Você está na página 1de 4

Tire todas as dúvidas sobre os embargos

de terceiro no novo CPC


Embargos de terceiro é um instrumento pelo qual a pessoa que não é parte
de um processo, mas, mesmo assim, tem algum bem bloqueado por ordem
judicial equivocada, pode utilizar para fazer cessar aquela constrição indevida.
Está previsto no CPC, Capítulo VII, do Título III, nos artigos 674 a 680.
Por incrível que pareça, não são raros os casos em que os juízes extrapolam os
bens dos devedores, alcançando bens de terceiros com constrições judiciais.
Isso acontece por conta do anseio de garantir o cumprimento de suas
sentenças. Mas pode ficar tranquilo, pois o direito prevê os mecanismos para
garantir que os direitos dos terceiros não sejam prejudicados nesses casos.
Quer saber mais sobre o tema? Então continue a leitura e tire todas as suas
dúvidas sobre os embargos de terceiro no Novo CPC. 😉

Quando são cabíveis os embargos de terceiros?


Como disse acima, os embargos de terceiro têm por finalidade afastar a
apreensão judicial indevida – quando recai sobre bem de quem não é parte
no processo.
Segundo a previsão do artigo 674 § 1° do CPC, os embargos podem ser de
terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou apenas de terceiro
possuidor.
O artigo ainda traz, no § 2°, quem são considerados terceiros para ajuizamento
dos embargos:
I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou
de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 ;

II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a


ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;

III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força


de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez
parte;

IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto


de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais
dos atos expropriatórios respectivos.”
Requisitos
Não é necessário que o bloqueio do bem já esteja consumado, basta que
exista a ameaça real. Por exemplo quando determinado exequente indica
bens de terceiro em uma penhora. Nesse caso, antes mesmo da penhora ser
efetivada, há possibilidade de o prejudicado ingressar com embargos de
terceiro. Assim, ele pode garantir que seu patrimônio, ou bens que possui, não
sejam invadidos pelo alcance da decisão judicial.
Outro requisito que merece destaque, apesar de óbvio, é que o embargante
deve ser necessariamente um terceiro.
A pessoa que é parte do processo deve utilizar da ferramenta cabível para
atacar a decisão. Como por exemplo recorrer da decisão ou, nas execuções,
utilizar-se dos embargos ou da impugnação.
Tire suas dúvidas sobre a impugnação ao cumprimento de sentença.
Prazos
O prazo dos embargos de terceiro está previsto no artigo 675 do CPC. Eles
“podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento
enquanto não transitada em julgado a sentença”.
Já no cumprimento de sentença ou no processo de execução, o prazo é
de cinco dias da adjudicação, alienação ou arrematação, desde que não
assinada a respectiva carta.
Confira o artigo na íntegra:
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de
conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no
cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias
depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da
arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse
em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente.”

Novidades dos embargos de terceiro no novo CPC


Os embargos de terceiro já estavam previstos no Código de Processo Civil de
1973, entre os artigos 1046 a 1054. Com o advento do novo CPC, o tema está
previsto do artigo 674 a 680.
É importante salientar que algumas mudanças foram apenas de ordem
semântica. Porém, alguns avanços e modernizações apenas codificaram os
entendimentos que já vinham sendo consolidados na jurisprudência dos
tribunais. Por exemplo, a inclusão da ameaça ao bem, é uma situação que já
era amplamente aceita na jurisprudência e agora está codificada.
Segundo Humberto Theodoro Júnior, houve uma ampliação do conceito de
terceiro, que passa a ser o terceiro proprietário, assim como o fiduciário, e
não apenas o senhor e possuidor. É um sentido mais amplo do que o  original.
Outra novidade dos embargos de terceiro no novo CPC está no fato de que os
embargos podem ser opostos a qualquer tempo enquanto não transitada a
sentença em julgado. Isso se aplica ao processo de execução, bem como no
cumprimento de sentença da adjudicação, alienação por iniciativa particular
ou arrematação, sendo excluído o caso de remição. Porém, o prazo de cinco
dias continuará o mesmo.
Saiba também como ficaram os embargos de declaração trabalhista.

Quem é o juiz competente para julgar essa ação?


Mesmo se tratando de uma ação autônoma, os embargos de terceiro possuem
uma relação de acessoriedade com o processo principal – aquele que
determinou a constrição do bem. Assim, os embargos de terceiro deverão ser
opostos perante o mesmo juízo responsável pela execução.

Embargos de terceiro no Processo do Trabalho


A CLT não disciplina a matéria relativa aos embargos de terceiro. Porém, eles
são aplicáveis ao processo trabalhista, com base nos artigos 769 e 889
da CLT. Entretanto, por se tratar de ação de rito especial, não se aplicam as
regras celetistas, e sim as previstas no Novo CPC.
Não é difícil imaginar uma situação em que um terceiro pode ter seu
patrimônio afetado em uma execução trabalhista. Por exemplo, uma
reclamada pessoa física que tem contra si um mandado de penhora e o oficial
encontra um carro na casa dessa pessoa e efetua a devida penhora do bem.
Porém, depois se descobre que o carro era de um terceiro que havia
emprestado aquela pessoa. Esse terceiro prejudicado poderá ingressar com
embargos de terceiro na Justiça do Trabalho para acabar com a constrição
indevida.
Porém, por não se tratar de uma mera controvérsia entre empregado e
empregador, nesse caso o jus postulandi não se aplica, sendo necessária a
presença do advogado.
O Juiz do Trabalho, ao receber os embargos de terceiros, determinará
a intimação do embargado para contestar, nos prazos previstos no CPC.
Porém, da decisão que o magistrado deferir caberá Recurso Ordinário (art.
895, CLT) ou, se for na fase de execução, Agravo de Petição (art. 897, a,
CLT).
Em ambos os casos, conforme bem disse Mauro Schiavi, não há necessidade
de depósito recursal. Isso porque não se trata de decisão de caráter
condenatório pecuniário.

Conclusão
Se você gostou deste artigo, acho que vai se interessar também pelos seguintes
temas:

 Agravo de instrumento no novo CPC: prazos e hipóteses de


cabimento
 Embargos de declaração: o que mudou no novo CPC
 Súmula vinculante: tire todas as suas dúvidas
 Adjudicação compulsória: o que é e como funciona
 Execução de alimentos: tudo o que mudou no novo CPC
 Ação monitória: o que é, vantagens e mudanças no Novo CPC
Siga por dentro dos conteúdos aqui do blog! Assinando a newsletter da
Aurum você recebe e-mails exclusivos com novidades sobre o universo
do direito e tecnologia.

Rodrigo Tavares

Rodrigo Ungaretti Tavares é advogado e escritor, com livros lançados e artigos


publicados nos mais renomados periódicos jurídicos do Brasil, tais como a
Revista LTr e a Revista Justiça do Trabalho.

Você também pode gostar