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Binah-Entendimento
"O olho que vês não é olho para que o vejas: é olho porque te vê", escreve
Antônio Machado, confirmando o dito de Jesus compilado por Tomé no texto
gnóstico.
Zajar, "macho", possui as mesmas letras que ‘zjar’, "recorda"; ao passo que
"feminino" ou ‘nekebá’ está em relação com ‘nakab’, "nomear", "assinalar",
"designar".
Aquilo que a Sabedoria "recorda" — Platão dizia que todo conhecimento não
é senão anagnórisis, quer dizer, "reconhecimento" —, o Entendimento,
Binah, o assinala, o encarna, o revive.
Nosso hemisfério esquerdo, ao qual se atribui o discurso lógico, atua num
regime de transferência em série, ao passo que o direito atua em paralelo.
Como observa Cari Sagan: "O hemisfério esquerdo vem a ser um
computador digital e o direito um ordenador analógico".
Para fazer com que "o de fora seja como o de dentro", o cabalista procede
então por freqüentes inversões especulares.
Através de leituras cruzadas, atreve-se a seguir as enervações secretas do
texto.
Outro tanto faz o terapeuta quando levanta um diagnóstico sintetizando a
dispersão das dores, somando suas emergências e manifestações.
Tratando, para curar, de restituir ao corpo sua funcionalidade unitária.
Desde seu início, a Árvore Sefirótica se ordena por pares complementares
para mostrar-nos que, embora a dualidade forme parte de um só
organismo, sua manifestação imanente constitui o campo rítmico de nossa
dança.
O orvalho deverá percorrer, seguindo o traçado do relâmpago, as trinta e
duas sendas, assistindo com sua graça de ressurreição o alto e o baixo, o
próximo e o distante; promovendo a mudança (‘metabole’, palavra grega
que indica, num contexto espiritual, "transição", "desprendimento da velha
pele e aparecimento da nova") e, muito especialmente, facilitando a
circulação energética.
Em Provérbios 3,19 se lê o que para muitos cabalistas está na origem das
três primeiras sephiroth: "Foi pela sabedoria (Hokhmah) que o Senhor criou
a Terra, foi com inteligência (Tebuná/Binah) que ele ordenou os céus. Foi
pela ciência (Daató/Daat) que se fenderam os abismos, e por ela as nuvens
destilam orvalho".
Continua