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O Universo Simbólico do Tarô

Sibylla Delphica
De Sir Edward Burne-Jones, 1868
O Universo Simbólico do Tarô

Para reflexão:

“Para serem amadas, as coisas da terra precisam ser conhecidas,


para serem conhecidas, as coisas divinas precisam ser amadas.”
Blaise Pascal (França, 1623-1662)

“Somente conheço a verdade quando ela se torna vida em mim.”


Soren Kierkegaard (Dinamarca, 1813-1855)

“O fenômeno humano deve ser medido numa escala cósmica.”


Teilhard de Chardin(França, 1881-1955)

“Os lábios da Sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do


Entendimento.” O Caibalion

1. História e constituição do Tarô;

2. Canalização;

3. Tabela com a síntese dos arcanos maiores (lâminas de 0 a


5);

4. Definição dos arcanos maiores:

ü 0 ou 22: O Louco

ü 1: O Mago

ü 2: A Sacerdotisa

ü 3: A Imperatriz

ü 4: O Imperador

ü 5: O Papa, Sumo Sacerdote ou Hierofante.

Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

01. Tarô: História e constituição


Segundo a Tradição, quando os sacerdotes egípcios, herdeiros da
Sabedoria Atlântida, eram ainda guardiões dos Mistérios Sagrados, O
Grande Hierofante, prevendo uma época de declínio espiritual da
humanidade e a perseguição ao ensinamento sagrado, convocou ao templo
todos os sábios sacerdotes do Egito para que, juntos, pudessem achar um
meio de preservar da destruição os ensinamentos iniciáticos, permitindo,
assim, seu uso às gerações de um futuro distante.

Diversas sugestões foram apresentadas, mas o mais sábio entre os


presentes disse que, devido ao declínio moral da humanidade, o vício ia
permanecer por toda parte e sugeriu então que as Verdades Eternas fossem
conservadas e perpetuadas através do vício, até a época em que,
novamente poderiam ser ensinadas.

Assim foi feito o grandioso sistema simbólico da Sabedoria Esotérica -


o Tarô - foi dado à humanidade sob a forma de um baralho de 78 cartas,
que, desde milhares de anos servem para satisfazer a curiosidade humana a
respeito de nosso futuro ou para distrair-se e matar o tempo, jogando.

Nessas 78 cartas - 22 arcanos maiores e 56 arcanos menores - os


sábios egípcios encerraram toda a sabedoria que tinham herdado, todos os
conhecimentos que possuíam, toda a verdade que lhes era acessível através
de Deus, do Universo e do Homem.

A estrutura fixa do sistema impediu qualquer deturpação e o Tarô,


ainda hoje em dia permanece uma fonte de sabedoria para quem possui
olhos para ver e ouvidos para escutar sua linguagem silenciosa.

Os estudiosos acreditam que o Tarô é um sumário das quatro


Ciências Herméticas: Cabala, Astrologia, Alquimia e Magia. Todas estas
ciências, atribuídas a Hermes Trismegistus realmente representam um
sistema amplo e profundo de investigação psicológica da natureza humana
em sua relação com o mundo do espírito e com o mundo fenomênico (o
visível, o mundo físico).

De acordo com a Tradição, somente após ter estudado e


compreendido os 22 arcanos maiores e suas lâminas podia o discípulo
passar ao estudo dos arcanos menores, por serem mais profundos e
abstratos e que, devido à sua natureza metafísica, não podiam ser
representados por imagens ou alegorias, como os Arcanos Maiores. Sua
compreensão era condicionada pelo nível evolutivo do discípulo.

Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

Sobre os Arcanos Maiores existe no mundo uma vasta literatura. São


também representados em numerosas obras de arte dos séculos passados.
Vários pensadores, filósofos e ocultistas, tais como Eteila, Stanislas de
Guaita (França, 06/04/1861 – 19/12/1897), Elifas Levi (França, 8/2/1810 –
31/05/1875), Papus (França, 13/07/1865 – 25/10/1916), Oswald Wirth, e
outros.

Até agora, os Arcanos Menores eram estudados somente nos


círculos fechados das escolas iniciáticas.

Isto, para evitar talvez que esse conhecimento caísse nas mãos de
quem procurava não o verdadeiro “Caminho”, mas sim, “os caminhos” para
o engrandecimento pessoal.

Todavia, na época atual, a Luz Espiritual não deve mais ser


escondida. O despertar das almas é necessário.

Quem ainda não amadureceu para certas verdades passará sem


percebê-las.

Por outro lado, saber descobrir por si mesmo os pontos perigosos que
tal conhecimento encerra, necessitaria um profundo conhecimento do
esoterismo o que, já por si mesmo resultaria numa sublimação interna.

Na Idade Média houve vários alquimistas que iniciaram o trabalho


querendo se enriquecer e acabaram sendo sábios e imunes às tentações
terrestres.

As verdades, quanto mais profundas e elevadas, tanto menos podem


ser explicadas a outrem ou compreendidas intelectualmente.

É preciso a experiência própria, interna, para poder captá-las.

O conhecimento esotérico nunca pode ser transmitido em sua


totalidade, nem por via oral, nem por escrito.
A meditação, por experiência interna, a intuição são
indispensáveis. Então, aos poucos esse conhecimento esotérico
transforma-se em sabedoria. É impossível explicar a Verdade em termos
precisos; só as aproximações podem ser usadas.

A Verdade, por sua natureza é inexprimível e podemos até dizer que


em um certo sentido, toda palavra é uma mentira, pois, o espírito da
palavra não é transmissível.

Rosana Ortiz
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Somente os símbolos permitem livrar-se dessa limitação.

Um símbolo não é um meio de apreensão intelectual; é também um


ponto de partida para a intuição.

O símbolo, além de ser compreendido, deve ser sentido.

A meditação sobre o símbolo, sua imagem, seu sentido interno,


conduz a algo bem mais profundo que a compreensão intelectual.

O sistema dos Arcanos Maiores contém 22 cartas ou lâminas.

O sistema dos Arcanos Menores contém 56 cartas ou


lâminas, divididas em quatro naipes:
◊ Paus (elemento Fogo)

◊ Ouros (elemento Terra)

◊ Espadas (elemento Ar) e

◊ Copas (elemento Água).

Cada naipe possui:


◊ 10 cartas numéricas de 1 a 10 e

◊ 4 figuras, que chamamos de cartas da corte: o Rei, a Rainha, o


Cavaleiro e o Valete (ou Pajem).

Todo o sistema dos Arcanos - maiores e menores - está


estreitamente ligado com a Cabala Mística do Judaísmo, o sistema
sefirótico e o tetragrama sagrado ou nome divino Iod - He - Vau - He.

Isso não é surpreendente, se levarmos em conta que Moisés, o


criador do sistema Cabalístico, era um Iniciado dos templos egípcios.

Como podemos constatar, a estrutura dos Arcanos Menores obedece


a dois sistemas numéricos: o quaternário (quatro figuras) e o decimal
(cartas de 1 a 10).

A lei quaternária, expressada na forma de quatro naipes, repete-se


dentro dos limites de cada naipe, pelas quatro figuras deste naipe.
Pode-se dizer, que a Árvore Sefirótica (Arvore da Vida), com sua
divisão em quatro mundos, através dos quais passa tudo o que existe, é um
arranjo profundamente simbólico do sistema dos Arcanos.

Rosana Ortiz
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Os quatro naipes e as quatro figuras dos Arcanos Menores


correspondem a esses quatro mundos da Arvore Sefirótica.

As cartas numéricas correspondem às 10 Sefiras (Sephirot).

Se a divisão quaternária dos Arcanos Menores indica os estágios que


cada alma em busca da Luz deve atravessar, a divisão decimal - nesse caso
as 10 cartas numéricas - indica como atravessá-los.

Os 22 canais da Arvore Sefirótica correspondem aos Arcanos Maiores


e sâo tantas as chaves para a compreensão das Sefiras e portanto, dos
Arcanos Menores. Cada um desses canais - e vários canais podem conduzir
à uma Sefira - acrescenta aspectos esotéricos ao significado básico de
determinada Sefira, facilitando sua compreensão. São como senhas que
precisamos saber para passar de etapa a etapa no caminho da evolução.

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Árvore da Vida e os Mundos Sefiróticos

Rosana Ortiz
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Árvore da Vida, Sefiras e Caminhos

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A Antiga Tradição estuda e ensina como a Energia Divina é


emanada e distribuída através dos diversos planos de existência, pelas
hierarquias espirituais até ser recebida pelos seres humanos. Veja a tabela
abaixo:

Naipes Figuras Mundos Sefiróticos Iniciações


Elementos Correspondentes

Espadas/Ar Cavaleiro Mundo da Emanação: Quarta Iniciação


(Vau) O Plano Divino, de onde a Luz é
emanada. Aqui a Luz é uma
realidade, existe na forma de uma
grande massa energética vibrante
e com amplos potenciais.

Paus/Fogo Rei (Iod) Mundo da Criação: Terceira Iniciação


O Plano Mental ou Arcangélico.
Aqui a energia dos Raios
Luminosos recebe a definição de
suas qualidades e se qualifica por
suas características. Aqui ficam
os Arcanjos que recebem a
Luz do Plano Divino e a
qualificam em raios
Luminosos.

Copas/Água Rainha ou Mundo da Formação: Segunda Iniciação


Dama (He) O Plano Astral ou Plano Angélico.
Aqui existe um molde energético
de tudo que existe onde nós
estamos, no planeta Terra. Aqui
ficam os Anjos, que recebem a
Luz que foi emanada pelo
Plano Divino e qualificada
pelos Arcanjos no Plano
Mental.

Ouros/Terra Pajem ou Mundo da Manifestação: Primeira Iniciação


Valete (He)
É o Plano Material em que
vivemos, é o próprio Planeta
Terra.

A Luz Divina manifestada.

Rosana Ortiz
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2. 0 que é canalização?

Atividade que permite fazer contato dirigido com seres espirituais


encarnados ou não.

A grande chave da canalização é manter durante a atividade a


completa consciência do que se passa.

Quem canaliza percebe de imediato um desdobramento das suas


capacidades naturais, adquirindo poderes que não conhecia. Tanto podem
ser capacidades físicas como espirituais.

De qualquer maneira, todos os que canalizam obtém uma


transformação consciente, aprimoram seus recursos naturais , podendo
obter deles o máximo proveito possível.

Uma grande vantagem da canalização é sua característica de


atividade individual, onde o ritmo pessoal e a dedicação são os únicos
fatores determinantes do sucesso de cada um.

A canalização é uma forma de descobrir uma fonte de amor por si


próprio e por seus semelhantes. Gostar mais de si mesmo, bem como
compreender e amar as outras pessoas, torna a vida mais cálida e
significativa.

O canalizador é uma luz que atrai, por isso a solidão deixa de ser
parte da vida de quem desenvolve essa atividade com constância.

Acontece mesmo de algumas pessoas encontrarem a metade de sua


alma depois que começam a canalizar.

A canalização deixa que a força divina se encarregue de mostrar qual


é o nosso caminho.

Nós nos abrimos a inesgotável força de Deus com amor e confiança, e


deixamos que ele dirija nossos rumos.

A canalização é para aqueles que consideram a matéria menos


importante que o espírito, mas, a respeitam e zelam por ela como
respeitariam a um templo que abriga uma energia sagrada.

Você pode não saber, mas, é bem provável que esteja mais
preparado do que imagina!

Obs.: não há segredo para o canal bem orientado, aquele que é movido
pelo sincero desejo de evolução espiritual.

Rosana Ortiz
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3. Síntese dos Arcanos Maiores de 0 a 5:

Arcano Palavras-chave Mitologia Partes do Corpo Sim ou Tempo


Grega Não?
0 ou 22 – ü Desprendimento Dioniso ü Pés Dúvida Já
O Louco ü Imprevisibilidade A qualquer
ü Carrega valores momento
espirituais Imprevisível
ü Desprezo da matéria
ü Sem destino
ü Ingenuidade
ü Busca da verdade
ü Momento de
abandono/entrega
01 – ü Início Hermes ü Espírito Sim 1 mês ou
O Mago ü Recomeços ü Nariz janeiro
ü Força Criadora ü Aura
ü Imaginação
ü Autoconfiança
ü Inteligência
ü Conhecimento

02 – ü Intuição Perséfone ü Útero Sim 2 meses


A Papisa ü Bom senso ü Ovários ou
ou ü Sabedoria ü Intestinos fevereiro
A Alta Sacerdotisa ü Serenidade
ü Oculto
ü Passividade

03 – ü Razão Deméter ü Nervos Sim 3 meses


A Imperatriz ü Ação ü “Stress” ou
ü Prosperidade março
ü Ambição
ü Desenvolvimento
ü Realização
ü Fertilidade
04 – ü Poder Zeus ü Articulaçõ Sim 4 meses
O Imperador ü Vontade es ou
ü Estabilidade ü Estômago abril
ü Certeza
ü Rigidez
ü Autoritarismo
ü Perseverança
ü Domínio

05 – ü Moral Quíron ü Coluna Sim 5 meses


O Papa ü Ética ü Vertebral ou
ou ü Dever ü Olhos maio
O Hierofante ü Coração ü Cabeça
ou ü Religiosidade
O Sumo Sacerdote ü Ensino
ü Sacerdócio
ü Curador
ü Terapeuta

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Definição

dos

Arcanos Maiores

do

Louco ao Papa

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0. O Louco (segundo Betoh Simonsen)

Uma imagem não convencional, com roupas estranhas, e não olha muito para onde está
pisando. Carrega uma mochila nas costas, e um cachorro ou um pequeno felino está em suas
pernas. Existe um abismo em sua frente.
Um pequeno detalhe, de que fui conscientizado recentemente, nos faz
lembrar que na Idade Média, muitos viajantes carregavam uma mochila nas
costas, segura por um bastão. Um viajante, mesmo que temporariamente,
não tem lar fixo. Seus amigos e conhecidos estão distantes. Está em
movimento. O I Ching aconselha prudência para o viajante.
Outras ideias que vem com o Louco são de imprevisibilidade,
inconstância, desprendimento e confusão. Importa-se pouco com a
opinião coletiva, mas de outro lado nem sempre sabe muito bem o que quer
ou aonde quer chegar.
Sobre o abismo, é interessante lembrar que na iniciação xamânica, existe
o nível de experienciar o abismo, como uma total entrega, soltura de auto-
0. O Louco referências e desprendimento do ego. Quem assistiu Indiana Jones, deve
[Tarô Balbi] se lembrar que um dos últimos passos o faz confiar nas instruções de seu
pai e dar o passo no abismo.

Quem leu Carlos Castañeda pode se lembrar do salto sobre o abismo como iniciação final de
um longo processo.

Percebo que existem três níveis dentro dos qual o arquétipo pode se manifestar. O
primeiro é o nível de inocência, no qual a pessoa não percebe nada do que está acontecendo
ao seu lado. Quem representava magistralmente este nível era o Peter Sellers.
Quando adolescente, lembro-me de uma situação em que fui o próprio Louco neste nível:
estava em uma de minhas poucas etapas magro, cheguei com uma bonita capa, com alguns
amigos, em uma casa de um pessoal que não conhecíamos, assim como meio de penetras.
Imediatamente encantei-me por uma bonita moça, e até acredito que a atração pode ter sido
mutua. Fiquei uma meia hora em uma mesa de jogo, ganhei bastante e resolvi sair. Estavam
dançando a musica do Zorba, o Grego, e quebravam discos na cabeça uns dos outros.
Engraçado, tinha um outro cara sempre por perto. Meus amigos me avisaram que tínhamos
que sair imediatamente, e eu, a contragosto, me despedi da moça, não sem antes pegar
telefone, em seguida me despedi do rapaz chato e saímos.
Na saída meus amigos me contaram a loucura. O rapaz era noivo da moça. Seus amigos,
irritados com toda a situação, inclusive por terem perdido o jogo, queriam nos dar uma surra.
Mas eu estava tão tranqüilo que acharam que era faixa preta. No final o noivo pegou uma
faca, mas neste exato momento eu o cumprimentei. Ele fixou sem jeito, passou a faca para a
outra mão e me devolveu o cumprimento. Esta cena é típica do louco neste nível.
Outro nível, no qual a maioria de nós atravessa quando está atuando neste arcano, é o
nível em que estamos confusos, desorientados e atrapalhados. Simplesmente não sabemos o
que fazer e atuamos como baratas tontas, ora agindo de um jeito, ora de outro. Na maioria
das vezes em que o Louco aparece em uma leitura mostra um aspecto de indecisão,
imprevisibilidade, incertezas ou confusões.
O terceiro nível é o nível amadurecido, iluminado. O taoísmo, na China, perseguia este
ideal. É agir com naturalidade, sem ideias preconcebidas, mas totalmente integrado com o
Todo. Tudo acontece com a mais total naturalidade e tudo funciona na mais perfeita ordem e
harmonia. Indica também a total despreocupação com as opiniões alheias, no sentido de
defender uma persona e também uma total confiança e disponibilidade para o jogo da vida.

Rosana Ortiz
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Não teria bons exemplos, pois envolve grande consciência, mas se Forrest Gump e Muito Além
de um Jardim, de Peter Sellers, fossem mais conscientes seriam bons exemplos. Jogadores,
artistas e músicos com grande vocação seriam outros. E, é claro, Charles Chaplin.
O Louco combina com o Mago, pois se tivermos a clareza do Mago e a flexibilidade
do Louco, seremos mestres. Clareza de objetivos e flexibilidade de meios. Isto não
significa que as cartas precisam sair em uma mesma leitura. Significa que conscientes da
complementaridade, este conhecimento pode os servir como base de orientação e
aconselhamento.

Em uma das reuniões, alguém me fez a seguinte pergunta:


“Como poderemos saber, em uma leitura, em que nível a pessoa está manifestando um
determinado arquétipo?” Muitas vezes pela sensibilidade, existe toda uma “equipe de
produção” nos ajudando em uma leitura, ou você pode simplesmente abrir um leque de
possibilidades.

0. O Louco
O Louco representa o arquétipo do Viajante que se move através dos
diversos arquétipos (lâminas) do Tarô. É o nosso viajante interior percorrendo
o caminho da Vida, tentando entender os mistérios da Vida.
A psique é composta de muitas personalidades, representando papéis diversos
embora unidos em uma mesma casa: a mente humana. Cada personalidade é
um arquétipo do Tarô que ao ser visitado pelo Louco o enriquece e fortalece.
É o numero 0 (Zero), o vazio que contém todas as possibilidades. Tem, no
entanto que percorrer todos os caminhos (lâminas) para que os desafios se
cumpram.

Quando a essência se materializa possui, no início do seu caminho, uma


primeira fase de adaptação à vida no corpo e aos códigos utilizados na
comunicação. Existem reminiscências da existência fora do corpo, um
Tarô Aquariano «desligado» do material que faz de quem começa um Ser um pouco lunático e
imaturo no seu comportamento. Existe, portanto, uma tentativa de perceber,
de aprender os diversos códigos e processos para que possa viver nesta vida.

Este Ser, O Louco, tem uma sombra a seu lado que o socorre, que o protege e encaminha. Alguém
que, pertencendo a um estado de consciência mais vasto, lhe serve de amparo no momento em que o
combate se pode tornar mais difícil. Essa figura é, por vezes, simbolizada por um cão, sinónimo de
fidelidade e companheirismo.

O principiante começa a sua fase de aprendizagem caminhando rumo ao Conhecimento. O caminho


aparece-lhe como desafio e perigo. Terá que ser percorrido sem medo. Ainda não sabe as respostas às
perguntas que procura. Resta-lhe então confiar nos processos e, vivendo cada dia de uma forma
alegre e despreocupada, aprender todas as lições que lhe vão sendo dadas.

Nesta carta o Viajante é um aprendiz. A cada pergunta que faz ser-lhe-á dada a resposta, não
sabendo ainda que traz todas as respostas em si mesmo. Como ainda não sabe ler os sinais resta-lhe
viver e aprender no dia a dia de uma forma alegre e despreocupada.

Podemos comparar O Louco a um iniciado que, na sua escalada rumo ao Conhecimento, se encontra
tão distante da Verdade e numa fase tão imatura que esta ainda não lhe poderá ser revelada. Traz
em si a inocência, a coragem e a curiosidade de quem quer aprender. Isso bastar-lhe-á, por enquanto,
para que seja bem sucedido. Nada mais terá que fazer senão perguntar e caminhar atento a tudo o

Rosana Ortiz
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que o rodeia. Está protegido, portanto nada terá a temer, podendo prosseguir e afoitar-se pelos novos
caminhos do Conhecimento que ainda não possui.

Céu e Terra conjugam-se para que, na correspondência, os sinais sejam visíveis aos humanos.

Será preciso, no entanto, alguma perspicácia para que sejam vistos e entendidos.

O profano não vê o divino. Só quem se distancia da ignorância poderá saber que nada se sabe
enquanto se caminha. Vão sendo muitas as lições, mas a luz da Verdade será somente vista ao fim do
túnel.

Agora o ignorante tenta caminhar. Será esta a forma certa de sair da ignorância. O Caminho,
parecendo obscuro vai se aclarando à medida que os desafios se sucedem e a consciência se amplia,
pondo a claro a razão de ser de tudo.

O Viajante iniciou a jornada rumo ao Conhecimento. Medos e dúvidas assaltam-no. Não dispõe das
armas suficientes para que a sua visão seja clara e tudo o que descobre são sombras e tormentas.

Deve confiar, durante esta fase de ignorância, pois a proteção não lhe será negada. Tudo em breve
estará mais claro e simples de entendimento. A canção da inocência acompanha este Ser e, à medida
que avança, as sombras vão mostrando as suas formas reais para desaparecerem logo em seguida
como sombras.

Sinais percorrem os espaços. Mas, só quando houver a clara visão serão entendidos.

Rosana Ortiz
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1. O Mago (segundo Betoh Simonsen)


Em cada baralho existe uma característica especifica, mas em quase todos tem
uma mão apontada para o alto, outra para baixo, uma para o céu, ou para a terra,
fazendo a conexão. Em quase todos tem uma mesa, que indica seu território ou
pequeno mundo e diversas peças, que são as ferramentas mágicas, símbolo dos
Quatro elementos: vontade, mente, emoção, concretude, ou: fogo–paus,
espadas–ar, copas–água, terra–ouros.

Muitas vezes O Mago tem o símbolo do infinito acima


de sua cabeça ou um chapéu lembrando este símbolo. O
infinito é onde o pessoal de une com o transpessoal,
onde a parte se une com o Todo. Podemos chamar de
revelação.
O Mago tem muita liberdade, não está preso a
formas exteriores pré-estabelecidas, além de seu
propósito, que é totalmente definido e das formas que
usa como seu instrumento de criação. Tem iniciativa e
ideia clara de seus objetivos. Tem como potencial a
facilidade de lidar com todos os elementos, mas uma
facilidade maior de lidar com o elemento ar:
(pensamento) e fogo (vontade).
Confundimos as intuições que decorrem da
sensibilidade e a intuição que ocorre como uma
revelação. A intuição sensível está diretamente ligada à
1. O Mago
compaixão, tem uma grande percepção do outro, e está
[Tarô Balbi] relacionada no Tarô com a carta da Alta Sacerdotisa.

Chamo esta forma sensitividade. A intuição relacionada com o Mago são aquelas
ideias que surgem aparentemente do nada e resolvem tudo, verdadeiras
revelações. Está também ligado com clareza de propósitos. Dependendo do lugar
onde está colocado, dará a ideia de liberdade, de decisão, de um propósito bem
definido, uma ideia nova, um novo caminho.
Quando trabalha em uma freqüência menos elevada, é manipulador, aquele que
mexe os pauzinhos para que as coisas fiquem do seu jeito. É quando, por
exemplo, procuro fazer de tudo para que uma pessoa faça minha vontade,
independente de sua predisposição, de uma maneira inteligente e ardilosa. Não
estou respeitando sua liberdade.
O bastão voltado para cima mostra sua possível ligação com os céus, os ideais
elevados e possibilidades criativas; conecta a energia cósmica e planta esta
semente.
Muitas vezes é tênue a diferença de passar uma energia com certa ênfase e
manipular, e este limite precisa ser trabalhado na energia do Mago, e para isto
precisamos vencer nossas ideias fixas ou obsessões e aprender a lidar com os
limites dos outros.

Rosana Ortiz
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1. O Mago
O Mago é a carta I do Tarô. Representa a habilidade de canalizar e dirigir a
energia universal através do veículo que é o corpo físico.
O Mago é o Grande Mágico, mantendo-se no centro da Roda da Fortuna, o
circulo da vida, é o senhor de todas as coisas.

O Mago domina os três níveis mentais: subconsciente, consciente e


supraconsciente.

Domina os elementos: Fogo, Água, Ar, Terra e Éter.

Domina as direções: Norte, Sul, Este e Oeste.

Domina: Corpo, Mente e Espírito.


Tarô Aquariano Manobrando estas forças, O Mago, transforma o mundo, pois ele possui a
essência do segredo da Alquimia, da transmutação. Assim, os vis metais do
Ego são transmutados em ouro e o elixir da imortalidade é descoberto.

Enquanto O Louco (carta zero) encerra todo o potencial e probabilidades encerradas no circulo da
vida, O Mago está no centro desse circulo dominando a materialização desse mesmo potencial.

No MAGO observamos a evolução do Viajante, a forma como maneja a sua energia criativa, atuando
naquilo que o rodeia. Descobre a capacidade de materializar como resposta às suas projeções. Tudo
aquilo que pensa será tornado realidade, a sua realidade. Percebe isto o Viajante. A energia cósmica
é a força que sabe residir em si. Bastará utilizá-la com determinação e concentração para que os
resultados sejam visíveis.

O MAGO é um Mágico. Transforma o pó em ouro. Ele sabe ter em si a capacidade de transformar e de


se transformar. Aprende a olhar para dentro de si, aprende a concentrar-se para que essas mesmas
intenções sejam concretizadas em obras. Aprende o poder da Mente.

Sabe que é dono do seu próprio destino. Percebe que tudo lhe obedece se canalizar a sua força-
energia no sentido de um objetivo concreto. Tem, portanto, a responsabilidade de cuidar da pureza
das suas intenções e perceber que o "querer" é o motor de arranque para o obter.

Rosana Ortiz
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2. A Alta Sacerdotisa (segundo Betoh Simonsen)


É uma carta de muita sensibilidade. A Alta Sacerdotisa normalmente está sentada, envolta em
um azul profundo. O azul é um dos símbolos da unidade; imaginem o fundo do oceano ou a abóbada
celeste em uma noite estrelada. Carrega um livro, símbolo do conhecimento.

No Tarô Mitológico ela está de pé, Perséfone, casada com


Hades, o rei dos infernos (representação do subconsciente na
mitologia grega), metade do tempo abaixo da superfície e
metade acima (consciente e subconsciente). As duas colunas,
também presentes em outras cartas, trabalham as
polaridades, as forças cósmicas e telúricas, mãe terrestre e
celestial. Em vários mitos, a Mãe é simbolizada pela abóbada
celeste, em outros sobre o planeta. Podemos pensar em Gaia,
Maria, Sophia, Isis, Kwan Ying.
O feminino é um aspecto interessante da divindade;
quando se fala em feminino, logo se pensa na mãe abraçando
ou amamentando seu filho, e na energia do amor. A Alta
Sacerdotisa pode estar grávida, mas não teve ainda seu filho;
podemos até dizer que seu amor e compreensão amorosa não
2. A Alta Sacerdotisa estão dirigidos a um único ser, mas é impregnado de um
caráter universal e incondicional.
[Tarô Balbi]
Vocês já refletiram sobre o amor? Fundamentalmente, quando amamos queremos estar tão
próximos do ser amado que sejamos uma unidade; sentimos que fazemos parte da mesma energia,
da mesma essência, queremos proteger e nutrir. Quando este sentimento é includente é chamado de
compaixão. A compaixão é sempre assimilada à uma grande sensibilidade e profunda compreensão
do outro ser, participando de uma grande intimidade. Este aspecto do sentimento humano é
simbolizado pela Alta Sacerdotisa.

Existe uma diferença importante entre simpatia e empatia. Na simpatia, quando uma pessoa não
está legal, nossa energia também ficará mais pesada, e na empatia, mesmo vibrando nossa
compreensão amorosa, conseguimos manter nossa freqüência, sendo mais fácil ajudarmos a quem
amamos.

A Alta Sacerdotisa não perde a dimensão espiritual quando entra em contato com a dor e o
sofrimento... imaginem se a Madre Tereza fosse ficar desesperada com as crianças que entrasse em
contato... ela não teria realizado sua obra. Ela é uma santa justamente porque consegue trabalhar,
manter-se firme e manter a coragem espiritual de emanar amor incondicionalmente, mesmo em
situações extremamente desafiadoras.

Como todos os arcanos, a Alta Sacerdotisa se expressa em diversos níveis; no nível mais mundano,
pode ser uma carta muito passiva, mas pode mostrar a importância de ouvir, de saber esperar, de
dar tempo ao tempo; e no nível mais profundo, como vimos, pode ser uma carta de compaixão, de
sensibilidade e de intuição.

Muitos anjos, que são mensageiros da compaixão, são simbolizados com asas; isto porque pessoas
sensitivas percebem que as energias emanadas por estes grandes seres saem da nuca ou das
omoplatas, dão uma semi-volta em seus corpos em movimentos ondulatórios, dando-nos uma
sensação de alegria e leveza (mas não em todas as situações, não vamos nos esquecer do aspecto
assertivo de Deus), como um vôo.

Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

A associação com asas é muito boa.Vocês gostariam de saber o que significam as letras B e J das
colunas da direita e da esquerda? Bom, primeiro vamos nos lembrar que as colunas simbolizam
fundamentos que com sua solução de verticalidade, atravessam diversos planos ou freqüências. Yakin
ou Joaquim e Boaz, símbolos maçons que se referem às colunas do Templo de Salomão, simbolizam o
que poeticamente poderíamos chamar de gênios de cada coluna das forças cósmicas e telúricas,
evolutivas e involutivas, a aliança indissolúvel entre o céu e a terra. Um outro símbolo destes
processos seria a escada de Jacó. A consciência da Alta Sacerdotisa está no centro deste processo.

2. A Alta Sacerdotisa
Temos vindo a falar do Ser no Caminho da Sabedoria ou da Realização. Este
percurso não é algo que termine, passa para outros estados ou planos de
consciência. Somente pode ser definido em termos de duração se nos
referirmos à permanência numa personalidade encarnada.
A Sacerdotisa é a clara visão, a ponte entre estados de consciência. É a carta
II. Dois é divisão, é polarização.

A Sacerdotisa polariza yin e yang, luz e escuridão, positivo e negativo, fluxo e


refluxo. Ela é o mediador entre o mundo dos deuses e mundo dos humanos, o
ponto de equilíbrio entre as grandes forças. A Sacerdotisa é o arquétipo do
Canal Aberto, reflete a Grande Luz para que ilumine o mundo dos homens.
Simboliza, igualmente a memória das vidas passadas, a ponte que nos liga aos
Tarô Aquariano nossos objetivos.

Com a Sacerdotisa, o Viajante que aprendeu a importância das suas


projeções toma contacto com outros estados de consciência.

Observa-se globalmente como Ser que, percorrendo um caminho, se encontra momentaneamente


personificado num corpo. Sabe que a sua realidade não é somente a parcela personificada.

Tem, portanto, a clara visão de contatar com os super objetivos para além dos pequenos que vão
sendo concretizados durante a sua vivência.

Recorda a sua sabedoria como algo que pressente muito para além daquilo que sabe racionalmente.
Ao contatar com o Eu Superior, ouve as respostas que o fazem confiar num processo. Conhece os
meandros da sua alma para além dos caprichos do corpo.

Nesta carta é representada uma tomada de consciência. A consciência de saber que se sabe para além
da razão.

O Viajante aprende a ouvir a voz do seu interior e a confiar. Tudo acontece a partir deste contacto. A
ponte que se estabelece é a ponte natural entre um corpo e um espírito que lhe dá vida.

A Sacerdotisa é a voz interior que há em cada um, lembrando-lhe a sua própria divindade.

Rosana Ortiz
19
O Universo Simbólico do Tarô

3. A Imperatriz (segundo Betoh Simonsen)

Uma antiga visão de integração de tudo com tudo foi se perdendo gradualmente,
inicialmente com a lógica de Aristóteles e a religião judaico-cristã, colocando toda a
natureza e seres viventes como separados da humanidade e tendo como missão principal
servir ao ser humano, continuando no espírito inquisitorial e conquistador contra todas as
tendências pagãs e concluindo com o espírito mecanicista que foi impregnando o
pensamento cientifico.
Hoje começa a haver um resgate da consciência
de unidade em diversos campos da experiência
humana. Para citar apenas um, podemos nos
lembrar do pensamento ecológico. Capra nos
lembrou que existem dois tipos de ecologia, um que
se chama de ecologia superficial, que ainda enxerga
o homem comandando a natureza, mas
fundamentalmente fora dela; e a visão ecológica
profunda percebendo o homem como fazendo parte
da natureza. Se conseguirmos imaginar ondas de
ressonâncias inter-relacionadas, poderemos perceber
a relação dos animais selvagens e nossos instintos;
que se nossos rios estiverem poluídos, nossas
emoções estarão atrapalhadas e vice-versa; se
esburacamos nosso planeta de uma maneira
3. A Imperatriz desmedida teremos um grande aumento de
[Tarô Balbi]
osteoporose, se não cuidarmos de nosso ar, nossos
pensamentos também estarão escurecidos e assim
por diante.
Nossa Terra e nossos corpos estão interligados. Nossas vontades internas, nossas
emoções mais violentas, nossos pensamentos mal resolvidos são verdadeiros redemoinhos,
furacões, vulcões, terremotos, etc.
A força da Imperatriz pode ser traduzida pela força da natureza selvagem, no sentido
de natural; nossa natureza exuberante e criativa que aparece quando agimos sem bloqueios
e quando estamos em harmonia com a energia de nosso ambiente.
Uma dama sentada em uma poltrona vermelha, como no baralho do Waite, em meio a
uma vegetação abundante e a um trigal, simbolizando a colheita e prosperidade. Cetro de
poder, simbolizando autoridade sobre o reino natural. Pode simbolizar abundancia e
prosperidade. Exacerbada, luxuria e volúpia. Temos então colocada a importância do nível
de freqüência no qual se manifesta este bonito arcano, exatamente o que tratará o arcano
com que iremos nos relacionar no Julgamento (20).

Rosana Ortiz
20
O Universo Simbólico do Tarô

3. A Imperatriz

A Imperatriz é a carta III do Tarô.

Representa a unidade entre as forças Universais femininas e


masculinas.

Ela é o canal entre Binah, o princípio feminino da Árvore da Vida e


Chokmah, o princípio masculino.

Binah recebe de Chokmah a Força da Vida, alimenta-a no seu ventre e


devolve-a, transformada, ao Universo.

A Imperatriz é a fecundidade, a gravidez e o nascimento.


Tarô Aquariano
Ela é abundância e alimento.

Contém em si a força criativa.


Com a Imperatriz, o Viajante aprende a dominar a matéria de uma forma plena e
generosa.

Aprende a projetar formas de harmonia e beleza, reconhece o seu destino como algo de
transcendente e aprende a cumpri-lo na Terra.

Com a Imperatriz, as forças da Vida são dominadas e entendidas.

A materialização não oferece dificuldade a quem, sabendo projetar, o faz em harmonia com
as forças que maneja.

Agora, o Viajante reina no Reino da Matéria, conduzindo a sua vida de uma forma criativa e
generosa.

Abundância, Riqueza, Produtividade é a carta da Imperatriz.

Rosana Ortiz
21
O Universo Simbólico do Tarô

4. O Imperador

O Imperador é a carta IV.


O quatro representa estabilidade, representa o plano físico. É o
número da estruturação física.

O Imperador é o intermediário entre a emissão da Luz Universal,


Chokmah (o princípio do Pai Eterno) e Tiphareth, a Luz manifestada
no plano físico. Por isso, o Imperador entende a essência do Pai e a
essência do Filho.

Como o Imperador entende a estrutura das coisas, sabe o que pode


e o que não pode ser controlado.
Tarô Aquariano
Ele muda o que pode mudar, aceita o que não pode ser alterado, e
tem a sabedoria de distinguir entre uma coisa e a outra.

O Imperador é o outro lado da Imperatriz.

Quem aprende a dominar a matéria e os quatro elementos adquire Força e Poder. Essa é a
carta do Imperador.

É uma carta de Poder e Majestade. O domínio é um fato consumado.

Quem sabe comandar e merece comandar, quem sabe ser um instrumento por possuir as
qualidades de liderança inerentes a quem aprendeu a arte de manipular a energia nunca
deve esquecer que o intuito do seu trabalho é servir para que a energia, por ele manipulada,
possa enriquecer tudo e todos em redor.

Nesta carta o Viajante aprende a humildade de saber servir.

É um lugar de generosidade.

Quem adquiriu tal grandeza deve saber ser Grande, mantendo-se humilde e justo. Só assim
se manterá grande, vencendo o perigo da vaidade e ânsia de Poder.

Com o Imperador o Viajante aprende que mantém o Poder se respeitar a natureza das
coisas. Aprende que necessita mergulhar na essência do que o rodeia para agir em
conformidade. Aprende que para conquistar tem de servir.

Rosana Ortiz
22
O Universo Simbólico do Tarô

4. O Imperador (segundo Betoh Simonsen)


Uma figura imponente, sentada em uma cadeira com algumas cabeças de carneiro, um
manto vermelho, uma coroa, um cetro de poder.
O Imperador sempre mostra a força de uma autoridade em uma determinada área de
atuação. O fato de estar sentado mostra autoridade dentro de um território já conquistado.
Estabilidade, disciplina, ordem, leis, regras e regulamentos são outras expressões atribuídas
a este arcano.

Pode representar também a força controladora do sistema de


crenças dos grupos a que pertencemos, ou a mente coletiva.
Vocês já notaram que muitos destes aspectos citados podem nos
gerar uma sensação de desconforto? Isto porque durante muito
tempo a autoridade tem sido exercida de uma maneira dominadora,
controladora e manipuladora, causando uma serie incontável de
injustiças.
Lembro-me quando certa vez fui ajudar como voluntário no
seminário de um amigo com mais de 100 pessoas, na cozinha. Não
sabia nem por onde começar. Vocês não imaginam a sensação de
alegria e conforto quando uma amiga, também voluntária, como sua
experiência começou a orientar. Naquele momento descobri a
importância de uma liderança que surge naturalmente, decorrente de
4. O Imperador uma maior experiência e conhecimento.

[Tarô Waite]
Ouvi uma frase significativa outro dia: quando os lideres perdem a vergonha, os liderados
perdem o respeito. Isto é muito verdadeiro. Sabemos que não podemos esperar sermos
respeitados se não aceitamos um principio de justiça. Sabemos que hoje nossos filhos não
farão aquilo que desejamos que façam, se o motivo não estiver claro, esclarecido e
combinado.
Estamos também começando a perceber que não existe autoridade absoluta em nenhuma
área, que possa eliminar nossa capacidade de discernimento e avaliação, nem eliminar
nossa co-responsabilidade. Isto sem deixar de honrar e respeitar aqueles que têm um
carisma natural, ou como dizem os polinésios, detém o “manas”, nem a autoridade dos
manuscritos sagrados e tradições; nem a autoridade do conhecimento cientifico ou religioso;
mas nunca mais de uma maneira incondicional. A lei dos homens tem sua importância, mas
existe uma lei divina maior que chega diretamente a nossos corações, sem necessidade de
interpretes ou intermediários que possam nos fazer qualquer pressão, assim como
procuramos não invadir a liberdade dos outros a partir de nosso entendimento, que pode ser
verdadeiro apenas para nós.
As leis e regulamentos, as regras de transito, os faróis, os dirigentes, as hierarquias, os
coordenadores, facilitadores e lideres de diversos níveis são importantes, mas dentro de
situações e limites específicos e acordados; ou seja, é necessário limite aos limites, e
controle aos controles; e a diferença é a nossa liberdade.Em uma leitura, normalmente
indica ordem e estruturação.

Rosana Ortiz
23
O Universo Simbólico do Tarô

5. O Papa, Hierofante ou Sumo Sacerdote

O Sumo Sacerdote, o Arcano V, é o Mestre interior, é a voz do Eu


Superior que surge inesperadamente provocando a mudança.
O Sumo Sacerdote é a ponte que liga a vida exterior ao nosso sentir mais
profundo. Tem a força e a determinação de destruir aquilo que já não
interessa nas nossas vidas. O seu papel é iluminar o Viajante.

Quando o Viajante transita para um nível vibracional mais elevado,


percebe que isso envolve dor e sofrimento. Mas para abrir espaço para o
novo, o velho terá que ser abandonado. O Sumo Sacerdote ensina o
Viajante a sair do estado de ignorância e a ouvir o seu Eu Superior.

Esta é a carta da Sabedoria. A aprendizagem acontece e o que se vai


sabendo deve ser transmitido aos outros.
Tarô Aquariano
O Elo entre o Céu e a Terra é uma constante. As informações vão sendo
recebidas e canalizadas para o exterior. Há uma aprendizagem adquirida,
um caminho que se sabe ser o certo e uma passagem de testemunho. Um trabalho de evangelização.

Na carta do Sumo Sacerdote o Viajante sabe que a passagem da palavra é uma tarefa constante e
dinâmica. Não pode haver estagnação neste processo. É esta a forma da energia continuar a fluir.

Viver é materializar energia. O Sumo Sacerdote tem a dupla responsabilidade de continuar a


aprender ensinando. Mestre - Discípulo. O Mestre interior que, apontando respostas aos dilemas
encontrados, aponta igualmente aqueles que serão os fiéis depositários da energia que circula.
Aprender é uma responsabilidade de quem sabe. Ensinar é um dever de quem ama e portanto, quer
partilhar.

Esta é a carta do Sumo Sacerdote. A seta que aponta caminhos, sempre maleável e humilde. A
humildade é a grande qualidade de quem quer aprender e sabe ensinar. Ser humilde é ser confiante,
mas disponível. Quem guarda os seus tesouros simplesmente para os poder contemplar, cedo
perceberá que tudo o que existe, para crescer, tem de se renovar, e que para haver renovação terá
que haver movimento.

5. O Papa, Hierofante ou Sumo Sacerdote (segundo


Betoh Simonsen)

O Hierofante era o líder espiritual das civilizações antigas. Por analogia,


pode ser também chamado de Papa ou Alto Sacerdote. É uma carta de
cura, ensinamento e aprendizado espiritual. É a carta da maestria.
O que vem a ser um mestre verdadeiro? Em primeiro lugar, será
completamente imprevisível, pois estará muito mais solto em relação a
quaisquer padrões.

Rosana Ortiz
24
O Universo Simbólico do Tarô

Em segundo lugar, não será necessariamente uma pessoa


em sua condição física, podendo se manifestar através de
diversas pessoas, de situações sincrônicas, ou dentro de nós,
mas sempre com o propósito de cura e ensinamento.
Nossa cura fundamental se dará quando percebemos em
profundidade que não somos seres isolados, mas que
estamos sempre vibrando com todo o universo em unidade
dentro da diversidade. A chave de todo processo da maestria
se dá no entendimento firme e consistente da aceleração e
desaceleração dos níveis vibratórios; da capacidade de se
5. O Hierofante sintonizar e se comunicar com um amplo espectro de focos
[Tarô Balbi] de consciência e de conseguir o equilíbrio interno e externo,
mesmo em momentos de grandes pressões e incertezas.
Este é um dos motivos de ser chamado em algumas
tradições de coluna do mundo.
Para chegarmos a este nível, precisaremos aprender a lidar com nossas
emoções, libertando-nos de nossos bloqueios psíquicos; que se apresentem na
forma de magoas, rancores, medos, culpas ou obsessões, pois iriam nos desviar
de nosso rumo, não nos deixando em paz para a realização de nosso trabalho.
Na carta do Julgamento apresentei algumas sugestões de como lidar com estas
energias.
Quando atingimos um equilíbrio razoável passamos a interagir com uma
intensidade muito maior com as energias fora de nós. Em frente do Hierofante
aparecem duas pessoas ajoelhadas. Uma dessas pessoas seria um mago, aquele
que traz dos planos sutis as materializações e outra seria o sacerdote, aquele
que consegue elevar as energias do plano denso ao sutil. O Hierofante como
verdadeiro alquimista que é, consegue trabalhar em todos os níveis. O tarô
mitológico o coloca como Quíron, o centauro que a partir da compreensão
profunda da própria dor curava e ensinava os outros.
O Hierofante consegue trabalhar muito bem com as técnicas de visualizações,
com a imaginação e com as energias que estão no limiar da percepção humana,
simbolizadas pelo arcano da Lua. O mestre resgata e harmoniza nossa bagagem
de passado, para a realização da obra. Invoca as forças de associação e cria os
vórtices de manifestação. Sua presença é sempre instrutiva, embora nem
sempre fácil. Catalisa uma nova consciência e nos liberta de nossas prisões. Solta
nossas amarrações e nos protege de nossos inimigos internos e externos, visíveis
e invisíveis.
Está sempre distante e perto. A distancia lhe dá a perspectiva de visão ou o
espaço terapêutico e sua proximidade ns oferece uma incrível sensação de
conforto. Seu olhar tem a profundidade dos tempos, a penetração de uma águia
e a ternura de uma criança. É quem promove os batismos da água e do fogo.
Resumindo, é totalmente demais! É quem cura, quem transforma e catalisa,
quem promove as catarses, quem ensina e quem nos auxilia em nosso despertar.
É quem nos traz a aurora. É sempre muito intenso.

Em uma leitura comum pode simplesmente mostrar um quadro onde


poderemos aprender, ensinar, curar ou equilibrar uma situação.
------------------------------------------------------------------------------------------
◊ Qual energia devo cultivar na próxima semana?

◊ Encerramento.

Rosana Ortiz
25
O Universo Simbólico do Tarô

◊ Para reflexão:
“O amor sempre consegue extrair o que há de melhor na criança e no homem.
A iluminação deveria ser o principal objetivo da educação”.

Alice A. Bailey, Educação na Nova Era

5. Invocação;

6. Abençoando a Terra com amor-bondade;

7. Meditação;

8. Tabela com a síntese dos arcanos maiores (lâminas de 6 a 10);

9. Definição dos arcanos maiores:

ü 6: Os Enamorados ou Os Amantes

ü 7: O Carro ou A Carruagem

ü 8: A Justiça (em alguns tarôs A Força)

ü 9: O Eremita

ü 10: A Roda da Fortuna.

5. Invocação:
Invocar a benção de um guia espiritual é muito importante. Cada aspirante espiritual tem
guias espirituais, quer estejam conscientes da presença deles ou não. A invocação é
necessária à proteção, auxílio, orientação. Antes de qualquer prática de meditação é muito
útil fazer sua própria invocação.

A invocação e a bênção abaixo, foi sugerida pelo Mestre Choa Kok Sui:
Pai, humildemente invoco Tua Benção divina!

Dai-me proteção, orientação, auxílio

e iluminação!

Com gratidão e com toda a fé!

Rosana Ortiz
26
O Universo Simbólico do Tarô

6. Benção à Terra com amor-bondade:


Do Coração de Deus,

Faça com que toda a Terra seja abençoada

com amor-bondade.

Faça com que toda a Terra seja abençoada

com grande alegria, felicidade e paz divina.

Faça com que toda a Terra seja abençoada

com compreensão, harmonia, boa-vontade e

desejo-de-bem. Assim seja!

Do Coração de Deus,

Faça com que os corações de todos os seres sensíveis

sejam preenchidos com amor e bondade divinos.

Faça com que os corações de todos os seres sensíveis

sejam preenchidos com grande alegria,felicidade e

paz divina.

Faça com que os corações de todos os seres sensíveis

sejam preenchidos com compreensão, harmonia, boa-

vontade e desejo-de-bem.

Com gratidão, assim seja!

7. Meditação
Através da meditação criamos uma ponte entre o nosso consciente e o nosso
inconsciente, nos levando à reflexão interior, nos auxiliando na autopurificação e na
construção do caráter.

A meditação se praticada regularmente traz harmonia, felicidade e paz interior


aumentando a autoconfiança e a capacidade de realização.

Devemos sempre antes e após a meditação praticar exercícios físicos mesmo que por
apenas cinco minutos. Antes para ajudar na limpeza do corpo etérico e depois para evitar
congestão prânica (acúmulo de energia).

Rosana Ortiz
27
O Universo Simbólico do Tarô

8. Síntese dos arcanos maiores de 6 a 10:

Arcano Palavras-chave Mitologia Partes Sim ou Tempo


Grega do Corpo Não?
06 – ü Momento de Paris ü Pulmão Dúvida 6 meses
Os decisão Afrodite ü Coração ou junho
Enamorados ü Conflito Hera ü Estômago
ou ü Dois caminhos ü Nervos
Os Amantes ü Momento de ü Pernas
separação onde
ansiamos pela
UNIÃO
ü Arte e beleza
ü Renúncia aos
prazeres
ü Enfrentar provas
ü Fazer escolhas
ü União de opostos
ü Separação e
Êxtase da União

07 – ü Direção Ares ü Músculos Sim 7 meses


O Carro ü Amparo material ü Braços ou
ou ü Sucesso ü Antebraços julho
A Carruagem ü Triunfo ü Cotovelos
ü Viagens rápidas ü Pulsos
ü Expressão do Eu
Superior no
Mundo Material

08 – ü Vitória Héracles ü Órgãos Sim 8 meses


A Força ü Magnetismo Sexuais ou
ü Poder Sexual ü Coração agosto
ü Vitalidade ü Anus
ü Autocontrole ü Uretra
ü Eliminação dos ü Tireóide
desejos
incontrolados
09 – ü Calma Cronos ü Joelhos Não 9 meses
O Eremita ü Preservação ü Ossos ou
ü Prudência ü Dentes setembro
ü Silêncio ü Costas
ü Introspecção
ü Sabedoria
ü Autodidata
ü Conhecimento
ü Meditação

10 – ü Encerrar um ciclo As Moiras ü Circulação Sim 10 meses


A Roda da ü Mudança do Destino ü Artérias ou
Fortuna ü Movimento ü Veias outubro
ü Êxito Material
ü Ascensão
ü Nada é eterno

Rosana Ortiz
28
O Universo Simbólico do Tarô

Definição

dos

Arcanos Maiores

dos

Enamorados

a Roda da Fortuna

Rosana Ortiz
29
O Universo Simbólico do Tarô

6. Os Enamorados

Os Enamorados, Arcano VI, representam a espada de Zain separando o Todo em formas


diferenciadas.
A polaridade é o princípio básico da existência manifestada. A espada de Zain corta, divide,
categorizando a força universal em noite e dia, feminino e masculino, negativo e positivo,
prazer e dor.

É através da espada de Zain que nos reconhecemos como indivíduos, únicos, separados do
exterior.

Conhecemos o prazer de sermos seres manifestados no mundo material, no entanto, algo


em nós anseia reunir-se à força Universal, ao Todo. Por isso procuramos a união com os
outros, em busca da complementaridade que nos trará o equilíbrio interior. Este é o dilema
dos Enamorados. Buscamos a união dos opostos, buscamos aquilo que nos falta para nos
sentirmos "inteiros".

A polaridade dos Enamorados pode ser entendida em vários níveis.

Podemos pensar na união sexual que busca a união dos opostos.

Podemos pensar no casamento real que une o Imperador (Arcano IV) e a Imperatriz
(Arcano III), o casamento do Yang e do Yin, de animus e anima, força e forma, o equilíbrio
dos opostos. Podemos pensar na Árvore de Vida e do casamento de Hokmah e Binah, os
princípios do Pai Eterno e da Mãe Eterna (a união do Fogo e da Água) do qual nasce um filho,
Tiphereth, o princípio do Eterno Filho.

Todos os níveis simbolizam União. Em todos os casos os Enamorados simbolizam a agonia


da separação e o êxtase da União.

Podemos, então, definir os Enamorados como a carta da União ou da separação presente


que anseia pela União. Quando o Viajante contata com a essência, não se ilude com as
barreiras do corpo. Está em plenitude, está em união com o Todo.

Com os Enamorados, o Viajante busca o estado de plenitude de um Ser centrado na sua


essência. Sabe que enquanto houver ignorância, demasiada identificação com o Ego, existe
sofrimento, existe separação. Mas que a União é encontrada numa atitude de Amor perante
o que existe dentro e fora de cada um, percebendo que dentro e fora está simplesmente a
essência que é a mesma para cada forma de Vida. Esta consciência será o êxtase, a
plenitude do Ser.

Rosana Ortiz
30
O Universo Simbólico do Tarô

6. Os Enamorados (segundo Betoh Simonsen)

O I-Ching nos aconselha cuidados e atenção com o que nos alimentamos. Inclusive, nos aconselha
a olharmos qual a parte do ser que as pessoas dão mais atenção se quisermos avaliá-las.
Ao nos alimentarmos, em qualquer nível – física, emocional, mental ou espiritualmente - um dos
primeiros passos, e talvez o mais importante, é o processo da escolha e, também, da organização.
Estou realmente desejando tal experiência? Estou disponível ou minha energia está presa em algum
lugar?

De qualquer, forma é sempre melhor tomarmos uma má decisão, porém


com inteireza, do que estarmos divididos ou não escolhermos. Em seu saboroso
livro João de Ferro, Robert B. conta como Dom Quixote, na dúvida sobre qual
caminho seguir, deixou a escolha a seu cavalo. Porém, como este estava com
preguiça e com fome, voltaram ao celeiro. Esta metáfora ilustra bem como
podemos ficar parados, ou mesmo regredir, quando não escolhemos.
Um homem olhando uma mulher, como no baralho do Waite; ou as
mulheres, como no Tarô mitológico, parecem demonstrar a importância de a
parte racional olhar para a emocional, e esta olha para o anjo, que inspira e
abençoa o processo de escolha. No caso do Tarô mitológico, o herói parece ter
sido punido pela escolha feita, mas, em realidade, qualquer escolha teria um
6. Os Enamorados
preço, pois haveria uma parte não atendida.
[Tarô Balbi]
Afrodite não deixa de ser uma escolha certa quando a beleza é que está em jogo.
Parece-me que todas as vezes que esta carta aparece em uma leitura aponta para uma
oportunidade de escolha, e dá algumas indicações de como proceder, no nível em que está sendo feita
a pergunta. Muitas vezes perdemos tempo e energia tentando adivinhar o que o outro pensa a nosso
respeito; se o negócio vai dar certo ou não; se a resposta vai ou não ser positiva; e nos esquecemos
de nos perguntar o que nós pensamos ou sentimos a respeito, e o quão seriamente estamos
integrados e envolvidos no processo.
O nível de inteireza e comprometimento me parece mais importante do que o resultado, pois
estaremos desta forma desenvolvendo primeiro nosso poder de discernimento e depois nosso poder
de realização; contra nunca sabermos com certeza; além de nos tornarmos fracos e inseguros quando
não exercemos nosso poder de escolha ou deixamos que outros o façam por nós. Isto acontece
mesmo quando fazemos uma escolha da qual nos arrependemos, pois garanto que nunca mais
esquecemos um mau passo dado, pelo qual nos responsabilizamos; onde se de um lado passamos por
um grande e profundo aprendizado, de outro estaremos com nossas energias intactas para as
reformulações e redirecionamento dos planos.
A visão popular de encontrar um namorado ou uma namorada, ou de escolher entre o certo e o
errado a meu ver é um pouco limitada e incompleta, sem necessariamente ser falsa.
Sintetizando: quando estivermos nos aproximando de uma decisão, como é o caso deste arcano,
primeiro deveremos avaliar com nossos sentimentos e motivação, depois com nossa razão procurar
indicações e inspiração; a seguir, deveremos agir renunciando ou abrindo mão de alguma coisa, que
seria outra alternativa; e, ainda, deveremos acompanhar os resultados com tranqüilidade e confiança,
podendo eventualmente reiniciar o processo de decisão à medida que formos adquirindo experiência.

Rosana Ortiz
31
O Universo Simbólico do Tarô

7. O CARRO

O Carro, Arcano VII, é o veículo do espírito.


O corpo e a personalidade humana, o Carro, são o instrumento que
permite a expressão do Eu Superior no mundo material.

O Arcano VII é o 8º caminho na Árvore da Vida, o qual liga Binah, o


Princípio da Mãe Eterna, e Geburah, o Princípio da Destruição Universal.
São destruídas as barreiras, principalmente as auto-construídas, que
impedem a clara visão.

O homem classifica-se a si próprio, identificando-se com determinado tipo.


Os outros igualmente o classificam, influenciando a sua opinião.

Ao atingir o Arcano VII, o Viajante destrói as antigas definições de si próprio, distanciando-


se da opinião dos outros para se centrar na sua própria vontade e sentir. Este movimento
significa mudança e pode não ser fácil.

Atingindo o Carro, o Viajante inicia um novo caminho, inicia uma mudança de objectivos.
As escolhas passam a ser feitas depois de um trabalho de introspecção e meditação. São
escolhas necessárias ao crescimento.

Neste momento o Viajante é guiado pela alta consciência do Eu Superior. Deve acreditar
que está preparado para os desafios, pois está fortalecido pela sua própria experiência.
Aprendeu o equilíbrio dos opostos com o Arcano VI (Amantes), aprendeu os seus poderes e
responsabilidades com o Arcano I (Mago), compreendeu de que maneira a força do espírito
do Arcano IV (Imperador), se transforma em criatividade no Arcano III (Imperatriz),
compreendeu que o receptáculo humano, Arcano V (Sumo Sacerdote) é comandado pela lei
divina encerrada no Arcano II (Sacerdotisa). Aprendeu tudo isto através da auto-avaliação.

O Viajante entende que todo o poder está na vontade, que o poder da magia está no poder
da vontade. Entende o poder da Palavra e dos símbolos. O aumento de consciência é o
impulso para o crescimento e aquilo que outrora foi útil já deixou de o interessar. Para a
mudança é necessário utilizar a vontade e o processo pode não ser fácil. O futuro não é
claro, há que confiar na intuição. O desapego do passado é necessário para que a jornada
prossiga.

À medida que a consciência do Ser se amplia cresce também a autonomia. No Carro, o


Viajante é confrontado com o fato de ser Rei e Senhor do seu destino, do seu caminho.
Saber escolher é um direito, uma responsabilidade sua. É preciso sabedoria e perícia para
manter o equilíbrio, sem desvios no caminho. O sentido da responsabilidade vai crescendo e,
à medida que aprende, também aumenta a autoconfiança de quem sabe para onde quer ir. É
uma carta de determinação e coragem. É um passo grande na evolução. O Carro é um
veículo como o é o corpo. Saber manejá-lo é uma arte. Saber que somos o condutor do
veículo é um ato de auto-afirmação e bom senso.

Rosana Ortiz
32
O Universo Simbólico do Tarô

7. O Carro (segundo Betoh Simonsen)

Após o muitas vezes difícil e estressante processo escolha,


estaremos prontos para agir. Existe um tempo para procurarmos
orientação e para refletirmos e existe um tempo para agirmos e
trabalharmos. Vemos no Carro uma figura guerreira, em uma
carruagem, com uma cortina de estrelas, um cetro, puxada por dois
cavalos ou esfinges, de cores branca e preta.
Podemos considerar que a cortina de
estrelas representa nossas ideias, o cetro
representa uma ferramenta de concentração e
irradiação de força e energia, a carruagem
representa nossas qualidades e habilidades, a
armadura representa o corpo de conhecimento
e os cavalos ou esfinges representam aquilo
que nos motiva ou impulsiona.
É uma carta de conquista de novos
territórios e de expansão de nossa realidade.
Este arcano nos auxilia em nosso processo de
co-criação.
Sabemos hoje que nossas formas mentais têm
uma força de construção, desde que nossos
bloqueios estejam trabalhados e que as forças
contrárias sejam neutralizadas ou contornadas.
7. O Carro Não adianta apenas imaginarmos e
observarmos os sinais, precisamos agir quando
[Tarô Balbi] é chegado o tempo. Somos puxados pelos
nossos desejos e crenças, simbolizados pelos
dois animais.
A armadura de nosso conhecimento nos protege. O cetro mostra o
poder que emanamos, seja magnético ou irradiante.
Vamos construir um mundo melhor.
Quando pensamos no numero sete, podemos pensar nas cores de
um arco-íris, a ponte entre o profano e o sagrado; podemos pensar
nas sete notas musicais, sentindo a musica da criação; nos sete
chacras, possibilitando a viagem de nossa consciência pelas diversas
dimensões da experiência. E assim vamos vivendo, nos movimentando
e expressando nossos seres.

Rosana Ortiz
33
O Universo Simbólico do Tarô

8. A Força (lembremos que este arcano pode ser 8 ou 11)

O Arcano VIII, Força, é o caminho entre Geburah e


Tiphareth. É o 22º caminho da Árvore da Vida.
Geburah é o princípio da força destruidora que
queima as impurezas. Tiphareth representa o
Amor e a Beleza manifestados no plano físico. Para
que o Amor e a Beleza se possam manifestar
teremos de iluminar os pontos obscuros da nossa
natureza. Temos de nos concentrar nesses pontos,
muitas vezes escondidos na longínqua memória do
passado, e libertarmo-nos do seu peso, que nos
condiciona e aprisiona, para que possamos
prosseguir no caminho da evolução.
Neste ponto o Viajante entende que pode alterar o
seu destino. Entende que a alteração do
pensamento altera o futuro.

Entende que a eliminação de desejos incontrolados e a pureza de intenções


altera o Karma. Sabe que a sua vida é o reflexo do seu pensamento e que a
felicidade reside na aceitação da Lei do Amor.

A liberdade é atingida quando se ganha o conhecimento que permite


destruir aquilo que nos prende e cega. Somos responsáveis.

A purificação é o resultado de um trabalho mental. A concentração no amor


purifica o karma do futuro.

No Arcano VIII, Força, observamos a inteligência dominando a besta, temos


consciência da consequência das nossas ações. Observamos que as nossas
projeções deverão ser elevadas, sem medos, para que as consequências
sejam as melhores. Observamos que coragem, determinação e sabedoria
são importantes em cada opção, e que delas depende o futuro de cada um.
A norma é seguir a Lei do Amor.

Rosana Ortiz
34
O Universo Simbólico do Tarô

11. A Força (segundo Betoh Simonsen)

Se refletirmos um pouco, todos os arcanos expressam algum tipo de força. O


Mago expressa a força da criatividade; a Alta Sacerdotisa a força da sensibilidade e
compaixão; a Imperatriz a da natureza; o Imperador a da autoridade racional; o
Hierofante a espiritual e de cura; o Enamorados das decisões; o Carro a força de
conquista de novos espaços; a Justiça do equilíbrio nas relações; o Eremita a da
busca; a Roda da Fortuna a de completar um ciclo; do Enforcado da doação,
dedicação e sacrifício; a Morte da transformação; a Temperança da harmonização;
o Diabo do desejo intenso; a Torre da liberação; a Estrela da revelação e
inspiração; a Lua da imaginação e de nosso arquivo emocional; o Sol de nossa
auto-expressão; o Julgamento da aceleração de freqüências, o Mundo de nossa
obra e o Louco de nossa entrega e total desprendimento.

Por que, então, um arcano específico que fala da força? Simplesmente porque
mostra como acessar qualquer força que se faça necessária na circunstancia
considerada.

Alcançamos a Força ao conseguirmos harmonizar e


integrar nossos desejos, nossas emoções e nossa mente
com a energia de nossa alma.
Uma personalidade integrada pode se abrir como uma
flor de lótus à energia divina. O ego pode ser entendido
como um foco aglutinador de nossas identificações que
poderíamos chamar de complexo de identidade, com a
função inicial de simplesmente sintonizar e ajustar o fluxo
de nossas disposições internas com as condições
externas, uma espécie de termostato psíquico.
Evidentemente, ele ultrapassou de muito os limites da
função para que foi criado, surgindo daí o sentimento de
separação, pois sua função é justamente comparar tudo
com tudo, perceber as diferenças (o que continua
fazendo muito bem), para depois procurar equalizar (o
11. A Força que tem procurado fazer por diversas formas de
[Tarô Balbi]
manipulação), o que se não for feito dentro do principio
do amor e do respeito à toda criação, gera desarmonia e
isolamento.

Houve uma tomada de consciência de que isto precisaria ser equilibrado e as


antigas escolas e centros de formação religiosos e militares procuravam disciplinar
o ego através da quebra da vontade, a qualquer custo. Não foi uma ideia muito
boa. Até hoje podemos perceber estas atitudes na maneira como ainda muitos
educam suas crianças, como a maior parte das pessoas domam seus cavalos (com
saudável exceção das escolas de equitação modernas, onde pode se perceber que
os cavalos são extremamente sensíveis e cooperam muito mais quando tratados
com suavidade e equilíbrio), e nas diversas formas de manipulação através da
disciplina rigorosa e culpa.
Esta atitude é simbolizada por Hercules que matava o leão da Nemeia, ou São
Jorge matando o dragão da Lua. Hoje, felizmente, não mais precisamos matar o
leão ou o dragão. Podemos apenas orientá-los, como a suave dama com o infinito
em sua cabeça que delicadamente repousa suas mãos na boca do Leão; ou o
menino que monta o dragão celeste na “História sem Fim”.

Rosana Ortiz
35
O Universo Simbólico do Tarô

Esta é a melhor maneira de desenvolvermos nossa criatividade e força, amadurecer


nosso sentido de pessoalidade, e orientarmos nossas crianças internas e externas
de uma maneira muito mais natural e saudável, sem traumas e criando condições e
dando suporte para o pleno florescimento de cada ser.

Hoje podemos perceber que a antiga maneira tornava os seres demasiadamente


passivos ou perigosamente rebeldes; perdiam o brilho e se tornavam neuróticas e o
aspecto natural ou selvagem era reprimido e suas manifestações satanizadas, isto
é, excluídas de qualquer possibilidade de aceitação e integração.

O mal foi projetado nas bestas, nos marginais, nos loucos, nos inimigos de diversas
ordens, criando um grande desserviço à consciência de que trabalhamos em rede,
e o que afeta uma parte, afeta a todas, e o que negamos em algo ou alguém,
negamos também em nos mesmos e a nos mesmos. Todos e tudo são nossos
outros eus, e é chegado o momento de abraçarmos qualquer realidade, e então, só
então, nos movimentarmos criativamente e prazerosamente de acordo com nosso
intento, que é nossa verdadeira força.

Estamos começando a mudar. Estamos começando a nos relacionar de uma


maneira mais humana com nossos animais e a entendê-los melhor; está
começando a haver uma maior ênfase na criatividade, motivação e vocação;
estamos revendo os conceitos de insanidade, inclusive revalorizando os estados
alterados de consciência, deixando de taxar automaticamente como patológico
muitas de suas manifestações, estamos começando a rever nossa relação com a
Natureza. Estamos apenas no inicio de uma revolução aquariana de consciência,
como já podemos percebê-la.

Agora estamos prontos para o viver e deixar viver, trabalhar nossa auto-expressão
em perfeita sinergia com nossa consciência de grupo. Astrologicamente isto tem
muito a ver com o eixo Leão-Aquário.

Rosana Ortiz
36
O Universo Simbólico do Tarô

9. O Eremita (segundo Betoh Simonsen)

Um ser idoso, andarilho, com um cajado e uma lanterna. É aquele que busca a verdade das coisas
lentamente, porém com firmeza e perseverança. Sabe esperar. Sabe subir a montanha, olhando o
mundo com uma perspectiva mais ampla. Perguntaram a um sábio sobre uma verdade que se aplicasse
a qualquer situação, e ele respondeu com simplicidade: – Isto também passará.
Muitas vezes nos perguntamos sobre o sentido da vida em um sentido geral e de nossa experiência
de uma maneira particular

Sentido tem a ver com direção, propósito e significado. Tem a ver com
padrão de redes. Existem algumas posturas filosóficas que conduzem a
determinadas visões: uma diz que tudo que existe é vontade de Deus e que
tudo o que nos resta é aceitar seus decretos através de seus representantes;
outra nos diz que a história humana segue algum curso inexorável, baseado
em um processo dialético de atividade humana; outra linha afirma que tudo é
ilusão, e que devemos procurar o espaço interior; outra nos afirma que é o
homem que forja seu destino e que deve lutar por ele com tenacidade; outra
nos afirma que nada tem sentido e, por isto, temos que procurar viver o
momento pelo momento, pois a vida é uma só; outra, ainda, nos diz que
devemos, sim, viver o momento, não porque não existe um sentido, mas, sim,
porque só poderemos contar com o presente para nossa ação; estas entre
muitas outras correntes.
9. O Eremita

[Tarô Balbi]
Podemos visualizar estas linhas em dois grandes grupos: um grupo enfatiza a importância do esforço
humano na criação de seu destino e outro enfatiza a importância do reconhecimento, aceitação e
adaptação de situações pré-estabelecidas ou de poderes exteriores a ele mesmo. Todas têm uma parte
da verdade.
O Eremita é um grande pesquisador. Com a luz da lanterna de sua consciência; com o cajado de seu
poder sobre o físico, emocional e mental; caminha incansavelmente por todas as verdades, sem negar a
nenhuma, mas sem aceitar cegamente a nenhuma, pois a luz única está decomposta em múltiplas
cores; e a verdade única refletida em miríades de focos da consciência.
O Eremita procura por todas as substâncias brutas para encontrar as verdadeiras jóias, sem nunca se
esquecer que existem jóias de diversos matizes, como também impurezas das mais diversas ordens. A
prova dos nove fora, lembrando-nos que nove é o número do Eremita, procura tirar todas as roupagens
de um número para que ele mostre sua natureza essencial. Esta é a força do conhecimento.
Por exemplo, nasci em 4 de 9 de 1949, 4 + 9 + 1 + 9 + 4 + 9 = 36; 3+6 = 9, portanto meu número
de trabalho é 9 nesta vida.
Quando o rei Arthur adoeceu depois de ter sido traído e renunciado à sua espada ou vontade de
lutar, os cavaleiros saíram em busca do Santo Graal, que poderia curar o rei e restaurar o reino. De
certa maneira, cada cavaleiro encontrou seu caminho nessa busca. O caminho, a busca e o encontro são
todos importantes, e isto em diversos reinos e mundos, pois muitas são as moradas do Pai. Com Arthur
em Avalon, podemos nos credenciar à espada junto com a dama do lago. O reino está novamente
afligido, invadido, e o verdadeiro Reino dos Céus deve ser restaurado neste plano. Só que, desta vez,
Arthur irá se fundir com Merlin, seu eu superior.
Quando o Eremita sai em uma leitura, indica que o processo em questão caminha, porém com
lentidão; e que devemos olhar com atenção para separar o joio do trigo. E, também, que quando
aprendemos bastante, temos o dever de ensinar para que o conhecimento não se deteriore e não se
volte contra nós.

Rosana Ortiz
37
O Universo Simbólico do Tarô

9 - O Eremita
O Arcano IX é o Eremita. O caminho do Eremita é o 20º caminho da Árvore da
Vida. Este caminho liga Chesed, o Princípio Universal da Produtividade, a
Tiphereth, a encarnação da Beleza e do Amor.
Criação, preservação e transformação são os três pontos que definem o ciclo
do eterno movimento. O Ciclo da Eternidade, simbolizado pelo três, expande-
se, adquirindo um enorme poder. O Eremita é o Arcano IX. O nove significa
três vezes três, um número mágico pois retorna sempre a si próprio.
Vejamos: 9x1=9; 9x2=18 (1+8=9); 9x3=27 (2+7=9); 9x4=36 (3+6=9);
9x5=45(4+5=9)...

O Eremita possui o conhecimento que lhe diz que, tal como o nove, retornará
sempre a si próprio, ao Eu, num permanente movimento cíclico. O Eremita
sabe que tudo o que é sempre o foi e sempre o será. Com o Eremita, o
Viajante aprende que o poder do Amor está dentro de si. Neste ponto tornar-se-á um Guia para os
outros Viajantes, mostrando-lhes que todas as respostas estão dentro, pois o fora é uma mera ilusão.
Ele ensina também que o caminho tem de ser percorrido sozinho, pois, cada qual é a experiência
única da sua existência.

Nesta carta o Amor da deusa é acordado no Viajante. Depois de receber as lições do Eremita nunca
mais voltará a ser o mesmo. Agora ele entende aquilo que busca e entende por que razão o Eremita
permanece só.

Esta carta encerra o segredo da introspecção. Alguém que vive no meio da multidão, que funciona na
materialização e necessita de resguardo, de fazer silêncio para que as respostas surjam e para que, a
partir daí, seja mais eficaz o funcionamento. O Eremita é um solitário no mundo da confusão. Atua no
exterior depois de uma busca interior.

Encerra o Conhecimento de que tudo aquilo que é materializado deve ser acompanhado de um
trabalho interior para que as intenções e as estratégias sejam bem aprofundadas e delineadas. Não é
preciso que exista uma reclusão a fim de que isto aconteça, é mais uma atitude de introspecção e
silêncio do que um ato de fuga perante o mundo exterior.

O Viajante permanece atento a estas duas funções, não as confundindo. Sabe que a introspecção só é
útil se for utilizada para atuar na vida do dia a dia. Só assim os frutos serão vistos e o seu exemplo
servirá de auxílio a quem o observa.

O Eremita é um sábio. Pensa, medita e atua. O Viajante aprende com o Eremita e, embora solitário
no seu caminho, nunca estará só.

Rosana Ortiz
38
O Universo Simbólico do Tarô

10 - A Roda da Fortuna
A Roda da Fortuna gira, simboliza o ciclo da vida em permanente movimento.
Com o movimento da Roda o que está em cima desce e o que está em baixo
sobe, a sorte muda em cada volta da Roda.
Para o Viajante este processo não é novidade. Ele já perdeu, já ganhou. Já
sabe de que forma esta experiência afeta o emocional. Sabe igualmente que é
responsável pela sua própria realidade. Com o Arcano X, o Viajante aprende
que não deve ter expectativas em relação ao que virá, que se deverá manter
emocionalmente desapegado quer do êxito quer do fracasso, pois tudo é
transitório.

A Roda da Fortuna é composta por três círculos girando à volta de um eixo


comum, representando estados da consciência humana.

O círculo exterior simboliza o mundo material das nossas sensações, o quatro, o ponto da nossa
consciência concentrado no mundo material. Este círculo fala-nos da passagem do tempo, do passado,
presente e futuro. Diz-nos que a estrutura do mundo material deve ser compreendida, que o mundo
das sensações é uma dádiva a saborear e explorar.

No círculo seguinte, o do meio, estão representados os pecados mortais e a consciência de que toda a
ação tem uma conseqüência. É o círculo do Céu e do Inferno. Neste ponto é iniciada a compreensão
do equilíbrio cósmico, do Seis, no qual os dois triângulos, Pai e Mãe Universais, causa e efeito, força e
forma, giram juntos em perfeito equilíbrio. Ao atingir o nível de consciência do círculo do meio uma
porta se abre para o centro da Roda, a porta para a Consciência Superior.

O círculo mais perto do centro está dividido por oito raios, significando renascença e renovação da
personalidade, através da renovação do espírito. A imagem do Sol, criada pelos oito raios simboliza as
maravilhas do mundo sensual assim como a Luz Eterna. Atingi-la significa aprender o desapego.

O centro da Roda simboliza a eternidade. Foi atingido o domínio do tempo e do destino.

O centro é a união da consciência superior (Luz) com o subconsciente (escuridão). É entendida a


divina totalidade que envolve a compreensão das partes, os arquétipos do Tarô.

O Viajante entende que o percurso da Roda da Fortuna é uma experiência de crescimento. Que
todas as experiências, quer se mostrem positivas ou negativas, o enriquecem. Sabe que o grande
desafio é permanecer equilibrado.

Nesta carta, o Viajante, observa o ciclo da Vida em permanente mutação. O movimento de Vida é
inevitável. Nada permanece, tudo muda, gira e se agita. Perante este movimento de fluxo e refluxo do
movimento, resta ao Viajante manter a serenidade, observando as tendências para que estas sejam
seguidas e não haja sofrimento. Tudo tem um movimento próprio.

Aceitar as conseqüências de um ato é ser consciente e observar o que fazer para que novas
possibilidades, mais positivas, sejam criadas.

A Roda da Fortuna ensina a manter o equilíbrio durante o fluxo e refluxo de tudo o que nasce e
morre, cumprindo um ciclo de vida inerente à materialização. Isto significa ser feliz,
independentemente do exterior.

O homem maduro é a roda que gira em torno do seu próprio centro.

Rosana Ortiz
39
O Universo Simbólico do Tarô

10. A Roda da Fortuna


A Roda da Fortuna mostra, em primeiro lugar, uma roda ou um círculo. É aquilo
que gira e se movimenta, com seus altos e baixos, com suas diversas experiências
relacionadas e um determinado tema de nossa vida. No início de cada processo muitas
vezes não sabemos muito bem para onde estamos nos dirigindo. Muitas vezes cheios
de esperanças e expectativas, mas também alimentando muitas ilusões. No período
representado pela Roda da Fortuna, já não podemos alegar inocência.

Muitas vezes ficamos presos a determinadas


situações, com padrões de altos e baixos que se
repetem inúmeras vezes. Podemos chamar este
aspecto de círculo vicioso ou rodar em círculos.
Acontecem em inúmeras situações, nos mais diversos
tipos de relações. De outro lado, podemos observar
também que temos círculos de amigos, as diversas
formas de associações e agrupamentos, que podem
ser entendidos como círculos ou, ainda, completar um
processo em nossas vidas, quando encerramos ou
realizamos alguma coisa depois de uma geralmente
longa história. Podemos entender, ainda, um círculo
como uma ideia de perfeição e equilíbrio, e a
alquímica quadratura do círculo procuravam unir o
transcendente com o mundano, à semelhança do
trazer o reino dos céus à Terra dos templários.
Quando aparece este arcano, podemos estar certos
10. A Roda da Fortuna de que estamos em um momento de conclusão.
[Tarô Balbi]
Será que encontramos o que esperávamos e, por isso, nos sentimos realizados e
dispostos a continuar neste caminho? Ou será que perseguíamos uma ilusão, um fogo-
fátuo, e tivemos uma verdadeira tomada de consciência de que é melhor seguir um
outro caminho?
No início de qualquer atividade humana, raramente temos uma boa noção para onde
estamos nos dirigindo e com o que teremos que lidar. Isto não acontece quando somos
experientes. Mas mesmo a experiência deve ser invocada com cautela, para não
ficarmos presos ao passado.
Podemos então fechar uma Gestalt, podemos perceber: é isso aí!
Até certo tempo atrás, achava que a Roda da Fortuna estava invariavelmente ligada
ao sucesso e à realização. E, de fato, uma visão clara não deixa de ser uma forma de
realizações, mas o fato é que nem sempre bate com nossas expectativas iniciais. Um
sinal disto, no baralho de Waite, é que os seres nos cantos parecem meio etéreos, não
totalmente formados, enquanto que no Mundo os mesmos seres já estão plenamente
formados. É interessante também notar que eles estão lendo um livro, como se
estivessem ainda aprendendo.
Neste estado de nosso desenvolvimento já podemos ter a compreensão de que tudo
que percebemos em nosso exterior tem alguma coisa a ver com nossos estados
interiores. Enquanto que, no Mundo, podemos com maior facilidade exercer nossos
poder radiante, fazendo com que o exterior responda às nossas disposições interiores.
Existe mais uma indicação importante neste arcano: pode ser um bom momento de
decisão ou de uma resposta bem aguardada. Podemos sair do círculo; podemos
completar o que tínhamos começado; uma resposta virá de uma maneira ou de outra;
ou podemos continuar neste caminho, com maior consciência. Está em nossas mãos.

Rosana Ortiz
40
O Universo Simbólico do Tarô

Para reflexão:
“... As tradições védicas dizem que há um Deus átomo que dorme em cada
pedra, logo desperta em cada planta, move-se em cada animal... pensa em
cada homem... e ama em cada anjo. Portanto, devemos tratar cada pedra
como uma planta... cada planta como um animal querido... cada animal
como um ser humano e todo ser humano como um anjo”.

11. Síntese dos arcanos maiores de 11 a 15:

Arcano Palavras-chave Mitologia Partes do Corpo Sim Tempo


Grega ou
Não?
11 - ü Equilíbrio Athena ü Intestinos Sim 11 meses
A Justiça ü Imparcialidade ü Hormônios ou
ü Disciplina novembro
ü Razão
ü Integridade
ü Veredicto

12 – ü Renúncia Prometeu ü Apatia Não 1 ano


O Enforcado ü Sacrifício ü Desânimo ou
voluntário ü Anemia dezembro
ü Apatia ü Fadiga
ü Acomodação
ü Momento Cármico

13 – ü Fim necessário Deus ü Pele Não 4 meses


A Morte ü Perdas Hades ü Vísceras ou
ü Mudança abril
ü Renascimento
ü Transformação

14 – ü Ponderação Deusa ü Rins Sim 5 meses


A ü Bom senso Íris ü Sangue ou
Temperança ü Serenidade ü Bexiga maio
ü Harmonia ü Sistema
ü Estabilidade ü Imunológico
ü Equilíbrio
15 – ü Paixões Deus ü Pescoço Não 6 meses
O Diabo ü Desejos Pan ü Garganta ou
ü Instinto junho
ü Domínio
ü Vícios
ü Sedução
ü Dificuldade de
Comunicação

Rosana Ortiz
41
O Universo Simbólico do Tarô

Definição

dos

Arcanos Maiores

da

Força/Justiça

ao

Diabolos

Rosana Ortiz
42
O Universo Simbólico do Tarô

11. A Justiça (este arcano pode ser 11 ou 8)

A Justiça é o Arcano XI. É o 19º caminho da Árvore da


Vida que liga Chesed, a força universal criativa, anabólica
e Geburah, a força destrutiva, catabólica. O Arcano XI, a
Justiça, é o equilíbrio constante destas duas forças. As
antigas formas têm de ser destruídas para que novas
formas sejam construídas. É o caminho do eterno
movimento, do processo contínuo.

Quando o Viajante aprende a ouvir a sua voz interior,


pergunta-se: "Que quero eu?", "Qual a finalidade da minha
existência?". Para responder a estas perguntas necessita
ouvir o Sumo Sacerdote e ver através dos olhos do
Imperador. Agora os "tens de..." deixam de fazer sentido.

É uma carta de discernimento. Saber discernir é ser sábio. Existem forças que se digladiam
dentro de cada um. Existem medos, lados obscuros que fazem parecer que a razão está fora deles. As
noções de certo e errado, de pecado e benção são formas de aprisionar a alma, de impedir que cresça,
respondendo aos seus impulsos mais profundos. Saber ver no escuro é uma questão de aprender a
acender a Luz.

A carta de Justiça é uma carta de bom-senso, de tolerância, de versatilidade. Parar para ver para
além da aparente escuridão. Não impedir que a Força, que está em cada um, fique acorrentada por
medos e enganos. Calar e ver fundo é a forma de atuar com Justiça. Assim, a energia criativa poderá
continuar a projetar-se na direção adequada ao seu movimento. É uma carta de Grande Sabedoria. A
Justiça é um ato de Amor e versatilidade. Na ausência de rigidez acontecerá o movimento, fluido e
bem direcionado.

Saber escolher, decidir, cumprir a tarefa. Ser sábio é a carta de Justiça, não esquecendo que a
tolerância faz parte deste processo. Ser tolerante não significa ser cúmplice com o que não
concordamos. Significa aceitar a diferença e ser benevolente com o erro. Ser justo é, também, saber
perdoar.

No movimento da carta Justiça o processo de auto-estima tem grande significado pois só quem
aprende a perdoar é que ama completamente. Amar os nossos defeitos é transformá-los de uma
forma sábia, sem repressão, com bom senso positivá-los. Perceber que o certo e errado não são tão
estanques quanto parecem. Perceber que nada é estanque. Que tudo pode ser alterado desde que,
com bom-senso, seja percebido o erro.

Esta é a carta da Justiça.

Rosana Ortiz
43
O Universo Simbólico do Tarô

8. A Justiça (segundo Betoh Simonsen)

Uma dama sentada, com uma roupa vermelha, entre duas colunas, com uma balança de dois
pratos em uma das mãos e uma espada na outra. Pode ser considerada uma carta que busca o
equilíbrio e a integração de polaridades nas relações de todos os níveis.
Sempre que procuramos avaliar ou interagir com
uma pessoa ou uma situação, o fazemos a partir de um
sistema de crenças, de expectativas que alimentamos e
daquilo que valorizamos. Esta modelagem ou
programação pode ser considerada um dos pratos da
balança em nosso arcano.
A balança serve para medir e pesar e as balanças de
dois pratos tinham em um dos lados, pesos que
serviam como modelo e no outro era colocada a
mercadoria avaliada, procurando chegar ao equilíbrio
entre um e outro, procurando o justo, no sentido de
ajustado ou sintonizado. Podemos nos lembrar também
que na procura do equilíbrio às vezes se aumentava ou
diminuía a mercadoria (atuação assertiva sobre nossas
experiências, através de uma atuação limitadora ou
liberizadora, conforme o caso) e em outras se
8. A Justiça
modificava o peso (redimensionando nossas
[Tarô Balbi] expectativas, nossos sistemas de valores ou nossa
programação).
No símbolo é a espada que processa estas diversas modificações, que simboliza nossa mente,
nossos discernimento e nossos decretos. As colunas mostram que este trabalho se processa em
diversos planos, como no nível físico, sexual, emocional e mental.
Tive uma vez uma experiência que me ampliou bastante a ideia deste arcano: fui conduzir um
trabalho, juntamente com outros profissionais, em uma chácara perto de São Paulo, ao lado de uma
pedreira. Chegamos á noite, no dia anterior do inicio do trabalho. Não conseguia dormir; tinha a nítida
sensação que havia serezinhos agitados e bem pequenos que não queriam me deixar em paz. De
repente, ouvi nitidamente respondi uma voz dizendo: Cuidado! Ele é um dos justos! O outro
respondeu, satirizando-o; Só se for justo para os animais! Ficou claro para mim que não tinha me
harmonizado com a energia da casa e que me consideravam uma espécie de invasor; e também que
os justos bíblicos eram aqueles seres integrados e sintonizados, considerados a coluna do mundo.
Os acordos e pactos são importantes para que possa haver boas trocas de energias, assim como a
coragem de romper acordos que deixaram de ser justos, aceitando o preço do rompimento. Não por
acaso, na oração do Cristo, clamamos ao Pai pela liberação de nossas dividas cármicas, assim como
nos comprometemos a liberar a nossos devedores, desta forma nos livrando de miríades de laços que
nos aprisionam, independentemente do lado que ocupamos. Sintetizando, a Justiça representa o
equilíbrio, a justa medida em todas as relações e trocas de energias; até onde pode ir à liberdade e
onde deve haver limites; até onde podemos ceder às expectativas e vontades dos outros em relação a
nós e onde devemos ser firmes para que nosso espaço seja respeitado, da mesma forma que
estaremos procurando respeitar os espaços dos outros. A maestria da força deste arcano é muito
importante para que se estabeleçam as corretas relações humanas e planetárias, por mais difícil que
seja.

Rosana Ortiz
44
O Universo Simbólico do Tarô

12. O Enforcado

O Arcano XII, O Enforcado, é o 23º caminho da Árvore da Vida


o qual liga Geburah, a Força universal da Destruição, a Hod,
Inteligência Iluminada.

O Enforcado está pendurado, numa posição invertida, numa


árvore em forma de cruz. Esta postura significa uma retirada
escolhida pelo próprio. Os braços atrás das costas, sinal de
não/acão, formam um triângulo, corpo ,mente e espírito. As
pernas estão cruzadas formando um quatro invertido
simbolizando uma avaliação do mundo material. A auréola em
volta da cabeça mostra a iluminação da Inteligência.

O Enforcado está no Pilar da esquerda da Árvore da Vida, o Pilar da Matéria e do Julgamento. Só


ele pode julgar e alterar a sua existência através do contacto com os profundos caminhos do Eu.

Com o Enforcado, o Viajante aprende que as antigas formas de pensar têm de ser mudadas para
que a evolução aconteça. Aprende que através da introspecção nasce a luz de uma nova perspectiva.

Quando as águas da consciência se aquietam poder-se-á ver nelas refletido o Eu. Para que a verdade
interior seja entendida a mente tem de atingir o estado de vazio. Por isso é tão importante a retirada
do Enforcado. Assim ele entende o exterior que criou e como o pode alterar. Para que os conflitos do
dia a dia sejam alterados basta por vezes mudar a direção do olhar.

Isto aprende o Viajante, a necessidade de quietude e de introspecção como forma de atuar com o
exterior.

As respostas ao exterior, para que sejam sábias e certas, deverão ser sentidas interiormente através
de uma atitude meditativa. Quando algo nos perturba, as respostas dadas pelo Ego serão sempre
influenciadas pelas emoções e, portanto não isentas. É importante uma retirada estratégica, uma
retirada não física, uma retirada de atitude, um virar a atenção mais para o interior do que para o
exterior.

Depois de parar as ondas de pensamento inquietantes, deixar que a mente, serena e mais lúcida,
permita um mergulhar fundo, o contacto com algo mais sábio e lúcido em nós. Esse estado é o Eu
Superior, um Eu não associado às emoções do Ego, um Eu que de uma forma mais ampla pode
observar a vida e as nossas atitudes. Assim, cada um poderá regressar ao exterior e atuar de acordo
com as suas convicções mais profundas.

É esta a carta do Enforcado, aprender a observar a realidade sob outro ponto de vista para que possa
agir mais clara e sabiamente. É isto que aprende o Viajante.

Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

12. O Enforcado (segundo Betoh Simonsen)

Uma pessoa pendurada em uma arvore por um pé, o outro pé cruzado, em uma posição claramente
não confortável, porem com uma expressão tranqüila. Uma carta de dedicação e sacrifício, e a luz
em sua cabeça mostram que na maioria das vezes por altos ideais.

Existe uma parábola na Bíblia que ao explicar aos discípulos a


noção de próximo, teria o Mestre dado o exemplo de uma
viajante à beira da estrada em dificuldades. Teriam passado
diversas pessoas, de diversos níveis sociais e culturais, até
alguém ter parado e prestado ajuda. Este é o próximo.
Quando procuramos ajudar alguém, a primeira pergunta que
devemos nos fazer é se esta ajuda está dentro de nossos limites,
pois se não estiver a nossa cobrança poderá ser alta.
Existe uma lei cósmica que o Universo nos devolve aquilo que
doamos generosamente, mas isto é verdadeiro apenas sobre a
energia que realmente dispomos e não sobre aquela que está
comprometida de alguma forma. A segunda pergunta que
podemos nos fazer é se esta ajuda será suficiente, em primeiro
12. O Enforcado
lugar; e em segundo, se não criará uma relação de dependência.
[Tarô Balbi]
Muitas vezes nos perguntamos do que adianta procurarmos ajudar os necessitados, pois não passa
de uma gota d’água no oceano. Gosto de me lembrar do relato daquele senhor que, em uma praia
repleta de estrelas do mar que não tinham acompanhado a maré, havia um menino que as jogava no
mar. Ele comentou: “Mas são muitas! O que adianta este esforço se muitas ficarão de fora?” Ao que o
menino respondeu: “Pelo menos estou fazendo minha parte.” Conta o relato que a partir daquele
momento, os dois passaram a devolver as estrelas ao mar.

Outra justificativa que freqüentemente fazemos é que está tudo tão difícil que não temos nenhuma
sobra de energia para ajudar alguém. Não é verdade; sempre temos alguma sobra em algum nível.
Pode ser tempo, conhecimento, atenção amorosa, cura psíquica, alimentos, dinheiro, contatos,
aconselhamento, trabalho voluntário, companhia, e inúmeras outras formas. Se não conhecermos
ninguém que não estiver necessitado do tipo de energia que podemos oferecer, podemos procurar
neste mundo carente alguém que estará.
Outra duvida que nos ocorre é se a pessoa estará falando a verdade ou não. Poderemos nos dar ao
trabalho de investigar; se a pessoa estiver pedindo ajuda para comprar remédio, porque não ir até à
farmácia e comprar? Se a pessoa estiver mentindo, simplesmente não nos acompanhará. Se for um
empréstimo, que esteja dentro de nosso limite, e se ela não cumprir o prometido, simplesmente não
abriremos novo crédito. O mercado financeiro nos cobra taxas extorsivas de intermediação, e será
muito bom se conseguirmos em algum de nossos serviços profissionais, e não puder acompanhar
nossos preços, podemos facilitar ou reduzir o pagamento para esta pessoa especifica. E como saber
que esta pessoa não tem o espírito de “levar vantagem em tudo” ou está desvalorizando nosso
trabalho? Podemos sentir o que faz parte da força deste arcano e mostrar nossos limites.
Existe muito a fazer e muitas soluções a serem encontradas. Se muitos começarem a fazer o
máximo dentro de suas possibilidades e meios, sem esperar pela ação dos outros, e começarem
imediatamente, sem os diversos “se acontecer isto ou aquilo, então aí sim...”, será o suficiente para
mudar o mundo. Devemos começar a resgatar nossa responsabilidade com o planeta e nosso próximo
a partir das condições atuais e não esperar por situações ideais, que nunca chegarão se ficarmos
parados.

Rosana Ortiz
46
O Universo Simbólico do Tarô

Este arcano sai em uma leitura, nos mostra uma situação de sacrifício e sempre devemos nos
perguntar se queremos ou podemos entrar nessa situação. Representa o eixo Virgem/Peixes. Ao lado
do Enforcado nos mostra que podemos, sim, nos dedicar aos outros, desde que tenhamos a força
suficiente para entrar e sair da situação de forma que o sacrifício não seja excessivo. Mostra também
que quando estamos fortes estamos prontos para nos doar aos outros. É a ideia da proximidade.

A Morte é o Arcano XIII do Tarô. Representa o 24ª caminho da


13. A Morte Árvore da Vida que liga Netzach, emoções e personalidade básica,
a Tiphareth, beleza espiritual e Luz manifestadas na matéria.
Novas formas de pensar estão continuamente a substituir as
antigas. O espírito nascido em matéria usa o corpo como um
invólucro e depois o abandona. Tudo o que vive tem um fim, tem
uma passagem para outro estado. Esta é a lei natural, o contínuo
movimento para novas formas de ser. Morte é um instrumento de
progresso, o impedimento para a estagnação.

Sendo a Morte uma manifestação da Lei, quando esta for


entendida, poderemos dirigir as forças de mudança para,
ultrapassando os medos, ir ao encontro do desconhecido.

No Arcano Morte observa-se um estado de mudança, onde algo


Tarô Aquariano caduco transita para outro estado ou para a renovação. A recriação
equivale ao desaparecimento de algo. Enquanto se tem corpo tem-
se apego. Não somente apego afetivo mas, igualmente, apego às normas que sendo
costumeiras se tornam comodas. Largar algo representa sempre um choque e algum
sofrimento. A carta da Morte, apresentando uma renovação ou transição, demonstra
igualmente que isso acontece num processo doloroso. Há que ter coragem, mantendo o
espírito de liberdade e renovação inerente a quem quer aprender e evoluir, prosseguindo o
seu caminho livre de normas e hábitos caducos.

Quando o Viajante penetra o Arcano Morte sabe que algo na sua vida está a morrer. Sabe
que isso é inevitável para que o renascimento ou a transformação aconteçam. Sabe que tudo
está em constante mutação e que a mudança é necessária ao crescimento. No entanto, este
período de transformação equivale a um período de crise na sua vida. Provoca sofrimento.
Pode ser tentado a refugiar-se no conforto do 'conhecido'. Mas o medo do futuro deve ser
substituído pela confiança no futuro. O caminho do iniciado é a passagem da escuridão para
a Luz.

E o Viajante sabe que essa passagem tem duas faces: morte e nascimento.

Rosana Ortiz
47
O Universo Simbólico do Tarô

13. A Morte (segundo Betoh Simonsen)

Entre o término de um ciclo e o início de outro, existe um espaço que pode ser chamado
momento de passagem ou de transformação profunda, simbolizado pelo arcano da Morte.
Em nossos processos normais, sempre temos alguma coisa a fazer, resolver, ou mesmo
nos preocuparmos.

Nos momentos de transformações, como da ocasião de uma


perda importante, de um fechamento de qualquer ciclo como o
termino da faculdade e antes de encontrar um emprego; no período
de adaptação logo após um casamento ou uma separação; no
momento de ser despedido; no conhecimento de uma doença grave
nossa ou de alguém extremamente próximo; situações em que nos
sentimos totalmente desamparados, impotentes e fora de controle das
coisas, muitas vezes não existe nada a fazer.

O desafio é justamente entregarmos-nos e confiarmos no vazio da


transformação, onde poderemos atravessar uma verdadeira revolução
de consciência e sairmos regenerados e engrandecidos, prontos como
bebes para a nova fase, ou, ao contrario, com uma grande perda de
13. A Morte
energia psíquica quando nos fixamos em nosso medo e dor.
[Tarô Balbi]
Nossa cultura trabalha mal a sensação de vazio, o medo e as incertezas; e assim
normalmente temos muita dificuldade em atravessar estes períodos, sentindo-nos solitários,
infelizes e perdendo uma enorme energia psíquica. O ciclo completo é vida, morte e
renascimento. Saímos de uma experiência, passamos por uma profunda transformação e
entramos em um outro ciclo de experiências.

Existem diversos símbolos na Natureza que representam esta transição, como por
exemplo, as seivas (energia vital) das plantas descem para as raízes (fundamentos) no
inverno, tirando a energia das folhas e galhos, sendo um bom período para a poda dos galhos
que estão mais fragilizados, que são muitas vezes aqueles que mais produziram no ultimo
ciclo. Na primavera as energias voltam à expressão com toda força. Quando um ser humano
se identifica ou fixa-se em demasia com o que perde, assemelha-se a cortar um galho com
seiva, quando há perda real e não apenas aparente de energia.

Temos nestes momentos que aprender a nos recolhermos à nossa essência, passarmos por
uma profunda reflexão simbolizada pelo vazio ou fogo da transformação, e à semelhança de
Phoenix, o pássaro mítico, renascermos de nossas cinzas.

Outro símbolo é a lagarta que se transforma em borboleta. Durante o tempo de lagarta ela
provoca muito mais destruição do que construção. Durante sua fase de borboleta, com sua
função de polinização, ela repõe com folga o que destruiu, alem de irradiar beleza e harmonia
com suas cores e ensinar a confiança radical na existência, entregando-se ao sabor do vento.
A lagosta muda de tempos em tempos de casca, quando de recolhe em uma toca, e apesar de
vulnerável é quando se prepara para uma nova fase de crescimento.

Rosana Ortiz
48
O Universo Simbólico do Tarô

Como fomos acostumados a controlar todas as situações, nos sentimos muito aflitos quando
entramos em uma fase de incertezas. Porém é exatamente nestes momentos que podemos
dar enormes saltos de consciência. Se estivermos centrados, procurando o silencio interior e
em comunhão com nossa alma, saímos destas experiências, transformados, como um novo
ser. Recebemos a benção do Graal, como no mito dos cavaleiros da Távola Redonda.

Todos os xamãs nos ritos de passagens encontram a experiência da quase morte, que é a
entrega à Força Maior. Na experiência do Graal, o ultimo passo é sobre o abismo, a noite
escura da alma, aonde eventualmente chegamos a desenvolver a confiança radical. São
muitos os que desistem neste momento, e precisam começar tudo de novo.

Na Cabala, a misteriosa esfera de Daath pode ser considerada o teto do inferno e o chão do
paraíso.

Existe ordem até no aparente caos. Não precisaria ser tão doloroso, o que torna este processo
tão doloroso são nossos apegos. No Tibet existe toda uma tradição de como lidar com estes
momentos, chamado de Bardo, e passam toda uma vida preparando-se para isto.

Na prática quando temos uma sensação de vazio, perda, medo ou pânico, o caminho é não
tentar controlar, resolver ou mesmo entender esta situação, pois nenhuma de nossas funções
emocionais e mentais consegue operar neste nível de freqüências, mas abrirmos-nos para a
Presença divina, Shekina, através da entrega total.

Por enquanto vocês podem receber estas ideias como sugestões ou hipóteses de trabalho,
mas garanto que muitos já têm esta experiência assimilada. Quando uma pessoa consegue
operar neste nível, sua presença torna-se fortemente magnética e curadora.

Quando no Tarô sai a Morte, dificilmente é uma grande morte, mas talvez uma das
centenas ou mesmo milhares de transformações e mudanças que acontecem em nossas
vidas, todas potencialmente importantes e reveladoras. Nosso planeta está também
atravessando um destes períodos e por isso todos são afetados fortemente por esta
experiência.

A Roda da Fortuna junto com a Morte nos ensina que encerrado um ciclo podemos nos
entregar ao período do vazio da transformação, ao fogo criador, conservando apenas a
Presença, sabendo que a Vida, ressurgindo das cinzas, mas uma vez virá em todo seu
esplendor.

Rosana Ortiz
49
O Universo Simbólico do Tarô

A Temperança, Arcano XIV, representa o 25º


14. A Temperança caminho da Árvore da Vida.

Este caminho liga Tiphareth, a beleza e Luz espiritual


Tarô Aquariano manifestadas na vida humana, a Yesod, a mente
subconsciente.

Esta ligação simboliza a interação entre a procura da


luz espiritual e a escuridão da mente subconsciente
povoada de medos e confusão.
A Temperança é a força que promove a integração e
o equilíbrio de todas as coisas.

Une a força do Sol com a força da Lua, permitindo que


as suas qualidades se misturem e se mantenham
unidas em harmonia.

A Temperança reduz, intensifica e mistura


qualidades.

Ao encontrar o Arcano XIV, o Viajante observa que


mensagens vindas da escuridão da mente subconsciente surgem à luz da mente consciente.

Precisa de conscientemente integrar essas informações na sua vida, mantendo o equilíbrio


entre forças aparentemente contraditórias. O Viajante aprende que a verdadeira
estabilidade resulta de um contínuo ajustamento ao movimento natural da vida.

Esta é a carta do equilíbrio.

Meditar no equilíbrio equivale a saber que perdoar, ser justo e complacente representa saber
lidar com as situações de uma forma equilibrada.

Quem ama aceita. Quem aceita segue o caminho da justiça e da complacência.

Saber amar é aceitar a diferença.

Este é o caminho do centro, o caminho da Temperança.

Rosana Ortiz
50
O Universo Simbólico do Tarô

14. A Temperança (segundo Betoh Simonsen)

No Tarô existem três arcanos que estão diretamente relacionados com o


equilíbrio: o Hierofante, a Justiça e a Temperança.
No Hierofante, o equilíbrio vem através da maestria sobre os cinco elementos,
com a conseqüente integração do físico, emocional, mental e energia motivacional
pelo espiritual, permitindo, dessa maneira, a cura e expressão em diversos níveis.

No arcano da Justiça, o equilíbrio se dá através do


muitas vezes difícil ajuste nas relações, trabalhando-se
desta forma as crenças, expectativas, limites,
resistências e experiências. É um processo dinâmico e
intenso.

Na Temperança, o equilíbrio chega junto com a paz e


harmonia. Traz, sempre que aparece em uma leitura, a
indicação de que haverá uma ordem, que tudo estará
bem, que podemos nos tranqüilizar ou, simplesmente,
nos sugerindo umas férias ou um repouso. Poderemos
nos abrir ao poder curativo do Universo.

Em tempos muito antigos, que fugiram à memória do


homem atual, existia uma ordem natural em que o alto
vibrava em ressonância com o baixo, onde a
14. A Temperança
experiência da criação se fundia com a do Criador, em
[Tarô Balbi] que a Vontade do Pai atuava na Terra como nos Céus.

Esse equilíbrio, porém, foi rompido no aspecto lunar da experiência humana,


ameaçando o aspecto solar.

Como verdadeiramente havia o perigo de contaminação, a Terra foi colocada em


uma espécie de quarentena, abaixando sua vibração através, primeiro, de uma
barreira de freqüência e, finalmente, através de uma desconexão de uma rede de
energia planetária e humana, chamada de rede axial nos humanos. Esta etapa final
foi catalisada por um grupo de mestres ancestrais de uma civilização que deu
origem aos maias, há cerca de 12.000 anos, deslocando também o eixo da Terra.

Agora, este mesmo grupo está presente para reativar as linhas, e esta reconexão é
um processo que se dá em diversas dimensões, em direta sintonia com a atenção
do Criador e afeta a tudo e a todos. Estamos nos dirigindo do isolamento para a
união. Isto estará sendo possível porque descobrimos o antídoto para toda a
negatividade, que é oferecer um abraço amoroso, inclusive para o negativo ou o
que nos causa dificuldades. Assim, nossa luz não se entristece. Somos seres de
feixes luminosos, inicialmente flexíveis e interativos, por uns bons tempos rígidos e
secos, e partir desta nova compreensão nos dirigindo novamente a um estado de
fluidez e harmonia.

Rosana Ortiz
51
O Universo Simbólico do Tarô

Hoje sabemos que poderemos atravessar situações extremas sem perder a


esperança quando conseguimos manter uma visão do processo. Esta visão vem da
confiança e certeza de que em algum tempo, em algum lugar, tudo estará certo.

A Temperança nos mostra como nos sintonizar com esta energia agora e
encontrarmos a confiança e a paz, a verdadeira paz. Alguns guias nos falam que
este é o verdadeiro encontro de nossos seres passados com nossos seres futuros
no foco do agora, em termos de freqüências e energias, simbolizado pelo fluído que
percorre as taças seguras pelo anjo.

No símbolo, no baralho de Waite, poderemos perceber um disco solar na cabeça do


anjo, revelando sua conexão com o eu superior; um triângulo no peito, um símbolo
de integração que um de meus guias, muito ligado a um dos aspectos da Mãe, me
sugere que também pode significar paz, amor e harmonia; o lago e a terra, o
racional e o emocional; flores amarelas, simbolizando o plexo solar; a montanha da
aceleração das freqüências e, são claro, os cálices, trazendo o encontro do passado
com o futuro através do presente, formando um símbolo que lembra o signo de
Aquário.

O Eremita junto com a Temperança nos mostram que só tem sentido o esforço da
busca em harmonia com a arte do encontro. Existem muitos buscadores abnegados
que nunca se permitem perceber que o verdadeiro lar é exatamente o lugar e o
momento em que estão, a base orgânica de sua presença.

Rosana Ortiz
52
O Universo Simbólico do Tarô

15. O Diabo (segundo Betoh Simonsen)

Quantos não estiveram envolvidos em situações de desejo intenso, ficando cegos


para qualquer fragmento de razão? Quantas vezes não ficamos tão preocupados e
ansiosos que ficávamos atormentados por imagens terríveis? Quantas vezes já
sufocamos ou fomos sufocados? Quantos já sofremos pelas dores do amor? Mas,
Deus e de nossos momentos de quase genialidade criativa, de nossos momentos
absolutamente mágicos, dos encantos de nossos animais internos, de nossa força
selvagem, de nossos maiores aventuras, de nossa total falta de limite?
Cavalgar o dragão voador é nossa maior aventura e nosso maior risco.
Todos os arcanos têm uma raiz divina e o Diabo não
foge à regra. Só que durante muito tempo, tempo
demais, sua força foi mal usada. Quer por ter sido mal
usada como poder manipulador e obsessivo,
escravizando grande parte da humanidade, quer por ter
sido banido e anatemizado, tornando-se muito mais
perigoso. Não acensionaremos sem integrarmos nossa
sombra, pois ela tem a chave de nosso poder. Podemos
nos lembrar que sua face mais escura está nos olhos dos
que julgam.
Não é uma energia a ser negada, mas não devemos
nos descuidar. É aconselhável lidarmos com cuidado,
como de resto todas as forças verdadeiras.
Podemos pensar que a expressão crística “vade retro,
Satã”, “para trás, Satanás”, signifique de fato um
decreto para que se coloque atrás dos passos crísticos e
15. O Diabo
não que desapareça. É muito mais uma questão de
[Tarô Balbi] essência e forma, centro e periferia do que de
banimento.
No mito de Prometeu, assimilado a Lúcifer, por Blavatsky, este foi acorrentado à
rocha, um dos símbolos da materialidade regido por Saturno e por Satã, seu
aspecto-sombra; não tanto por ter trazido o fogo dos deuses aos homens mas,
antes, por ter faltado com a medida ou equilíbrio.

Podemos nos lembrar que, de dia, ele tinha seu fígado comido por uma ave de
rapina, mas, à noite, se curava, podendo sugerir que em dimensões superiores sua
energia mantinha sua conexão divina; e em uma das vertentes do mito foi
libertado por Quíron, em heróico e amoroso ato de sacrifício, quando ocupou seu
lugar. Se a energia do amor ocupa nossos corações, eventualmente a energia da
serpente pode ascender, depois de ter sido condenada, por tanto tempo, a se
arrastar pelo chão.

Quando aparece em uma leitura, sugere uma energia muito intensa que precisa
ser cuidada e equilibrada com muita atenção para que não seja destrutiva.

A Justiça e o Diabo nos mostram que se, de um lado precisamos de equilíbrio e


harmonia para lidar com nossos fogos internos, de outro muito equilíbrio sem
energia não nos leva a lugar algum. Podemos ter uma imagem de um cavalo muito
fogoso que, se de um lado não podemos prender completamente as rédeas para
não empinar, de outro não podemos soltar totalmente as rédeas para que não
dispare, pois cairíamos de uma forma ou de outra. O cavalo irá sempre nos testar,
mas quem está conduzindo quem?

Rosana Ortiz
53
O Universo Simbólico do Tarô

O Diabo, Arcano XV, é o 26º caminho da Árvore da Vida. Liga Hod, a ciência, a Tiphareth, a
fé. Através de Hod observamos e entendemos as coisas através do racional. Através de
Tiphareth, rendemo-nos à fé.
O desafio do 26º caminho é transcendermos estados básicos da nossa consciência para
atingirmos níveis mais profundos de verdade. Para que essa verdade seja atingida temos de
integrar interiormente as nossas contradições. A tentação do 26º caminho é manter a
ignorância. O objetivo do 26º caminho é encarar e transcender a contradição do ser humano.

No Arcano XV, o Diabo, o Viajante é forçado a encarar o Anjo e o diabo que existem em
si, a contradição entre necessidades materiais, contidas no diabo, e necessidades espirituais,
contidas no Anjo.

15. O DIABO Terá que integrar os dois em si mesmo, matéria e espirito. Terá
que atingir a espiritualização da matéria e a materialização do
espírito, para que os extremos do Eu sejam integrados.

O Diabo é o arquétipo da Raiva. Se as contradições do ser


humano forem integradas, o lado escuro do homem será aceito, a
raiva será transcendida e a vida poderá ser celebrada em liberdade
e alegria.

A carta do Diabo, apresenta o caminho da tentação ou desvio de


um propósito.

Sendo o caminho, algo que se quer construído em equilíbrio e bom


senso, todas as dúvidas e incongruências deverão ser analisadas e
aceitas, numa atitude de amor ou complacência.

Tarô Aquariano Tudo aquilo que apresenta uma dependência, algo que não é
produtivo e vão, é inglório.

Assim, deverão ser observados apegos, paixões ligadas ao material. Estas paixões são
simples dependências estéreis que nada apresentam de profundo ou produtivo para o
crescimento de quem anseia pela realização.

O Diabo que existe em cada homem tem de ser integrado e aceito.

O enfrentamento do nosso lado mais escuro fará de nós homens mais fortes e tolerantes.
Com o Diabo o Viajante aprende a ser homem sem ser escravo do corpo.

Rosana Ortiz
54
O Universo Simbólico do Tarô

Para reflexão:

“O homem não é importante pelo seu ego ou por sua personalidade,


o homem é importante, porque como alma, ele é parte de Deus”.

Paramahansa Yogananda

“A coisa mais bela que o homem pode ter e a experiência do


mistério; é esta a emoção fundamental que está na raiz de toda a
ciência e arte. O homem que desconhece esse encanto, incapaz de
sentir admiração e estupefação, esse já está por assim dizer, morto,
e tem os olhos extintos”.

Albert Einstein

"Lembrem-se que vocês vivem um tempo excepcional em uma época


única, e que têm essa grande felicidade, esse incalculável privilégio,
de estarem presentes ao nascimento de um novo mundo". Sri
Aurobindo

“Seja a revolução que você quer ver no mundo”. Mahatma Gandhi

“Não existe caminho para a paz, a paz é o caminho”. Mahatma


Gandhi

Rosana Ortiz
55
O Universo Simbólico do Tarô

13. Síntese dos arcanos maiores de 16 a 21:


Arcano Palavras-chave Mitologia Partes do Sim ou Tempo
Grega Corpo Não?
16 – ü Abrir a mente para Deus Cabeça Não 7 meses
A Torre outras possibilidades Poseidon Ossos ou
ü Queda Coluna julho
ü Ruptura Vertebral
ü Perdas bruscas
ü Perda de afeto
ü Problemas
financeiros
17 – ü Criatividade Caixa de Mãos Sim 8 meses
A Estrela ü Proteção Espiritual Pandora Alergias ou
ü Otimismo agosto
ü Beleza
ü Esperança
ü Soluções
ü Luz
ü Despojamento
ü Humildade
ü Alegria
18 – ü Sem alicerces Deusas: Órgãos Dúvida 9 meses
A Lua ü Más influências Ártemis Genitais ou
ü Obscuridade Cibele Femininos setembro
ü Mágoas Diana Mente
ü Vulnerabilidade Selene Terceiro Olho

19 – ü Luz Deus Apolo Coração Sim 10 meses


O Sol ü Sucesso ou
ü Essência outubro
ü Beleza
ü Contentamento
ü Lealdade Felicidade
ü Vitória
ü Riqueza
ü Amor
20 – ü Uma Revelação Deus Coxa Existe 2 meses
O ü Cobranças Familiares Hermes Fígado muita ou
Julgamento ü Avaliações Quadris cobrança fevereiro
ü Despertar da Vesícula , tire
Consciência mais
ü Um Chamado uma
Evolutivo carta

21 – ü Vitória Hermafrodito Não há Sim 3 meses


O Mundo ü Arcano Feliz ou março
ü Realização Plena
ü Ajuda do Universo
ü Contato com o Eu
Superior
ü Símbolo da Perfeição

Rosana Ortiz
56
O Universo Simbólico do Tarô

Definição

dos

Arcanos Maiores

da Torre

ao

Mundo

Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

16. A Torre (segundo Betoh Simonsen)

Uma torre sendo atingida por um raio que lhe arranca o topo coroado;
duas pessoas, o senhor e o servo caindo. Destruição de nossos projetos
que já cumpriram suas funções ou não atingiram força cinética de
sustentação; decepções e queda de nossas fantasias sem base real;
liberação de nossos bloqueios e abertura de nossas defesas, mudança de
paradigmas.

Muitos procuram se proteger isolando-se em uma torre de marfim. Ou


procuram se apoiar excessivamente em um relacionamento ou projeto de
vida, ou procuram isolar-se para evitar contatos pelo medo do sofrimento
e incertezas.
Nossa alma parece uma criança, não gosta de
coisas paradas ou estagnadas. Se nos falta a
habilidade ou disposição para continuamente
oferecermos ou até mesmo reconhecermos novos
projetos que possibilitem uma expressão de
nossos seres interiores, nossa alma pode se
desinteressar pela brincadeira, retirando sua
chama, ou, muito melhor, provocar uma mudança
dramática no jogo, criando com este choque pelo
menos uma oportunidade razoável para nosso
despertar.

Quer estejamos consciente ou não, temos um


compromisso com o Criador, de focalizarmos
nossas melhores energias na concretização de
nossos sonhos que estejam alinhados com a
16. A Torre energia do Centro. O resultado até importa menos
do que nossa energia projetada, pois em algum
[Tarô Balbi] tempo, em algum lugar, ela irá aterrissar, se for
firme, intensa e radiante.

Mas, para tanto, precisaremos encontrar coragem e desprendimento


para nos soltarmos de nossos bloqueios e amarras, liberando-nos muitas
vezes de situações viciosas. Normalmente é bastante difícil aceitarmos as
perdas, as mudanças e decepções; mas é sempre importante para que
possamos estar preparados para novos passos sem a escravidão do
passado. O raio é uma energia dinamizante e libertadora do passado; é
uma energia que vem dos céus. Tenhamos este reconhecimento, por mais
destruidor que pareça. Ao lado de seu aspecto destruidor, traz a semente
do novo.O Carro junto com a Torre sugere a libertação e destruição de
antigos padrões e manifestação do novo.

Rosana Ortiz
58
O Universo Simbólico do Tarô

16. A Torre

Tarô Aquariano
O Arcano XVI, A Torre, representa a descida da Força através da Árvore da Vida. O Raio
percorre os vários aspectos da Árvore da Vida de Kether a Chokmah, Binah, Chesed,
Geburah, Tiphareth, Netzach, Hod, Yesod até atingir por fim Malkuth, sephirah do
mundo material.
A Torre representa a destruição da matéria pelo Fogo. Pode representar a destruição do
nosso corpo físico, personalidade, estruturas que criamos na nossa vida ou das estruturas
que nos rodeiam como membros de uma sociedade. O Raio confronta-nos com a mudança,
com a destruição. Quanto maior for a nossa resistência mais difícil será a transição. Aceitar a
mudança é o preço da verdadeira liberdade.

A Torre representa a destruição. Quando algo precisa de renovação e nada está a ser
entendido, nada está a ser feito, o nosso Eu Superior que, sem apego ao Ego, não perde de
vista o GRANDE OBJETIVO, decide demonstrar a necessidade de mudança provocando-a.

Para a mudança ou evolução interior torna-se inevitável abrir caminho exteriormente para
que o percurso continue, livre de apegos. Então, todos os alicerces são abalados, o material
é destruído provocando um certo desequilíbrio. É, no entanto, uma mudança renovadora e
evolutiva. A forma como se nos depara é que poderá provocar algum sofrimento.

Ao atingir A Torre, o Viajante é confrontado com um grande desafio. Pede-se que destrua
as antigas estruturas, aquilo que comodamente estava estabelecido.

É o Universo que responde ao seu desejo interior de mudança, no entanto viver essa
experiência pode ser muito perturbador. O homem livre aceita a mudança, pois não tem
apegos. E o Viajante sabe que para ser livre terá de destruir, abandonar, para que a
renovação aconteça na sua vida.

Destruir para construir: A Torre.

Rosana Ortiz
59
O Universo Simbólico do Tarô

17. A Estrela (segundo Betoh Simonsen)

Dos pontos que recebemos maior quantidade de impressões, os mais próximos


e diretos são o Sol e a Lua. Mas quem já não ficou maravilhado com a beleza de
uma noite estrelada, com a sensação de imensidão, de profundidade e de
unidade? Nesses momentos, parece claro que o Universo canta e, se estivermos
bem abertos, poderemos receber uma mensagem.
Imagine que...
...de toda esta imensidão, em perfeita harmonia
exista um ponto, talvez apenas uma estrela, que seja
um foco de conexão maior.
...que este ponto seja o foco orgânico de
manifestação de nosso Espírito...
...que haja um grupo, talvez um pequeno grupo de
estrelas, eventualmente apenas oito, que seja o foco de
nossas almas companheiras, visíveis e invisíveis...
...que a todo o momento recebemos orientações,
intuições, direcionamentos, padrões de freqüências,
sendo apenas necessário que possamos nos abrir e
permitir este contato.

Este arcano mostra uma mulher despida, com um pé no


17. A Estrela lago e o outro em terra firme, com dois jarros
derramando um líquido; um jarro sobre a água, que
[Tarô Balbi] derrama uma quantidade maior e outro que derrama
uma quantidade menor sobre a terra.
Podendo imaginar que a água representa nossas emoções e a terra nosso lado
racional, poderemos ver que a intuição alimenta com maior abundância nossos
sentimentos, emoções e imaginação, desde que estejam tranqüilas como um
lago; mas também derrama energia no lado racional. As estrelas mostram as
conexões cósmicas.

Uma pergunta que me fazem sempre é como poderemos perceber se é uma


intuição real ou uma ilusão a impressão que nos chega. Bem, a resposta final
será quando conseguirmos perceber a assinatura de freqüência daquela ideia,
que é uma sensação muito sutil de leveza, confiança e certeza internas.

Enquanto isso poderemos confiar em nossos sentimentos temperados por nossa


razão, procurando passar por um processo de aceleração, como indicado na
carta do Julgamento.

Quando aparece a Estrela em uma leitura, ela nos mostra que poderemos
confiar naquele caminho, naquela ideia ou no que aquela pessoa está sugerindo
ou representando. É, também, uma carta de esperança. Indica, também, trocas
de energias inter-dimensionais.
Os Enamorados, complementando a Estrela, nos aconselha a ouvirmos a voz
de nosso interior e de nossa criatividade, acreditarmos nela, efetuarmos a
decisão e a colocarmos em prática.

Rosana Ortiz
60
O Universo Simbólico do Tarô

17. A Estrela

Tarô Aquariano

A Estrela, Arcano XVII, é a carta da Saúde. O Viajante aprende, através da Meditação, o


que deverá fazer para que a saúde mental, física e espiritual seja preservada. Aprende
igualmente qual a sua responsabilidade em manter saudável a Terra que habita.
Através da introspecção o Viajante consegue agora ver a verdade, entende a sua própria
natureza assim como o lugar que ocupa no Universo.

A Estrela é a Inteligência Natural, a Inteligência da Mente Universal manifestando-se no


interior de cada um. Ao ouvir a sua voz, o Viajante aprende a relacionar-se pacificamente
com a natureza, pois sabe que tudo é uma e a mesma coisa.

O caminho do Viajante não tem sido fácil. Várias vezes as suas convicções foram abaladas
para darem origem a uma nova verdade, várias vezes a sua vida foi despojada de tudo para
abrir espaço à renovação. Mas através destas experiências o Viajante cresceu, fortaleceu-se
e agora ao atingir o Arcano XVII, ele brilha pois encontrou o início do caminho da Verdade.
Sabe que pertence à Terra mas que também pertence ao Céu e aprende a confiar.

A Estrela representa a intuição que deverá ser seguida para que, conscientemente, se possa
atuar sobre a Terra, o habitat de quem tem corpo. Deixar que a voz interior, que sempre nos
guia, seja ouvida. Entender que parar para ouvi-la, acreditando, é o processo certo de
prosseguir o caminho.

Meditar. A Estrela guia cada um, sabendo quais são os objetivos para além do visível.

Basta confiar e fazer silêncio. A voz nunca se calará. É esta a carta de A Estrela.

Rosana Ortiz
61
O Universo Simbólico do Tarô

18. A Lua (segundo Betoh Simonsen)

Temos neste arcano, a representação de um lago; de um caminho que relaciona


o lago com a montanha; dois cachorros ou lobos; duas torres; um caranguejo e a
própria Lua, gotejando o que pode ser sangue.
O lago, em termos psíquicos, pode representar o território de nossas emoções;
o caminho conectado com a montanha, nosso consciente; as torres nossos
projetos; os lobos ou cachorros, nossos censores e o caranguejo uma espécie de
mouse ou foco de atenção.
Ficava com peninha de o caranguejo ter que subir a estrada,
quando me lembrei que ele anda para trás, lidando com assuntos
passados na medida em que entra no lago das emoções.
Se pensarmos que cada vez que temos uma frustração não
integrada, sonhos não realizados ou mal resolvidos, paixões e
emoções intensas não harmonizadas e isto provavelmente por
varias vidas, poderemos ver como nosso ser está fragmentado e o
trabalho que teremos para juntar nossos cacos. Felizmente, todos
estes focos criam padrões intermitentes de manifestação, trazendo
situações da mesma freqüência para que possam ser curados, o
18. A Lua que nem sempre fazemos. Uma das funções da Lua é ser guardião
[Tarô Balbi] de toda nossa bagagem psíquica e ciclicamente trazê-la à nossa
consciência. Enquanto não fizermos isto, estaremos perdendo
energia e vitalidade, simbolizadas pelas gotas de sangue.
A Lua funciona também como filtro de impressões. Se imaginarmos que tudo
que os outros emanam a nosso respeito, bom ou mau, chega ao nosso campo
áurico, poderemos imaginar o quanto nossa percepção consciente estaria
sobrecarregada, se tivesse acesso direto a todas estas impressões. Mas estas
impressões não se perdem, ficam armazenadas no limiar de nossa consciência, até
que nos posicionemos em relação a elas, com a atenção equilibradora do
Hierofante, o que nem sempre fazemos; tendo como conseqüência a energia
psíquica não trabalhada caindo de vibração, criando uma espécie de poluição. De
outro lado, também não gostaríamos que os outros soubessem tudo o que
pensamos e sentimos a seu respeito, e a função da Lua atua como filtro também
nesse sentido. Não deixa de ser uma forma de proteção.
Ela modula aquilo que queremos passar ao nível da receptividade de quem está
recebendo. Nem sempre é saudável passarmos todas nossas impressões sobre os
outros ou toda a informação que temos disponíveis e precisamos sintonizá-la com
quem a recebe.
Representa também a função da imaginação e visualizações e estamos cada
vez mais conscientes como esta função é importante na criação de nossa realidade
e nas comunicações intra-psíquicas.
Gostaria de relatar uma historia ocorrida há alguns anos. Estava participando de
um seminário onde o orientador estava conduzindo um trabalho de visualizações.
Visualizamos nossa casa, que na época estava a uns 300 km do local do
evento, com suas mobílias, compartimentos, etc., quando ele pediu para nos
comunicarmos com alguém da família. Pensei em ir ao quarto de minha filha, na
época com três anos, que naquele momento deveria estar dormindo, e qual minha
surpresa, em minha fantasia ela antes veio até mim e me perguntou o que estava

Rosana Ortiz
62
O Universo Simbólico do Tarô

fazendo lá. O mais interessante é que no dia seguinte, quando efetivamente fui até
lá, ela me perguntou se não estivera na noite anterior lá. Este limiar entre mundo
mágico e concreto, muito percorrido em todas as formas de magia, é simbolizado
pela Lua.
Ainda dentro deste rico arcano poderíamos falar de canalizações. Sem entrar em
grandes detalhes, que não é o objetivo aqui, estou convencido que sempre existe
uma relação entre a energia que está sendo contatada e a psique de quem está
servindo de canal.
É importante percebermos isto para evitar uma atitude excessivamente crédula,
que poderia ser perigosa, ou excessivamente cética, e poderia eventualmente nos
fazer perder uma boa oportunidade. Sugiro nos ocuparmos mais com a qualidade
da informação. Para isso, poderemos confiar em nosso discernimento e
sensibilidade do que nos preocuparmos com autoridade do comunicador; inclusive
porque, particularmente, se for uma força de manipulação, ela procurará se
encaixar em nossas melhores expectativas quanto às suas credenciais. Sugiro
recebermos todas as informações com respeito e prudência, conscientes de que
nada substitui a sinalização de nossa voz interior.
A Lua com o Hierofante falam sobre a integração do princípio do equilíbrio em
meio de situações dinâmicas ou de incertezas e o poder de visualização ou
imaginação ativa nos processos de resolução de nossa realidade, atuando ativa ou
passivamente.

18. A Lua

Tarô Aquariano
O Arcano XVIII, A Lua, é o caminho que liga as emoções e o psiquismo, Netzach, ao corpo
físico, Malkuth. É o momento em que tudo aquilo que foi aprendido em A Estrela se
manifesta no mundo físico. O conhecimento atingido através do encontro espiritual incorpora
no corpo, criando um corpo de Luz.
Com a Lua os obscuros aspectos do Eu são libertados. É a ultima iniciação da escuridão, é a
ultima morte simbólica. Com a Lua, o Viajante liberta as suas memórias. A Lua simboliza o
inconsciente, o desconhecido, traz à tona os fantasmas do passado, o medo e a ignorância. O
que não se sabe é sempre sentido com algum temor. Há que prosseguir confiante, iluminando
cada ponto escuro com a luz da razão.

O Viajante observa um futuro assombrado pelos fantasmas do passado. Os medos estão


acordados e mostram-se em visões de terror. Mas basta perceber que o escuro é somente a
ausência de luz. Que cada um tem em si a Luz e sabedoria capazes de iluminar e ver o que
parece tão escondido. Trazer à tona os medos e observá-los à luz do Sol. O lobo mau é
somente um cão que uiva porque está assustado.
O Viajante aprende a lição da Lua.

Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

19. O Sol (segundo Betoh Simonsen)

Centro, magnetismo, radiância, calor, franqueza, lealdade, poder natural.

Na carta do Taro, em quase todos os baralhos, além da representação do


astro-rei, temos ou dois gêmeos ou uma criança em cima de um cavalo
branco, um girassol e uma pequena mureta.

Em relação aos gêmeos, existem varias


mitologias que tratam deste tema. O gêmeo
moral e o imortal, o terrestre e o celeste, o
lunar e o solar. Juntos tornam-se poderosos,
separados estão fracos. A criança interior, nossa
auto-imagem semi-consciente muitas vezes
ferida e magoada, precisa ser curada e
integrada à nossa criança solar, a verdadeira
expressão de nossos “eu profundo” em nossa
realidade, criando a possibilidade de sermos o
centro de nosso mundo, naturalmente.

O cavalo branco é outra expressão de nosso


subconsciente em processo de integração com
nossa essência. O rei Leão, o rei Artur e outros
temas falam sobre o despertar do rei que há em
nós para que todo o reino possa ser beneficiado.
19. O Sol
A volta de Cristo redime a crucificação e anuncia
[Tarô Balbi] a exteriorização do Reino dos Céus. Os justos
serão abençoados.

A pequena mureta demarca seu território, como defesa, mas


principalmente para evitar o orgulho, a “hibris”. Se for verdade que sou o
centro de meu mundo, ou pelo menos posso me tornar o centro de meu
mundo, isto é verdade também para cada foco de consciência divina, o que
também se estende para outros reinos da natureza, como parece indicar a
presença do girassol. Sua força, além de estar associada com a
demonstração de nossos seres verdadeiros, está relacionada com diversas
atividades atribuídas à luz como, clarificar, esclarecer, revelar, lançar uma
nova luz sobre o tema, está claro, nossos olhos são a luz de nossa alma; e
com a visão, pois só podemos enxergar bem, tanto no mundo físico quanto
o não físico, quando as coisas se tornam claras.

Todas as mesquinharias, sensações e emoções confusas e distorcidas,


maledicências, ações sorrateiras e diversos subterfúgios, se dissolvem em
sua presença, o que faz uma pessoa franca e direta ter muitos inimigos,
nem sempre declarados.

O Sol com o Imperador, mostra aquela liderança natural, não forçada, que
brota de uma real capacidade e muitas vezes revelam uma grande nobreza
de alma.
Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

19. O Sol

Tarô Aquariano
O Sol, Arcano XIX, representa o 30º caminho da Árvore da Vida, o caminho que integra o
subconsciente, Yesod, e a mente intelectual, Hod. A Luz Universal iluminou a mente
subconsciente doViajante, e através da razão os seus significados foram entendidos.
O Sol representa o casamento divino dos opostos. O símbolo do Sol é o símbolo alquímico do
Ouro. O Ouro é o mais durável e precioso dos metais, o casamento divino é eterno. O
símbolo desta união é o eterno ciclo do Ouro.

O Viajante esteve mergulhado na escuridão mas agora sabe que esta é temporária, pois só
representa a ausência da Luz. Integrou o bem e o mal, pois reconhece a divindade por detrás
de todas as coisas. Mudou inteiramente a sua forma de viver. Sabe que para ser feliz é
preciso ter fé, pois através dela poderá transformar o mundo.

Com O Sol é atingido o estado de realização ou plenitude através de um contacto estreito


com a nossa essência. Desaparece o estado de desarmonia perante o conflito dos opostos, e
instala-se a calma e plenitude de quem está centrado na essência, sem se deixar abater por
emoções descontroladas.

É uma carta de União, de Amor, de Realização.

Os momentos de êxtase que provém deste estado recordam a alegria divina, a essência ou
o contato com esta alegria é a carta O Sol dos Arcanos Maiores.

Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

20. O Julgamento (segundo Betoh Simonsen)


A imagem mostra algumas pessoas saindo de túmulos, com um anjo tocando uma trombeta que
carrega o símbolo de uma cruz templária, anunciando uma vida de novas oportunidades e
possibilidades.
Algumas pessoas atribuem a esta carta o sentido de julgamento no sentido tradicional católico, o de
que estaremos sendo julgados pelos nossos pecados.

Quando percebemos nossas vidas e nossos corpos como separados,


estamos presos e fechados em nossas armaduras psíquicas, estamos presos
em nossos infernos auto-criados.
Minha compreensão está distante desta linha e mais alinhada com a dos
antigos gnósticos... Primeiro, podemos nos lembrar daquela expressão antiga
de que nossos corpos podem ser túmulos ou templos de luz divina,
dependendo de como vibrem. Podemos também nos lembrar que os sons
podem ser poderosos aceleradores e harmonizadores de nossas vibrações, e
o anjo mostra esta dimensão do sagrado.
Finalmente, uma informação que ainda não está muito difundida, os
templários rejeitavam a ênfase na crucificação e enfatizavam a ressurreição,
que é justamente a fusão com nosso corpo de luz. Sintetizando, este arcano
fala da aceleração e transmutação de níveis de energias.
20. O Julgamento

[Tarô Balbi]
O som é o poder do Verbo, da criação, da transmutação e de liberação. Ouçam... o som das
cigarras! Este é o som das estrelas, que ativa a glândula pineal, que ajuda nossa abertura para a
consciência cósmica. Com este som você pode aumentar sua freqüência, e se você se sente
incomodado, pode ser um sinal de que está resistindo a mudar.
Em uma leitura normal, este arcano pode estar simplesmente dizendo que aquele assunto tratado
provavelmente vai melhorar. Muitas vezes, na vida em geral ou mesmo em um grupo de trabalho
psíquico, há uma queda de freqüências. É claro que cada pessoa tem um campo energético, uma aura,
um conjunto psíquico que interage com diversos níveis de expressões, podendo formar um campo de
grupo. Este campo, assim como os campos individuais, está sujeito a constantes interferências, às
vezes harmônicas e às vezes desarmônicas, de acordo com as ressonâncias empáticas ou aberturas
dos participantes.
As energias dos planos sutis na maior parte das vezes não atuam diretamente em nosso plano, mas
através de nossas aberturas e forças. Quais são nossas brechas mais freqüentes, através das quais
outros seres se alimentam de nossas energias? Nossas culpas, nossos medos e nossas fixações.
Quando caem nossas freqüências, podemos reacelerá-las meditando, orando, respirando
profundamente em nossas emoções, nos movimentado ou agindo.
Primeiro, observamos e aceitamos o que está ocorrendo e, depois atuamos de uma ou mais das
maneiras citadas, ou outras, como cantar, pintar ou dançar. De qualquer maneira, a aceitação de nosso
vazio e não sua negação é necessariamente o ponto de partida. Uma dica: nossos medos devem ser
enfrentados com ação e não com pensamentos; nossas culpas transmutando-as em sentido de
responsabilidade através de uma compreensão profunda de como temos sido manipulados e de uma
maior suavidade para conosco e nossas obsessões através de um trabalho de nos sentirmos centrados,
de estarmos bem conosco e da criação de certo silencio interior. Quietude e movimento,
simbolicamente a montanha e o vento, com uma cachoeira, é claro.
O Julgamento junto com a Imperatriz mostra como manter nossas forças naturais em um nível
elevado, perfeitamente em sincronia com as forças planetárias e humanas, permitindo-nos acesso a
uma fonte inesgotável de alegria, leveza e poder magnético.

Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

20. O Julgamento

Tarô Aquariano

O Julgamento é o XX Arcano do Tarô. É o 31º caminho da Árvore da Vida ligando Hod,


Inteligência Divina, a Malkuth, o corpo físico. Através deste caminho a Inteligência Divina
penetra a matéria elevando a sua vibração, criando um corpo de Luz.
Em O Julgamento o Anjo toca a trombeta anunciando o Juízo Final. A união dos opostos é
consumada, Os Enamorados estão unidos. Acabou o sofrimento da separação. No encontro
com o Absoluto é feito um balanço da vida passada, num ato de desapego total direcionado
para a Ascensão. Tudo surge e é visto com a clareza da Consciência Universal.

Este é o caminho de regresso à perfeita União, o caminho do desapego da vida material que
permite ascender ao mundo da Luz.

A chama da Luz transforma o Viajante que observa a sua própria existência num exame de
consciência sem culpas.

Sabe ser eterno, pois é a Luz.

Sabe poder criar o seu próprio universo à imagem da Luz, pois é ele próprio Criador.

Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

21. O Mundo (segundo Betoh Simonsen)


Existem hoje muitas discussões sobre a era de Aquário, se ela vai chegar ou se já estamos nela, e
sobre qual o seu significado. O fascinante é que estes questionamentos se aproximam muito das
perguntas sobre o Reino no tempo Cristo.
Em Nag Hammadi, no Alto Egito foram descobertos textos gnósticos muito antigos. Eles foram
abertos há alguns poucos anos para estudos, além daqueles que a fundação Jung já tinha em sua
guarda.

Vou fazer algumas citações do excelente livro de Elaine Pagels “Os


Evangelhos Gnósticos”, que falam sobre o Reino: “... Antes, o reino está
dentro de vocês e esta fora de vocês”. Em outro momento, seus discípulos
lhe perguntaram “Quando virá... o novo mundo?” “Não virá porque se espera
por ele; nem por se dizer, ei-lo aqui ou ei-lo ali. Antes, o Reino do pai
espalha-se por toda Terra e os homens não o vêm”.
Jesus viu crianças sendo amamentadas e, disse a seus discípulos: “Essas
crianças sendo amamentadas são como aquelas que entram no Reino”. Eles
lhe perguntaram: “Nós, como crianças, entraremos no Reino?”. Jesus lhes
respondeu: “Quando tornarem o dois um e o exterior como o interior, e o que
está em cima como o que está em baixo, e quando tornarem o masculino e o
feminino uma coisa só... então haverão de entrar no Reino”.
1. O Mundo

[Tarô Balbi]
Podemos perceber então, um estado de consciência transformada, trabalhando experiências muito
atuais como a integração de polaridades (masculino e feminino uma coisa só), a possível integração de
mente e coração (o dois um), as inspirações, revelação e analogias de freqüências, ou seja, a
experiência da multidimencionalidade (o que está em cima como o que está em baixo) e a relação
muito maior do que supúnhamos entre o exterior e o interior, entre o objetivo e o subjetivo, o que
percebemos e realizamos fora a sua conexão com o que está dentro e vice-versa. Todo este estado de
consciência está associado na percepção de muitos com a era de Aquário.
É claro que a carta do Mundo se refere a este estado. Temos uma mulher ou um ser andrógino no
centro apenas com um véu ou uma grinalda, que não deixa de ser uma serpente estilizada e quatro
seres no canto representando os quatro elementos. É a dança da criação.
Quando atingimos este estado, nada mais acontece por acaso ou por acidente. Está tudo
relacionado. Seremos aqueles que Gurdjieff chamou de homens de destino. Através de sincronicidade,
sensibilizações e exteriorizações de nossas disposições internas estaremos conectados com a rede de
consciência universal, perceberemos um universos pulsante e vivo em vários níveis, literalmente cheio
de cores, sons e propósito. Será tudo muito intenso.

Em um nível mais mundano, quando tiramos esta carta pode significar simplesmente que
iremos realizar exteriormente aquilo que esta passando em nosso interior.

As cartas do Mundo e da Alta Sacerdotisa se complementam, pois existem pessoas muito


poderosas que conseguem realizar muitas coisas; a voz, a caneta e outras formas de
expressão têm uma força fantástica. Em certa medida, realizaram a carta do Mundo. Porém
estas pessoas podem não ter a compaixão, de forma que suas ações beneficiem ao planeta e
às pessoas, sendo, portanto necessário serem temperados com a força da Alta Sacerdotisa. O
contrário é também verdadeiro: existem pessoas muito sensíveis e compassivas, mas não
tem o poder de realização. A força do Mundo é necessária.

Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

21. O Mundo

O Mundo é o XXI Arcano. O Louco chegou ao fim da sua viagem.


No centro está uma figura de mulher, nua. Contém em si a dança cósmica, o perpétuo
movimento de expansão e contração, o eterno regresso à Fonte. O seu corpo está envolvido
por uma serpente, símbolo de sabedoria e uma perna cruzada sobre a outra formando um
quatro, tal como o Enforcado.

Em cada um dos cantos está uma cabeça (águia, leão, touro e homem) correspondendo aos
Arcanos Menores: Espadas, Paus, Copas e Ouros.

Simbolizam igualmente estas quatro figuras o poder dos quatro elementos: Fogo, Terra, Ar
e Água e das quatro direções: Norte, Sul, Leste e Oeste.

Ao atingir o Arcano XXI, o Viajante fecha o ciclo da sua grande viagem. Ele aprendeu a
materializar de acordo com a sua verdade espiritual.

Está centrado, mantendo em harmonia, corpo, mente e espírito. Entende a lei da causa e do
efeito.

E, mais importante que tudo , sabe que o objetivo da sua viagem é o retorno à essência, o
contato com o Eu Superior, o saber que somos todos UM.

Rosana Ortiz
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O Universo Simbólico do Tarô

Bibliografia
A Cabala Mística, Dion Fortune, Editora Pensamento-Cultrix,
1987
A Iniciação do Mago, Celina Fioravanti, Editora Aquariana,
1995
Curso de Tarô, Betoh Simonsen, 1991
Jung e o Tarô, Uma Jornada Arquetípica, Editora
Pensamento-Cultrix, 1988
Os Arcanos Maiores do Tarô, Ensinamentos de G.O.Mebes,
Editora Pensamento, 1993
Tarô Mitológico, Liz Greene E Juliet Sharman Burke, Editora
Arx, 2003
Tarô da Saúde, Celina Fioravanti, Editora Ground


"Para ser grande, sê inteiro; nada teu exagera ou exclui.
Sê todas as coisas.
Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha.
Porque alta vive”.
Fernando Pessoa

Rosana Ortiz
70

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