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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DA COMARCA xxxxxx xxxxxx/RJ

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, nacionalidade, estado civil, portador da Carteira de Identidade


nºxxxxxxx, expedida pelo xxxx/RJ e inscrito (a) no CPF nº xxxxxxxx, residente e domiciliado
na xxxxxxx, Bairro: xxxxxx – UF.: R-J – CEP.:xxxxxxxx, e-mail: xxxxxxxx, com anexo
instrumento de procuraçã o, vem propor a seguinte
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
Em face de PASCHOALOTTO SERVIÇOS FINANCEIROS LTDA, inscrita no CNPJ nº
05.500.934/0001-06, sediada na Rua Professor Durval Guedes de Azevedo, 2.144, JD.
Infante Dom Henrique, Bauru/SP – Cep 17012-633 e BANCO SANTANDER BRASIL S A,
inscrita no CNPJ Nº 90.400.888/0001-42, com endereço na Av. Presidente Kubitscheky, nº
2.041, Vila Nova Conceiçã o, Sã o Paulo/SP, pelas razõ es e fundamentos que seguem.
DOS FATOS
O Autor há meses vem recebendo do 1º Réu, ligaçõ es excessivas e sendo vá rias no mesmo
dia através de números diferentes, bem como mensagens texto no celular. (Registros das
ligaçõ es e mensagens anexo).
Tais ligaçõ es tem o intuito de oferecer empréstimo consignado em nome do 2º Réu, sendo
que o Autor já pediu diversas vezes para que nã o ligassem mais pois nã o é do seu interesse
contratar empréstimo consignado, mas infelizmente, os Réus estã o agindo de má -fé ao
persistir com as ligaçõ es, mostrando assim total desrespeito com o consumidor ao violar os
seus direitos.
É TOTALMENTE NÍTIDO O ABUSO E O DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE
AMBAS AS EMPRESAS, VISTO QUE O AUTOR VEM RECEBENDO NO MINÍMO 4
LIGAÇÕES POR DIA E JÁ CHEGOU A RECEBER de 7 a 12 LIGAÇÕES EM UM SÓ DIA!!!!!!
ATÉ O MOMENTO SOMA O TOTAL DE 97 LIGAÇÕES sem contar as mensagens!!!!
(HISTÓRICO DAS LIGAÇÕES E MENSAGENS ANEXO).
O Autor já nã o sabe mais o que fazer, pois já implorou que cessassem as ligaçõ es, mas seu
direito continua sendo violado!

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Nos termos do art. 98, CPC:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorá rios advocatícios tem
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
Nesse sentido, o autor declara-se pobre na forma da lei, não tendo como arcar com as
custas, as despesas processuais bem como com os honorários advocatícios, sem
prejuízo do seu sustento e de sua família, nesse sentido a jurisprudência:
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃ O MONOCRÁ TICA. RESPONSABILIDADE
CIVIL. AÇÃ O INDENIZATÓ RIA. BENEFÍCIO DA ASSISTÊ NCIA JUDICIÁ RIAGRATUITA. LEI
Nº. 1.060/50. PRESUNÇÃ O DE NECESSIDADE. Legítimo a parte requerer o benefício da
gratuidade nos termos do art. 4º da Lei nº. 1.060/50, que se harmoniza com o art. 5º,
inciso LXXIV, da Constituiçã o Federal. Para que obtenha o benefício da assistência
judiciária basta a simples afirmação de pobreza, até prova em contrário. Precedentes
do STJ. RECURSO PROVIDO DE PLANO, COM FULCRO NO ART. 557, § 1º-A, DO CPC. (Agravo
de Instrumento Nº 70054723283, Nona Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Miguel  ngelo da Silva, Julgado em 31/05/2013.
Sendo assim, o requerente faz uso desta afirmaçã o, haja vista preencher os pressupostos
para gozar da gratuidade, nã o tendo efetivamente, no momento, as condiçõ es financeiras
para custear eventuais ô nus e encargos processuais.
DA INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
O Có digo de Defesa do Consumidor incide a presente demanda, visto que as Rés preenchem
os requisitos de Prestadoras de Serviços nos termos do art. 3º, § 2º, in verbis:
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o,
distribuiçã o ou comercializaçã o de produtos ou prestaçã o de serviços.
§ 1º Produto é qualquer bem, mó vel ou imó vel, material ou imaterial.
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneraçã o, inclusive as de natureza bancá ria, financeira, de crédito e securitá ria, salvo
as decorrentes das relaçõ es de cará ter trabalhista.
O Autor, polo ativo da demanda preenche os requisitos de um autêntico consumidor, nos
termos do art. 2º, do CDC:
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatá rio final.
Diante disto pede-se que, devido as condiçõ es objetivas da demanda, seja invertido o ô nus
da prova, afim de que os Réus, de posse dos instrumentos administrativos e técnicos,
possam fazer efetiva prova de que há fatos impeditivos dos direitos constituídos a partir
das alegaçõ es feitas pelo autor.
DAS LIGAÇÕES EXECESSIVAS
O Có digo de Defesa do Consumidor, Lei 8078/1990, garante ao consumidor a defesa de
direitos nã o só quando o contrato já foi celebrado, mas também na fase pré-contratual e
pó s-contratual, qual seja, na fase de oferta do produto ou serviço, como pode ser verificado
no capítulo V (das prá ticas abusivas), seçõ es II (Da Oferta) e III (Da Publicidade).
Neste sentido, o CDC, protege o consumidor de prá ticas abusivas na seara da publicidade.
O controle do telemarketing. As açõ es indenizató rias podem ser ajuizadas quando o
telemarketing ultrapassa os limites da livre propaganda e invade a privacidade do
consumidor, expondo-o ao ridículo.
A documentaçã o trazida com a petiçã o inicial evidencia que, efetivamente, o autor está
sendo importunado com o recebimento de diversas mensagens, enviadas em nome do
banco réu e com ligaçõ es de nú meros de telefones diferentes.
QUANDO A EMPRESA COMEÇA A INSISTIR E FOR INVASIVA, O CONSUMIDOR TEM O
DIREITO DE RECORRER A UMA INDENIZAÇÃO.
No mais, está sedimentado na jurisprudência que o excesso de ligaçõ es e mensagens –
contra a vontade do consumidor, é passível de indenização por dano moral, levando em
consideraçã o que ultrapassa o simples aborrecimento e visando coibir a coerçã o praticada
pelas empresas.
Configura ato ilícito, em sua modalidade 'abuso de direito' (art. 187 do Código Civil),
a conduta de operadora de telefonia que, sem qualquer motivo plausível, efetua
ligações telefônicas em excesso ao consumidor e, comunicada administrativamente
acerca do fato, não adota as medidas próprias para fazer cessar o infortúnio. 2. Não
configura ato ilícito, por si só, as ligações efetuadas da pessoa jurídica para o
consumidor com o qual possui vinculo jurídico de qualquer natureza. Veda-se,
contudo, o uso abusivo desta comunicação, tais como ligações injustificadas em
sequência, oferecimento insistente de produtos ou serviços etc. 3.1. A insistência da
prestadora em ligar para o número cadastrado do consumidor, inclusive durante o
período noturno e aos fins de semana, mesmo ciente do seu não desejo de recebê-las,
e ainda após sentença condenando a prática da empresa como abusiva, tem aptidão
de gerar dano moral, por retirar-lhe a tranquilidade, o sossego e a paz. 3. A
indenizaçã o arbitrada em açã o de reparaçã o de danos morais deve ser fixada em valor
suficiente à reconstruçã o do constrangimento suportado pelas vítimas, além de ser capaz
de impedir que o ofensor se perpetue à prá tica de atos ilícitos. 4. O quantum arbitrado deve
apreciar as circunstâ ncias do caso concreto, sobretudo da extensã o do dano e a capacidade
econô mica das partes, nã o podendo se tornar em uma fonte de enriquecimento ou
empobrecimento indevido. 5. Ante a inexistência de norma legal prevendo critérios
objetivos, cabe ao magistrado, quando do arbitramento do dano moral indenizá vel, ater-se
aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, à teoria do desestímulo, à gravidade e
extensã o do dano, bem como à capacidade financeira das partes. 6. O valor da indenizaçã o
por danos morais deve ser mantido quando o valor fixado na origem se mostra
proporcional e razoá vel com o desgaste e abalo impingido à parte."(grifamos)
Acórdão 1213210, 07084427520198070001, Relator: GISLENE PINHEIRO, 7ª Turma Cível,
data de julgamento: 30/10/2019, publicado no PJe: 19/11/2019.
“O pedido compensatório não tem sua razão no mero envio de torpedos, mas, principalmente,
na insistência da empresa telefônica em encaminhar 49.427 mensagens publicitárias, no
espaço de 04 meses, e contra a vontade do recorrido. Seu comportamento demonstrou
seu descaso para com a privacidade, o sossego e a tranquilidade do consumidor, além
de caracterizar falha na prestação de serviço de telefonia, pelo desvirtuamento do seu
fim e prejudicar o bom funcionamento do aparelho móvel. O envio excessivo de mensagens de
texto, como ocorrido no caso concreto, é situação que ultrapassa os limites do mero dissabor
cotidiano, capaz de causar intensa frustração, aborrecimento e angústia.” Acórdão n.
1014662, Relator Des. LUÍS GUSTAVO B. DE OLIVEIRA, 4ª Turma Cível, Data de Julgamento:
3/5/2017, Publicado no DJe: 16/5/2017.
“As inúmeras ligações telefônicas para o telefone celular da requerente (mais de 71
chamadas em 15 dias, sendo 19 ligações em um único dia, iniciando-se às 9 horas da manhã e,
inclusive, em horário noturno 21 horas, ID. 1387362) para oferecimento de produtos e
serviços bancários, mesmo após a recusa de qualquer tipo de oferta, demonstram reiterado
tratamento constrangedor que extrapolou os limites do mero aborrecimento cotidiano, a
configurar a perturbação do sossego e o vilipêndio à vida privada, cabendo, em decorrência,
indenização por dano moral.” Acórdão n. 1016427, Relatora Juíza SONÍRIA ROCHA CAMPOS
D'ASSUNÇÃO, 1ª Turma Recursal, Data de Julgamento: 12/5/2017, Publicado no DJe:
25/5/2017.
Recorrente: Banco Bradesco Financiamentos S/A, Aymoré Crédito, Financiamento e
Investimento S/ARecorrida:Vanderlei Wojciechovski, JCS Junior Advogados Associados,
Fozcobra Agência de Cobranças Ltda., Paschoalotto Serviços Financeiros S/A RECURSOS
INOMINADOS - AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO C/C INDENIZAÇÃ O
POR DANO MORAL - COBRANÇA INDEVIDA - DÉ BITO DE TERCEIRO DESCONHECIDO -
AUSÊ NCIA DE RELAÇÃ O JURÍDICA - LIGAÇÕES EXCESSIVAS COMO FORMA COERCITIVA -
VIA CRUCIS - SITUAÇÃO QUE EXTRAPOLA O MERO DISSABOR COTIDIANO - DANO
MORAL CONFIGURADO - SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓ PRIOS FUNDAMENTOS -
RECURSOS DESPROVIDOS.
(TJ-SC - RI: 00003508920188240041 Mafra 0000350-89.2018.8.24.0041, Relator: Adriana
Mendes Bertoncini, Data de Julgamento: 12/08/2020, Terceira Turma Recursal)
Apelaçõ es – Açã o cominató ria c.c. indenizató ria – Sentença de acolhimento dos pedidos -
Recurso do banco réu nã o contendo impugnaçã o especificada aos fundamentos da
sentença. Razõ es que se limitam a transcrever, literalmente, o conteú do da contestaçã o.
Inépcia da peça recursal, por desatençã o ao disposto no art. 1.010, III, do CPC –
Irresignaçã o da ré Paschoalotto procedente em parte. Réus que realizaram inúmeras e
indevidas cobranças à autora, por meio de insistentes ligações telefônicas e
mensagens SMS. Dano moral caracterizado. Caso em que há de se considerar o
enorme aborrecimento, as angústias e aflições experimentadas pela autora com a
situação. Hipó tese em que tem aplicabilidade a chamada teoria do desvio produtivo do
consumidor. Indenizaçã o arbitrada em primeiro grau, na importâ ncia de R$ 10.000,00,
comportando reduçã o, porém, para a quantia de R$ 5.000,00. Sentença parcialmente
reformada para esse fim. Nã o conheceram da apelaçã o do banco réu e deram parcial
provimento à apelaçã o da corré Paschaolotto.
(TJ-SP - AC: 10075232720208260008 SP 1007523-27.2020.8.26.0008, Relator: Ricardo
Pessoa de Mello Belli, Data de Julgamento: 10/03/2021, 19ª Câ mara de Direito Privado,
Data de Publicaçã o: 10/03/2021)
Apelaçã o. Açã o de obrigaçã o de nã o fazer cumulada com pedido de indenizaçã o. Sentença
de improcedência. Irresignaçã o do autor. Autor recebeu inúmeras ligações telefônicas
dos réus em cobrança de dívida de terceiro. Autor equiparado a consumidor. Art. 17 do
CDC. Inversã o do ô nus da prova. Art. 6º, inciso VIII, CDC. Verossimilhança das alegaçõ es do
autor. Réus que nã o se desincumbiram do ô nus processual que lhes cabia. Autor que
recebeu centenas de ligaçõ es dos réus por dívida de terceiro. Sofrimento que ultrapassa
o mero dissabor quotidiano. Dano moral verificado. Precedentes do TJSP.
Indenização fixada em R$10.000,00. Doutrina. Sentença reformada. Sucumbência
invertida. Recurso provido.
(TJ-SP - AC: 10263632720198260071 SP 1026363-27.2019.8.26.0071, Relator: Virgilio de
Oliveira Junior, Data de Julgamento: 27/05/2020, 21ª Câ mara de Direito Privado, Data de
Publicaçã o: 27/05/2020
Há nesse sentido, no caso, seja pelo CDC, seja CC por corrente majoritá ria na
jurisprudência, a incidência da responsabilidade objetiva, a qual independe de culpa
ou dolo. Nesse sentido é pertinente a liçã o de Flá vio Tartuce, que numa visã o orgâ nica em
diálogo das fontes dos dois sistemas jurídicos leciona:
(...) o Código Brasileiro de Defesa do Consumidor consagra como regra a
responsabilidade objetiva e solidária dos fornecedores de produtos e prestadores de
serviços, frente aos consumidores. Tal opçã o visa a facilitar a tutela dos direitos do
consumidor, em prol da reparação integral dos danos, constituindo um aspecto material do
acesso à justiça. Desse modo, nã o tem o consumidor o ô nus de comprovar a culpa dos réus
nas hipó teses de vícios ou defeitos dos produtos ou serviços. Trata-se de hipótese de
responsabilidade independente de culpa, prevista expressamente em lei, nos moldes
do que preceitua a primeira parte do art. 927, parágrafo único, do Código Civil, in
verbis: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

DA CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL


O patrimô nio moral do indivíduo é tutelado pelo ordenamento jurídico brasileiro,
especialmente na CRFB/88 no art. 5º, X, verbis:
X - sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
Para tanto, fica lembrado que a indenizaçã o tem duas funçõ es - a indenizató ria e a punitiva,
conforme entendimento do doutrinador Antô nio Jeová dos Santos:
“A indenizaçã o do dano moral, além do cará ter ressarcitó rio, serve também como sançã o
exemplar. A determinaçã o do montante indenizató rio deve ser fixado tendo em vista a
gravidade objetiva do dano causado e a repercussã o que o dano teve na vida do
prejudicado, o valor que faça como que o ofensor se evada de novas indenizaçõ es, evitando
outras infrações danosas. Conjuga-se, assim, a teoria da sanção exemplar à do cará ter
ressarcitó rio, para que se tenha o esboço do quantum na mensuraçã o do dano moral” [cf.
Dano Moral Indenizá vel, Editora Lejus, Sã o Paulo, 1997, p. 58].
No plano infraconstitucional, o Có digo Civil assim dispõ e:
Art. 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Pará grafo ú nico. Haverá obrigaçã o de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Na esfera consumerista, o CDC é enfá tico ao estabelecer como direitos do consumidor no
seu art. 6º:
Art. 6º Sã o direitos bá sicos do consumidor: VI - a efetiva prevençã o e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos ó rgã os
judiciá rios e administrativos com vistas à prevençã o ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteçã o Jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados;
Ora, ante todo o exposto, estando presente os requisitos que permitem a configuração
do dano moral, sendo documentalmente comprovado as alegações do autor, bem
como os transtornos sofridos, resta cristalino o direito a reparação dos danos morais
causados, pelo que se pede a este Juízo a reparaçã o desses danos no valor constante nos
pedidos.
DANO MORAL PELA PERDA DO TEMPO ÚTIL
A nosso viso, nada impede que o dano moral se apresente como efeito do inadimplemento
de uma obrigaçã o.
Daí tem-se que o tempo ú til, cada vez mais escasso devido à modernizaçã o e ao
desenvolvimento da coletividade, quando indevidamente perdido por consequência da
falha na prestaçã o de serviços e até mesmo do descaso ou conveniência de algumas
empresas com seus consumidores, deve ser recompensado, reconhecendo-se o
denominado" desvio produtivo do consumidor ", tese elaborada pelo advogado Marcos
Dessaune (Desvio Produtivo do Consumidor – O Prejuízo do Tempo Desperdiçado. Sã o
Paulo: RT, 201).
Este reconhecimento da importâ ncia do tempo na vida contemporâ nea, a fim de considerá -
lo como um bem juridicamente relevante e, consequentemente, tutelado pelo Estado é
reflexo da atualizaçã o do Judiciá rio e sua adequaçã o à s necessidades do indivíduo
moderno. Somente o titular do tempo pode dele dispor, e por tal motivo a sua perda
causada por terceiros de modo a extrapolar o razoá vel tem sido reconhecida de forma
autô noma como uma ofensa aos direitos da personalidade e afronta aos direitos
relacionados à dignidade humana.
Neste passo, em edificante artigo sobre o tema, André Gustavo Corrêa de Andrade
tranquilamente admite o dano moral contratual e remete a soluçã o da controvérsia à
distinçã o entre "a patrimonialidade da prestação e a extrapatrimonialidade do
interesse do credor ou dos bens afetados. Embora a prestação tenha conteúdo
patrimonial, o interesse do credor na prestação pode, conforme as circinstâncias,
apresentar um caráter exptrapatrimonial porque ligado à sua saúde ou de pessoas de
sua família, ao seu lazer à sua comodidade, ao seu bem-estar, à sua educação aos seus
projetos intelectuais"(FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson.. Curso de
Direito Civil- Obrigações. Bahia: Juspodivm, 2012, pag: 612) (grifamos).
Os consagrados autores vã o além, admitindo a caracterizaçã o do dano pela perda de tempo
e energia na soluçã o do conflito.
Neste sentido defendem que:
“... Haverá dano moral pelo simples inadimplemento contratual, naqueles casos em que a
mora ou inadimplemento causem ao credor grande perda de tempo e energia na resolução da
questão.”
Lembra André Gustavo Corrêa de Andrade, que "o tempo, pela sua escassez, é um bem
precioso para o indivíduo, tendo um valor que extrapola sua dimensão econômica. A
menor fração de tempo perdido de nossas vidas constitui um bem irrecuperável. Por
isso afigura-se razoável que a perda desse bem, ainda que não implique prejuízo
econômico ou material, de ensejo a uma indenização". (grifamos).
Conforme adverte o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho do E. TJRJ 1,"o
tempo, pela sua escassez, é um bem precioso para o indivíduo, tendo um valor que
extrapola sua dimensã o econô mica. A menor fraçã o de tempo perdido em nossas vidas
constitui um bem irrecuperá vel. Por isso, afigura-se razoá vel que a perda desse bem, ainda
que nã o implique prejuízo econô mico ou material, dá ensejo a uma indenizaçã o. A
ampliaçã o do conceito de dano moral, para englobar situaçõ es nas quais um contratante se
vê obrigado a perder seu tempo livre em razã o da conduta abusiva do outro, nã o deve ser
vista como um sinal de uma sociedade que nã o está disposta a suportar abusos".
Deste modo, a necessidade cada vez mais premente da sociedade utilizar seu tempo de
forma proveitosa, bem como a busca cada vez mais atual por qualidade de vida, somada ao
consumo crescente e ao despreparo das empresas para atender às suas demandas, têm
levado a jurisprudência a dar seus primeiros passos para solucionar infortú nios
experimentados por consumidores vítimas de tal desídia, passando a admitir a reparaçã o
civil específica para a perda do tempo livre ou ú til, apesar de haver ainda alguma
resistência de alguns Tribunais.
O ENTENDIMENTO TEM SIDO NO SENTIDO DE QUE A PERDA DESARRAZOADA DO
TEMPO OCASIONADA POR TERCEIROS, SEM A VONTADE OU A POSSIBILIDADE DE
LIVRE ESCOLHA DO CONSUMIDOR, DEVE SER INDENIZADO POR SER ALGO QUE NÃO
PODE SER DEVOLVIDO OU RECUPERADO.

DOS PEDIDOS:
Isto posto, requer a V.Exa:
a) A concessã o da Gratuidade da Justiça, nos termos do art. 98 do CPC;
b) A citaçã o das Rés, para querendo oferecer contestaçã o, sob pena de revelia;
c) No mérito, a procedência da presente açã o para que as ligaçõ es sejam definitivamente
canceladas, bem como seja as rés condenadas a reparaçã o dos danos morais causados no
importe de R$ xxxxxxxxxx (xxxxxxxxxxxx);
d) A condenaçã o em custas processuais e honorá rios advocatícios nos termos legais;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito.
Dá-se a causa o valor de R$ xxxxxxxxxxxx
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
cidade e estado, xxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
OAB/RJ xxxxxxxxxxxxxx

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