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Arte na Umbanda; Artes Oraculares e Nomes das

Entidades (Parte 1)

Dividimos o emala que enviamos em três partes, pois ficou muito grande...

Ara-Anauam a todos os irmãos do Fórum.

Temos acompanhado à distância relativamente segura as discussões recentes


aqui postadas e devido às pequenas polêmicas que nossos comentários geram
de vez em quando, nos omitimos de opinarmos sobre isso ou aquilo,
reservando à nossa balança íntima as considerações sobre os assuntos postos
a apreciação, apoiando, sim, apenas as condições relativas à compreensão e o
alcance de cada um.

Já que a paz para ser mantida, nessas épocas turvas deste maldito paradoxo
que o neo-liberalismo trouxe consigo, onde prevê, como regra de boas relações
o constrangimento do não-falar, do não-tocar, do não-ouvir, sobrepondo e
confundindo os limites do melindre e do respeito, para que as muralhas das
crenças de muitos não venham ao chão, tal e qual o Arcano 16, decidimos
escrever este e-mail, cujos assuntos retiramos de cinco livros que temos quase
prontos, descansando eternamente no berço esplêndido de nosso HD.

Cimentadas as crenças, os amantes da ilusão como segurança abraçam-se


ternamente às convicções inalteráveis, ditadores que são do próprio espírito,
para que não sofram com a força de um destino, que em sua verdadeira
natureza propõe as evoluções e revoluções ciclícas comuns às idéias e aos
dogmas. E graças a Zamby, pelo menos por enquanto, o neo-liberalismo ainda
não irrompeu pelos portais da razão, ativando o não-pensar, mas infelizmente
estão bem próximos, graças aos motivos aludidos, do não-realizar, pois nos
dias de hoje confunde-se facilmente individualidade com individualismo, e em
vez de criar-se futuras gerações de humanos-indivíduos, mais livres em sua
mente, sentimentos e ação, capacitados a lidarem com a renovação que o
conhecimento universal pede e necessita (por ser nossa única herança do
alto), produz-se cada vez mais e mais hordas de humanos-cópias, estes
seres tementes ao novo, ao cristalino, ao que realmente importa...

E é por não crermos nesse estado de coisas que daremos pela última vez
nossa opinião neste Fórum, pois em breve pretendemos descer aos salões
proibidos, para, definitivamente nos encontrarmos. Assim, discorramos, céleres
sobre...

ARTE NA UMBANDA

Para se entender a arte na Umbanda necessitamos entender a todos os modos


e modelos primordiais da expressão abstrata do espírito, quando de sua
necessidade de compreensão do universo astral em que passou a habitar.
Separar o sonho da realidade, quando de suas primeiras sensações, estruturar
o que era passado, presente e futuro, em sua primeira relação com o espaço-
tempo, captar de si enquanto ser espiritual e na forma densa a noção real do
equilíbrio entre estes dois estados: a tensão e a não-tensão, o ser e o não ser,
a realidade e a ilusão. A arte para o espírito esbarra na dualidade, nas
questões do inconsciente e da vigília, no Arquétipo que a cada momento existe
e não existe num mesmo instante.

Nosso querido Mestre Arahpiagha, revela em suas obras que a Arte é uma
expressão do Supraconsciente, enquanto a Religião é expressão do
Inconsciente. Tal conceito revela-nos mais uma vez o símbolo máximo da
Umbanda, o Ourobouros movimentando-se, a dialética do princípio tornando-se
fim e dando origem a um novo ciclo dinâmico, observado nos mistérios de
Exu e de seus Okotôs, este, como todos sabem, o Senhor dos Limites, aquele
que faz a separação entre todas as concepções e abstrações, entre o vazio e o
ponto, o Zero e o Um, na estruturação do sistema binário que a todo momento
vai e volta sobre si mesmo na eterna fecundação, origem dos misteriosos
conceitos Tântricos da evolução, da involução e da revolução.

A Arte é a expressão da criatividade do ser espiritual, o qual, por si mesmo,


possui totipotência e capacidade de moldar a realidade astral e mesmo material
segundo suas percepções, desde que esteja desperto para sua verdadeira
essência. O mesmo impulso que origina uma estrela movimenta o pincel por
sobre o quadro branco e a Arte, enquanto impulso primeiro, pertence a
categoria das Inspirações e à esfera mental mais superior, estando ligada
intimamente ao espírito eterno através do Verbo Intelectivo, vivente na Coroa
da Palavra em seu centro imutável, permanente.

Assim, desde que o primeiro movimento espiritual no universo astral


manifestou-se como poder e gerou a intrincada dialética da genetlíaca celeste
nos mundos astrais, de onde derivaram as espécies no mundo físico (segundo
as regras dos códigos dos Arquivos Celestes, uma vez que a evolução real,
verdadeira e efetiva se dá, na verdade, no mundo astral. Por isso da dificuldade
ou da impossibilidade de se encontrar, no mundo físico, determinados "Elos-
Perdidos".), as Inspirações tiveram como veículo o organismo mental, ou
alma, os Sentimentos veicularam-se no organismo astral e as Necessidades
no organismo físico.

Daí ser este mundo físico a esfera das Realizações e é para onde somos
atraídos visando concretizar os Sentimentos e as Inspirações dos corpos
superiores, de onde partem vórtices de movimento em campos vibratórios que
abalam o ser humano em sua constituição astral e mental, tal e qual as ondas
provocadas sobre a superfície calma de um lago, quando nele atiramos uma
pedra.

Uma vez realizado o movimento inicial, não há como vazê-lo voltar a sua
origem e o caminho inevitável é o mundo físico, onde este movimento tem seu
fim (ou sua manifestação), visando esgotar e purificar as linhas de força dos
corpos mental e astral. Daí a Umbanda, com seus Orixás, Guias e Protetores,
visarem a cura e a organização do espírito e da mente que são as origens de
todas as manifestações negativas no mundo das formas e aí está o por que
destas entidades superiores preferirem esta prática aos efeitos físicos e as
ditas como operações espirituais, embora respeitem os que as praticam.
Da mesma forma, a Arte na Umbanda esta voltada aos aspectos primordiais da
mesma, em suas concepções primitivas, estruturadas na organização das
cores, volumes, formas, movimento e som nas práticas da Teurgia, Psicurgia e
Magia em seus ritos e operações, na Lei de Pemba, nos pontos cantados, na
dança e no instrumental sagrados, nas cores e disposição dos materiais nos
ritos e nos templos, além da oratória das invocações, em sua poética (cujos
mistérios, relacionados aos aspectos ocultos do ritmo são inúmeros e
verdadeiros - funcionam mesmo! - essas chaves secretas de vida e morte nos
planos material e mesmo astral), e da própria manifestação dialética das
entidades em sua forma de apresentação, executando o roteiro da vida.

E Exu em sua manifestação tríplice, da fúria, da alegria e do silêncio, remete-


nos igualmente aos aspectos superiores do drama, da comédia e do romance,
em concepções primordiais que são as origens do Teatro e da Interpretação.

Assim, a inteligência humana pode ser encontrada e dividida segundo as


atividades cerebrais mais importantes (corrija-me se estiver errado, mestre
Araobatan, poderoso Lobotomista!), as quais a maior parte delas estão
estreitamente ligadas ao conceito completo de Arte, as quais sabemos existir
hoje, as ditas como "inteligências": a inteligência ligada à Lingüística, a
Matemática, a Cinético-Postural (relacionada à dança), a Intrapessoal
(conhecimento Interno e análise do pensamento), a Interpessoal
(comunicação e relacionamento através de gestos - base da interpretação e
símbolos!! O que pode ser estendido a outros planos, no caso da Umbanda), a
Musical e Espacial (relacionada a projeção no papel ou em alguma superfície
plana as 3 dimensões básicas em perspectiva). Hoje a Ciência pesquisa a tal
da Inteligência emocional, o que já existe na Umbanda desde muito tempo,
sob a ótica da Psicurgia. Esperamos para breve, queira Zamby, que a Ciência
estude a Inteligência Espiritual, como a matriz e origem das outras
inteligências...

Pois bem, se o leitor pensar e analisar profundamente, pereceberá que TODAS


as manifestações descritas acima podem ser encontradas, todas juntas, nos
rituais de Umbanda e ponto final.

A Arte, de a partir de sua abstração primeva antes de sistematizar-se na


inteligência do ser espiritual quando no mundo da forma densa nas
inteligências acima descritas, organizpu-se em doze faculdades distintas que
se pudéssemos nomeá-las entenderíamos como: Imaginação e Criação,
Retenção e Memória, Discernimento e Compreensão, Comparação e
Julgamento, Reflexão e Repetição e Atenção e Percepção.

Na Umbanda, em seus aspectos superiores, secretos e seletos, encontramos a


prática da Meditação, esta ARTE importantíssima, que assim como a MAGIA
e as ARTES Oraculares foram perdidas

A Meditação, meus caros irmãos, constitui-se na verdade, da somatória das


doze faculdades acima descritas, cujo resultado descreveremos a seguir e que
são, estas, sim, o resultado do poder dos magistas na capacidade da
penetração dos planos e sublanos solares e lunares, onde a vontade tem
aceite e assinatura apenas por este intermédio, pois a meditação para o
iniciado acontece a todo instante e não somente em raros momentos. O
verdadeiro Iniciado constantemente habita e respira estes outros estados
dioturnamente. A Meditação portanto é resultado da interação e da ação da
Atenção e Percepção que agem por Individualização e Numeração; da
Reflexão e Percepção que agem por Decomposição e Análise; da
Comparação e Julgamento que agem por Analogia e Síntese; da Retenção
e da Memória que agem por Método e Categoria; do Discernimento e
da Compreensão, que agem por Indução e Dedução e da Imaginação e
Criação que se executam por intermédio da Abstração e da Generalização.

A Arte da Meditação pode ser percebida nos homens fortes ou fracos, nos
iniciados ou não segundo o aceite ou não da força da Vontade que a meditação
proporciona. A capacidade da discussão das manifestações acima, sejam
momentâneas ou não indicam e fazem do ser humano um indivíduo poderoso
ou fraco, ignorante ou sábio, elevado ou vil. A Arte na Umbanda é a própria
capacidade do movimento das forças celestes no plano físico, em sua
disposicão à harmonia das formas e conceitos e cada plano assim se manifesta
no mundo físico segundo a capacidade do templo em projetar a harmonia da
egrégora do grupamento espiritual em seus rituais e giras.

A Seguir: Notas sobre a música

Ara-Anauam a todos os seres

Obashanan

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