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APRENDIZ MAÇOM

YAN WAGNER PELLIZZARI

PERCEPÇÃO DO MITO DA CAVERNA

CAXIAS DO SUL

2019
INTRODUÇÃO

Neste breve relato farei uma explanação simplificada sobre simbologia e sobre
como ela está presente na nossa vida e na maçonaria.

Baseado em uma visão filosófica há duas maneiras de representar o mundo. Uma


direta, em que objeto se apresenta à nossa frente e a outra indireta, quando o objeto não
pode se apresentar em “carne e osso”. A forma indireta representa o símbolo que evoca
não o objeto de percepção, mas a concepção que temos do objeto, pode ser usado
indiferentemente como “imagem”, “figura”, “ícone”, “ídolo”, “signo”, “emblema”,
“parábola”, “mito”, etc.

O símbolo ideal seria como uma luva que veste perfeitamente a mão do espírito,
dando-lhe a agilidade e eficiência para atuar no mundo, permitindo que ele seja percebido
e compreendido na manifestação do mundo profano.

Símbolos são pontes entre o plano das ideias e a materialização das ideias, neste
trabalho eu escolhi o símbolo do Mito da Caverna de Platão, que na minha ótica é repleto
de luvas, me ajudando a ser melhor no mundo profano.
PLATÃO

Platão, fundador da Academia de Atenas; Platão, aluno de Sócrates e professor


de Aristóteles, é um dos filósofos gregos mais conhecidos e estudados até os dias atuais.
Platão foi o introdutor do método de diálogo em filosofia, com a sua obra A República
que é dividida em 10 capítulos, sendo o capítulo sete O Mito da Caverna, assunto base
para este trabalho.

Os personagens dos diálogos de Platão tratam de diversos temas, em praticamente


todas as áreas da vida, privada ou pública, entre os principais temas encontramos a
política, arte, religião, justiça, medicina, vício e virtude, crime e castigo, sofrimento e
prazer, sexualidade e a natureza humana, amor e sabedoria, entre outros. E mesmo Platão
vivendo no ano de 428 (a.C.), todos seus temas e ideias percorrem a linha do tempo
mantendo-se sempre atuais.

Platão consegue colocar profundidade nos seus pensamentos, desde a época antiga
já sentia dificuldade em aplicar suas ideias com a simbologia direta, visto que na época
da antiga Grécia a linguagem era muito mais rica do que a atual, no entanto já existia tal
dificuldade, relatada por ele.

Quando um pensador tem muita profundidade ele consegue dizer muito em um


pouco espaço, isso é simbologia, diferente do mundo de hoje que falamos muito e
dizemos pouco, onde estamos acostumados ao habito da superficialidade, com línguas
simplificadas e relações sócias rasas.

O Mito da Caverna de Platão é uma demonstração de como podemos sintetizar


tanto conhecimento em um símbolo. Estudiosos propõe que os 24 livros dos diálogos de
Platão podem ser resumidos neste mito, que se encontra no capítulo sete do livro A
Republica, de Platão.

Visto a importância e riqueza de conhecimento que podemos encontrar neste mito


vou me deter a sua simbologia, deixando a parte bibliográfica e histórica para outro
momento.
O MITO DA CAVERNA

De uma forma breve o mito relata sobre prisioneiros, que desde seu nascimento
vivem presos em correntes, dentro de uma caverna, e que passam todo o tempo olhando
para a parede ao fundo da caverna, que é iluminada pela luz gerada por uma fogueira.
Nesta parede são projetadas sombras, que são estátuas, representando as pessoas, os
animais, as plantas e os objetos, mostrando cenas e situações do dia a dia. Os prisioneiros
divagam sobre os nomes das imagens (sombras), analisam e julgam as situações.

Vamos imaginar que um dos prisioneiros fosse forçado a sair das correntes para
poder explorar o interior da caverna e o mundo externo. Ele entraria em contato com a
realidade e perceberia que passou a vida toda analisando e julgando apenas imagens
projetadas por estátuas. Ao sair da caverna e entrar em contato com o mundo real ficaria
encantado e surpreso com os seres de verdade, com a natureza, com os animais e tudo ao
seu redor. Voltaria para a caverna para passar toda informação e conhecimento adquirido
fora da caverna para seus colegas ainda presos. Porém, seus colegas só conseguem
acreditar na realidade que enxergam na parede iluminada da caverna, o prisioneiro que
voltou do mundo externo seria ridicularizado ao contar tudo o que viu e sentiu. Os
prisioneiros vão taxa-lo de louco e ameaça-lo de morte caso não pare de contar daquelas
ideias consideradas absurdas.

Este seria o mito em sua forma original escrito por Platão e interpretado por muitos
filósofos. Usei este mito como base principal de meu trabalho e acrescentei alguns
elementos simbólicos que encontrei na maçonaria e que me ajudam no dia a dia de minha
vida profana.

Acrescentei na imagem ilustrativa abaixo representações que não são originais do


mito de Platão, são elas: maçons com seus aventais e luvas, corda de 81 nós e o grande
arquiteto do universo representado como o Sol. Os símbolos originais do mito que estão
representados na ilustração são: a sombra refletida na parede, os homens acorrentados, os
amos da caverna segurando bastões, o fogo, o muro e a caverna em si. Em cima destas
simbologias originais, juntamente com as novas incluídas, farei uma análise sobre o que
este mito representa em minha vida e qual a sua conexão com a maçonaria.
IMAGEM ILUSTRATIVA
MINHA PERCEPÇÃO SOBRE OS SÍMBOLOS

Homens acorrentado:

Representa o homem em sua ignorância total sem contraste nenhum de realidade,


a única consciência que ele tem é a das sombras refletidas na parede, ele já nasceu ali e
permanece no mesmo lugar de sempre, é uma escravidão inconsciente pois ele não sabe
que está preso.

Sombra:

Símbolo muito importante, pois, representa o mundo material, uma mera sombra
que desaparece e aparece a todo tempo. As coisas reais não desaparecem, para melhor
entendimento segue tabela:
critério de realidade
espirito real
matéria ilusão

espirito eternidade
matéria sentidos

O critério de realidade é ser eterno como o espirito, a ilusão representada pelas


sombras é a matéria que é entendida através dos sentidos, como por exemplo: pegamos
um objeto e usamos os sentidos sensoriais para termos a percepção, objeto material ele
não é permanente, exemplo uma tecnologia que hoje está presente e amanhã já não estará
mais.
O mundo material não é negativo, ele simplesmente é projetado no palco da vida
para vivermos experiências, que irão nos ajudar a avançar nossa consciência para um
nível que mais perto do grande arquiteto do universo. Tudo o que vemos no mundo
material é o que não conseguimos ver dentro de nós, devemos compreender as vivencias
do mundo material para trazer para nosso entendimento interno.

Fogo:

O fogo é o que gera as sombras, ele representa os desejos do mundo material, os


amos da caverna estão presos como os homens acorrentados, porque não conseguem
desejar outra coisa que não seja os desejos materiais do mundo profano.
Outro mito que representa isso muito bem é O Mito do Êxito do Peso do Coração
do Morto, onde o homem morre e é levado por Anúbis para ser testado seu valor, se
deveria ir para o “céu” ou para o “inferno”, então existe uma balança onde o coração do
morto é colocado, compara-se o seu peso ao de uma pluma, se o peso for mais leve que a
pluma é porque está cheio de justiça e fraternidade, deverá ir para o céu; se for mais
pesado é porque está cheio de desejos a bens materiais, coisas pesadas devem ir para o
“inferno”.

Amos da Caverna:

Representa os homens que estão livres, que acorrentaram os homens atrás do


muro para fazer uso de sua ignorância, utilizam-se de um espetáculo de sombras para
enganar e manter os prisioneiros em mundo à parte, incitando que ali eles devem ficar e
que discutam sobre as sombras refletidas, como se fosse a única realidade existente, os
amos da caverna não conseguem ver que atuando desta forma se tornam prisioneiros de
si mesmo, o que os prende é muito maior, é tirar proveito da ignorância do homem. Só
alimentam as necessidades da personalidade e esquecem de alimentar as necessidades
espirituais, nunca estarão satisfeitos.

Corda de 81 nos:

Representa o conhecimento passado de um maçom a outro, através do mestre e


discípulo, onde sempre que se houver a necessidade do conhecimento haverá a quem
recorrer, existe uma ligação representada pela corda e firmada pelos nós que nela existe,
o nó é um laço que se firma em cada maçom pela busca da verdade.

A luvas usadas pelos Maçons:

Representa nossa personalidade se ajustando a nossa essência divina, juntando o


que aparentamos exatamente com o que somos, só assim poderemos agir no mundo
profano através do exemplo. O homem sábio é aquele que na sua essência e na sua
aparência corresponde perfeitamente, a mão está muito bem servida para uma luva que
se adequa a ela e tem possibilidade de atuar livremente e cumprir sua missão no mundo.

Luz do Sol:

É a ideia do bem, Platão diz que “só vendo as coisas através da luz do sol poderá
se tornar um sábio”, um homem que não vê as coisas iluminadas pelo sol vê tudo
iluminado pela luz fraca, como uma pequena lanterna que só consegue mostrar o que pode
interessar a ele próprio, há quem passe por uma floresta e só veja lenha para sua fogueira.

Ver as coisas iluminadas pela ideia do bem, olhar para algo e não pensar para o
que me interessa, mas sim como posso servir à ela, interferir para ajudar a levar as coisas
para o bem delas não tirando proveito para seus interesses. A natureza não é boba ela só
se abre e mostra seus mistérios para quem não quer nada dela.

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