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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA JUNGUIANA


DISCIPLINA: “JUNG, VIDA E OBRA”
PROFESSORA: SIGRID HAIKEL

KARLA PUSTILNICK (Turma 07634 / Ano 2019)

AVALIAÇÃO FINAL - "MEMORIAS, SONHOS E REFLEXÕES"

RIO DE JANEIRO – RJ
2020
AVALIAÇÃO

1. De acordo com Jung, o conceito básico da psicologia analítica é o processo de


individuação. Faça um breve comentário acerca desse conceito.

Para Jung, o processo de transformação interior, que ele chamou de


individuação, ocupa o centro das suas descobertas psicológicas.
Em "Memórias, Sonhos e Reflexões", Jung considera que o ponto de partida
do processo de individuação assemelha-se a um momento em que o indivíduo
sente o acontecer do "processo do inconsciente", em que cada passo dado converge
para o centro do ser, num caminho que conduz à individuação.
Durante os anos de 1918 a 1920, Jung explora a ideia de que a meta do
desenvolvimento psíquico seria a busca pelo 'Si-mesmo', num movimento não linear,
mas circular, na trajetória que denominou “circum-ambulatória”. Considerando que o
inconsciente se transforma ou provoca transformações, Jung explorou a ideia de um
processo no qual as relações do ego com os conteúdos do inconsciente
desencadeariam um desenvolvimento ou a transformação da psique.
Os sonhos e as fantasias individuais permitem observar o processo de
indivuduação no âmbito pessoal. Coletivamente, tal processo se encontraria inscrito
nos diferentes sistemas religiosos e na transformação de seus símbolos. Mediante o
estudo das evoluções individuais e coletivas, e mediante a compreensão da
simbologia alquimista, Jung desenvolveu o conceito do “processo de individuação”,
que considera a base de toda a sua psicologia.
Seguir o caminho da individuação e viver a vida verdadeiramente, não
constitui um caminho seguro; segundo Jung, [...] "esse seria o caminho dos mortos".
Então nada mais acontece e em caso algum ocorre o que é exato. Quem segue o
caminho seguro está como que morto."
No processo de individuação é imprescindível que o indivíduo viva a porção
que lhe cabe e que é somente sua, de forma a aceitá-lo como sua realidade. Trata-
se do processo que gera um um 'in-divíduum' psicológico, ou seja, uma unidade
indivisível, todo. Jung reforça que para haver um avanço dinâmico com abertura e
disponibilidade ao conteúdo do inconsciente coletivo, é necessário que o indivíduo
tenha uma atitude consciente e diga um ''sim'' ao conteúdo do inconsciente, com o
''sacrifício'' do ego diante do Self.
Jung escreveu ainda: [...] “Constato continuamente que o processo de
individuação é confundido com a tomada de consciência do eu, identificando-se,
portanto, este último com o Si Mesmo, e daí resultando uma desesperadora
confusão de conceitos. A individuação não passaria, então, de egocentrismo e
autoerotismo. O si mesmo, no entanto, compreende infinitamente mais do que um
simples eu... A individuação não exclui o universo, ela o inclui.”
O processo de individuação trata da realização do indivíduo em seu 'Si-
mesmo'. Significa se tornar um ser único, na medida em que por ‘individualidade’
entende-se a singularidade mais íntima, última e incomparável do ser. Ou seja, uma
unidade autônoma e indivisível, a nossa unicidade, a forma mais íntima e
irrevogável, a totalidade. A individuação está disponível a todos num processo
dinâmico que se desenrola com a disponibilidade ao conteúdo do inconsciente
coletivo, e como processo contínuo e inacabável, está mais no campo das
possibilidades que da realização plena.
2. O inconsciente, para Jung, tem uma finalidade e é portador de sentido. Escreva,
em poucas palavras, suas reflexões sobre essa afirmação.

De acordo com Jung assim como nascemos com uma a herança biológica,
nascemos também com uma herança psicológica, que seria a base criadora da
psique humana e que foi chamada, por ele, de inconsciente coletivo.
O estudo de Jung surgiu da sua observação, em vários pacientes, que
descreviam sonhos e fantasias que incluíam referências a imagens e conhecimentos
que não faziam parte de suas experiências pessoais, mas que continham figuras e
temas religiosos encontrados em diversas culturas e mitologias.
O inconsciente coletivo, por ser de natureza universal contém a simbologia
universal dos antepassados, suas tradições, mitos e crenças e que formam a
representação coletiva de um grupo. O conteúdo deste inconsciente é inato e se
encontra em todos os seres humanos independente de qualquer manifestação
volitiva. O inconsciente coletivo apresenta elementos comuns, ideias, formas
preexistentes, imagens a priori, chamados de arquétipos que representam o
inconsciente não vivido pelo homem, mas que se altera através das percepções e
entendimento de cada um, podendo assumir nuances de acordo com a consciência
individual na qual se manifesta.
Além do inconsciente coletivo, que estaria relacionado à camada mais
profunda do inconsciente caracterizada pela similitude do homem com todos os seus
iguais independente de quaisquer circunstâncias, Jung classificou também o
inconsciente no âmbito pessoal. Este, o inconsciente pessoal, estaria numa camada
mais superficial e corresponderia aos afetos sentidos e vividos pelo próprio
indivíduo.
O inconsciente pessoal conta com o ego, gerenciador da consciência humana
por excelência, responsável pela estrutura psíquica e ligado à tomada de decisões
dos indivíduos. O ego é para o homem sujeito de identidade pessoal, de modo que
sua função é organizar conscientemente as experiências e impressões internas e
externas. Desta forma, segundo Jung, os sonhos seriam a representação simbólica
de um estado da psique que refletem o padrão mental do indivíduo.
O inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo contaminam um ao outro,
valendo a expressão: "Todo profundamente particular é profundamente coletivo".
Mais recentemente se desenvolveu o conceito de inconsciente cultural, que,
numa representação topográfica, estaria situado entre o inconsciente coletivo e o
inconsciente pessoal.
BIBLIOGRAFIA

JUNG, C. G. Memórias, sonhos, reflexões. Apresentação Sérgio Britto,


Prefácio à edição brasileira Léon Bonaventure; Organização e edição Aniela Jaffé;
Tradução Dora Ferreira da Silva. - [31. ed.] - Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2016.
il.

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