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IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

A impugnação ao cumprimento de sentença é a defesa


conferida ao executado na fase de cumprimento da
sentença. Ela assegura que assegura que o executado
possa “discutir” o título executivo. É um meio de defesa
muito importante, tendo em vista que fornece ao
executado a oportunidade de alterar o valor discutido,
por exemplo, ou até mesmo extinguir completamente a
execução. Tem por base o respeito ao princípio do
contraditório e ampla defesa.

Sabe-se que a fase de conhecimento do processo tem por


finalidade reconhecer judicialmente o direito que o autor
pleiteia. Nesse contexto é que as partes são ouvidas e as
provas são produzidas, a fim de formar o título judicial. Ainda
que esse procedimento seja sempre observado e seguido à
risca com os princípios fundamentais, ainda depende do
comportamento do réu para que seja decidido de forma
segura e eficaz.

Dessa forma, a fase de cumprimento de sentença assegura


que a parte autora tenha a efetividade do seu direito e ao
mesmo tempo, a impugnação ao cumprimento de sentença
assegura que o executado possa discutir o título, sendo
disciplinada no art. 525 e parágrafos do diploma processual. A
oportunidade de seu oferecimento é quando finaliza o prazo
para pagamento voluntário, conforme se infere do dispositivo
acima mencionado.

O rol é taxativo, por conta disso, cabem somente nessas


hipóteses acima transcritas. A impugnação ao cumprimento
de sentença constitui um incidente processual, e não uma
ação autônoma.
O prazo para impugnar é de 15 dias contado a partir do
término do prazo de 15 dias para pagamento voluntário. A
regra está prevista no art. 525 do CPC/2015.
Assim, transcorrido o prazo de 15 dias (CPC/2015, art.
523), se não houver o pagamento voluntário por parte do
executado, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para
apresentação, nos próprios autos, de impugnação.
Inova o Código – aproximando a impugnação dos embargos
– ao apontar a desnecessidade de penhora para impugnar
(CPC/2015, art. 525, caput).
No tocante às matérias de defesa, considerando que o
cumprimento de sentença tem por base um título executivo
judicial e, assim, já houve prévia manifestação do Poder
Judiciário, há restrição quanto ao que se pode alegar na
impugnação.
Em síntese, não se pode discutir novamente o mérito (se a
quantia a ser paga é ou não devida), pois aí haveria violação à
coisa julgada.
Portanto, somente as seguintes matérias podem ser
alegadas na impugnação (CPC/2015, art. 525, § 1º):
(i) falta ou nulidade da citação, se na fase de conhecimento
o processo correu à revelia;
(ii) ilegitimidade de parte;
(iii) inexigibilidade do título ou inexigibilidade da
obrigação;
(iv) penhora incorreta ou avaliação errônea;
(v) excesso de execução ou cumulação indevida de
execuções (no caso, deverá o impugnante declarar de
imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição
liminar da impugnação – CPC/2015, art. 525, §§ 4º e 5º);
(vi) incompetência absoluta ou relativa do juízo da
execução;
(vii) qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da
obrigação (pagamento, compensação, transação etc.), desde
que superveniente à sentença.
➔Em resumo temos:
1) Findo o prazo de 15 dias para pagar, o executado pode impugnar
(CPC/2015, art. 525).
2) Somente algumas matérias podem ser alegadas na impugnação
(CPC/2015, art. 525, § 1º).
2.1) Cabe rejeição liminar se impugnação (i) intempestiva ou (ii) no excesso
de execução, não houver indicação do valor.
3) Em regra, a impugnação não suspende o cumprimento de sentença
(CPC/2015, art. 525, § 6º).
Contudo, poderá ser concedido o efeito suspensivo, desde que presentes, ao
mesmo tempo:
(i) fundamentos da impugnação forem relevantes; e
(ii) prosseguimento do cumprimento possa causar ao executado grave dano
de difícil ou incerta reparação.
4) A impugnação será autuada nos mesmos autos (CPC/2015, art. 525,
caput).
5) Recebida a impugnação, deve ser aberta vista ao impugnado, para
exercer o contraditório, no prazo de 15 dias (não há previsão legal nesse
sentido).
6) Se necessário, haverá dilação probatória.
7) Após instrução (ou se for esta desnecessária): decisão do juiz, que
poderá colocar fim ao cumprimento (se acolher integralmente a
impugnação que entender nada ser devido) ou não (se rejeitada, total ou
parcialmente, ou se tratar-se de impugnação parcial – pois aí prossegue a
fase de cumprimento).

➔Estrutura da peça:

1) Endereçamento da impugnação é para a própria vara onde tem


trâmite o cumprimento de sentença.
2) Encaminhamento para o mesmo juízo que proferiu a sentença. Não
há necessidade de requerer a distribuição por dependência, trata-se
de simples protocolo aos autos em que há o cumprimento de
sentença. A impugnação sempre tramitará nos mesmos autos do
cumprimento. Fundamentos: artigo 525 e ss do CPC.
3) A rigor, na impugnação não há necessidade de qualificar as partes.
Porém, nada impede que isso seja feito.
4) Tratamento: Impugnante e impugnado
5) Fatos: tal qual ocorre em relação aos embargos à execução, basta
apresentar em breve resumo do que se passou na fase de
cumprimento de sentença – além de trazer os fatos que são
pertinentes para a defesa do devedor.
6) Mérito: Apresentar os argumentos que devem levar ao provimento
da IMPUGNAÇÃO. Acaso exista mais de um argumento de defesa,
nada impede que sejam separados em tópicos; obviamente esta
divisão não é fundamental.
7) Efeito Suspensivo (a depender da situação): DA CONCESSÃO
DE EFEITO SUSPENSIVO À PRESENTE IMPUGNAÇÃO - Esta
impugnação deve ser recebida no efeito suspensivo, tendo em vista
a presença de todos os requisitos necessários para isso. Nos
termos do CPC/2015, art. 525, § 6º, três são os requisitos para que
seja atribuído efeito suspensivo à impugnação: (i) juízo garantido
por penhora, (ii) relevância dos fundamentos de defesa e (iii) grave
dano no prosseguimento da execução.
8) Pedido e dos Requerimentos:
Diante do exposto, requer-se:
a) liminarmente, a atribuição de efeito suspensivo a esta
impugnação; (Se houver este pedido, deverá ser formulado
liminarmente).
b) a intimação do impugnado, na pessoa de seu procurador, para
que, querendo, apresente resposta a esta impugnação;
c) a procedência desta impugnação, reconhecendo-se (uma das
hipóteses do artigo 525§1º do CPC);
d) a condenação do impugnado ao pagamento de custas,
honorários advocatícios e demais despesas;
e) requer provar o alegado, por todos os meios em direito admitidos,
especialmente pelos documentos ora juntados, mas também, caso
V. Exa. entenda necessário, por perícia contábil (divergência nos
cálculos) e outros meios previstos em lei. [Deve haver também o
requerimento de provas. Normalmente, a questão é só decidida na
base documental, mas nada impede que haja a instrução].

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