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AS FERRAMENTAS
DE COMPANHEIRO
E AS CINCO VIAGENS

02/2023
UNIÃO CATARINENSE
LEONARDO SCHMALZ TATIM

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AS FERRAMENTAS DE COMPANHEIRO E AS CINCO VIAGENS

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema as ferramentas de companheiro e as


cinco viagens, simbolismos maçônicos pelo qual todo iniciante percorre ao longo da
jornada.

Visando elaborar um estudo mais completo foram feitas pesquisas diretas em


sites que abordam questões maçônicas, os quais ao final estão, devidamente, relacionados
e dos textos, do que se entendeu fora feita a tradução nas palavras deste.

ABERTURA

Imperioso, antes de adentrarmos, propriamente dito, em quais são as


ferramentas de companheiro e suas funções ou simbolismos, trabalharmos acerca das
cinco viagens de elevação, nas quais o Aprendiz maçom reconhece e trabalha seus
vícios e virtudes tendo trilhado das trevas (escuridão) à Luz, quando utilizará no
trajeto as ferramentas de cada grau. Para tanto, a cada viagem trabalhamos com a
ferramenta do grau, bem como com o significado e simbolismo da numerologia.

O neófito ou recém-iniciado, ao ingressar a ordem e receber a luz, relembra


sua infância e todo o gradativo aprendizado e conhecimento que obteve acerca do mundo
que o cerca, tendo assim, o primeiro contato com a linguagem, a cultura maçônica e aos
primeiros trabalhos na oficina.

Durante o processo de iniciação, o aprendiz passa por viagens purgatórias,


cujo intuito é o de ser purificado. No fim, tendo-lhe retirado às vendas, é revestido em
definitivo com a insígnia do grau de aprendiz maçom: o avental com a abeta voltada para
cima. Logo após essa investidura no grau, ele recebe as ferramentas e começa a realizar seu
ofício na pedra.
O Companheiro maçom deve transcender do Ocidente (mundo
concreto), ao Oriente (mundo abstrato ou transcendente), o mundo dos Princípios e
das Causas, atravessando a região obscura da dúvida e do erro (o Norte), para voltar
pela região iluminada pelos conhecimentos adquiridos (o Sul), constituindo cada
viagem uma nova e diferente etapa de progresso e de realização.

A PERGUNTA É: Porquê CINCO viagens, não três ou oito ou outro


qualquer número:

Na Ordem a numerologia e o simbolismo são muito importantes, quanto


ao número cinco temos que “É a Dúada adicionada à Tríade – soma do primeiro
número par com o primeiro número ímpar, pois os pitagóricos consideravam que o
um não era um número verdadeiro. Por conta disso, o cinco é visto com excepcional.
Os pitagóricos o consideravam símbolo do casamento e da síntese – a união do dois
e do três. É o número dos cinco dedos da mão, das cinco chagas de Cristo, das cinco
colunas de devoção no islamismo, dos cinco sentidos. Os alquimistas com a
quintessência (o quinto elemento, além da terra, água, fogo e ar) o espírito que cria e
conserva a vida. A simbologia do número cinco está representada na estrela de cinco
pontas ou flamejante, o Pentalfa de Pitágoras. Está indissoluvelmente associado
número sete. Albert Pike lembra que “Cristo alimentou Seus discípulos e a multidão
com cinco pães e dois peixes, e do resto sobraram doze, isto é, cinco mais sete cestas
cheias” 1.

Ainda, Boanerges B. Castro na obra “O Simbolismo dos Números na


Maçonaria” nos ensina que “A essência do número CINCO é o Espírito de Deus, capaz
de não permitir que os QUATRO elementos se equilibrem. Assim, enquanto com eles
coexistir a QUINTA essência, a vida estará nele presente suas forças não serão capazes
de se neutralizar DUAS a DUAS. Essa Quinta Essência é o hálito, a respiração que
mantém a Vida, que permite ao ser manifestar-se como um ser vivo que une o Espírito
de Deus que, simbolicamente, conforme narra a Bíblia, lhe foi transmitido através de
um “sopro” em suas narinas, “sopro” este que constitui o “fôlego da vida”. Feito de
barro ele era matéria inerte. Recebido o “sopro” do “fôlego da vida”, tornou -se uma
“alma vivente””.

1 BLANC, Claudio, MAÇONARIAA de A a Z – Claudio Blanc. – Barueri, SP: Camelot, 2022.


A PRIMEIRA VIAGEM

Na primeira viagem, o novo iniciado carrega duas ferramentas básicas com as


quais realizou o seu trabalho de Aprendiz, o malhete/maço e o cinzel, ferramentas que
se complementam no trabalho de polir as arestas e imperfeições de algo que se encontra
em seu estado bruto. Logo, Instrumento do grau de Aprendiz que serve para desbastar
simbolicamente a pedra bruta, esta, um emblema da personalidade ainda não educada e
polida.

O Malhete ou maço é uma espécie de martelo, de maiores proporções,


servindo para construir ou para destruir. Em algumas pesquisas encontrei que,
Maçonicamente, o maço é a ampliação do malhete. Sugere dúbia situação, ativa e passiva,
ativa quando bate e passiva quando o objeto batido sofre o choque.

Utilizado pela primeira vez pelo Aprendiz quando das três pancadas dadas,
durante sua iniciação, na pedra bruta, que representa tudo que ainda não foi devidamente
educado, aconselhado, polido. Uma delas é o próprio Aprendiz, pois apesar da Maçonaria
ser uma “escola” a auto educação deve também vir do próprio Aprendiz por seus estudos
e mudanças de comportamentos e hábitos, mediante o aparo de suas arestas. Tal atitude
se faz ante a meditação o auto conhecimento e o reconhecimento dos próprios erros e
vícios quando então poderá iniciar o trabalho no desbastamento de seu espírito
embrutecido da inteligência humana.

Com o malhete e a força, se produz um efeito para desbastar a matéria,


que é a desagregação da parte não desejada, por consequência deste efeito de força e
precisão, o malhete representa o poder destrutivo, e, se não for utilizado com extremo
cuidado e inteligência, compromete seriamente a Obra de Construção Individual, ao
mesmo tempo que se transforma em um potencial perigo para a estabilidade do edifício
social.
O Cinzel, instrumento também do grau de Aprendiz, como o malhete é
utilizado para desbastar a pedra bruta (emblema da personalidade não educada e
polida), possui o poder de cortar, dar forma, abrir caminho através da matéria, é o
veículo de aprimoramento. O Cinzel significa a capacidade de enxergar aquilo que é
preciso mudar, representa o intelecto, deve ser a autocrítica do Maçom que, apoiada
pela força de vontade, fará com que consiga o desbaste necessário de sua ‘pedra bruta’.
Para tanto, o Aprendiz-Maçom deve possuir qualidades morais, ética, sentimentos bons
e generosos, ser virtuoso, uma mente bem- dotada, focada e educada e uma natureza
espiritual pura e profunda agindo com discernimento, os quais serão utilizados em suas
obras. Além disso, deve dirigir e concentrar a energia a um ponto definido, a obra
final, para que a força não se disperse e o resultado seja alcançado, sem nunca se desviar
do caminho traçado

“O malhete, no meio jurídico, chamado pelos profanos de martelo do


juiz, todo em madeira, é, juntamente com a deusa Thêmis e a balança da justiça
comutativa, um dos mais fortes e conhecidos símbolos do direito e da justiça. Outros
autores fazem referência ao antigo cajado utilizado pelos sacerdotes judeus e cristãos,
que, quando presidindo os cultos ou reuniões públicas, o utilizavam para chamar a
atenção da assembléia. No Direito o martelo representa o sinal de alerta, respeito, e
ordem para o silêncio.”.

Logo, nesta viagem o Aprendiz maçom deverá entender, que o uso


combinado das duas ferramentas de forma harmônica da força inteligente, aplicadas
ao carácter, ou seja, a pedra bruta da personalidade profana, o transformará em uma
pedra polida, apta a ser integrada no seu Templo Interno.

A SEGUNDA VIAGEM
Nesta sua segunda viagem, as ferramentas que o novo Companheiro
maçom carrega são de uma natureza totalmente diferente das com que executou o seu
primeiro trabalho.

A régua e o compasso agora destinadas à segunda viagem, são ferramentas


leves e de precisão, que além de se destinarem a verificar, e a dirigir o trabalho
executado com as anteriores ferramentas, têm ainda o objetivo puramente intelectual.

A régua e o compasso não são simplesmente dois instrumentos de medida,


são instrumentos criativos e cognitivos, e através deles podemos construir quase todas
as figuras geométricas, começando pelas duas figuras geométricas elementares, que são
a linha reta e o círculo.
A régua graduada é o símbolo da retidão e da correção moral e espiritual de
um maçom. É o instrumento característico do companheiro e o mais utilizado por ele em
suas viagens. A régua de 24 polegadas (0.66 cm, equivalente a 12ª parte do pé), medida
esta que simboliza as 24 horas do dia é um instrumento destinado à construção. Ou seja,
significa que o maçom deve pautar sua vida dentro de uma certa medida e não deve se
afastar dela.

O Compasso, por sua vez, é o que faz com que o maçom construa a sí próprio
e daí saia um Templo digno a glorificar o Grande Arquiteto do Universo. Ele mede os
mínimos valores até estar a circunferência completa e o círculo onde se fixa uma das hastes
do compasso e girando sobre nós próprios terminaremos o trabalho de forma perfeita. Seu
entrelaçamento com o esquadro é o símbolo permanente da maçonaria.

Para o maçom estas ferramentas possuem imenso significado construtivo,


a linha reta, traçada com o auxilio da régua, simboliza a direção retilínea de todos seus
atos, dado que é dever de todo maçom, nunca se desviar no seu progresso da exatidão,
pela qual constantemente se orienta na procura do caminho mais justo e mais sábio.

Por outro lado, o compasso é a busca incessante pela justiça, o círculo


mostra-nos o nosso campo de ação, dentro do qual devemos atuar, sempre orientados
sabiamente pela linha reta, que passa constantemente pelo seu centro.

Em resumo estes dois instrumentos representam a harmonia e o equilíbrio


nos quais devemos nos pautar e assim crescer, para que alcancemos a perfeita, justa, e
reta manifestação do Ideal material.

A TERCEIRA VIAGEM

Nesta terceira viagem, o Companheiro maçom conserva a régua na sua


mão esquerda e, substitui o compasso pela alavanca, a quinta ferramenta da sua
caminhada de afirmação para o grau de Companheiro maçom.

A função da alavanca é eminentemente ativa pois auxilia a mover e


levantar objetos, os mais pesados possíveis, sempre utilizando de um terceiro que é o
ponto de apoio. Simboliza o desenvolvimento da nossa inteligência e da nossa
compreensão, movendo os nossos instintos, para que ocupem o lugar que lhes está
destinado na Construção do nosso Templo Interno.

A alavanca, considerada o símbolo da Inteligência humana, o emblema


da força moral (seu próprio formato já representa esta força), cujo ponto de apoio
(cada irmão maçom) deverá ser tão resistente quanto ela própria visando não
comprometer o trabalho, simboliza a direção, o transporte, e a colocação dos materiais
usados e trabalhados, é a força da vontade, potência do trabalho, e o poder
multiplicador.

Arquimedes já dizia “dai-me um ponto de apoio que erguerei o mundo”.

Significa que quando estivermos diante de grandes obstáculos devemos


nos recorrer a alavanca e buscarmos um bom ponto de apoio. Simboliza que não existe
obstáculo que não possa ser removido por maior que seja seu peso. Basta que
procuremos com sabedoria a solução para nossos problemas.

Dentre várias características da alavanca duas antagônicas, a sua resistência


e flexibilidade, portanto, assim devemos ser, resistentes e ao mesmo tempo flexíveis.
Como exemplo resistente aos vícios, e flexível na prática contínua da tolerância.

Em suma nesta viagem o Companheiro maçom jamais deve se separar da


régua com que entrou pela primeira vez na segunda Câmara, pois simboliza a direção
reta de suas condutas, e a nova ferramenta, a alavanca, o Companheiro maçom a
aplicará nos seus esforços, por meio do qual realiza o que de outra maneira lhe seria
impossível realizar, pois ela multiplica as suas forças em proporção direta com as suas
necessidades.

A QUARTA VIAGEM

Nesta Viagem, o novo companheiro continua a segurar a régua com a sua


mão esquerda, acompanhada, agora, pelo esquadro, que é a sexta e última ferramenta
das suas viagens na afirmação do grau de Companheiro maçom.
Desta forma, através do uso coordenado da régua e o esquadro, resta a
união da linha vertical com a linha horizontal, simbolizando a retidão, e a ação do
homem sobre si mesmo.

Imperioso no que representa a conduta maçônica, é que todos devemos


enquadrar nossos atos sob a reta da virtude, emite a ideia de imparcialidade, retidão
de caráter, moralidade e o controle das nossas ações.

O maçom deve sempre buscar a verdade. Para tanto deve distinguir o uso
dos elementos simbólicos e ritualísticos também com o uso da razão, o que resta
evidenciado através do uso das sete artes liberais. Desta forma, o esquadro na quarta
viagem é a retomada do foco do viajante nos assuntos relativos à matéria.

O esquadro, representante da sabedoria ou razão, em companhia do


compasso, que representa o espírito, apresenta-se sobre o Livro da Lei de acordo com a
abertura da loja no grau especifico.

Na loja aberta no grau de aprendiz, a matéria se apresenta sobre o espírito,


enquanto na loja de companheiro, estando o compasso com a haste esquerda por cima de
um dos ramos do esquadro e a haste direita por baixo do outro com as pontas voltadas
para o ocidente, tem-se a conotação de que ambos (espírito x matéria, emoção x razão)
operam harmonicamente na exortação do companheirismo maçônico.

O esquadro unido com a régua ensina ao maçom, que o fim nunca justifica
os meios, só se pode obter um resultado satisfatório, quando os que se empenham
estejam em harmonia, com a finalidade em que unidos se propõem a alcançar.

A QUINTA VIAGEM

Na quinta e última viagem, o novo Companheiro maçom busca o Gênio


Individual, no qual se reflete a verdadeira capacidade, uma caminhada diferente das
que antecederam, iniciando pela desnecessidade do auxílio de qualquer ferramenta,
caminha numa direção oposta àquela que trilhou até este momento, e sob a ameaça
de uma espada posta sobre o seu peito.
O sentido desta viagem está diretamente relacionado com o número
cinco, o que a torna muito peculiar no grau de Companheiro. O fato desta se fazer
sem nenhuma ferramenta já por si só a torna misteriosa. Nas quatro viagens
precedentes, o Companheiro maçom aprendeu o uso das seis ferramentas fundamentais
da construção, o malhete, o cinzel, a régua, o compasso, a alavanca, e o esquadro, que
correspondem às seis principais faculdades, a seguir o Companheiro maçom deverá
encontrar sua sétima faculdade central, que corresponde à letra G (a sétima letra do
alfabeto latino), cujo o perfeito conhecimento o conduzirá ao Magistério da sua arte.

CONCLUSÃO

Assim, concluímos que para se alcançar graus mais elevados temos que
traçar mais da jornada, bem como ela é feita por simbolismos não só quanto as viagens
como também quanto as ferramentas utilizadas no caminho.

SITES CONSULTADOS

https://www.lojamad.com.br/index.php/trabsii/item/232-as-ferramentas-de-
companheiro-e-as-cinco-viagens

https://focoartereal.blogspot.com/2014/08/ferramentas-de-trabalho-do-
companheiro.html

https://blogdojovemaprendiz.wordpress.com/2016/10/28/as-ferramentas-do-
companheiro-macom/

https://pt.scribd.com/document/481536420/Hilario-As-Ferramentas-do-Companheiro-
Macom-e-Sua-Aplicacao

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