tempo, ser revel e estar
presente processualmente (A revelia é pura e simplesmente a não apresentação de defesa no
prazo legal).
§3º. Na hipótese do § 2o, incisos II e III, considera-se realizada a intimação
quando o devedor houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao
juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274.
Quanto ao §3º, trata-se de dispositivo legal inserido para superar os meios ardilosos
comumente utilizados pelos executados para se manterem inadimplentes. É obrigação do
executado comunicar ao juízo a mudança de endereço, sob pena de ser considerada realizada
a intimação.
§ 4o Se o requerimento a que alude o § 1o for formulado após 1 (um) ano do
trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor,
por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço
constante dos autos, observado o disposto no parágrafo único do art. 274 e
no § 3o deste artigo.
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo
com os artigos previstos neste Título:
§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o
cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
A autocomposição como título judicial, como visto nos incisos II e III, abrange tanto a
autocomposição judicial (no curso de um processo) quanto a extrajudicial. No caso de
autocomposição judicial, por força do §2º, poderá esta envolver sujeito estranho ao processo,
bem como versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo.
Inciso V: Este era considerado pelo CPC-73 como título extrajudicial, algo ilógico, visto que se
trata de decisão judicial.
Inciso VI: O valor fixado na seara penal não é definitivo, pode ser aumentado na esfera cível.
Entretanto, uma vez transitada em julgado essa sentença penal, esse valor não poderá ser
reduzido. Deverá o exequente solicitar a execução do valor assegurado no âmbito penal e
apresentar justificativos para que esse valor seja aumentado pelo juízo cível.
Nas hipóteses dos incisos VI, VII, VIII e IX, por se tratarem de títulos judiciais externos,
ou seja, em que não houve um prévio processo naquele âmbito, deverá o envolvido ser
CITADO (ato que dá ciência da existência de processo), na forma do §1º.
b) Competência
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar
pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se
encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser
executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos
autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
Terá competência para promover a execução o órgão julgador que teve competência
para originariamente conhecer da matéria. Esse órgão terá competência absoluta (funcional).
→ Regra Geral
Se tratando de título judicial externo, o juízo competente será o juízo cível competente.
P. Ex.: Se promovido pela Justiça Federal na área criminal, o competente será um juízo da
justiça federal da área cível. Se promovida por uma vara criminal de Recife, será competente
uma vara cível de Recife.
Observação 01: Por força do parágrafo único do art. 516, nas situações de competência
originária do primeiro grau de jurisdição ou no caso de títulos judiciais externos, ou seja, as
IMPORTANTE! situações dos incisos II e III, o legislador autoriza a propositura em diversos juízos, em respeito
ao princípio da efetividade:
(i) Atual domicílio do executado;
(ii) Local onde se encontrem os bens sujeitos à execução;
(iii) Local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou não fazer, casos em que
a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
Observação 02: O professor Salomão Viana entende que a cláusula de eleição de foro somente
afasta essa faculdade do exequente caso nela conste, expressamente, que o foro eleito
IMPORTANTE! também o será para eventual execução da sentença. Na omissão dos negociantes na
elaboração da cláusula, entende-se que essa se restringe ao processo de conhecimento.
Observação 03: Trata-se (o parágrafo único do art. 516) de direito potestativo do exequente,
mas seu abuso é vedado, como todo abuso de direito. Caso opte por um foro que seja
demasiadamente prejudicial ao executado, poderá este alegar tal situação em juízo.
Para que a parte realize o protesto, deve se dirigir à vara que tramita o processo e
solicitar a expedição de uma certidão detalhada sobre a decisão e então o levar em um cartório
de títulos e documentos.
Caso o executado tenha proposto uma ação rescisória, também poderá requerer uma
certidão e levar ao mesmo cartório para que conste a propositura ao lado do protesto
realizado.
Sendo satisfeita integralmente a execução, o juiz, no prazo de 03 dias, a pedido do juiz,
expedirá ofício ao cartório para cancelamento do protesto.
Nesse regime do cumprimento provisório da sentença, por força do art. 527 do CPC,
naquilo em que não houver tratamento específico, aplica-se, no que couber, as normas
atinentes ao cumprimento definitivo.
Pela leitura do caput do art. 520, extraímos uma importante regra do cumprimento
provisório da sentença: se o recurso interposto contra a decisão não estiver revestido de
IMPORTANTE! efeito suspensivo, a execução provisória da decisão que ele desafia obedecerá às regras
relativas ao cumprimento definitivo.
Entretanto, como já visto anteriormente, aquele que executa provisoriamente uma
decisão ainda não transitada em julgado é responsável pelas consequências do ato. (Inciso I
e Inciso II)
Se a sentença for anulada em parte, somente nessa a execução ficará sem efeito (inciso
III).
Como dissemos anteriormente, a decisão que é provisória, mas não os atos executivos,
tanto que alguns são irreversíveis, que é o que veremos aqui: o §4º protege os terceiros de boa-
fé.
§ 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o
desfazimento da transferência de posse ou da alienação de propriedade ou
de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito
à reparação dos prejuízos causados ao executado.
Uma importante questão sobre o tema diz respeito à caução: O cumprimento
provisório da sentença dependente da caução? Possuímos normas divergentes sobre o tema,
vejamos:
Art. 520, IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que
importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro
direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem
de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos
próprios autos.
Enquanto o inciso IV do art. 520 fala que se dará somente mediante caução em certos
casos, o §2º do art. 356 nos traz que não necessita de caução. Como conciliar?
IMPORTANTE!
Essa exceção deve ser analisada de acordo com a razoabilidade. Os honorários
advocatícios, por exemplo, que possuem natureza alimentícia, se forem devidos na ordem de
um milhão de reais, esse valor não será inteiramente considerado como verba alimentícia,
visto que correspondem a um valor muito maior do que o necessário para a subsistência do
advogado. O STF entende que o limite ao valor das verbas alimentícias mensais corresponde
ao máximo que um servidor público federal pode receber mensalmente, que no caso é o teto
do supremo.
Observação ao Parágrafo Único: Por conta de o legislador estabelecer, no parágrafo único do
art. 521 do CPC, que a exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar
manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação, ocorreu o que podemos
denominar esvaziamento das hipóteses de dispensa de caução, pois, com essa regra,
dificilmente as hipóteses previstas nos incisos virão a ser aplicadas no dia a dia jurídico.
Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição
dirigida ao juízo competente.
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será
acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, cuja autenticidade
poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade
pessoal: (...)
II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;
O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição dirigida ao juízo
competente (Art. 522).
Comentário ao inciso II: É exigido que seja comprovada a interposição de recurso NÃO
dotado de efeito suspensivo (O efeito suspensivo nos recursos é exceção, afora o recurso de
apelação, que tem o efeito suspensivo como regra).
Se alguém está cobrando precisa demonstrar o que está cobrando, o porquê de estar
cobrando, quanto está cobrando e deve juntar os cálculos relativos ao valor requerido.
§ 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os
limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a
penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada.
Comentário ao §2º: O custo com elaboração de memória de cálculo está incluído na gratuidade
da justiça, vide art. 98 do CPC.
§ 3o Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de
terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do
crime de desobediência.
Comentário ao §3º, §4º e §5º: Seria incoerente exigir tais provas do exequente, visto que os
dados necessários não estão sem seu poder. Se estes estiverem em poder do executado e não
forem apresentados por este, serão reputados como verdadeiros os cálculos apresentados pelo
IMPORTANTE!
exequente.
Se estes dados estiverem em mãos do terceiro, mas não do executado, e este não entregar,
além do crime de desobediência, os cálculos apresentados pelo autor serão reputados
corretos? NÃO! Em nenhuma hipótese, no incidente de exibição movida contra o terceiro,
admite-se que o juiz presuma como corretos os cálculos apresentados pelo exequente, porque
essa é a consequência aplicável apenas ao descumprimento pelo devedor8.
8 DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil, Vol. 5. 2017. Editora Juspodium.
II - ilegitimidade de parte;
Excesso e cumulação são coisas distintas. Excesso consiste, mas não somente, na
cobrança de uma quantia maior do que é devida, enquanto que cumulação é a cobrança de
mais de um título na mesma ação.
São situações caracterizadoras do excesso de execução, segundo o art. 917, §2º do
Código de Processo Civil:
(i) Quando o exequente pleiteia quantia superior à do título;
(ii) Quando a execução recai sobre coisa diversa daquela que foi declarada no
título;
(iii) Quando se processa de modo diferente do que foi determinado no título;
(iv) Quando o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o
adimplemento da prestação do executado;
(v) Se o exequente não provar que a condição se realizou.
§ 4o Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução,
pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de
imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo
discriminado e atualizado de seu cálculo.
O art. 229 do CPC é o dispositivo legal que traz o prazo em dobro para litisconsortes
com advogados distintos em processos que os autos sejam físicos.
A impugnação prevista no art. 525, via de regra, não possui efeito suspensivo. Para
que esse seja concedido, é preciso que seja requerido (não pode se dar ex officio) e que o juiz
perceba a necessidade de sua concessão. Ademais, é necessária a garantia do juízo, que os
fundamentos apresentados sejam relevantes, e que o prosseguimento da execução venha a
causar danos irreversíveis ao executado (periculum in mora)
Por não possuir efeito suspensivo, a impugnação não impede a prática de atos
executivos, como visto acima. Entretanto, esse efeito suspensivo pode ser concedido a
requerimento da parte (não pode ser ex officio) e desde que garantido o juízo com penhora,
caução ou depósito.
São quatro os requisitos para concessão do efeito suspensivo:
(i) Requerimento do executado;
(ii) Garantido o juízo;
(iii) Fundamentos relevantes;
(iv) Periculum in mora: prosseguimento da execução causará danos irreversíveis ao
executado.
Os parágrafos 7º, 8º, 9º e 10º continuam a tratar do efeito suspensivo, tendo como
pontos mais importantes.
Destacamos o disposto no §8º, em que o legislador autoriza a aplicação do efeito
suspensivo também em apenas uma parte da execução.
DECISÃO INCONSTITUCIONAL
Abriremos um espaço em separado para tratar deste assunto, devido à sua grande importância.
O tema encontra amparo legal nos parágrafos 12, 13, 14 e 15 do art. 525 do CPC, transcritos acima.
Na impugnação, o executado poderá alegar que a decisão exequenda é inconstitucional, ou seja,
que a decisão que se pretende a execução foi fundada em lei, ato normativo ou interpretação tidos
pelo STF como inconstitucional.
A lei, o ato normativo ou a interpretação – cuja inconstitucionalidade tenha sido proclamada pelo
STF – deve ter sido essencial para a procedência do pedido. Se, mesmo afastado o ato normativo
considerado inconstitucional pelo STF, persistir a conclusão a que chegara o órgão julgador, não faz
sentido acolher-se a impugnação ou a ação rescisória que se baseiam no argumento.
É preciso, em outras palavras, que haja uma relação de causa e efeito, de sorte que
afastada a lei que fundamenta a sentença, a conclusão desta seja, inevitavelmente, alterada.
Se a decisão do STF que considerou inconstitucional foi antes da decisão, não afetará a coisa
julgada em si, mas há a ficção jurídica de que é retirado dessa decisão a sua executividade (não poderá
ser executada). O executado poderá alegar essa ausência de executividade através de impugnação.
Se a decisão do STF for posterior à decisão exequenda, será aberto um espaço para uma ação
rescisória (§15º), caso não tenha havido uma modulação dos seus efeitos no tempo ou mesmo quando
exista uma modulação, mas que esta abranja um período que abarque a decisão exequenda.
Entretanto, na hipótese da decisão do STF ter sido posterior à decisão exequenda, mas tendo
seus efeitos modulados para frente ou a partir de um período que não abarque a decisão exequenda,
nada poderá alegar o executado, pois a executividade dessa decisão se mantém intacta.
Precatórios RPV
Valores Acima de: 60 salários Igual ou inferior: 60 salários
mínimos (União); 40 salários mínimos (União); 40 salários
mínimos (Estados e DF), mínimos (Estados e DF), sendo
sendo passível de alteração; passível de alteração; 30 salários
30 salários mínimos mínimos (Municípios), sendo
(Municípios), sendo passível passível de alteração.
de alteração.
Observação: Por força da lei, os bens das entidades autárquicas, dos correios e da fundação
habitacional do exército também são impenhoráveis e inalienáveis.
Pela leitura do caput percebemos que, por ser um prazo processual, o prazo para
impugnação da Fazenda Pública (30 dias), o dobro em relação aos demais.
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu
à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,
novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes
ao trânsito em julgado da sentença.
§ 1o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts.
146 e 148.
§ 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia
quantia superior à resultante do título, cumprirá à executada declarar de
imediato o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento da
arguição.
O tema aqui tratado é regulado no novo CPC nos arts. 528-533, sendo os mais
importantes pontos:
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de
prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o
juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado
pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou
justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
Como podemos ver pelo dispositivo, tratamos aqui tanto de sentença quanto de
decisão interlocutória. Haverá aqui um respeito ao contraditório e ampla defesa, devendo
ocorrer a intimação para pagar cumulada com a possibilidade de defesa (parte final).
Essa impossibilidade efetuação da prestação de alimentos, após decisão condenatória
em sentença, deve ser oriunda de fato superveniente, em razão da preclusão. Já em
cumprimento de decisão interlocutória, o campo para essa alegação de impossibilidade é
IMPORTANTE!
amplo, pois ainda não foi dada à parte executada o direito de um efetivo contraditório.
§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de
pagar justificará o inadimplemento.
Ademais, como consta do §2º, essa impossibilidade de pagamento deve ser absoluta e
comprovada.
§ 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento,
não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de
efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se,
no que couber, o disposto no art. 517.
O protesto (art. 517) aqui nas ações alimentícias não exige trânsito em julgado, apenas
o decurso do prazo para pagamento voluntário, o que é uma exceção.
O CPC trouxe a novidade de tempo mínimo para prisão (1 mês), o que significa dizer
que o juiz não decretará a prisão por menos tempo do que 01 (um) mês.
A antiga legislação apenas trazia o tempo máximo para a prisão civil pelo não
pagamento dos alimentos, qual seja o de 60 (sessenta) dias.
Obviamente, isso não significa dizer que o indivíduo ficará preso por 1 mês ainda que
pague logo suas obrigações. Isso apenas impede o juiz de colocar o prazo da prisão o de 10
dias, por exemplo.
O devedor de alimentos preso cumprirá a pena em regime fechado, mas por estarmos
tratando de um indivíduo em situação de prisão civil, ou seja, não tendo sido condenado pela
prática de ilícito penal, ele terá direito a estar separado dos presos comuns.
§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das
prestações vencidas e vincendas.
Feito o pagamento, a ordem não será cumprida. O pagamento pode ser feito à
exequente, e se essa recusar o pagamento, deverá o devedor realizar o depósito judicial.
§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução
e as que se vencerem no curso do processo.
Súmula nº 309 do STJ - O débito alimentar que autoriza a prisão civil do
alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao
ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.
É preciso muito cuidado na interpretação desse dispositivo. A parte exequente não está
limitada a cobrar apenas as 03 prestações anteriores. O que o dispositivo traz é que a prisão
apenas poderá ser fundamentada nas 03 prestações anteriores e não pagas e as que vencerem
IMPORTANTE!
no curso do processo. No mesmo sentido está o texto da Súmula nº 309 do STJ.
§ 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode
promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao
pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.
O desconto em folha mencionado nesse dispositivo pode ser requerido tanto quanto
as prestações vincendas quanto as vencidas (Novidade do CPC/15), mas esse desconto em
folha da soma das prestações vencidas e vincendas) não poderá exceder 50% dos ganhos
IMPORTANTE! líquidos do executado, em razão da necessidade de garantia da sua subsistência.
Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831 e
seguintes.
A necessidade de autos apartados nessa situação é para evitar, por exemplo, que o
processo suba para o tribunal em razão de eventual recurso e a execução seja levada junto, no
caso de processo físico.
Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos,
caberá ao executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja
renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão.
Como pode ser inferido dos dispositivos legais acima postos, o credor possui três
opções na execução de verbas alimentícias: i) Prisão civil em caso de inadimplemento; ii)
Execução imediata; iii) Inclusão dos valores na folha de pagamento do executado. Vejamos:
Art. 528, § 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de
mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1 o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1
(um) a 3 (três) meses. → Prisão civil por inadimplemento
Art. 528, § 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde logo,
nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do
executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não
obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação. → Execução imediata
Art. 529, § 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode
ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput
deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos
líquidos. → Inclusão dos valores na folha de pagamento
Importante perceber que assim traz o dispositivo: “o juiz poderá determinar, entre
outras medidas.... → Percebe-se que o rol é exemplificativo, ou seja, o juiz não deve a ele se
limitar.
Observação: Entrega de coisa envolve também incapaz, apesar de esse não ser coisa.
Somente pode ser exercido na fase de conhecimento, por força do direito de defesa. Se
não feita nesse momento, ocorrerá preclusão.
O direito de defesa pode ser dividido em objeções (que o juiz pode tomar conhecimento
de oficio) ou exceções (que o juiz não pode tomar conhecimento de ofício).
Ação Monitória
Monitorização é a possibilidade de conferir caráter definitivo à execução sem que o
eventual direito tenha passado por uma cognição profunda.
Aqui há um documento robusto e escrito, mas, apesar disso, não possui caráter
executivo.
A ação monitória, quando possível, sempre será uma opção para o exequente, nunca
uma obrigação.
Na ação monitória o sujeito é citado para cumprir a obrigação, mas se não cumprir, o
“mundo não desaba sobre ele” como na execução. Tudo aqui dependerá da apresentação ou
não de defesa por parte do executado.
Se uma vez citado, o réu, possível executado, não cumpre a obrigação, mas se defende,
puxará o processo para o lado da certificação (procedimento comum). Lado outro, se não
cumpre a obrigação e também não se defende, puxará a ação para o lado da execução.
Muitas vezes o mandado de citação tem em seu corpo que “não sendo apresentada
defesa, esse mandado se converterá em mandado para cumprimento da execução”, mas na
verdade o que se converte é a ação.
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com
base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
Como podemos inferir pelo caput do art.700, o devedor deve ser capaz, e a ação deve
ter como base prova escrita sem eficácia de título executivo.
Pela análise dos incisos I, II e III, percebemos que a ação monitória é cabível em
qualquer tipo de obrigação (pagar, fazer, não fazer, dar coisa distinta de dinheiro). No antigo
CPC somente se admitia na obrigação de pagar e na obrigação de dar coisa
§ 1o A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida
antecipadamente nos termos do art. 381.
A prova pode ser documental ou documentada e previamente produzida (novidade,
pois o CPC antigo só admitia prova documental).
§ 3o Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários
observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2 o e os seguintes
percentuais:
Cabe ação rescisória da decisão judicial que reconhecer a constituição do título judicial,
caso ocorra uma das hipóteses do art. 966.
§ 4o Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos previstos no
art. 702, aplicar-se-á o disposto no art. 496, observando-se, a seguir, no que
couber, o Título II do Livro I da Parte Especial.
Em caso de monitória contra fazenda pública, caberá remessa necessária, caso o valor
não esteja dentro dos parâmetros que a dispensam. Também não caberá quando a decisão
estiver em consonância com decisões vinculantes dos tribunais superiores.
§ 5o Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916.
I. Embargos Monitórios
A peça de defesa na ação monitória é chamada “embargos monitórios”. No caso de
embargos monitórios parciais, será aberto o contraditório no que tange à matéria embargada,
bem como ocorrerá a realização da execução daquilo que não fora embargado.
Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá
opor, nos próprios autos, no prazo previsto no art. 701, embargos à ação
monitória.
Execução Fiscal
I. Histórico
No Código de Processo Civil (1973), as execuções de obrigações pecuniárias se
dividiam exclusivamente em execução de título judicial e execução de título extrajudicial. O
procedimento dessas execuções eram muito próximos entre si.
Em 1980 veio a Lei 6.830, com o propósito de conferir à execução da Certidão de Dívida
Ativa a um grau e uma forma de exequibilidade diferenciada. Esse propósito foi efetivamente
alcançado. Por esse força executiva da Certidão da Dívida Ativa foi de tal forma relevante que
a CLT elegeu o procedimento de Execução Fiscal em que seriam buscadas as normas
suplementares da Execução Trabalhista.
Lado outro, todos foram percebendo a inefetividade do procedimento de execução tal
como estava no Código de Processo Civil. Por conta disso, as reformas em área de processo
civil tiveram como foco a execução prevista no CPC/73, que acabou por tornar o procedimento
comum de execução ainda mais eficaz do que os procedimentos especiais à época existente. O
STJ, ao longo de todo esse tempo, vem afirmando que a Execução Fiscal é submetida a uma
lei especial e, portanto, a entrada de normas gerais posteriores não tem o condão de alterar
as disposições especiais prevista na lei especial da Execução Fiscal.
ordem de citação, enquanto que o CTN dispunha que a interrupção se daria com a efetiva
citação. Com o fito de se compatibilizar os dois dispositivos, entendeu-se que deveria aplicar
a regra disposta na Lei 6.830 se for execução de crédito não tributário; sendo crédito
tributário, deverá ser considerada a regra prevista no CTN. Contudo, em 2005, Lei
Complementar alterou o CTN, passando a dispor que a prescrição se interrompe com a
expedição da ordem de citação e compatibilizando-se com a LEF e o CPC/15.
Prescrição intercorrente – consiste na possibilidade de se verificar a prescrição, mesmo
que já haja um processo nascido, mesmo depois de já exercida a pretensão. Prevista no art. 40
da LEF. Trata-se de prescrição de direito material, contudo os elementos que se precisa colher
para concluir que a prescrição intercorrente ocorreu são de direito processual. Ex: suspensão
por 1 ano da prática de atos procedimentais, arquivamento provisório dos autos, dentre
outros. O CPC/15 copiou a disciplina da prescrição intercorrente das execuções ficais e aplicou
para as execuções civis de um modo geral, previsto no art. 921 do referido diploma legal. A
diferença é que no campo da lei de execução fiscal o prazo prescricional é fixo de 5 anos,
enquanto que no CPC o prazo prescricional variará de acordo com o tipo de obrigação a ser
executada.
No campo civil, a prescrição atinge tão somente a pretensão, continuando o direito a
existir. Como consequência, se a obrigação é adimplida, não pode ser exigido de volta o valor
pago alegando prescrição. No âmbito tributário, a prescrição possui efeito diverso. A
prescrição extingue não somente a pretensão, mas também a extinção da obrigação tributária.
Exemplo: Cliente procura diante da existência de vultosa dívida tributária. Ao mesmo tempo,
foi aberto programa de facilitação de pagamento das dívidas tributárias e, por isso, ele pagou.
Contudo, descobriu-se que depois estava prescrita a dívida da Fazenda Pública. Nesse caso, o
STJ possui jurisprudência consolidada no sentido de que ao aderir a esses programas de
parcelamento realiza-se a confissão do débito, como regra. Contudo, a obrigação tributária já
estava extinta, de modo que a confissão, enquanto incidente sobre matéria de fato, não pode
ser dada sobre algo que não existe.
III. Competência
A LEF não versa sobre competência, possuindo dispositivo que remete ao CPC/15 em
casos de lacunas normativas, sendo a competência uma dessas lacunas.
Nesse particular, é no art. 46 do CPC em que encontramos a competência para a
execução fiscal, devendo ter sido disposto entre os dispositivos que versam sobre a
competência de execução de um modo geral.
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens
móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
§ 5o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu,
no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.
Há uma situação de competência concorrente (fórum shopping), podendo ser escolhido
o local em que ocorrerá a execução dentre as opções apresentadas. Mas há que se perguntar:
trata-se de competência absoluta ou relativa? Se trata de competência relativa, já que o critério
territorial foi o utilizado para identificar quais os foros possíveis. Mesmo diante de um critério
que em tese é de competência relativa, é possível que o ordenamento jurídico absolutize a
competência. Ocorre isso com a competência territorial como, por exemplo, no art. 47, §1º do
CPC.
Mesmo sendo de aparente competência relativa e, portanto, impossível de ser alegada
de ofício pelo magistrado. O STJ possui entendimento de que, se tratando de execução fiscal,
a possibilidade de propositura da execução nesses foros apresentados no dispositivo acima é
fixada em razão da facilitação da defesa do executado. Desse modo, seria possível não somente
ao executado questionar a incompetência, mas também o próprio juiz, de ofício. Isso terminou
tornando a execução fiscal de critério territorial em uma competência absoluta.
IV. Citação
A Fazenda Pública possui uma enormidade de cobranças para fazer, de modo que não
há como exigir em cada petição inicial conste exatamente a descrição dos fatos que conduziram
a exigência de pagamento do crédito, como ocorre em qualquer outra petição inicial da
execução. Com base nesse contexto fático, a LEF traz uma série de dispositivos que busca
facilitar a propositura da ação por parte da Fazenda Pública, como a possibilidade de o único
documento necessário para início da ação ser a própria certidão da dívida ativa.
Houve, inclusive, grandes questionamentos sobre essas disposições, afirmando que
seria uma forma de cerceamento do direito de defesa do executado. Contudo, o STJ possui o
entendimento consolidado de que a própria certidão e o conteúdo necessário para a
apresentação da petição inicial pela Fazenda Pública já seria suficiente para realizar a defesa
devida.
O despacho inicial de citação promovido pelo órgão jurisdicional deflagra, por
disposição legal, uma série de atos processuais, autorizando o próprio juízo
administrativamente a realiza-los. Não seria necessária a autorização constante por parte do
juiz.
Há ainda a possibilidade da citação se dar por correio, mediante a simples entrega da
citação no endereço do executado. Todo contribuinte possui a obrigação de manter seus dados
cadastrais atualizados junto aos órgãos da Fazenda Pública. Em tese, não há
inconstitucionalidade dos dispositivos, mas na prática isso se revelou infrutífero. A execução
fiscal é, de longe, o tipo de processo que mais existe no Poder Judiciário.
V. Resistência à execução
O executado é citado para no prazo de cinco dias, pagar ou indicar bens que possam
ser penhorados. Diferente do NCPC que dá prazo de três dias para pagamento e sem
necessidade de indicação de bens de garantia.
Passados o prazo de cinco dias e não ocorrido o pagamento, busca-se bens a serem
penhorados para garantia da dívida. O prazo de trinta dias para embargar será deflagrado
depois de feita a penhora.
Do processo de execução
Utilizando a nomenclatura adotada pelo Código de Processo Civil de 2015,
estudaremos agora a execução fundada em título extrajudicial. Vejamos:
§ 2o Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe
seria lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento.
§ 3o Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos artigos 534 e 535.
Relembramos aqui a peculiaridade que envolve o pagamento de quantia certa por parte
da Fazenda Pública, que deverá se dar por meio de requisições, seja pelo regime de precatórios
ou pelo regime de requisições de pequeno valor (RPV).
(i) Aqui há citação e não intimação (pois há aqui um novo processo) – Nessa
citação a F.Z. não é compelida a pagar (em razão da obediência ao regime de
requisições);
(ii) A resistência à execução fundada em título extrajudicial se dá através da
apresentação de uma demanda incidental que faz surgir um novo processo,
obviamente incidental, peça essa denominada Embargos à execução. A
demanda incidental na execução fundada em título judicial para oferecer
resistência não faz nascer um novo processo (apesar de existir a possibilidade
de tramitar em autos separados);
(iii) O campo de alegação na peça de defesa/resistência na execução fundada em
título extrajudicial é muito maior do que na fundada em título judicial, pois
aqui não houve um processo de conhecimento, ou seja, não houve uma prévia
oportunidade de defesa.
Sobre a citação, sua previsão consta do caput do art. 910 e traz também o prazo para
apresentação dos embargos, que é o mesmo que o da impugnação (execução fundada em título
extrajudicial), qual seja o de 30 (trinta) dias
Por força do §3º, na execução contra a F.Z. fundada em título extrajudicial aplica-se,
no que couber, a disciplina referente à execução por quantia certa contra a fazenda pública
fundada em título judicial.
OBS: Se nos dois polos tivermos Fazendas Públicas distintas e o título a ser executado for uma
certidão da dívida ativa, aplica-se as regras da execução fiscal.
Ocorre que nem toda execução feita pela Fazenda Pública é fundada em certidão da
dívida ativa, como por exemplo o acórdão do TCU, após julgamento de irregularidades
detectadas por parte do gestor público.
Observação ao parágrafo único: O legislador não incluiu o §1º, pois este versa exclusivamente
sobre o protesto da decisão judicial (sentença ou decisão interlocutória), e que aqui não existiu,
logo não será aplicável, pois aqui não se protesta a decisão judicial e sim o próprio título
Art. 912. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente
de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o
exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento de pessoal da
importância da prestação alimentícia.
Art. 913. Não requerida a execução nos termos deste Capítulo, observar-se-á o
disposto no art. 824 e seguintes, com a ressalva de que, recaindo a penhora em
dinheiro, a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução não obsta
a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação .
Para a obtenção desse valor, será preciso que se pratique atos cognitivos, mesmo que
estejamos aqui tratando de um processo executivo.
Estamos aqui tratando de uma liquidação, que apenas é possível pois a execução
começou líquida, mas houve uma inviabilidade no decorrer do processo, visto que não há
como executar uma obrigação contida em título extrajudicial se ela não for líquida.
Sobre a entrega de coisa, poderá ela ser certa ou incerta. No caso de coisa certa, basta
a decisão que determine sua entrega. Lado outro, na coisa incerta, pertencente a uma
universalidade, caberá ao exequente ou ao executado (a escolha pode vir a pertencer a
qualquer um dos dois) definir qual coisa deverá ser entregue, sendo que isso não exclui a
liquidez da obrigação.
Na entrega de coisa certa (Seja ela originalmente certa ou incerta) poderá essa coisa ser
móvel ou imóvel.
Art. 806 [...] § 2o Do mandado de citação constará ordem para imissão na posse
ou busca e apreensão, conforme se tratar de bem imóvel ou móvel, cujo
cumprimento se dará de imediato, se o executado não satisfizer a obrigação no
prazo que lhe foi designado.
No caso de bem imóvel, haverá uma imissão na posse do bem imóvel. O devedor é
citado para realizar a transferência da posse no prazo de 15 dias e, em caso de
descumprimento, será imitido na posse de modo forço.
Art. 809. O exequente tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor
da coisa, quando essa se deteriorar, não lhe for entregue, não for encontrada ou
não for reclamada do poder de terceiro adquirente.
Pode ser que a coisa esteja em mãos de terceiros, podendo mesmo assim ser
IMPORTANTE! alcançada pela busca e apreensão. O terceiro terá que depositar a coisa, e só depois será
ouvido.
Art. 808. Alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido mandado contra o
terceiro adquirente, que somente será ouvido após depositá-la.
OBS: O exequente estará protegido no caso de fraude à execução e nos casos de bens
submetidos a registros, que deveriam ter seus bancos de dados consultados acerca da
propriedade ou situação do bem, como no caso de imóveis e automóveis (não poderá o terceiro
adquirente, mesmo que de boa-fé, se beneficiar da sua própria torpeza).
Art. 810. Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo executado ou por
terceiros de cujo poder ela houver sido tirada, a liquidação prévia é obrigatória.
Já em relação ao direito de retenção, ele aqui é INAPLICÁVEL, por força do art. 807 e
do art. 538, §2º, que no caso da execução fundada em título judicial é passível de ser exercido
apenas no caso de benfeitorias necessárias ou úteis (se previsto no negócio jurídico), nunca em
razão de benfeitorias voluptuárias e durante o processo de conhecimento.
O juiz poderá fixar multa para obrigar o executado a cumprir a obrigação por ele
determinada e no título consubstanciada (Art. 806, §1º).
Lado outro, como dito anteriormente, a execução também poderá estar fundada em
título extrajudicial em que esteja consubstanciada uma obrigação de entregar coisa incerta.
Art. 811. Quando a execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela
quantidade, o executado será citado para entregá-la individualizada, se lhe
couber a escolha.
Art. 812. Qualquer das partes poderá, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar a
escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo
perito de sua nomeação.
Art. 813. Aplicar-se-ão à execução para entrega de coisa incerta, no que couber,
as disposições da Seção I deste Capítulo.
a) Obrigação de Fazer
Art. 815. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o executado será
citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe designar, se outro não estiver
determinado no título executivo.
Art. 817. Se a obrigação puder ser satisfeita por terceiro, é lícito ao juiz autorizar,
a requerimento do exequente, que aquele a satisfaça à custa do executado.
Na obrigação de fazer não adimplida pelo executado após a realização da citação descrita
no art. 815, o credor da obrigação possui duas opções quanto a forma de execução:
(i) Conversão da obrigação em perdas e danos;
(ii) Requerer que a obrigação seja feita cumprida por terceiro às custas do executado.
Ocorre que o exequente é que irá adiantar o valor do cumprimento para depois ser
cobrado do executado. Nesses casos temos a conversão do procedimento em
execução por quantia certa, já que teremos uma quantia líquida em dinheiro para
ser cobrada do executado.
É preciso se atentar para duas situações possíveis: (1) Primeiro, é possível que o exequente,
pelo mesmo valor, realize a obrigação ele mesmo. (2) Segundo, é possível que o terceiro
contratado não realize de modo adequado ou incompleto, podendo ser realizado uma
execução contra esse terceiro no mesmo processo. Disposições essas presentes nos artigos 819
e 820, abaixo transcritos.
Art. 818. Realizada a prestação, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias
e, não havendo impugnação, considerará satisfeita a obrigação.
Art. 820. Se o exequente quiser executar ou mandar executar, sob sua direção e
vigilância, as obras e os trabalhos necessários à realização da prestação, terá
preferência, em igualdade de condições de oferta, em relação ao terceiro.
Art. 822. Se o executado praticou ato a cuja abstenção estava obrigado por lei
ou por contrato, o exequente requererá ao juiz que assine prazo ao executado
para desfazê-lo.
§ 2o O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento,
quando rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração, caso
não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo,
levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente.
O próprio CPC, no caput do art. 827, estabelece o valor de 10% do valor da obrigação
como o valor dos honorários advocatícios sucumbenciais, a serem pagos pelo executado. A
partir do momento em que o sujeito é citado para pagar a quantia certa por ele devida, já será
citado para pagamento dos honorários sucumbenciais.
Terá o executado um prazo de 15 dias para embargar. Nesse mesmo período, mesmo
que depois do prazo de 3 dias, poderá ele ainda pagar o valor devido, mas não terá direito à
redução dos honorários pela metade. Lado outro, terá o direito de pagar o valor devido
parceladamente (depositando um valor de entrada equivalente a 30% do valor da obrigação)
– Direito potestativo do executado.
O embargante que tiver o pleito formulado nos embargos rejeitado terá os honorários
advocatícios da sucumbência majorados pelo juiz em até 20%. Esses honorários serão
majorados nos autos dos embargos, mas serão cobrados nos autos da execução.
A petição inicial da execução de quantia certa por título extrajudicial deverá atender os
requisitos de admissibilidade, sendo o mandado de citação do executado um juízo tácito de
admissibilidade.
Contudo, esse juízo de admissibilidade tácito não impede que questões atinentes ao
conteúdo dessa petição inicial ou questões processuais sejam alegadas pelo executado. Não
gera esse tipo de preclusão.
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida
pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de
averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a
penhora, arresto ou indisponibilidade.
Contudo, realizada a penhora efetiva de algum bem, qualquer outro registro que venha
a constranger outros bens do executado deverá ser cancelado por iniciativa do próprio
exequente. Poderá essa medida, se não feita pelo exequente, ser requerida pelo exequente ou
determinada pelo juiz de ofício. Não desfeita no prazo de 10 dias, poderá o executado alegar
prejuízos decorrentes da continuidade indevida desse registro e requerer indenização. A
apuração desses eventuais prejuízos irá se dar em autos apartados.
O executado poderá, a qualquer tempo, remir a execução. Ou seja, poderá ele pagar o
valor do que foi requerido pelo exequente. Essa remição é da execução. Mas existe a chamada
remição do bem, que é diferente. Familiares do executado poderiam remir o valor de bem que
está sendo executado. Nesse caso, o valor restante da execução continua ocorrendo.
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do
executado, ressalvadas as execuções especiais.
I - adjudicação;
II - alienação;
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias,
contado da citação.
Ou seja, aqui não há contagem de prazo a partir da juntada do mandado de citação aos
autos do processo, até mesmo porque esse não ocorre. O oficial de justiça mantém o mandado
consigo e, não verificado o pagamento, prosseguirá nos atos de execução.
Observação: Cuidado para não confundir os prazos! O executado será citado para pagar no
prazo de 03 dias, mas terá 15 dias para apresentar seus embargos à execução. Nada impede o
IMPORTANTE!
executado de realizar o pagamento após o prazo de 03 dias, mas nesse período ele não mais
terá o benefício de pagar apenas metade dos honorários advocatícios.
Aqui não é o caso de desaparecimento do executado. Será para o caso de, tentando
IMPORTANTE! citar, não ser possível entregar a citação pelo oficial de justiça.
O máximo que se pode obter do arresto é a sua posterior conversão em penhora. Mas
é possível que proceda à remoção dos bens móveis que são encontrados pelo oficial de justiça,
muito embora não necessariamente o arresto implicará em apreensão de bens.
Na execução fiscal, a lei de execução fiscal, exige que o oficial de justiça proceda ao
cartório de registro de bens imóveis e proceda à averbação da penhora. Na execução
convencional, isso é função do exequente.
Não pode o exequente ficar de braços cruzados, cabendo a ele lançar mão dos
instrumentos executivos que estão a sua disposição.
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o
pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários
advocatícios.
Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera
impenhoráveis ou inalienáveis.
Apenas o inciso “I”, que trata sobre os bens inalienáveis, a exemplo dos bens públicos,
que podemos dizer ser uma impenhorabilidade absoluta. Todos os demais devem ser
analisados de acordo com o caso concreto.
VI - o seguro de vida;
Trata-se de um dispositivo que não foi bem escrito, visto que abre espaço para
interpretações diversas. Na verdade, o artigo trata de duas situações diversas:
(i) Vencimentos, subsídios (IV)) devem observar o limite de 50% mencionados nos
artigos e aqui já estudado: “O desconto em folha mencionado nesse
dispositivo pode ser requerido tanto quanto as prestações vincendas quanto
as vencidas (Novidade do CPC/15), mas esse desconto em folha da soma das
prestações vencidas e vincendas) não poderá exceder 50% dos ganhos líquidos
do executado, em razão da necessidade de garantia da sua subsistência”;
(ii) Vencimentos, subsídios (IV), e os valores depositados em cadernetas de
poupança (X), colocados como bens impenhoráveis, serão penhoráveis no que
exceder a 50 salários-mínimos. → Real limitação do inciso X
É possível até mesmo penhorar o faturamento de uma empresa. Isso é possível e é feito
pelo juiz colocando dentro da empresa um administrador.
V - bens imóveis;
VII - semoventes;
Esse inciso traz uma situação peculiar: é possível a entrada de um novo sócio em uma
sociedade simples ou empresária em razão da ocorrência de penhora. Entretanto, para que
isso ocorra, primeiro é preciso que nenhum dos demais sócios queiram comprar essas cotas (o
valor será então repassado ao exequente) ou até mesmo a sociedade em si não as compre (nos
casos em que for possível), hipótese em que “será dona de si mesma”. Não ocorrendo
nenhuma das situações, essas cotas serão postas à venda.
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto
da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento
das custas da execução.
O ordenamento veda a penhora inútil, assim considerada aquela que tenha seu valor
inteiramente ou significativamente superado pelos custos com o procedimento para a penhora
(p.ex.: custos com o leiloeiro, etc.)
Esse inciso, novidade do CPC-15 e ainda pouco cumprido pelos oficiais, determina que,
não encontrados bens penhoráveis, deverá descrever todos os bens que guarnecem a
residência ou o estabelecimento, para que, uma vez elaborada a lista, o juiz avalie sobre a
impenhorabilidade destes bens (apenas o juiz pode realizar juízo de impenhorabilidade).
Esse depositário poderá ser até mesmo o próprio executado, mas não é a regra. Nesse
caso, o autor, deixa de estar com o bem na qualidade de proprietário para estar na qualidade
de depositário.
A penhora deverá ser documentada, seja através de auto ou termo de penhora. Qual a
diferença? Termo é gênero e auto é uma espécie de termo. Termo é uma documentação escrita
de um ato praticado por um auxiliar da justiça no exercício de suas funções. O auto, uma
espécie de termo, é uma documentação referente à ato praticado pelo auxiliar da justiça fora
das dependências do fórum.
Art. 838. A penhora será realizada mediante auto ou termo, que conterá:
É mais comum que seja lavrado auto de penhora, visto que essas costumam ocorrer
fora do fórum. Ocorre que também é possível que seja lavrado um termo de penhora, nas
hipóteses de bens informados ao juízo pelo executado e de bens imóveis, em que será lavrado
o termo de penhora e expedido ofício ao órgão competente para que o mesmo seja registrado.
Art. 841. Formalizada a penhora por qualquer dos meios legais, dela será
imediatamente intimado o executado.
A data de intimação da penhora perdeu muito da sua antiga importância, pois, a partir
de 2016, a data de início do prazo para embargos deixou de ser a data de intimação da penhora
e passou a ser data da juntada do mandado de intimação aos autos.
Observação: No caso da Execução Fiscal a data de início do prazo para embargos ainda é a
data de intimação da penhora.
§ 1o A intimação da penhora será feita ao advogado do executado ou à
sociedade de advogados a que aquele pertença.
É obrigação do executado manter o seu endereço atualizado perante o juízo, sob pena
de ser a intimação que informa sobre a penhora ser considerada válida.
Art. 842. Recaindo a penhora sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel,
será intimado também o cônjuge do executado, salvo se forem casados em
regime de separação absoluta de bens.
ao cônjuge pelo CC/2002 e pelo CPC/2015, entende-se que o companheiro (a) também deverá
ser intimado.
Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-
parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o
produto da alienação do bem.
Sendo divisível o bem, não há de ser penhorado a parte de terceiro, ainda que cônjuge
(a depender do regime de bens), pois não são responsáveis pelo inadimplemento do
executado. Se desobedecido essa premissa, caberá ao prejudicado opor Embargos de Terceiro.
Lado outro, sendo indivisível, a quota-parte do coproprietário e do cônjuge, além de
terem preferência na arrematação do bem, terão o valor de suas partes ressarcidos através da
verba obtida com a alienação judicial do bem (que geralmente ocorre através de leilão). Desta
forma, é muito importante para o coproprietário e para o cônjuge que acompanhem a
avaliação do bem, pois definirá o valor do bem a ser alienado.
Há uma proteção extra no §2º, ao ser vedada a expropriação de bem indivisível cujo
valor da alienação não seja suficiente para satisfazer sua quota-parte calculada sobre o valor
da avaliação (o que torna ainda mais importante que o terceiro acompanhe a avaliação).
Podemos perceber ao longo do CPC uma série de dispositivos legais que formam um
Sistema de Proteção dos Interesses dos Sujeitos Vinculados a Bem Submetido a Penhora
(Terceiros). Vejamos apenas alguns:
• Art. 799 → Exequente deve requerer a intimação a respeito da penhora do bem;
• Art. 804 → Ineficácia da alienação no caso de falta de intimação a respeito da penhora;
• Art. 876, §5º → Direito de adjudicar o bem penhorado;
• Art. 889 → Direito de ser cientificado a respeito da data marcada para que ocorra a
alienação judicial;
• Art. 892, §2º → Tratando-se de bem tombado e havendo igualdade de oferta, há um
direito de preferência da União, dos Estados e do Município na Arrematação.
Observação: Com a recente entrada em vigor de Lei nº 13.465/2017, terá sempre de ser
observado o chamado Direito de Laje, que garante a proteção do terceiro que ocupa a
superfície da propriedade. Assim, apesar de não ter previsão de intimação nesse sentido na
maioria dos artigos, o titular da superfície da propriedade (laje) deverá ser intimado.
Art. 850. Será admitida a redução ou a ampliação da penhora, bem como sua
transferência para outros bens, se, no curso do processo, o valor de mercado
dos bens penhorados sofrer alteração significativa.
Observação: O bem ser considerado indisponível não significa, necessariamente, que será retirado da posse
do executado.
Nesse artigo destacamos a previsão feita pelo legislador de que a penhora eletrônica
será realizada “sem dar ciência ao executado”, visto que tal ciência, inevitavelmente
acarretaria no esvaziamento das contas bancárias e consequente inefetividade do ato.
§ 1o No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício,
o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade
excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual
prazo.
Art. 860. Quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, a penhora que
recair sobre ele será averbada, com destaque, nos autos pertinentes ao direito
e na ação correspondente à penhora, a fim de que esta seja efetivada nos bens
que forem adjudicados ou que vierem a caber ao executado.
Aqui no art.860 falamos da “penhora no rosto dos autos”, que, para Salomão, é de
fundamental importância para garantia da proteção de terceiros na execução.
O artigo 860 do novo CPC preserva o mesmo sentido do artigo 674 do CPC/1973. O
legislador apenas reforçou que quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, a penhora
que recair sobre ele será averbada, 'com destaque', nos autos pertinentes ao direito e na ação
correspondente à penhora, a fim de que esta seja efetivada nos bens que forem adjudicados ou
que vierem a caber ao executado
§ 3o Para os fins da liquidação de que trata o inciso III do caput, o juiz poderá,
a requerimento do exequente ou da sociedade, nomear administrador, que
deverá submeter à aprovação judicial a forma de liquidação.
I - adjudicação;
II - alienação;
Os leilões (alienação judicial) hoje em dia raramente são feitos presencialmente. Cresce
cada vez mais o número de leilões realizados online.
O executado poderá, a qualquer tempo, remir a execução. Ou seja, poderá ele pagar o
valor do que foi requerido pelo exequente. Essa remição é da execução. Mas existe a chamada
remição do bem, que é diferente. Familiares do executado poderiam remir o valor de bem que
está sendo executado. Nesse caso, o valor restante da execução continua ocorrendo.
Defesa do executado
– Aulas ministradas após a realização da segunda prova
A defesa do executado aqui se dará por meio de uma demanda incidental, chamada de
EMBARGOS À EXECUÇÃO, que, como perceberemos mais a frente, se tratou de uma solução
política do legislador.
Foi feita uma opção política, lançando mão do sistema da imputação (Sistema jurídico
brasileiro é um sistema de imputação – os fatos jurídicos terão seus efeitos determinados pelo
sistema jurídico, com uma liberdade significativa), ao reconhecer uma série de relações
jurídicas novas, visto que é um novo processo, não tendo efeitos apenas incidentais, como na
execução de título judicial. Aqui temos um novo processo incidental.
Observação: Há outras defesas que podem ser apresentadas pelo executado, a exemplo da
Exceção de Pré-Executividade (passível no caso de matérias que podem ser alegadas ex officio
e que não demandem dilação probatória), mas não será de todas as defesas que nascerá um
novo processo (p.ex.: a exceção de pré-executividade não dá origem a um novo processo).
Existe um prazo decadencial para oferecimento dos embargos à execução, que atinge
não o seu direito de se defender, mas sim o seu direito de se defender através dos embargos.
Na execução fiscal exigir a garantia do juízo para apresentação do juízo (apesar do STJ
considerar que poderá ser uma garantia parcial. Apenas na etapa de julgamento dos embargos
que se costuma exigir a garantia integral, sendo concedido prazo para complementação, sob
pena de não conhecimento dos embargos).
Lado outro, nas execuções “civis”, a apresentação dos embargos está desvinculada da
garantia ao juízo.
Não se trata de excesso de autonomia, mas a de dar autonomia a esses autos, ou seja,
dar a possibilidade de análise do mesmo sem depender da análise de outro processo. Isso é
importante, inclusive, por conta da possibilidade de subida dos autos para o nível recursal.
ART. 915
ART. 917 → O campo de defesa aqui é muito amplo (tudo pode ser alegado, tanto
matérias de execução – incisos I a V – quanto matérias do processo de conhecimento – inciso
VI, pois no processo de execução fundada em título extrajudicial não houve ainda a
possibilidade de apresentação de contraditório.
NATUREZA PROTELATÓRIA
Art. 919 → Os embargos à execução não terão efeito suspensivo, via de regra. O juiz
pode atribuir efeito suspensivo se assim for requerido pelo embargante, desde que garantida
a execução e que presentes o fumus bonis iuris e o periculum in mora.
Há uma suspensão dos atos executivos, mas não da execução em si. É possível, por
exemplo, a realização da avaliação de um bem, substituição de um bem, diminuição da
penhora, reforço da execução, etc. Os atos necessários à organização da execução poderão ser
realizados (§5º)
Art. 920
Esse artigo visa proteger o executado, pois assegura a suspensão da execução no caso
de não serem encontrados bens, e, posteriormente, o início do prazo para prescrição
intercorrente (05 anos).
Segundo o STJ, não importa nem mesmo se foram solicitadas diligências nesse tempo
(BACEN JUD, RENA JUD...), o prazo correrá mesmo assim. Exceto se forem encontrados bens.
Art. 922
Art. 923
Destacar incisos I e V
Art. 925