Você está na página 1de 6

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE

DA COMARCA DE .

Autos Nº:

WILSON GUILHERME SIQUEIRA DUTRA, brasileiro, casado, pedreiro,


portador do RG n°15.635.799-5 SSP/MS, inscrito no CPF sob o n°026.797.311-07,
residente e domiciliado na rua Jose da Rocha, n°110, Bairro residencial Vitoria II,
Bandeirantes/PR, vem, por intermédio de seu advogado, com fulcro no Art. 536 do CPC,
requerer

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

Em face de BEATRIZ DE FREITAS CORREA, brasileira, divorciada,


empresária, RG n°001811434 SEJUSP/MS, CPF N° 025.198.561-06, residente e
domiciliada na Rua Olmar João Pletsch, n°138, Vilagio Riviera, pelas razões seguintes.

I- DOS FATOS

A ação de divorcio que foi feita mediante Justiça Intinerante, resolvida por
acordo, e findou em consenso.

Ora, por definição ACORDO é a expressão da vontade das partes, e assim foi
assinado, protocolado e homologado. Tendo por signatários o requerente e a requerida. E
mesmo tendo concordado, e expressado suas vontades, que após a homologação, tomaram
força de lei entre as partes, com atos que apenas configuram e confirmam a má-fé da
requerida,

A Requerida não cumpriu com parte da sentença homologada:

Ficou convencionado no acordo Cláusula B: Das Visitas que o requerente


exerceria seu direito de visitas ao filho de forma livre, desde em que horários compatíveis
com as atividades do menor, no caso do requerente morar em outra cidade seria de forma
remota. As férias escolares, feriados e festas de final de ano, poderão ser divididos
proporcionalmente entre os genitores da criança.

Ocorre que, a requerida mesmo tendo firmado o acordo de livre vontade,


insiste em não permitir que o Requerente faça as chamadas remotas com o filho, mesmo
respeitando os horários compatíveis do menor.

Portanto, não restando outra alternativa senão a distribuição da presente


Ação de Execução de Regime de Visitas.

II- DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL

Segundo o CPC, o acordo judicial de guarda de menor é um título executivo


judicial, Art. 515, II.

Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de


acordo com os artigos previstos neste Título:

II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;

E perfaz-se normalmente por uma obrigação de fazer, descrita no art. 536 do


CPC, que estipula, por exemplo: o dever de fornecer o menor ao outro genitor para visitas
ou viagens, ou de zelar pelo cuidado e educação da criança.

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de


obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de
tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas
necessárias à satisfação do exequente.

§ 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre


outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de
pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade
nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial.

§ 2º O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido


por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ 1º
a 4º, se houver necessidade de arrombamento.
§ 3º O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando
injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua
responsabilização por crime de desobediência.

§ 4º No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de


obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no que couber.

§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de


sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não
obrigacional.

Situação diversa é quando falamos de guarda e visitação, quando, por


exemplo, a mãe guardiã se recusa a entregar o filho menor para passar final de semana com
o outro genitor, mesmo que isso tenha ficado acordado em transação judicial. Neste caso,
verifica-se uma dúplice obrigação: de fazer e não fazer, sendo a primeira fundada no dever
da guardiã de entregar o filho menor, e a segunda, em que a guardiã não crie embaraços ou
quaisquer obstáculos para a efetiva visitação da criança. Até porque, é dever comum dos
pais observar pela manutenção e educação de seus filhos, independente de qual deles
possua a guarda; e ainda, tê-los em sua companhia. Assim determina o art. 1.589 do
Código Civil.

Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá
visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro
cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e
educação.

Ora excelência, fica claro que a executada não vem adimplindo com seus deveres de
guardiã zelosa, ferindo de maneira escancarada e desrespeitosa com este juízo os preceitos
jurídicos.

O art. 536, § 1º possui algumas facilidades para compelir o genitor guardião a cumprir o
acordo firmado, como a imposição de multa diária, e busca e apreensão, sendo esta última
medida mais gravosa, também presente no art. 537, CPC .

Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser


aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou
na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a
obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do
preceito.

§ 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a


periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que:

I - se tornou insuficiente ou excessiva;


II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da
obrigação ou justa causa para o descumprimento.

§ 2º O valor da multa será devido ao exequente.

§ 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório,


devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o
trânsito em julgado da sentença favorável à parte. (Redação dada pela Lei
nº 13.256, de 2016) (Vigência)

§ 4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o


descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a
decisão que a tiver cominado.

§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de


sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não
obrigacional.

Conforme leitura do artigo supracitado, o juiz ao ser provocado para que tome
providência no sentido de se fazer cumprir o que fora determinado em decisão judicial,
poderá adotar medidas no sentido de fazer com a parte descumpridora cumpra o
determinado na sentença.

Hoje um dos institutos mais utilizados pelos juízes são as chamadas


astreintes, que nada mais é que a aplicação de multa pelo descumprimento da decisão
judicial.

Aliás, para o jurista Paulo Luiz Netto Lobo, as astreintes são plenamente
aceitáveis, quando tem intuito de coagir o devedor a cumprir com o acordado.

“As multas cominatórias diárias (astreintes), que não têm natureza de


indenização pelo inadimplemento, podem ser utilizadas pelo juiz para
compelir o devedor à prestação de fazer ou não fazer, a partir da citação
em processo de execução. ”

O TJ-SC já se posicionou pela aplicabilidade de multa diária em casos de


descumprimento de acordo judicial firmado na seara familiar.

[...] DIREITO DE FAMÍLIA. EXECUÇÃO DE SENTENÇA


HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO NO TOCANTE AO DIREITO DE
VISITAS. [...] EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER.
POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA EM CASO DE
DESCUMPRIMENTO DA ORDEM JUDICIAL. [...]. ART. 1.589 DO
CÓDIGO CIVIL DE 2002 E ARTS. 461, 475-I E 475-N, INC. III, [...]
1. [...] implica no inadimplemento de obrigação de fazer, razão porque
mostra-se viável, de conseguinte, a execução da sentença, com a
utilização das medidas de coerção, inclusive de multa diária. [...]

(TJ-SC - Agravo de Instrumento: AG 445356 SC 2008.044535-6)

Além da multa, a ser estabelecida em padrões que respeitem o caso concreto,


como a gravidade da obrigação descumprida, o período em que se dá o descumprimento,
ou ainda, os direitos infringidos; é possível recorrer a imposição das penas de litigância de
má-fé, nos termos do art. 536, § 3º do CPC:

Não obstante, se todas estas medidas citadas se mostrarem insuficientes, é


pertinente pleito de condenação do devedor, isto é, do genitor que está descumprindo sua
parte em um acordo de guarda e visitação de menores, em perdas e danos, de acordo com o
permitido pelo art. 247 do Código Civil.

Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que


recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.

Idealmente, os genitores que firmam acordo judicial em audiência, ou


extrajudicial homologado posteriormente, devem ater-se aos termos da transação, agindo
harmonicamente, sempre em prol do bem maior – o bem estar do filho comum. Mas caso
assim não ocorra, a sentença judicial que homologou o acordo, deve ter força para ser
executada como título executivo que é, e o magistrado, deve estar atento para fazer cumprir
suas determinações.

III- DOS PEDIDOS

Diante do exposto, REQUER:

A) Concessão dos benefícios da Justiça Gratuita (Art. 98 do CPC)

B) A intimação da executada para cumprir o acordo homologado, fixando


multa em caso de descumprimento;

C) A condenação da executada aos honorários de sucumbência (art. 85,§1° do


CPC);
D) Intimação do MP (Art. 178 CPC);

Termos em que Pede Deferimento


Campo Grande/MS, 05 de agosto de 2021

ADV/OAB

Você também pode gostar