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Fundamentos da psicologia analítica ou Vida simbólica( até cap 4)

Psicologia do inconsciente
O eu e o inconsciente
Desenvolvimento da psique

Constelação?
Primordiais?
Símbolos?

Resenha

Resumo
A Psicologia Analítica adota uma perspectiva energética da psique humana. Jung conceitua
a psique e o corpo humano como diferentes níveis de organização de sistemas energéticos, ou
seja, o “psíquico” e o “corporal” sendo ambos movidos por energia, e sendo a mesma
“energia” em cada um destes sistemas.
Assim, a dinâmica psicológica, para Jung, não é movida por uma energia sexual (a libido

freudiana) e sim pela energia comum aos processos vitais.

“A delimitação do conceito de energia psíquica nos coloca diante de certas dificuldades,


porque não temos nenhuma possibilidade de separar o psíquico do processo biológico em
geral.” Jung

Jung não difere a energia dos processos físicos, biológicos ou psíquicos. Assim, a
adjetivação “energia psíquica”, por exemplo, caracterizaria apenas o processo e o uso da
energia naquele determinado sistema.
É fundamental para a Psicologia Analítica a perspectiva evolutiva da psique humana. Jung
acreditava que, ainda mais profundamente, a psique era provida de um inconsciente não
pessoal, coletivo, herdado filogeneticamente como bagagem humana.

“Uma camada mais ou menos superficial do inconsciente é indubitavelmente pessoal. Nós


a denominamos inconsciente pessoal. Este porém repousa sobre uma camada mais profunda,
que já não tem sua origem em experiências ou aquisições pessoais, sendo inata. Esta camada
mais profunda é o que chamamos inconsciente coletivo. (...) contrariamente à psique pessoal
ele possui conteúdos e modos de comportamento, os quais são ‘cum grano salis’ os mesmos
em toda parte e em todos os indivíduos. Em outras palavras são idênticos em todos os seres
humanos, constituindo portanto um substrato psíquico comum de natureza psíquica supra
pessoal que existe em cada indivíduo.” (JUNG, 2000, p. 15)
* ‘cum grano salis’:Com alguma ressalva, reserva.

Logo, segundo a Psicologia Analítica, cada ser humano é único, autônomo, direcionado e
criativo, mas dispõe de um conjunto de sistemas psíquicos, que visam ampará-lo na realização
de sua potencialidade plena e que, parte deste sistema, é patrimônio coletivo, inconsciente,
supra pessoal e apresenta conteúdos universais.
O inconsciente coletivo não deve sua existência à experiência pessoal, não sendo, portanto
uma aquisição pessoal. Enquanto o inconsciente pessoal é constituído essencialmente de
conteúdos que já foram conscientes e, no entanto, desapareceram da consciência por terem
sido esquecidos ou reprimidos, os conteúdos do inconsciente coletivo nunca estiveram na
consciência e, portanto, não foram adquiridos individualmente, mas devem sua existência
apenas à hereditariedade. Enquanto o inconsciente pessoal consiste em sua maior parte de
complexos, o conteúdo do inconsciente coletivo é constituído essencialmente de arquétipos.
(JUNG, 2000, p.53).
Os conteúdos do inconsciente coletivo, denominados “arquétipos”, são tipos arcaicos
primordiais, estruturas do inconsciente impessoal que representam todas as grandes situações
humanas vivenciadas ao longo do desenvolvimento da espécie humana.
Para Jung, o arquétipo funcionaria como um nódulo de energia psíquica potencial, que
quando ativada, expressar-se-ia sob forma de imagens arquetípicas onde teríamos acesso pela
alegoria de um sonho, por exemplo.
O arquétipo em si é totalmente inacessível, mas as imagens arquetípicas podem falar da
ressonância de um arquétipo. Jung considera que intermináveis repetições de certas situações
e experiências imprimiram essas experiências na constituição psíquica, com o objetivo de
poderem ser ativadas na experiência pessoal de cada ser se houvesse essa necessidade.
Quando uma situação energética da psique corresponde ou pode ser equilibrada pela
constelação de um arquétipo, então este é ativado e surge uma compulsão que se impõe a
modo de uma reação instintiva contra toda razão e vontade.

“Afora as recordações pessoais, existem em cada indivíduo as grandes imagens


“primordiais”,(...) ou seja, a aptidão hereditária da imaginação humana de ser como era nos
primórdios. Essa hereditariedade explica o fenômeno, no fundo surpreendente, de alguns
temas e motivos de lendas se repetirem no mundo inteiro e em formas idênticas, além de
explicar por que os nossos doentes mentais podem reproduzir exatamente as mesmas
imagens e associações que conhecemos dos textos antigos. (...) Isso não quer dizer, em
absoluto, que as imaginações sejam hereditárias; hereditária é apenas a capacidade de ter
mais imagens, o que é bem diferente. (...) Essas imagens ou motivos, denominei-os arquétipos
(ou dominantes).” (JUNG, 1981, p. 57)

Embora a estrutura arquetípica seja herdada (no sentido de uma tendência a construir
representações análogas ou semelhantes), a imagem e o uso individual que o ser faria dela em
sua vida psíquica, dependem tanto do dinamismo dado pelo inconsciente coletivo, quanto da
dinâmica pessoal que lhe permita o surgimento.
No entendimento de Jung seria através da imagem arquetípica que a psique coletiva
operaria sua influenciação sobre o psiquismo individual.
O funcionamento arquetípico se inicia a fim de tentar uma nova equilibração psíquica
baseada no funcionamento autônomo do arquétipo. Esta situação é a neurose (quando o ego,
centro regulador da consciência movido pela racionalidade, está sob a influência de fatores
inconscientes) e, em graus muito adiantados, a psicose (quando o ego já não tem mais
nenhum controle sobre a personalidade).

assim como os complexos pessoais têm a sua história individual, também os complexos
sociais de caráter arquetípico têm a sua. Mas enquanto os complexos individuais não
produzem mais do que singularidades pessoais, os arquétipos criam mitos, religiõe s e
filosofias que influenc iam e caracterizam nações e épocas inteiras.” (Grifos nossos. JUNG,
1992, p. 79)

os processos energéticos de balanceamento entre estes níveis psíquicos operam,


segundo Jung, de forma auto-regulada.
Além do desejo, Outros “mecanismos” psíquicos também interferem na dinâmica global
com o objetivo auto-regulador: os SONHOS, a PRODUÇÃO ARTÍSTICA e cultural, a
PARTICIPAÇÃO RELIGIOSA ou social e o próprio impulsivo SINTOMA NEURÓTICO são tentativas
auto-regulatórias da psique.

Para Jung os “(...)sonhos são a reação natural do sistema de auto-regulação psíquica.


(JUNG, 1990d, p. 121) trabalhando com imagens e com a carga emocional dessas sem
nenhuma interferência da consciência e de seus valores.

A análise junguiana do sonho admite a investigação tanto da causalidade quanto da


finalidade deste. Na investigação causal, chega-se a complexos inconscientes que carregados
de energia geram atividades psíquicas. O sonho exerce, então, uma função compensatória de
energia psíquica entre os sistemas consciente e inconsciente oportunizando: reações de
defesa, manifestação de complexos, redução de elementos supervalorizados, valorização de
elementos conscientemente desprezados, etc. A análise da finalidade dos sonhos, partindo do
pressuposto que o inconsciente junguiano dispõe de todo o acúmulo de informações e
sabedoria da espécie ao lidar com determinadas situações típicas, analisa o objetivo do mesmo
que pode ser o de acordar e dirigir, por exemplo. freqüentemente aponta caminhos ou prevê
acontecimentos muito antes da consciência ser capaz de fazê-lo.
Em ambos os casos, quando um sonho é causado por uma vivência pessoal (causalidade)
ou quando cumpre uma finalidade para o sonhador, vemos aí o exercício de funções auto
reguladoras do psiquismo.
Os conteúdos do inconsciente trazem à superfície tudo aquilo que é necessário para a
totalidade da orientação consciente.Se o indivíduo conseguir enquadrar harmonicamente na
vida da consciência os fragmentos oferecidos ou forçados pelo inc onsciente, resultará então ,
numa forma de existência psíquica que corresponde melhor à personalidade individual, e, por
isso, também elimina os conflitos entre a personalidade consciente e inconsciente. É neste
princípio que se baseia a moderna psicoterapia.

A arte representa para a Psicologia Analítica outra possibilidade de autoregulação psíquica

por ter suas raízes no inconsciente coletivo. O efeito regulatório adviria da própria atividade
artística que, além de ser uma produção criativa, constitui-se numa possibilidade das mais
visíveis de simbolização do material reprimido no inconsciente pessoal e da imagens
arquetípicas do inconsciente coletivo.
Jung distingue obras de arte não simbólicas e obras de arte simbólicas. As primeiras fluem
do manancial do inconsciente pessoal, de material reprimido e mantêm seu caráter
regulatório, pois possibilita muito maior transito energético entre os sistemas psíquicos. A arte
com simbologia, a obra de arte propriamente dita, ultrapassa em muito as questões pessoais
de seu autor. Onde o autor não têm domínio sobre a arte, mas sim o inverso. O autor só serve
como canal.
“(...)quem fala através de imagens primordiais, fala como se tivesse mil vozes. Este é o
segredo da ação da arte. O processo criativo consiste numa ativação inconsciente do arquétipo
De certo modo a formação da imagem primordial é uma transcrição para a linguagem do
presente, pelo artista, dando novamente a cada um a possibilidade de encontrar o acesso às
fontes mais profundas da vida que, de outro modo, lhe seria negado.”

A PARTICIPAÇÃO RELIGIOSA
A Psicologia Analítica compreende a religião como fenômeno humano de dimensões
psicológicas profundas.

Jung entende como dinamismos regulatórios da psique tanto a produção arquetípica dos
fundamentos religiosos quanto o tipo de participação que a ritualização dos mesmos permite
ao indivíduo. Ao participar de um mito pela fé (monoteísta, politeísta ou, disfarçadamente,
científica) ou pelo rito de uma organização religiosa, o homem entra em contato com um tipo
de organização que lhe precede a existência e lhe concede a compreensão do sentido da sua
própria existência.

Para Jung a religião era “uma das expressões mais antigas e universais da alma humana”
(JUNG, 1990c, p. 1). Mas de nenhum modo a Psicologia Analítica adota ou privilegia
determinado conjunto de valores religiosos supostamente verdadeiros ou promulgados por
uma igreja qualquer de forma superiormente legítima em relação a outra igreja qualquer.

provável origem da palavra religião uma tradução simples do termo como “re-ligação” e,
a partir daí, perceber a religião como tentativa de re-fazer a reunião do que havia sido
separado, reintegrando uma unidade perdida. Esta religação seria uma tarefa de regulação
psíquica visando o desenvolvimento da psique global.

Concluiu, por tanto, que a religião constituir-se-ia em um dos mecanismos preventivos da


possibilidade de colapso individual frente ao confronto com um símbolo:uma pauta pré-
estabelecida e padronizada de confronto com o numinoso (transcendental) em que as
consciências individuais correriam menos risco.
Podemos encarar a religião, por tanto, como uma forma institucionalizada de evitar riscos
psíquicos a fim de que cada novo membro do grupo humano não tenha que enfrentar,
perigosamente sozinho e desamparado: nem os poderes naturais que desconheça, nem os
sentimentos avassaladores da experiência humana do viver e do morrer, nem o alarmante
esvaziamento de sentido própria existência e nem o medo petrificante do que lhe seja
sobrenatural.

Ainda que grande parte dos riscos psíquicos viessem da própria psique, o homo religiosus
os projetou para fora de si - no mito, e os controlou desde fora de si - no rito.

Para Jung todas as representações religiosas baseiam-se em fundamentos arquetípicos. As


religiões mantiveram vivos dogmas e rituais que representam processos psíquicos de
emergência e/ou vivência dos arquétipos, porém, de forma mais segura.

Podemos concluir que os sistemas religiosos possuem uma função preventiva à catástrofes
psicológicas na medida em que permitem que circule energia entre os diferentes
dinamismos da psique. Outra função bastante relacionada a função preventiva é a terapêutica,
pois os males psíquicos não podem de todo serem evitados, mas podem ser combatidos
quando estão em dimensões ainda recuperáveis do ponto de vista do balanceamento
energético da psique. Portanto, quando os sistemas religiosos tecem significações precisas
para a dor e o sofrimento humanos, estabelecendo para os momentos excepcionalmente
difíceis da vida humana uma possibilidade de entendimento, aceitação e re-significação,
acabam tratando feridas que de outra forma, ou seja, que sem fé, poderiam ser incuráveis.

“O que são religiões? São sistemas terapêuticos. E o que fazemos nós, psicoterapeutas?
Tentamos curar o sofrimento da mente humana, do espírito humano, da psique, assim como
as religiões se ocupam dos mesmos problemas. Assim, Deus é um agente de cura, é um
médico que cura os doentes e trata dos problemas do espírito; faz exatamente o que
chamamos psicoterapia. (JUNG, 1990d, p.168)”

Segundo a Psicologia Analítica os sistemas religiosos organizam experiências que podem


ser consideradas curativas em determinados momentos para determinadas pessoas.
entre as possibilidades curativas do exercício de uma fé religiosa encontra-se: - a re-
equilibração energética entre aspectos ocultos e manifestos da psique individual que
podem ser projetados em aspectos de uma imagem coletiva ou num símbolo, isto é, em
aspectos sentidos como exteriores ao próprio indivíduo; - o sentimento de pertencimento a
uma comunidade religiosa que apóia o indivíduo solitário; - o entendimento do sofrimento
como purificação, libertação ou aperfeiçoamento individual e, assim, o torna suportável e
angaria forças psíquicas para seu enfrentamento e até superação; - as vantagens de atitudes
psicológicas simplificadoras de conflitos e valorizadas religiosamente como o arrependimento
e o perdão das
ofensas; - a mais valia sentida em relação a si mesmo quando o indivíduo percebe-se
instrumento de uma vontade divina, entre outras...

A potencialidade curativa de tais experiências vem do contato que permitem entre a


totalidade da psique individual (consciência e inconsciente) com os símbolos ancestrais da
psique coletiva. Este contato fortalece o indivíduo pois lhe restaura, com segurança, o canal de
comunicação entre o ego e o si-mesmo dispostos no sistema consciente e inconsciente da
psique, respectivamente.

O SINTOMA NEURÓTICO

todos os movimentos energéticos da psique visam, em última instância, recompor o


equilíbrio que permita o desenvolvimento harmônico daquele ser humano
Então podemos entender
que o sintoma neurótico também é mais uma das tentativas autoreguladoras da psique.

a neurose, que é uma tentativa do sistema


psíquico a uto-regulad or de restaur ar o equilíbrio, qu e em nada difere da funç ão dos
sonhos , sendo
apenas mais drástica e pressionadora.

Jung estabelece importantes diferenciaçõesentre as manifestações de


desordem mental conforme o grau de comprometimento da adaptabilidade da pessoa ao
seu mundo e ao grau
de invasão arquetípica no controle das funções da consciência.
A neurose é uma dissociação da personalidade devido à existência se complexos. Ter
complexos é, em si, normal; mas se os complexos são incompatíveis, a parte da personalidade

que é por demais contrária à parte consciente, se separa. E se a fissura atingir a estrutura
orgânica, a dissociação será uma psicose, uma condição esquizofrênica.
Ao invés de sofrer um conflito psicológico, a pessoa sofre de
neurose. Qualquer incompatibilidade de personalidade pode causar dissociação, e uma
separação muito grande entre o pensamento e o sentimento, por exemplo, já constitui uma
ligeira neurose.
Para a Psicologia Analítica quando um desequilíbrio energético se apresenta na forma de
“sintoma”, isso é entendido como a manifestação de uma força, uma tendência ao
aperfeiçoamento daquele ser, em plena atuação. O inconsciente está atuando visando a
recuperação de uma harmonia que permita o crescimento pessoal segundo os interesse mais
íntimos, nem sempre conscientes, daquela pessoa humana. Assim, não é o aspecto destrutivo
ou repressivo do sintoma o seu principal sentido.

São os erros e desvios acumulados ao longo da vida e/ou as extremas dificuldades


vivenciais pela qual passam os pacientes e que não são devidamente simbolizadas é que
rompem o equilíbrio psíquico e acabam por produzir o sofrimento na forma de um sintoma.

“(...) a psiconeurose, em última instância, é o sofrimento de uma alma que não encontrou
o seu sentido.”

Percebemos, por tanto, que a terapia, na visão junguiana, é uma tentativa ativa e
cuidadosa de estabelecimento de uma parceria e diálogo com o cliente a fim de que este se
reoriente em seu próprio caminho. A relação psicoterapêutica tenta investigar profundamente
o inconsciente do paciente, aprofundar o entendimento das vivências geradoras de conflito e
desequilíbrio e tentar estabelecer passos de construção de novos significados, valores e
atitudes mais condizentes com sua realização plena. Plenitude, dentro da Psicologia Analítica,
é a verdade daquela existência. Para Jung a “verdade é aquilo que nos ajuda a viver – a viver
adequadamente.” (JUNG, 1990b, p.288)

Para Jung, por tanto, os mitos relatam os dramas arquetípicos da espécie humana e
podem ser orientadores do psicoterapeuta na busca do significado mais profundo do sintoma
neurótico de seu paciente desenrolado no seu drama particular

Apesar da da singularidade de cada um, as situações pelas quais a singularidade deverá


transcorrer para desenvolver-se são estruturalmente arquetípicas. Antes de qualquer resposta
individual às questões humanas momentaneamente nomeadas como sintomas de uma
patologia psíquica, a aproximação com os grandes temas universais localiza o homem dentro
de sua grande família humana, dimensiona seus problemas como problemas humanos.
No caminho da “cura” significativa, podemos dizer que o terapeuta ajuda o paciente a ler a
metáfora do instrumento que está utilizando. Seja este seu próprio sintoma, um livro, um
quadro ou um sonho. Para Jung um “(...) conteúdo arquetípico sempre se expressa em
primeiro lugar metaforicamente.” (JUNG, 2000, p. 158).

É importante compreender que Jung não pretende de forma alguma “explicar” para o
paciente seu sintoma, ou seu sonho, ou o mito que lhe é semelhante. Ao contrário, só o que é
produzido pela consciência do paciente pode ser usado na reequilibração entre essa mesma
consciência e o inconsciente que se expressa pela metáfora.

O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO
A Psicologia Analítica é, definitivamente, uma psicologia de perspectiva evolutiva. O
referencial que usa para abordar as questões psicológicas fundamenta-se na evolução da

espécie humana. Para a Psicologia Analítica, portanto, cada desenvolvimento individual,


ontogenético, rememora a filogênese de toda a sua espécie.

o inconsciente coletivo é, pois, uma herança da espécie impulsionando e modelando a


possibilidade de desenvolvimento individual de seus novos membros. Contudo, cada novo ser
terá a sua disposição essa estrutura psicológica interativa entre sistemas conscientes e
inconscientes para impulsioná-lo até o ponto de sua maturidade física.

A Psicologia Analítica acredita que a totalidade dos modelos arquetípicos coletivos e dos
processos psicológicos pessoais vividos até ali, visam amadurecer o ser humano para capacitá-
lo para a realização desta conquista (realizar a si mesmo). A este importante momento de
“virada” e “escolha” a Psicologia Analítica designou de “metanóia” e ao longo percurso na
busca da realização plena do existir de “processo de individuação”.
A fim de manter o equilíbrio deste dinamismo(consciente e inconsciente) a psique pode
colocar material inconsciente numa posição de influência ou determinação em relação à
consciência. Isso se dá, pois o material e a experiência psíquica do inconsciente coletivo sendo
muito mais abrangente e anterior a experiência pessoal de um indivíduo, pode lhe ser útil na
solução de suas questões ou problemas de caráter psicológico, colocando-lhe algumas
possibilidades que não seriam produzidas por sua racionalidade.

A individuação é, portanto, um processo de diferenciação cujo objetivo é o


desenvolvimento da personalidade individual.
“A necessidade de individuação é natural, enquanto o impedimento da individuação por
uma normalização exclusiva ou preponderante, de acordo com os padrões coletivos, será
prejudicial para a atividade vital do indivíduo, para a sua vivência pessoal”. (JUNG, 1991. p.
525)

Para Jung a meta da individuação, ou seja, tornar-se si mesmo diferenciado da totalidade


psíquica originária, é uma meta para atingir-se gradualmente e em longo prazo. Por isso a
individuação é considerada um processo em curso do nascimento até a morte
Para atingir este desenvolvimento pleno da personalidade Jung entendeu ser muito
importante que a oposição consciência e inconsciente não se tornassem demasiadamente
rivais ou desprezíveis uma para outras.

A individuação é, portanto, um processo de diferenciação cujo objetivo é o


desenvolvimento da personalidade individual.

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