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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 00ª UNIDADE DO

JUIZADO CÍVEL E CRIMINAL DA CIDADE

JOAQUIM DE TAL, casado, administrador de

empresas, residente e domiciliado na Rua X, nº. 1122, nesta Capital – CEP nº


001122-33, possuidor do CPF(MF) nº. 111.222.333-44, vem, com o devido respeito

à presença de Vossa Excelência, por seu mandatário ao final firmado – instrumento

procuratório acostado --, para ajuizar, com supedâneo no artigo 144 do Código
Repressivo, o presente pleito acautelatório de

PEDIDO DE EXPLICAÇÕES,
“CÓDIGO PENAL – ART. 144”

em face de MARIA DE TAL, solteira, comerciária, residente e domiciliada na Rua Y,

nº. 0000, em Cidade (PP) – CEP nº. 001123-33, inscrita no CPF(MF) sob o nº.

222.444.555-77, em face das seguintes razões de fato e de direito.

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I – QUADRO FÁTICO

O Interpelante é chefe do departamento de Recursos


Humanos da empresa CAUT Y LTDA, desde os idos de 2015. Essa empresa tem

com matriz em São Paulo e filial nesta Capital, na qual aquele exerce suas funções.

Em seu mister, no departamento de Recursos


Humanos, rotineiramente tem como incumbência a admissão e demissão de

empregados. Por conta dessa atividade, ordinariamente se depara com empregados


insatisfeitos com o mesmo.

Diante desse panorama, mais uma agressão fora

perpetrada contra sua pessoa (indevidamente, registre-se), dessa feita com

“possível ânimo” de imputar fato criminoso ao Interpelante.

A senhorita Joana D´arq das Quantas, então empregada


da empresa em liça, fora demitida sem justa causa na data de 00/11/2222. Na

ocasião, recebera as verbas rescisórias atinentes ao período laborado.

Lado outro, referida funcionária, acima mencionada,

ajuizou Reclamação Trabalhista em face da empresa, que antes prestara serviços.

Em síntese do arrazoado, alegara assédio moral provocado pelo Interpelante.

Discorrera, em sua exordial, uma narrativa fática dando conta que o Interpelante

tratava todos com violenta rispidez. Acrescentou que ele proferia palavras grosseiras

contra todos os empregados.

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Durante a instrução processual, na indigitada ação
trabalhista, aquela arrolara como testemunha a ora Interpelada. Essa, em seu

depoimento, proferiu “palavras dúbias”, de cunho agressivo inclusive, imputando

provável crime de calúnia contra sua pessoa.

O testemunho fora prestado nos autos da Reclamação

Trabalhista nº 00112233, a qual tramita perante a 00ª Vara do Trabalho desta

Capital. A audiência em vertente fora realizada na data 00/22/3333. Nessa ocasião,

a Interpelada proferiu palavras que deixaram dúvidas quanto ao seu real

intento, depoimento esse cujo Termo de Declarações ora se acosta. (doc. 01).

Observa-se, em certos trechos, que existem afirmações

despropositadas e ambíguas. Aparenta descrever conotações de prática de crime


de furto, por parte do Interpelante, quando assim afirmara, ad litteram:

“QUE não sabe como o senhor JOAQUIM DE TAL (chefe dos recursos

humanos), enriqueceu em tão pouco tempo naquela empresa, ou

seja, da noite para o dia. E que isto só ocorre porque ninguém tá de

olho no mesmo. “

( não existem os destaques no texto original )

Ao estipular que “não sabe como” o Interpelante “...

enriqueceu em tão pouco tempo” e, mais, “da noite para o dia”, deixa dúvidas se,

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em verdade, a Interpelada quis atribuir ao Interpelante a prática de furto dentro da

empresa. Afinal, denota-se do depoimento prestado em juízo que existira


“enriquecimento” ilícito (e olhe que o Interpelante tem um patrimônio ínfimo).

Dessa forma, para que não haja infundada ação penal

privada contra aquela, por desvelo se mostra viável este procedimento processual.

II – DA COMPETÊNCIA DESTA UNIDADE JUDICIÁRIA

Não há qualquer espaço para dúvidas de que o episódio

fático, descrito pela Interpelada, tende a atribuir ao Interpelante a prática furto.


Assim, tipificando-se a prática de crime de calúnia (CP, art. 139).

Nesse compasso, infere-se crime de menor potencial


ofensivo, in verbis:

LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

(Lei 9.099/95)

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para

os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine

pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

Urge trazer à colação nota de jurisprudência com esse

enfoque:

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PENAL E PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA

ENTRE JUÍZES ESTADUAIS. SUSCITANTE. JUÍZO DE DIREITO DA 10ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA SALVADOR-BA. SUSCITADO. JUÍZO DA 4ª VARA

DOS SISTEMAS DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS. APURAÇÃO DO

CRIME DE CALÚNIA COMETIDO NA APRESENTAÇÃO DA CONTESTAÇÃO

QUE FOI PROTOCOLIZADA NOS AUTOS DO PROCESSO ELETRÔNICO QUE

TRAMITA NA JUSTIÇA DO TRABALHO. CRIME DE CALÚNIA COM PENA

MÁXIMA DE 02 (DOIS) ANOS.

Juiz suscitado que declarou sua incompetência para processar e julgar o

feito, em razão da incidência da majorante descrita no artigo 141, iniciso

III. (na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da

calúnia, difamação ou da injúria), com a incidência da agravante a pena

ultrapassa o limite estabelecido pelo artigo 61, da Lei nº 9.099/95.

Resolução nº. 185/2013, do conselho nacional de justiça, que fixa os

parâmetros e a funcionalidade do processo judicial eletrônico.

Estabelecendo no seu artigo 6º, e artigo 27, a limitação de acesso as peças

processuais. Embora seja utilizada a internet para protocolizar peças

processais, a utilização do sistema não caracteriza a incidência da

agravante, até porque, a Lei nº 11.419/ 2006, que dispõe acerca da

informatização dos processos judicias, disciplinada pela resolução nº.

185/2013 do conselho nacional de justiça, estabelece parâmetros e

limitações de acesso, estando restrito as partes, advogados, ministério

público e magistrados, bem como às secretarias dos órgãos julgadores.

Não havendo, portanto, "divulgação", dos documentos inseridos nos

processos. Conflito conhecido e julgado procedente para declarar

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