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A teoria da subcultura delinquente

A teoria da subcultura delinquente é uma das escolas sociológicas


do consenso. Tem como seus autores Albert K. Cohen
(1955): “Delinquent boys: the culture of the gang”  e Willian F. Whyte
(1953):  “Street Corner Society. The Social structure of an Italian slum”.

Período histórico
Depois da 2° Guerra Mundial os Estados Unidos cresceram muitos
economicamente, e a população estava tomada por um
sentimento de confiança na democracia e nas instituições, que
tinham raízes em valores culturais protestantes bastante
arraigados. Entre estes incluía-se a fé na razão, na ciência e na
tecnologia; uma ética puritana de empenho no trabalho e
autoaperfeiçoamento. A figura paterna era central nos núcleos
familiares, representava a autoridade dentro do lar e era
responsável por estabelecer a ordem, fato responsável por
endossar o machismo na sociedade.

Mas, no ano 1950, os jovens, especialmente negros, perceberam


que não conseguiriam alcançar o ideal americano. Perceberam que
se tornar rico era uma realidade para poucos. A desilusão tomou
conta dos jovens que passaram a contestar todo o modelo,
inclusive a figura paterna.

Esse período marca a falência do american dream (O Sonho


Americano, é um ethos nacional dos Estados Unidos, uma
variedade de ideais de liberdade inclui a chance para o sucesso e
prosperidade, maior mobilidades social para as famílias e crianças,
alcançada através de trabalho duro em uma sociedade sem
obstáculos).

Os jovens que tinham condições de alcançar o sonho americano de


riqueza e os que não tinham eram cobrados da mesma maneira. O
choque entre a cultura e a estrutura social, que não fornecia as
condições sociais de acesso aos bens sociais para todos, cria uma
espécie de desilusão com relação ao sistema de vida americano.
A teoria da subcultura delinquente
Assim, a formação de subculturas criminais representa a reação
necessária de algumas minorias altamente desfavorecidas diante
da exigência de sobreviver, de orientar-se dentro de uma estrutura
social, apesar das limitadíssimas possibilidades legítimas de atuar.

Sendo assim, a formação de subculturas criminais passou a ser


uma reação de alguns grupos minoritários que não podiam
alcançar o sonho americano de riqueza tão propagandeado. As
gangues de jovens formam-se como reação à sensação de
frustração por conta da impossibilidade de alcançar as metas da
sociedade branca, protestante e anglo-saxã (conhecida pela sigla
em inglês W.A.S.P).

Os valores são adotados por sua forma invertida, como forma de


contestação ao ideal de sociedade dominante. Dessa forma, essas
gangues cultuam a destruição porque os jovens de classe média
cultuam a propriedade.

Cada sociedade é internamente diferenciada em inúmeros


subgrupos, cada um deles com distintos modos de pensar e agir,
com suas próprias peculiaridades e que podem fazer com que cada
indivíduo, ao participar destes grupos menores, adquira culturas
dentro da cultura, isto é, subculturas.

Definição de cultura delinquente


A subcultura delinquente é um comportamento de transgressão
que é determinado por um subsistema de conhecimento, crenças e
atitudes que possibilitam, permitem ou determinam formas
particulares de comportamento transgressor em situação
específica.

Subcultura não é uma manifestação delinquencial isolada. A


subcultura delinquente tem como característica, justamente, a
dimensão coletiva.

Os crimes cometidos pelo grupo, segundo a Teoria da Subcultura


Delinquente, são cometidos em concordância com valores e as
regras daquele grupo. Por isso, o crime não é um ato isolado e sim
de um grupo. As regras que fazem sentido para aquele grupo são
diferentes e muitas das vezes contrárias às regras que vigoram no
restante da sociedade. Estão em oposição, e isso não é por acaso, é
realmente uma forma de contestação.

A Subcultura Delinquente é associada diretamente ao


comportamento de jovens que delinquem em grupo. Esses grupos
têm suas próprias normas, valores, ética e crenças que diferem das
normas, valores, ética e crença da sociedade dominante.

Crime
As três principais características do crime para a Teoria da
Subcultura Delinquente são:

 Não utilitarismos da ação, ou seja, a ação não tem utilidade, é


um ato de contestação. Se estivermos estudando um furto,
por exemplo, o objeto furtado não será usado para comprar
coisas ou será consumido. O furto não foi realizado porque o
grupo queria ter aquele bem e não podia comprá-lo, ou para
vendê-lo e compra outras coisas. De acordo com a Subcultura
Delinquente, a intenção com esse furto não era o
aproveitamento material e sim a contestação do modelo de
sociedade que valoriza sobremaneira o “ter”;

 Malícia da conduta, ou seja, prazer em ver o outro sofrer. É


um sadismo. Se roubarem a bolsa de uma velhinha, por
exemplo, é pela graça de ver a velhinha sem rumo e não pelo
valor que tem a bolsa;

 Negativismo, ou seja, nega o valor dominante, baseia-se em


outros valores, isto é, valores próprios. A conduta criminosa
nega a conduta dominante na sociedade, é baseada nos
valores do grupo. Como um grupo de jovens pichadores que
escrevem em edifícios e monumentos da cidade. È uma
contraposição à ordem majoritária, realizam atos de
contestação.

APRESENTAÇÃO DA MÚSICA DO LEALL

Méritos e deméritos
A Teoria da Subcultura Delinquente teve o grande mérito de
marcar uma nova visão sobre a criminalidade. Até então
predominava nos Estados Unidos a visão ecológica do crime,
baseada na ideia da escola de Chicago.

Essa escola demonstra que o controle dessa criminalidade, da


Subcultura Delinquente, não se pode fazer por meio dos
mecanismos tradicionais de combate ao crime. A ideia central
dessa forma delituosa, da Subcultura Delinquente, tem
particularidades e diferenças com a criminalidade mais comum.

Algumas dessa manifestação não se combatem com pura


repressão, mas sim com um processo de cooptação, integração
dos grupos juvenis, envolvendo-os no mercado de trabalho, ou por
meio de uma ação de inteligência da polícia, com delegacias
especializadas (por exemplo, para prevenir crimes cometidos
pelas gangs punk).

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