Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O estado de perigo ocorre quando um negociante, pessoa de sua família ou amigo próximo se
encontra em situação de perigo conhecido pela outra parte, sendo esta a única razão para a
celebração do negócio jurídico (NJ). O negociante, temeroso de grave dano ou prejuízo, acaba
realizando o NJ mediante prestação exorbitante, resultando em onerosidade excessiva (elemento
objetivo). Para que esse vício esteja presente, é necessário que a outra parte tenha conhecimento da
situação de risco que afeta o primeiro (elemento subjetivo).
O negócio jurídico é anulável (art. 171, II). A anulação não será decretada se for oferecido suplemento
suficiente ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito (aplicação analógica do art.
157, §2º - enunciado 148, da III Jornada de Direito Civil).
LESÃO
ESPÉCIES DE LESÃO
1. Enorme ou propriamente dita: caracterizada pelo excesso nas vantagens e desvantagens, tratando-
se de defeito exclusivamente objetivo.
2. Usurária ou usura real (Lei de Economia Popular): caracterizada não apenas pelo critério objetivo,
mas também por elementos subjetivos como estado de necessidade, inexperiência e dolo de
aproveitamento.
3. Lesão Especial: falta de qualificação específica, contemplada no artigo 157 do CC.
4. Lesão Consumerista: tipificada no CDC, caracterizada apenas pelo elemento objetivo, dispensando
a investigação subjetiva.
CONSEQUÊNCIA DA LESÃO
O negócio jurídico é anulável (art. 171, II). Não será decretada a anulação se for oferecido suplemento
suficiente ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. Não deve ser confundida
com a teoria da imprevisão, pois nesta o NJ nasce válido, mas tem seu equilíbrio rompido pela
superveniência de circunstâncias imprevisíveis pelas partes.
A fraude contra credores ocorre quando um devedor age maliciosamente, em estado de insolvência
ou iminência de tornar-se insolvente, dispondo de seus bens para afastar a possibilidade de
responder por obrigações assumidas anteriormente. Isso prejudica os credores, pois diminui o
patrimônio disponível para garantir o pagamento de débitos.
1. Transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida (art. 158): destinada aos credores
quirografários e aos cuja garantia se tornar insuficiente, exigindo transmissão gratuita de bens ou
remissão de dívida, eventus damni, e anterioridade do crédito.
2. Alienatio rei: consiste na alienação de um bem, envolvendo alienação do bem por um preço vil e a
consciência do adquirente da fraude.
3. Alcance da lei falimentar: caracteriza-se pela realização de negócios fraudulentos após a decretação
da falência, com o intuito de prejudicar credores quirografários e subtrair bens da massa falida.
Esses vícios sociais são rechaçados pelo ordenamento jurídico por sua violação à boa-fé e aos
princípios sociais.
Ocorre quando, em qualquer outro contrato oneroso, o devedor é reduzido à insolvência. Além dos
requisitos eventus damni e anterioridade do crédito, é necessária a presença de:
1. Consilium fraudis: O devedor deve ter ciência de que se torna insolvente com o NJ, visando fraudar
a expectativa de garantia do credor. Caracteriza-se pela má-fé e intuito fraudulento (elemento
subjetivo). Este conhecimento é presumido, cabendo ao devedor provar que não tinha ciência de que
a venda o conduziria à insolvência.
2. Scientia fraudis: A insolvência deve ser notória ou haver motivo para que o outro contratante
(comprador) dela tenha conhecimento. Não se exige que o comprador tenha manifesta intenção de
fraudar o credor (consilium fraudis), apenas conhecimento do estado de insolvência (scientia fraudis).
Esse requisito protege a boa-fé do terceiro/adquirente que desconhecia a situação de insolvência do
devedor/alienante.
É o remédio pelo qual os credores anulam ou impugnam os atos fraudulentos de seu devedor. Essa
ação afasta o enriquecimento sem causa das partes envolvidas com a fraude, repondo o bem alienado
no acervo do devedor para futura satisfação da dívida anterior.
Em face de terceiros, a ação somente poderá ser proposta e surtirá efeitos se comprovada a má-fé.
Não sendo o caso, os terceiros estão protegidos.
A ação pauliana tem natureza desconstitutiva do negócio jurídico. Se julgada procedente, anula-se o
negócio fraudulento lesivo aos credores, determinando o retorno do bem ao patrimônio do devedor.
LEGITIMIDADE ATIVA
1. Credores quirografários (CC, 158): decorre do fato de não possuírem garantia especial do
recebimento de seus créditos.
2. Credores que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta (CC, 158, §2º): os que se tornaram
credores depois da alienação não podem reclamar.
LEGITIMIDADE PASSIVA
1. O devedor insolvente;
2. O adquirente que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta; e
3. Os terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé, se o bem alienado pelo devedor já houver
sido transmitido a outrem.
CARACTERÍSTICAS DA SIMULAÇÃO
A simulação é, em regra, um negócio jurídico bilateral, sendo os contratos o seu campo natural.
Resulta do acordo entre duas partes para lesar terceiros ou fraudar a lei. Sempre é acordada com a
outra parte ou com as pessoas a quem se destina. É uma declaração deliberadamente desconforme
com a intenção real, sendo apresentada sob aparência irreal ou fictícia, realizada com o intuito de
enganar terceiros ou fraudar a lei.
a) De negócios jurídicos que visam conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais
realmente se conferem ou transmitem (simulação subjetiva);
b) De negócios jurídicos que contêm declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira
(simulação objetiva); e
CLASSIFICAÇÃO
EFEITOS DA SIMULAÇÃO
O Código Civil considera a simulação como causa de nulidade. Desse modo, a simulação acarreta a
nulidade do negócio simulado. No entanto, em caso de simulação relativa, o negócio simulado poderá
subsistir se for válido na substância e na forma.