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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ.

“Artigo 6 da Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015:


Processo nº 123456-25.2022.8.19.0001 Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em
tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.”

NOME DA PARTE, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem


respeitosamente a presença de Vossa Excelência, através de seus advogados subscrito, com
fulcro no artigo 396, 396A, do Código de Processo Penal, oferecer a presente

RESPOSTA A ACUSAÇÃO

I- DA TEMPESTIVIDADE

A Resposta a acusação é oferecida após a o recebimento da denúncia e a citação do


acusado para responder no prazo de 10 (dez) dias, com fulcro nos art. 396, do Código de
Processo Penal.

II- DOS FATOS

O Acusado foi denunciado pelo Ministério Público pela suposta prática de crime
previsto no art. 171, caput, do Código de Penal e art. 2º, IX da Lei 1521/51, de onde narra a
denúncia que o ora acusa, NOME DA PARTE de que:

“...No dia 01 de outubro de 2021, em horário que não se pode precisar, no interior da
empresa “AC Consultoria & Gerenciamento Ltda.” Situada na Avenida Pelinca, nº 55, sala 806,
Centro, nesta Comarca de Campos dos Goytacazes, os denunciados ... na qualidade de sócia-
proprietária da referida empresa, de forma livre e consciente, em comunhão de ações e desígnios
com os também denunciados...”

Fatos estes que não merecem prosperar.

III- DO DIREITO

O Demandado entrou como ANALISTA DE TI na empresa, em 03 de setembro de 2021,


e no mês de novembro de 2021 ficou responsável da administração e manutenção dos
computadores do escritório, recebia salário fixo desde sua contratação de R$4.000,00
(quatro mil reais), tendo o valor sido aumento para R$5.000,00 (cinco mil reais) após receber

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o cargo da administração e manutenção dos computadores, cujo nome é ANALISTA DE TI, e
diferente da denúncia não tinha nenhum contato, seja formal ou informal com qualquer
cliente que seja.

Não existe nenhum contrato assinado em seu nome, ou qualquer deposito feito na
conta do decorrente em razão de algum investimento feito na empresa em trabalhava de
ANALISTA DE TI.

Todos os contatos com cliente eram feitos por funcionária da empresa cujo nome são,
ANDRESSA CARDOSO, BEATRIZ, JUPIARA, e neste tempo trabalhado sua carteira não foi
assinada pela empresa.

Abstrai-se da narrativa apresentada pelo Ministério Público, muito genericamente, que


o acusado “GILSON RAMOS VIANNA trabalhava como gerente, sendo certo que todos agiam em
conluio criminoso com a proprietária.... e além de obterem vantagens ilícitas em prejuízo,
angariavam novas vítimas diariamente, visando manter a engrenagem da estrutura e fazer com
que a fraude se perdurasse.”

Do que se afere com a análise a declaração da própria “vítima” é no sentido de que, de


fato, ela mesma foi atrás do acusado buscando investir dinheiro na empresa em que o
acusado trabalhava, realizando assim o contrato, pelo qual visava receber valores através do
trabalho desempenhado pela empresa, sem nenhum contato formal ou informal com o
denunciado

Nada do que acima se expõe contraria a lei ou mesmo é considerado qualquer tipo de
crime. Logo, trata-se de relação jurídica cível de fundo legal, em face apenas da empresa e
seus proprietários.

Quanto ao suposto delito do art. 171 do CP, há um evidente equívoco do Parquet ao


afirmar que o Réu é incurso na prática de tal tipo penal, isso porque a atipicidade da
conduta narrada resta evidente mediante a análise que se faz a seguir:

Conforme descreve o art. 171 do CP:

“Art. 171. - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em


prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.”

No caso trazido a esse digno Juízo, a narrativa inicial fez induzir ao leitor a existência de
intenções escusas nos corações dos personagens, intenções estas que jamais existiram no
caso vertente, tendo em vista que o acusado não obtinha tal poderes para cumprir com o
explicitado na peça acusatória, sendo apenas o responsável dos computadores, e não da
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administração geral do escritório, e não tinha contato algum com cliente, seja de modo
formal ou informal, ficando apenas responsável pelos computadores em que eram
operados pelos “traders”.

A tipificação do art. 171 depende da prova da existência fática de diversos elementos,


quais sejam: o dolo do agente com escopo de obter vantagem ilícita. Após, com intuito
perverso de causar prejuízo alheio, exercer a ação no sentido de induzir ou manter alguém
em erro. Logo, o todo do artigo disto a completamente da realidade dos fatos.

Em primeiro lugar, insta salientar que não houve indução ou mantença em erro algum,
até porque o acusado não fazia parte de setores de arrecadação de clientes, muito menos
de operação com o valor arrecadado com os investidores.

Desse modo, Exa., afere-se de plano a inexistência de há configuração de qualquer


ação que defina a indução da suposta vítima a erro, já que as atividades da empresa se
desenvolviam regularmente, não havendo qualquer “erro” em relação ao objeto do contrato
entabulado, que só não foi cumprido integralmente em razão de fatos alheios à vontade do
Réu, que nada tem a ver com isso, sendo responsável apenas pela parte de informática de
empresa, como ANALISTA DE TI.

Outrossim, também não houve prejuízo alheio por intenção do agente, uma vez que a
interrupção dos pagamentos mensais, que é o fato gerador da revolta da suposta vítima, ou
seja o definido “prejuízo”, que fez com que o Parquet tenha nomeado equivocadamente a
conduta do Requerido como “estelionato”, apenas se deu por conta de decisão judicial de
paralisação de funcionamento da empresa, Logo, vê-se que a paralisação do pagamento
esperado pelo cliente, bem como a impossibilidade do estorno, se deu por fato alheio e
contrário à vontade inicial do acusado, por fazer parte do setor de informática.

Ademais, verifica-se ainda a absoluta inexistência de vantagem ilícita, sendo que a


atividade exercida pelo acusado é de ANALISTA DE TI da empresa que é a de compra e
venda de criptoativos, mediante pagamento de rentabilidade, atividade que não configura
qualquer tipo penal brasileiro, que não contraria qualquer regulamento oficial e que
funcionou por anos sem qualquer óbice, sendo assim considerada prestação de serviço de
caráter lícito, e sendo a dita “vantagem” apenas o investimento que a cliente fez, com
retorno até a data da ordem judicial de paralização, sendo efetivado corretamente.

Contudo, Exa., o bloco fundamental para configurar definitivamente o total


descabimento da Denúncia, desmontando a tese de estelionato, é justamente a ausência do
dolo, tendo em vista o acusado não fazer parte da administração da empresa, e sendo
apenas um funcionário responsável apenas pela administração e manutenção dos
computadores do escritório da empresa.
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Lembramos que para que seja caracterizado o crime de estelionato faz-se necessário a
caracterização do elemento volitivo na esfera cognitiva do Autor do fato.

O delito de estelionato pressupõe sempre a má-fé do agente, não podendo ser


tipificado em modalidade culposa, assim sendo, admite-se somente o enquadramento do
crime em sua modalidade dolosa, de modo livre, consciente e voluntário.

A presença do dolo antecedente e a intenção de auferir vantagem em desfavor da


vítima são os elementos que caracterizam o delito de estelionato. A fraude deve ter por fim
o lucro ilícito, e não mero inadimplemento de obrigação.

Para a configuração do crime de estelionato, é exigida a comprovação de que o agente


empregou qualquer meio fraudulento para, através dele, induzir ou manter alguém em erro
para, assim, obter vantagem ilícita para si ou para outrem, com a consequente lesão
patrimonial da vítima.

Uma vez que o Acusado apenas figurava como ADMINISTRADOR DA INFORMÁTICA E


FAZIA A MANUTENÇÃO DOS COMPUTADORES em empresa usava para execuções de
operações lícitas de “Traders” de criptoativos, repassando aos investidores mensalmente
parte dos lucros aferidos (relacionados a seus investimentos), a atividade, que não é ilícita, é
exatamente a mesma descrita na narrativa inicial.

Portanto, não havendo comprovação da intenção ab initio do acusado de fraudar, e


desconsiderando que o fato se deu por decisão da justiça, o mero inadimplemento seria
base para uma tese de ação com fundamento, no máximo, de ilícito civil, não adentrando na
esfera da fraude penal.

Apresentados, prova-se absolutamente despropositado o prosseguimento da presente


ação a merecer a rejeição in limine da denúncia.

IV- PRELIMIRNAMENTE: DA FALTA DE JUSTA CAUSA PENAL

Diz o art. 395 do Código de Processo Penal:

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação


dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

I - For manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de


2008).
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício
da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
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III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Parágrafo único. (Revogado). (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

A justa causa para o exercício da ação penal contra o indivíduo consubstancia-se no


lastro probatório mínimo e firme indicativo da autoria e materialidade da infração penal,
conforme prevê o artigo 41 do CPP, verbis:

Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato


criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a
classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

Inicialmente, faz-se necessário repisar a ausência do elemento subjetivo do tipo penal,


“Estelionato”, vez que este não admite a modalidade culposa, sendo obrigatória a
demonstração do dolo do agente para a configuração da prática delituosa.

No caso denunciado, o parquet adianta entendimento ainda inexistente no Brasil para


definir como crime atividade que a própria lei não define.

Logo, não foi apontado qual prática configurou o suposto “ardil” contra a suposta
vítima, uma vez que a prática narrada na denúncia é tão somente a prestação de serviço de
investimentos legalmente contratada.

Há de se rememorar a garantia pétrea constitucional talhada no art. 5º, XXXIX da CFRB:

“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;”

A atividade da empresa envolvia operações e investimentos de recursos em


criptoativos que, sabidamente, não compõe, nem integram o Sistema Financeiro Nacional,
não sendo por ele regulamentada. Isso se comprova, pois, instados a se manifestar sobre o
tema, em repetidas ocasiões, a Comissão de Valores Mobiliários e a Procuradoria Federal
Especializada Junto à CVM – PFE – CVM analisaram detalhadamente o caso e concluíram pela
inexistência de Contrato de Investimento Coletivo – CIC – ou qualquer outro tipo de valor
mobiliário sendo emitido ou negociado na espécie, excluindo o exercício da competência
administrativa da referida Autarquia quanto ao caso.

Dessa forma inexistiu em qualquer momento da linha do tempo intenção específica do


acusado em causar qualquer lesão aos seus clientes e isso, Excelência, se comprova com os
todos os documentos, inclusive financeiros acostados a esta peça, no intuito de comprovar o
salário fixo do ANALISTA DE TI, ora acusado.
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Inexistentes estão todos os elementos que poderiam caracterizar o dolo do agente.
Dessa forma, impossível visualizar qualquer resquício de má-fé do acusado na simples
contratação de mais um dos clientes da empresa, a qual a intenção real era de cumprir o
acordo junto aos seus responsáveis, que era de deixar os computadores da empresa
rodando 24h por dia, para que os “traders” pudessem operar.

Verificando-se, assim, de forma clara que inexiste dolo específico do agente na


conduta a ele imputada, sendo este elemento subjetivo do tipo, razão pela qual não é
possível prosseguir com a persecução penal.

Na narrativa ministerial, não é possível verificar nenhum intento positivo e deliberado


por parte do Réu, que, aliás, apenas um mero funcionário do ramo de informática da
empresa que atua no ramo especificado de traders de criptomoedas, e que a interrupção do
pagamento das rentabilidades se deu por ordem judicial de bloqueio dos ativos da empresa,
e não vontade de quem quer que seja que trabalha nesta empresa, fato de conhecimento
notório em todo o país.

A total ausência do dolo, somada a atipicidade da conduta, que não pode ser cunhada
como crime, justifica o trancamento da ação penal contra o sr. GILSON RAMOS VIANA e o
arquivamento do feito.

Cumpre ressaltar que, além de não ser possível configurar o elemento subjetivo do
tipo acima referido, os fatos narrados não constituem o delito constante do art. 171 do CP,
que sequer admite a modalidade culposa, embora ainda, não seja esse o caso.

Sendo assim, requer o trancamento da ação penal contra o sr. GILSON RAMOS VIANA
e o arquivamento do feito, em razão da exaustivamente demonstrada ausência de justa
causa para o exercício da ação penal, nos exatos termos do art. 395, III, do Código de
Processo Penal. Subsidiariamente, requer a absolvição sumária do réu GILSON RAMOS
VIANA, por conta da total atipicidade das condutas, nos termos do art. 397, III, do mesmo
CPP.

V- DO MÉRITO

Caso este douto juízo não proceda com o trancamento e arquivamento da presente
ação penal, nem proceda com a absolvição sumária do réu, a defesa opta por apresentar
suas teses após a instrução do feito, de onde ressoará a sua incontestável inocência.

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Por ora, reafirma a total atipicidade das condutas praticadas pelo Réu, tendo em vista
ser ele apenas um funcionário de informática na empresa, atuando como ANALISTA DE TI, e
tendo como principal obrigação a administração e manutenção dos computadores da
empresa, não tinha nenhum tipo de contato, pois o atendimento aos clientes eram feitos
por pessoas especificas, não tendo contato seja formal ou informal com qualquer cliente
que seja, além também, de nunca ter assinado nenhum contrato em seu nome autorizando
o recebimento de dinheiro em nome da empresa, estando apenas no exercício regular de
sua profissão, e levando-se em consideração que a impossibilidade de cumprir com o
contrato não foi oriunda de sua vontade, até porque não tem poder para tal feito.

VI- DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a V. Exa.:

a) A absolvição sumária do réu GILSON RAMOS VIANA, tendo em vista a total atipicidade
das condutas narradas, nos termos do art. 397, III, do Código de Processo Penal;

b) Subsidiariamente, o trancamento da presente ação, em razão da exaustivamente


demonstrada ausência de justa causa para exercício da ação penal, nos termos do art. 395,
III, do Código de Processo Penal, e o posterior arquivamento do feito;

c) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a


documental e a testemunhal;

d) A absolvição do réu de todas as imputações, nos termos do art. 386 do Código de


Processo Penal.

N. Termos,
p deferimento.

DR. ZEGUIAR DA SILVA RODRIGUES


OAB/RJ: 103.986

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DR LUAN VIEIRA COELHO
OAB/RJ: 222.246-E

Rio das Ostras, ______ de abril de 2023.

ROL DE TESTEMUNHAS

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