Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Psicologia do inconsciente
O eu e o inconsciente
Desenvolvimento da psique
Constelação?
Primordiais?
Símbolos?
Resenha
Resumo
A Psicologia Analítica adota uma perspectiva energética da psique humana. Jung conceitua
a psique e o corpo humano como diferentes níveis de organização de sistemas energéticos, ou
seja, o “psíquico” e o “corporal” sendo ambos movidos por energia, e sendo a mesma
“energia” em cada um destes sistemas.
Assim, a dinâmica psicológica, para Jung, não é movida por uma energia sexual (a libido
Jung não difere a energia dos processos físicos, biológicos ou psíquicos. Assim, a
adjetivação “energia psíquica”, por exemplo, caracterizaria apenas o processo e o uso da
energia naquele determinado sistema.
É fundamental para a Psicologia Analítica a perspectiva evolutiva da psique humana. Jung
acreditava que, ainda mais profundamente, a psique era provida de um inconsciente não
pessoal, coletivo, herdado filogeneticamente como bagagem humana.
Logo, segundo a Psicologia Analítica, cada ser humano é único, autônomo, direcionado e
criativo, mas dispõe de um conjunto de sistemas psíquicos, que visam ampará-lo na realização
de sua potencialidade plena e que, parte deste sistema, é patrimônio coletivo, inconsciente,
supra pessoal e apresenta conteúdos universais.
O inconsciente coletivo não deve sua existência à experiência pessoal, não sendo, portanto
uma aquisição pessoal. Enquanto o inconsciente pessoal é constituído essencialmente de
conteúdos que já foram conscientes e, no entanto, desapareceram da consciência por terem
sido esquecidos ou reprimidos, os conteúdos do inconsciente coletivo nunca estiveram na
consciência e, portanto, não foram adquiridos individualmente, mas devem sua existência
apenas à hereditariedade. Enquanto o inconsciente pessoal consiste em sua maior parte de
complexos, o conteúdo do inconsciente coletivo é constituído essencialmente de arquétipos.
(JUNG, 2000, p.53).
Os conteúdos do inconsciente coletivo, denominados “arquétipos”, são tipos arcaicos
primordiais, estruturas do inconsciente impessoal que representam todas as grandes situações
humanas vivenciadas ao longo do desenvolvimento da espécie humana.
Para Jung, o arquétipo funcionaria como um nódulo de energia psíquica potencial, que
quando ativada, expressar-se-ia sob forma de imagens arquetípicas onde teríamos acesso pela
alegoria de um sonho, por exemplo.
O arquétipo em si é totalmente inacessível, mas as imagens arquetípicas podem falar da
ressonância de um arquétipo. Jung considera que intermináveis repetições de certas situações
e experiências imprimiram essas experiências na constituição psíquica, com o objetivo de
poderem ser ativadas na experiência pessoal de cada ser se houvesse essa necessidade.
Quando uma situação energética da psique corresponde ou pode ser equilibrada pela
constelação de um arquétipo, então este é ativado e surge uma compulsão que se impõe a
modo de uma reação instintiva contra toda razão e vontade.
Embora a estrutura arquetípica seja herdada (no sentido de uma tendência a construir
representações análogas ou semelhantes), a imagem e o uso individual que o ser faria dela em
sua vida psíquica, dependem tanto do dinamismo dado pelo inconsciente coletivo, quanto da
dinâmica pessoal que lhe permita o surgimento.
No entendimento de Jung seria através da imagem arquetípica que a psique coletiva
operaria sua influenciação sobre o psiquismo individual.
O funcionamento arquetípico se inicia a fim de tentar uma nova equilibração psíquica
baseada no funcionamento autônomo do arquétipo. Esta situação é a neurose (quando o ego,
centro regulador da consciência movido pela racionalidade, está sob a influência de fatores
inconscientes) e, em graus muito adiantados, a psicose (quando o ego já não tem mais
nenhum controle sobre a personalidade).
assim como os complexos pessoais têm a sua história individual, também os complexos
sociais de caráter arquetípico têm a sua. Mas enquanto os complexos individuais não
produzem mais do que singularidades pessoais, os arquétipos criam mitos, religiõe s e
filosofias que influenc iam e caracterizam nações e épocas inteiras.” (Grifos nossos. JUNG,
1992, p. 79)
por ter suas raízes no inconsciente coletivo. O efeito regulatório adviria da própria atividade
artística que, além de ser uma produção criativa, constitui-se numa possibilidade das mais
visíveis de simbolização do material reprimido no inconsciente pessoal e da imagens
arquetípicas do inconsciente coletivo.
Jung distingue obras de arte não simbólicas e obras de arte simbólicas. As primeiras fluem
do manancial do inconsciente pessoal, de material reprimido e mantêm seu caráter
regulatório, pois possibilita muito maior transito energético entre os sistemas psíquicos. A arte
com simbologia, a obra de arte propriamente dita, ultrapassa em muito as questões pessoais
de seu autor. Onde o autor não têm domínio sobre a arte, mas sim o inverso. O autor só serve
como canal.
“(...)quem fala através de imagens primordiais, fala como se tivesse mil vozes. Este é o
segredo da ação da arte. O processo criativo consiste numa ativação inconsciente do arquétipo
De certo modo a formação da imagem primordial é uma transcrição para a linguagem do
presente, pelo artista, dando novamente a cada um a possibilidade de encontrar o acesso às
fontes mais profundas da vida que, de outro modo, lhe seria negado.”
A PARTICIPAÇÃO RELIGIOSA
A Psicologia Analítica compreende a religião como fenômeno humano de dimensões
psicológicas profundas.
Jung entende como dinamismos regulatórios da psique tanto a produção arquetípica dos
fundamentos religiosos quanto o tipo de participação que a ritualização dos mesmos permite
ao indivíduo. Ao participar de um mito pela fé (monoteísta, politeísta ou, disfarçadamente,
científica) ou pelo rito de uma organização religiosa, o homem entra em contato com um tipo
de organização que lhe precede a existência e lhe concede a compreensão do sentido da sua
própria existência.
Para Jung a religião era “uma das expressões mais antigas e universais da alma humana”
(JUNG, 1990c, p. 1). Mas de nenhum modo a Psicologia Analítica adota ou privilegia
determinado conjunto de valores religiosos supostamente verdadeiros ou promulgados por
uma igreja qualquer de forma superiormente legítima em relação a outra igreja qualquer.
provável origem da palavra religião uma tradução simples do termo como “re-ligação” e,
a partir daí, perceber a religião como tentativa de re-fazer a reunião do que havia sido
separado, reintegrando uma unidade perdida. Esta religação seria uma tarefa de regulação
psíquica visando o desenvolvimento da psique global.
Ainda que grande parte dos riscos psíquicos viessem da própria psique, o homo religiosus
os projetou para fora de si - no mito, e os controlou desde fora de si - no rito.
Podemos concluir que os sistemas religiosos possuem uma função preventiva à catástrofes
psicológicas na medida em que permitem que circule energia entre os diferentes
dinamismos da psique. Outra função bastante relacionada a função preventiva é a terapêutica,
pois os males psíquicos não podem de todo serem evitados, mas podem ser combatidos
quando estão em dimensões ainda recuperáveis do ponto de vista do balanceamento
energético da psique. Portanto, quando os sistemas religiosos tecem significações precisas
para a dor e o sofrimento humanos, estabelecendo para os momentos excepcionalmente
difíceis da vida humana uma possibilidade de entendimento, aceitação e re-significação,
acabam tratando feridas que de outra forma, ou seja, que sem fé, poderiam ser incuráveis.
“O que são religiões? São sistemas terapêuticos. E o que fazemos nós, psicoterapeutas?
Tentamos curar o sofrimento da mente humana, do espírito humano, da psique, assim como
as religiões se ocupam dos mesmos problemas. Assim, Deus é um agente de cura, é um
médico que cura os doentes e trata dos problemas do espírito; faz exatamente o que
chamamos psicoterapia. (JUNG, 1990d, p.168)”
O SINTOMA NEURÓTICO
que é por demais contrária à parte consciente, se separa. E se a fissura atingir a estrutura
orgânica, a dissociação será uma psicose, uma condição esquizofrênica.
Ao invés de sofrer um conflito psicológico, a pessoa sofre de
neurose. Qualquer incompatibilidade de personalidade pode causar dissociação, e uma
separação muito grande entre o pensamento e o sentimento, por exemplo, já constitui uma
ligeira neurose.
Para a Psicologia Analítica quando um desequilíbrio energético se apresenta na forma de
“sintoma”, isso é entendido como a manifestação de uma força, uma tendência ao
aperfeiçoamento daquele ser, em plena atuação. O inconsciente está atuando visando a
recuperação de uma harmonia que permita o crescimento pessoal segundo os interesse mais
íntimos, nem sempre conscientes, daquela pessoa humana. Assim, não é o aspecto destrutivo
ou repressivo do sintoma o seu principal sentido.
“(...) a psiconeurose, em última instância, é o sofrimento de uma alma que não encontrou
o seu sentido.”
Percebemos, por tanto, que a terapia, na visão junguiana, é uma tentativa ativa e
cuidadosa de estabelecimento de uma parceria e diálogo com o cliente a fim de que este se
reoriente em seu próprio caminho. A relação psicoterapêutica tenta investigar profundamente
o inconsciente do paciente, aprofundar o entendimento das vivências geradoras de conflito e
desequilíbrio e tentar estabelecer passos de construção de novos significados, valores e
atitudes mais condizentes com sua realização plena. Plenitude, dentro da Psicologia Analítica,
é a verdade daquela existência. Para Jung a “verdade é aquilo que nos ajuda a viver – a viver
adequadamente.” (JUNG, 1990b, p.288)
Para Jung, por tanto, os mitos relatam os dramas arquetípicos da espécie humana e
podem ser orientadores do psicoterapeuta na busca do significado mais profundo do sintoma
neurótico de seu paciente desenrolado no seu drama particular
É importante compreender que Jung não pretende de forma alguma “explicar” para o
paciente seu sintoma, ou seu sonho, ou o mito que lhe é semelhante. Ao contrário, só o que é
produzido pela consciência do paciente pode ser usado na reequilibração entre essa mesma
consciência e o inconsciente que se expressa pela metáfora.
O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO
A Psicologia Analítica é, definitivamente, uma psicologia de perspectiva evolutiva. O
referencial que usa para abordar as questões psicológicas fundamenta-se na evolução da
A Psicologia Analítica acredita que a totalidade dos modelos arquetípicos coletivos e dos
processos psicológicos pessoais vividos até ali, visam amadurecer o ser humano para capacitá-
lo para a realização desta conquista (realizar a si mesmo). A este importante momento de
“virada” e “escolha” a Psicologia Analítica designou de “metanóia” e ao longo percurso na
busca da realização plena do existir de “processo de individuação”.
A fim de manter o equilíbrio deste dinamismo(consciente e inconsciente) a psique pode
colocar material inconsciente numa posição de influência ou determinação em relação à
consciência. Isso se dá, pois o material e a experiência psíquica do inconsciente coletivo sendo
muito mais abrangente e anterior a experiência pessoal de um indivíduo, pode lhe ser útil na
solução de suas questões ou problemas de caráter psicológico, colocando-lhe algumas
possibilidades que não seriam produzidas por sua racionalidade.