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Anjo da comunicação
Os seres sábios dizem que a visão fica mais clara quando olhamos para
dentro do próprio coração.
Se olharmos apenas para fora, permanecemos num estado de sono sem sonhos.
Se olharmos para dentro, despertamos.
Como seres despertos, vemos “dentro” e "fora",
segundo a voz e a sabedoria do coração.
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ASPECTO DINÂMICO: EIXO EVOLUTIVO E EXPERIENCIAL
Além dos Aspectos Estruturais, que formam o corpo teórico, temos os Aspectos
Dinâmicos, constituídos pelo Eixo Experiencial e Eixo Evolutivo, os quais expressam
os elementos do corpo teórico em uma compreensão dinâmica. Há, em distintos níveis
e graus, uma inter-relação entre eles, a qual traz o suporte teórico às técnicas, à
Didática Transpessoal e à postura do psicoterapeuta, do educador ou facilitador de
Orientação Transpessoal.
Eixo Evolutivo
Eixo Experiencial
REIS
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Em síntese, ao aluno, pedimos a sua atenção para que perceba a clara
distinção entre os tipos psicológicos Junguianos, que são pares de opostos para Jung,
ou seja, as funções racionais estariam separadas em pensamento ou sentimento, e
as funções de percepção estariam separadas em intuição e sensação. Para Jung,
sempre, uma dessas funções, nos pares de opostos, estaria predominando e a outra
seria a função inferior. Mediados segundo as características de extroversão ou
introversão, gerando para ele, a sua tipologia, um dos 16 tipos.
O processo de individualização possibilitaria essa integração. Claro, há um
amplo contexto de teoria Junguiana que não cabe neste momento, mas apenas
clarear sua distinção em relação aos Aspectos Dinâmicos da AIT.
Na Abordagem Integrativa Transpessoal, a proposta é outra. Nosso foco é na
comunicação, na relação consigo, com outro e com o mundo, segundo a qual
propomos que o processo de desenvolvimento evolutivo acontece, mediado pelas
nossas experiências, daí o Eixo Experiencial que se dá desde o início da vida através
do S.E.R. (Sensação, Emoção e Razão) e permite o ser real se expressar com toda a
realeza quando acolhe e integra a Intuição, já presente no nascimento e até antes,
segundo nosso Princípio da Transcendência, e que favorece um desenvolvimento
psicoespiritual atual, saudável, atores do REIS (Razão, Emoção, Intuição e
Sensação), adquirindo características e níveis distintos, desde os mais elementares
até os níveis mais superiores, que serão mediados pela presença e integração
consciente do Eixo Evolutivo, o qual representa os Estados de Consciência.
Como já informamos, neste processo de construção do embasamento teórico,
há aspectos de integração teórica, integração assimilativa e fatores comuns.
O método proposto tem sua especificidade e coerência teórica. Entretanto, é
importante conhecer nossas raízes, a origem em saberes de inúmeros autores que se
debruçaram na perspectiva de trazerem mais luz à grande indagação do ser humano:
- Quem somos nós? Como e para que e por que fazemos o que fazemos?
Como adoecemos, como nos curamos e, sobretudo, para a Psicologia
Transpessoal, como nos aprimoramos e despertamos nossa consciência para esses
níveis mais elevados, de potenciais inimagináveis, ressaltados por tradições e por
muitos teóricos, entre eles, Willian James. Como fazer isso na Psicologia.
Na busca dessa resposta é que nasce, cresce e se desenvolve a Abordagem
Integrativa Transpessoal e a aplicação do seu método.
Assim, honramos e agradecemos a todos os autores que nos antecederam na
busca desse saber e que nos permitem dar mais alguns passos além.
Apresentaremos agora, mais detalhes do que denominamos de elementos do
desenvolvimento psicoespiritual e REIS que envolvem aspectos de conhecimentos
das funções psíquicas de Jung, das formulações da intuição de Assagioli, de aspectos
da emoção e pensamento de Roberto Maturana e de Antonio Damasio.
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Queremos ressaltar que em seu modelo de tipologia, Jung não inclui a emoção.
Algumas definições desses termos, envolve não só Jung, mas outros autores.
RAZÃO (R)
A Razão representa ambas as funções: o sentimento e o pensamento,
indicando um elemento de julgamento seja de ideias, conceitos ou atribuição de valor.
O indivíduo apreende a realidade interna ou externa por intermédio de um juízo
conceitual, por meio da função pensamento (por exemplo, claro/escuro, baixo/alto),
ou de juízo e valor na função sentimento (tais como: gosto/não gosto,
agradável/desagradável) e assim por diante., segundo Jung. São aspectos
importantes da personalidade que tentam compreender e organizar o universo por
meio da reflexão.
Sobre a razão, Jung afirmava:
O homem tem o direito de achar sua razão bela e perfeita, mas nunca
em hipótese alguma, ela deixa de ser apenas uma das funções
espirituais possíveis, e só cobrirá o lado dos fenômenos do mundo que
lhe diz respeito. A razão, porém, é rodeada de todos os lados pelo
irracional, por aquilo que não concorda com ela. Essa irracionalidade
também é uma função, o inconsciente coletivo; enquanto a razão é
essencialmente ligada ao consciente. A consciência precisa de razão
para descobrir uma ordem no caos do universo dos casos individuais,
para depois criá-la pelo menos na circunscrição humana (JUNG, 1978,
p. 63).
RACIONAL: Termo descritivo de pensamento, sentimentos e ações que estão
de acordo com a razão; atitude baseada em valores objetivos, estabelecidos pela
experiência prática. A atitude racional, que nos permite declarar a validade dos
valores objetivos, não é um produto do sujeito individual, mas sim da história humana.
A maioria dos valores objetivos – e a própria razão – são complexos de ideias
firmemente estabelecidas, transmitidas através dos séculos. Inumeráveis gerações
trabalharam na organização delas, com o mesmo empenho com o qual o organismo
vivo reage às condições ambientais típicas e sempre recorrentes, confrontando-as
com complexos funcionais correspondentes, como o olho, por exemplo, corresponde
perfeitamente à natureza da luz... Assim, as leis da razão são as leis que designam e
governam a atitude média, “correta”, adaptada. Tudo o que está de acordo com essas
leis é “racional” e tudo o que as contradiz é “irracional”. Segundo Jung, as funções
psicológicas do pensamento e do sentimento são racionais, porque são
decisivamente influenciadas pela reflexão.
PENSAMENTO: Processo mental de interpretação daquilo que é percebido.
No modelo Junguiano de tipologia, o pensamento é uma das quatro funções usadas
para a orientação psicológica. Como o sentimento, é uma função racional. Se o
pensamento for a função primária, o sentimento será, automaticamente, a função
inferior (“menos desenvolvida”). O pensamento, se for verdadeiramente pensamento,
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e fiel a seu próprio princípio, deve excluir, rigorosamente, o sentimento. Isto,
naturalmente, não invalida o fato de que existem indivíduos cujo pensamento e
sentimento estão no mesmo nível, sendo ambos de igual força motivadora para a
consciência. Nesses casos, porém, também não existe questão do tipo diferenciado,
mas apenas de um pensamento e de um sentimento relativamente não
desenvolvidos, para Jung.
SENTIMENTO: Função psicológica que avalia ou julga o valor de alguma coisa
ou de alguém. O sentimento é uma realidade tão indiscutível quanto a existência de
uma ideia. A função sentimento é a base para as decisões de “luta ou fuga”. Como
processo subjetivo, pode ser bastante independente dos estímulos externos.
Segundo Jung, é uma função racional, como o pensamento, por ser influenciada,
decisivamente, não pela percepção (como o são as funções sensação e intuição),
mas pela reflexão. Uma pessoa cuja atitude geral é orientada pela função sentimento
é chamada um tipo sentimento. No dia a dia, é frequente a confusão entre
sentimento e emoção. A emoção, que mais apropriadamente deve ser chamada de
afeto, é o resultado de complexo ativado. O sentimento, não contaminado pelo afeto,
pode ser bastante frio. O sentimento distingue-se do afeto pelo fato de não produzir
enervações físicas perceptíveis, isto é, nem mais nem menos do que um processo de
pensamento normal.
Para a Abordagem Transpessoal, o termo Razão engloba, assim, o
pensamento e o sentimento e é não só uma função muito importante, mas um
elemento do desenvolvimento psíquicoespiritual sem uma supremacia dominante, e
deve estar integrada a outros níveis de percepção da realidade, tais como: emoção,
sensação e intuição necessárias à vida do indivíduo para seu desenvolvimento pleno.
EMOÇÃO (E)
A Emoção, nesta abordagem, representa um elemento essencial ao
desenvolvimento do indivíduo, extremamente significativa na situação de
aprendizagem, na clínica, processos de transformação e despertar espiritual.
A palavra emoção, segundo Jung, é invariavelmente aplicada quando surge
uma condição caracterizada por enervações fisiológicas (Jung, 1972, p. 44). Na
abordagem Junguiana, tem o mesmo significado que o afeto, diferenciando-se do
sentimento, o qual é uma função valorativa que não apresenta manifestações físicas
ou fisiológicas tangíveis, sendo um meio consciente de discriminar valores.
Para Jung, a emoção é um “acontecimento” em que somos simplesmente
“possuídos” por ela; considerava-a não patológica, mas indesejável. Segundo Jung, a
emoção representava um complexo ativado. No referencial Junguiano, complexo é
um grupo de ideias ou imagens carregadas emocionalmente, uma via ideal para o
inconsciente, arquiteto dos sonhos e dos sintomas (Jung apud Sharp, 1993, p. 37).
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Na educação, clínica ou instituições, sob o enfoque transpessoal, além de as
emoções negativas serem reconhecidas e trabalhadas, são importantes as emoções
positivas para autoatualização (Maslow apud Fadiman, 1986, p. 276).
Nesse momento, é elucidativo também trazermos a definição de emoção de
Humberto R. Maturana (1928). Apresentou a Teoria de Santiago, desenvolvida junto
com Francisco Varela, ambos biólogos. Um dos textos mais representativos é a Árvore
do Conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana (2001).
Dessa concepção emergiram as noções da biologia do conhecimento e da
biologia do amar. Atualmente, Maturana tem sido cada vez mais referendado na teoria
do desenvolvimento e aprendizagem. Para Maturana, as emoções “constituem
dinâmicas corporais específicas em cada instante e expressam os diferentes domínios
de relações possíveis de um organismo” (Maturana apud Morais, 2004, p. 38).
Maturana afirma que todo sistema racional emerge como um sistema de
coordenação, tendo como base as emoções vividas no instante em que estamos
pensando: “não é a razão o que nos leva a ação, mas a emoção” (Maturana 1998, p.
23). “As emoções constituem o fundamento de todo nosso afazer” (Maturana, 1998,
p. 85).
Esse autor, tal como Jung, diferencia a emoção do sentimento. Os sentimentos,
diz ele, requerem a linguagem, porque surgem da reflexão com que se observa, ou
observa a si próprio, ou se observa ao outro (Maturana apud Morais, 2004).
Sob essa óptica, há na interação recorrente da qual surge a linguagem, “uma
emoção fundadora particular sem qual esse modo de vida não seria possível. Essa
emoção é o amor” (Maturana, 1998, p. 22). Segundo esse autor, o amor torna possível
a sociabilidade, esclarecendo que nem toda convivência é social, só são sociais as
relações que se fundam na aceitação do outro como legítimo outro na convivência,
constituindo uma conduta de respeito. Segundo Maturana:
O amor é a emoção central na história evolutiva humana desde o
início, e toda ela se dá como uma história em que a conservação de
um modo de vida no qual o amor, a aceitação do outro como um
legítimo outro na convivência, é uma condição necessária para o
desenvolvimento físico, comportamental, psíquico, social e espiritual
normal da criança, assim como para a conservação da saúde física,
comportamental, psíquica, social e espiritual do adulto (MATURANA,
1998, p. 25).
INTUIÇÃO (I)
A intuição é uma percepção, um conhecimento claro, direto, imediato e
espontâneo da verdade sem auxílio do raciocínio (Aulete, 1987, p. 1071).
Para Jung, a intuição é um tipo de percepção que não passa pelos sentidos,
registra-se ao nível do inconsciente (Jung, 1972, p. 32). Segundo ele, na intuição, não
há julgamento ou reflexão, pois ela capta a realidade mediante a percepção global
imediata, de síntese, um insight, sem que haja estímulo direto, concreto. O conteúdo
apresenta-se como um todo completo sem que possamos explicá-lo ou descobrir
como veio à luz (Jung apud Sharp, 1993, p. 102).
Roberto Assagioli afirma que Jung teve o mérito de afiançar e validar a intuição
como função psíquica no estudo do desenvolvimento do ser humano, e fez um extenso
estudo sobre a intuição, do qual focalizamos os aspectos principais.
Afirma que é necessário distinguir, por um lado, a intuição como função
psíquica, e por outro lado, os resultados de sua atividade, ou seja, as intuições
propriamente ditas, com suas diversas características (Assagioli, 1993, p. 76).
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A definição usual desse conceito provém de sua etimologia: in-tueri, que quer
dizer “ver dentro”, tratando-se da percepção imediata de um objeto presente, tomado
em sua realidade individual.
Sugere que a intuição se apresenta na consciência de duas formas: a primeira
mais vinculada ao significado etimológico: in-tueri, uma abertura de um “olho” interno,
o qual permite ver ou perceber o que a visão normal não vislumbra; a segunda forma
é comparada por ele a um resplendor, um relâmpago, um raio de luz que incide no
campo de consciência e que é percebido pelo eu (Assagioli, 1993, p. 78).
Existem vários tipos de intuição: as intuições sensoriais, mais relacionadas aos
estímulos do ambiente e dos níveis de personalidade; as intuições de ideias; as
estéticas; as religiosas; as místicas e as científicas, relacionadas mais ao transpessoal
(Assagioli, 1993, p. 78).
A intuição traz a possibilidade de abstrair a concepção do ser desprovido das
características individuais, por exemplo: cor sem forma, linha sem comprimento, o
particular do universal, o temporal do atemporal. A intuição pode também estar voltada
a descobertas da experiência subjetiva, considerada introspectiva, ou voltada para o
mundo exterior, extrospectiva.
Um caráter específico da intuição é sua autenticidade. Outro aspecto também
considerado por Assagioli é o de que a intuição é uma forma de conhecimento para-
racional, ou melhor, transracional (Assagioli, 1993, p. 78).
É importante compreender esse termo, uma vez que, na Cartografia da
Consciência elaborada por Assagioli, há uma visão transpessoal, que inclui o nível do
superconsciente – um espaço psíquico superior –, no qual acontecem experiências
culminantes, intuições, conhecimentos e ideias transpessoais, conteúdos esses não
disponíveis na consciência de vigília, tal como os aspectos mais conflituosos do
inconsciente inferior.
Assagioli realizou seu primeiro trabalho de mestrado com orientação
psicanalítica. Dessa forma, para ele, o termo irracional tinha, provavelmente, um
referencial mais freudiano, ou seja, de conteúdos mais primitivos. Alega que o termo
irracional pode dar margem a equívocos e pode indicar que a intuição é contrária à
razão quando, na realidade, seria apenas distinta dela. R. Assagioli assim conclui: “a
intuição, mais que a qualidade do objeto, capta a essência do que é. Por isso é um
dos campos de investigação da nova psicologia do Ser, da qual Maslow tem sido
pioneiro” (Assagioli, 1993, p. 79).
Jung, por sua vez, já considerava a intuição como irracional, justamente por
emergir das regiões do inconsciente. Contudo, irracional para Jung significa tão
somente não ser regido pela razão. É importante recordar que na Cartografia da
Consciência de Jung aparece apenas o inconsciente pessoal e o coletivo, não
havendo referência ao supraconsciente, como em Assagioli. Assim sendo, o termo
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irracional em relação à intuição, Jung afirma: “são irracionais não porque sejam
ilógicos, mas porque estão além da razão...” (Jung apud Sharp, 1991, p. 103).
A intuição, sob o olhar transpessoal da AIT, tem sua origem no supraconsciente
e caracteriza um dos diferenciais dessa abordagem, quando aplicada à educação, à
clínica e organizações. Claro, não excluímos também a intuição como sendo, em
alguns momentos, uma função psíquica.
INTUIÇÃO: Função psíquica que percebe as possibilidades inerentes ao
presente. A intuição dá perspectiva e insight; deleita-se no jardim das possibilidades
mágicas, como se fossem reais. No modelo Junguiano de tipologia, a intuição, assim
como a sensação, é uma função irracional, porque sua apreensão do mundo não se
baseia na percepção de fatos dados; mas, ao contrário da sensação, percebe através
do inconsciente e não depende da realidade concreta. Na intuição, um conteúdo
apresenta-se como um todo e completo, sem que possamos explicá-lo ou descobrir
como veio à luz. A intuição é uma espécie de apreensão instintiva, não importa de
que conteúdo.... O conhecimento intuitivo é dotado de certeza e convicção
extrínsecas. A intuição pode receber informação de dentro (por exemplo, um
vislumbre de insight de origem desconhecida) ou ser estimulada pelo que ocorre em
outrem. No primeiro caso, dá-se uma percepção de dados psíquicos inconscientes
que se originam no sujeito; no segundo, de dados que dependem dos aspectos
sublimares do objeto, bem como dos sentimentos e pensamentos que evocam.
Assim a Intuição (I) para a AIT engloba os conceitos propostos por Jung e a
visão de Assagioli. Constitui um elemento do desenvolvimento psicoespiritual
fundamental para que o Eixo Evolutivo aconteça, ampliando a percepção de forma
diferenciada da experiência vivida.
SENSAÇÃO (S):
É a função dos sentidos, a qual se dá por meio dos órgãos do sentido, isto é,
apreende a realidade concreta de objetos e pessoas por meio dos nossos cinco
sentidos. É um elemento fundamental no desenvolvimento dos aspectos
psicoespirituais na Abordagem Transpessoal.
Transmite-nos a experiência do que, comumente, encaramos como realidade
em sua forma mais direta e mais simples. “A sensação me diz que alguma coisa é”
(Jung, 1972, p. 28). Jung também fazia uma distinção entre sensação concreta ou
sensorial e a sensação abstrata:
A sensação concreta nunca aparece sob a forma “pura”, mas está
ligada a ideias, sentimentos e pensamentos [...] A sensação concreta
de uma flor [...] traz consigo não apenas a percepção da flor em si,
mas também do talo, das folhas, do habitat e assim por diante.
Mesclam-se, também, instantaneamente os sentimentos de prazer ou
desprazer que a visão da flor evoca ou a percepção olfatória
simultânea, ou a ideia sobre sua classificação botânica etc. A
sensação abstrata, contudo, destaca imediatamente os atributos mais
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sensíveis da flor, seu vermelho brilhante, por exemplo, e faz dele o
único ou pelo menos o conteúdo básico da consciência, inteiramente
separado dos outros ingredientes. A sensação abstrata encontra-se
predominantemente nos artistas (Jung apud Sharp, 1993, p. 144).
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SENSAÇÃO: Função psicológica que percebe a realidade imediata através dos
sentidos físicos. Uma atitude que procure fazer justiça tanto ao inconsciente quanto a
nossos semelhantes não pode basear-se apenas no conhecimento, na medida em
que este consiste apenas nos dados do pensamento e da intuição. Faltaria a função
que percebe valores, isto é, o sentimento, bem como La fonction du Réel, isto é, a
sensação, a percepção sensível da realidade. No modelo Junguiano de tipologia, a
sensação, como a intuição, é uma função irracional. Percebe os fatos sem fazer
julgamentos sobre o que significam e sobre o seu valor.
A sensação deve ser estritamente diferenciada do sentimento, que é um
processo inteiramente diferente, embora possa associar-se à sensação como uma
“tonalidade de sentimento”. A sensação relaciona-se não apenas aos estímulos
externos, mas também aos internos, isto é, às mudanças nos processos orgânicos
internos.
Conclusão – REIS
Os conceitos sobre os elementos do desenvolvimento psicoespiritual, o REIS,
na Abordagem Integrativa Transpessoal foram assim colocados, para que possam
favorecer a reflexão e compreensão desses aspectos do Eixo Experiencial.
Quando o indivíduo impede a expressão da sensação, da intuição, da emoção
ou da razão, ou então, identifica-se com uma dessas funções, limita seu foco de
percepção e propicia um estado de fragmentação que o impede de vivenciar sua
própria experiência e, sobretudo, ir além dela, aprimorar seu conhecimento, trazer o
sentido de sua ação e manifestar sua inteireza.
A fragmentação reduz a capacidade de aprender, de transformar conteúdos em
saberes com significados, mantém o indivíduo na inconsciência e consciência coletiva,
vulnerável à marca predominante de níveis pré-pessoais, que dificultam a
manifestação de sua dimensão superior, ou seja, do supraconsciente, do qual emerge
a dimensão do transpessoal do ser em seus aspectos mais saudáveis, seus valores
positivos, construtivos. A fragmentação impede a transformação e o aprimoramento.
Enfim, a experienciação, ou Eixo Experiencial, promove a congruência entre
Razão, Emoção, Intuição e Sensação, a qual leva à ampliação da percepção da
realidade e à manifestação natural do Eixo Evolutivo, ou nível superior da consciência,
do qual emergem os valores positivos e construtivos, inerentes ao ser humano.
É a dimensão saudável, transpessoal, aquela que vai através do pessoal, no
relacional e mais além, completando a experiência do indivíduo de forma genuína,
tocando-o e o transformando. O início do Eixo Experiencial, por meio da integração
do REIS, leva à abertura do Eixo Evolutivo, que completa o Eixo Experiencial trazendo
o sentido de experiência vivida. Traz presença, aprendizado e aprimoramento. Seu
estímulo contínuo na vida cotidiana promove no indivÍduo sua autorrealização e
sentido do viver.
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PROCEDIMENTO TÉCNICO
Vera Pizzichini Saldanha
A teoria e o método da Abordagem Integrativa Transpessoal - AIT favorecem a
emergência dessa nova consciência mais desperta, o desenvolvimento mais pleno do
ser humano, em que a educação é parte significativa dele. É o aprender a conhecer,
fazer, conviver, e ser para se “estar” com qualidade no mundo.
Na área clínica, traz não só mudanças de comportamento, mas
transformações, presença e consciência. Promove o aprimoramento pessoal e
profissional, podendo ser aplicado também nas organizações, instituições e na própria
percepção do ser.
Para este despertar, vários procedimentos técnicos podem ser utilizados.
Classificamo-los em cinco grandes grupos que são: Intervenção Verbal; Imaginação
Ativa; Reorganização Simbólica; Dinâmica Interativa; e Recursos Auxiliares e
Adjuntos, adaptados em suas verbalizações e aplicações de acordo com o contexto
no qual estão sendo aplicados.
Intervenção Verbal
No ensino da Psicologia Transpessoal, esse nível representa toda a gama de
verbalizações, as quais facilitam estabelecer o vínculo no contexto educacional desde
o contato inicial, quando se escuta a expectativa do educando sobre a aprendizagem,
ou sobre o curso de Psicologia Transpessoal em relação à aplicação profissional e à
vida pessoal.
Esse primeiro contato é um facilitador no processo de empatia, importante para
a aprendizagem, o qual possibilita ter uma visão geral e a formulação realista das
expectativas sobre o trabalho: a descrição do contrato, das normas que definem
tempo, horário e critérios do curso.
Na área clínica, envolvem além desses aspectos destacados na educação, a
qualidade de presença, o tipo de intervenção verbal os quais serão focalizados no
módulo das Sete Etapas da AIT.
As intervenções verbais têm pressupostos que incluem:
Confiar no aprendiz/cliente, na sua capacidade própria, sem julgamento,
acolhendo de imediato suas colocações, mesmo que não sejam as definitivas ou as
melhores, pois, dessa forma, a espontaneidade criativa emerge;
Dar oportunidade para que ele evolua – no tempo e na medida dele próprio;
Desenvolver uma escuta ampla, mais ampla que só o ouvir – acolher as
experiências e conhecimentos do aprendiz, pois é, a partir do seu próprio repertório,
que novas aquisições poderão ser realmente integradas.
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A Intervenção Verbal na área clínica poderá ser encontrada no livro a
Psicoterapia Transpessoal (Ed. Rosa dos Tempos, Vera Saldanha) e serão
detalhadas no módulo das Sete Etapas da AIT.
Entretanto, alguns aspectos são importantes e envolvem a escuta e a presença,
a confiança na dimensão superior, contato e clareza para favorecer ao outro,
encontrar-se e despertar o melhor em si.
Imaginação Ativa
É uma possibilidade do inconsciente de desenvolver imagens mentais,
aparentemente aleatórias, mas que estão sendo criadas e contornadas pelas
motivações mais profundas dos diferentes níveis do próprio indivíduo. Nessa fase do
trabalho, potencializam-se aspectos da consciência de vigília, atualiza-se uma
percepção mais ampla da realidade e estimula-se a presença da ordem mental
superior. Os exercícios favorecem o aprendiz/cliente a utilizar imagens e cenários que
possibilitam vivenciar experiências e, assim, colori-las com os conteúdos do seu
inconsciente.
O termo Imaginação Ativa ou “ativada” vem da Psicologia Junguiana. Esses
conceitos foram incorporados pela Psicologia da Gestalt e são amplamente utilizados
na Psicologia Transpessoal.
Nessas jornadas de imaginação, apresentadas com imagens gerais definidas
(sábio, fonte, árvore, montanha, etc.), o indivíduo entra em Estado de Consciência
ampliada, está mais receptivo para acolher, perceber, sentir, intuir os conteúdos do
nível supraconsciente. Tal fato facilita os insights e uma compreensão mais ampla de
sua realidade, que não seria experienciada ou captada se ele se mantivesse somente
no estado de vigília. Todos esses exercícios são precedidos e facilitados por uma
pequena sensibilização, ou então, relaxamento simples: contato com respiração,
temperatura do ar que expira e inspira, contrações fortes do corpo seguidas por
descontrações.
Para Assagioli, as palavras que designam condições ou realidades psicológicas
ou espirituais são predominantemente metáforas ou símbolos, baseados em coisas
concretas (Assagioli, 1993, p. 98).
Podem ser usados na educação, na clínica ou na instituição, relacionados aos
objetivos e papéis específicos nos diferentes contextos. Os exercícios de imaginação
favorecem a capacidade de compreensão global e de síntese no processo De
desenvolvimento, nas suas diferentes etapas dinâmicas. Além disso, estimulam
aspectos saudáveis do próprio indivíduo e de sua relação com o cosmos e com sua
natureza superior. Esses exercícios removem obstáculos à criatividade, à intuição,
facilitando sua canalização e expressão, desde que bem trabalhados, e
operacionalizam esses elementos na vida cotidiana do indivíduo.
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Todos eles podem ter pequenas variações, de acordo com os objetivos de
quem os ministra e o momento em que são feitos. A entonação vocal, o ritmo, a
velocidade do exercício, o uso de imagens visuais, de recursos cinestésicos e/ou
intensa verbalização serão de acordo com a sensibilidade do indivíduo ou grupo.
Visualização Criativa é também um nome que, atualmente, alguns autores
empregam, utilizando o recurso de Imaginação Ativa. Algumas dessas visualizações
podem ser específicas para a situação da aprendizagem, da clínica, da cura na
oncologia, na cardiopatia. Há também trabalhos na área clínica que podemos
sensibilizar o indivíduo e ele trazer as imagens a partir de suas próprias emoções e
sensações.
Reorganização Simbólica
Escolhemos tal denominação para designar técnicas, que desenvolvemos na
Abordagem Integrativa Transpessoal, as quais facilitem a organização de
determinados conteúdos, numa sequência lógica e adequada, seja em nível psíquico,
temporal ou espacial. Os exercícios de Imaginação Ativa clarificam e organizam o
direcionamento dos aspectos psíquicos, através dos Estados ampliados de
Consciência, dos conteúdos mobilizados.
A Reorganização Simbólica envolve a imaginação, mas vai além, incluindo:
clarificar e organizar metas; organizar os aspectos de direcionamento do psiquismo;
em Estados ampliados de Consciência, favorece o indivíduo na execução de metas,
dando vida às imagens mentais, acionando a intuição e os processos psíquicos
inconscientes, os quais transformam esses desejos em realidade, por meio das
atitudes no cotidiano.
Além disso, estimula o indivíduo a desenvolver perspectivas positivas de futuro,
desperta-o para o significado da vida, ampliando a percepção do todo, ajuda a
identificar núcleos de apego que ainda impedem a aprendizagem como, por exemplo,
crenças a respeito da própria dificuldade de aprendizagem, crenças sobre a
dificuldade de relacionamento interpessoal, autoestima e bem-estar na vida do
indivíduo. Auxilia também na reprogramação de metas e desenvolvimento pessoal.
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É um dos trabalhos que mais exigem do profissional, em termos de preparação
e formação. São exercícios poderosos, os quais trazem experiências profundas do
indivíduo.
Estas etapas são sensibilizadas por meio de um nível imaginário vivencial, com
base em diálogos durante as jornadas míticas, de fantasia, Imaginação Ativa,
Psicodrama interno, trabalho corporal e sensorial, personificação de conteúdos
apreendidos, utilização de metáforas, grafismo, representação simbólica, objetivação
de conteúdo, Psicodrama transpessoal e outros. São de uma riqueza imensa e podem
atingir insights de profundo significado da aprendizagem.
A constatação das Sete Etapas ocorreu ao longo da nossa prática em
Psicologia e da observação em muitos trabalhos na clínica e educação transpessoal.
São etapas de uma técnica, a que denominamos Interativa, e são também
etapas integrativas de um processo de desenvolvimento pessoal, estando vinculadas
às necessidades básicas, e metanecessidades da teoria da motivação, descritas por
Maslow, e relacionadas por Weil aos sete centros do desenvolvimento psíquico e
transpessoal. Em nossa teoria, estabelecemos uma analogia com os centros vitais ou
sistemas de chakras e também uma correlação com valores construtivos em cada
etapa.
Percebemos então a possibilidade dessas etapas estarem presentes em um
processo de desenvolvimento na área clínica e na aprendizagem, e empresas
remetendo-nos a Maslow, o qual estabelecia, claramente, uma relação entre
espiritualidade, saúde, educação e organizações (Maslow, 1971).
Assim, nesse referencial, sugerimos que o aprendizado, o trabalho em grupo e
empresas e na terapia se dê em Sete Etapas ou passos, os quais poderão ser
sucessivos ou não, e possibilitarão uma transformação de padrão de percepção,
sentimento e comportamento que envolvem uma aprendizagem profunda, liderança e
ação organizacional.
De algum modo, toda situação terapêutica tem implícita uma aprendizagem,
uma nova forma de ver, estar e sentir em relação a uma determinada situação. Da
mesma forma, toda aprendizagem, no âmbito da educação, formal ou não, tem uma
ação terapêutica, transformadora e até curativa em relação à nossa percepção de
realidade, consequentemente, em nossas crenças e atitudes.
Desde que respeitemos as devidas especificidades de cada área por meio de
do nosso método e posturas distintas, podemos sugerir que, em ambos os contextos,
educação e área clínica, há um processo de “aprendizagem de vida” e certamente
também nas organizações. Na área clínica observamos estas Sete Etapas presentes.
Assim, relataremos aqui as Sete Etapas da Dinâmica Interativa nessa relação
com a aprendizagem na área educacional e de forma sucinta na área clínica, a qual
será profunda e ostensivamente explorada nesta pós-graduação.
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Parece-nos que a aproximação e integração do conhecimento podem se dar
através das etapas descritas a seguir, quando vivenciadas, experienciadas na
inteireza do ser como conhecimento vivo e fértil. Este é o modelo da Didática
Transpessoal que adotamos na pós-graduação em Psicologia Transpessoal, com foco
na Abordagem Integrativa Transpessoal.
1. Reconhecimento:
É a primeira etapa, é um olhar ao redor; às vezes, emerge um questionamento e o
indivíduo mobiliza-se para acolher o novo. É o momento da mobilização interna, uma
motivação que pode ser desencadeada por estímulos intrínsecos ou extrínsecos. O
intrínseco envolve autoconhecimento, necessidade subjetiva e o extrínseco o
conteúdo programático. Em relação à motivação, é o momento em que há uma lacuna,
um espaço de desconhecimento diante de algo novo, não aprendido que, segundo
Maslow, insere-se nas necessidades básicas. É o momento de o educador acolher
toda verbalização, repetir ideias significativas, dar estímulos para reflexões e
motivação. Na área clínica, observamos esta mobilização no início do trabalho
terapêutico. É a “queixa”, o estado que leva o indivíduo ao sofrimento, à busca do
“auxílio”.
2. Identificação:
Na segunda etapa, sensações físicas, sentimentos, pensamentos são vivenciados
pelo indivíduo na Identificação, a qual ocorre a partir da motivação. A Identificação só
acontece se houver uma ressonância com a necessidade básica na qual o indivíduo
se encontra; então, ocorrerão a participação, interesse ou, caso contrário, abandono.
O conhecimento fica só como mera informação intelectual, disfuncional, aquela
informação decorada, superficial, que é pouco aproveitada para a vida do indivíduo e,
geralmente, é logo esquecida. Se há o envolvimento, a participação do emocional
aliada ao cognitivo, sensorial e intuitivo, mobilizam-se as estruturas ligadas à
aprendizagem e à sua aquisição. Contextualiza-se, facilitando-se a Identificação:
quando, como, onde, com quem, para quê, o quê. Desdobra-se a emergência das
dúvidas, nessa etapa, ocorrendo um contato mais direto com os obstáculos internos
e externos para a nova aquisição, e a explanação delas favorecerá a entrada na
terceira etapa. Sob o ponto de vista didático, diríamos que até aqui foi vivenciado o
eixo experiencial em sua primeira parte, antes da abertura e integração com o eixo
evolutivo. Na área clínica, é o momento da vivência da emoção, da dor, do sofrimento
com o qual o indivíduo se encontra identificado, as emoções reprimidas, patológicas
precisam vir à tona, para que o trabalho psíquico aconteça.
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3. Desidentificação:
Na terceira etapa, há a Desidentificação, ou seja, o discernimento crítico, a análise, a
reflexão articulada em diferentes aspectos em relação à aplicabilidade. Nesse
momento, pode-se cristalizar uma fase extremamente “intelectual”, na qual o indivíduo
pode chegar a ser brilhante sob o prisma teórico e até profissional. Contudo, não há a
mesma qualidade em sua vida pessoal, o conhecimento ainda é algo fragmentado.
Tal fato pode ocorrer, principalmente, se o indivíduo não se envolveu com o
conhecimento, se ocorreu apenas uma racionalização, negando a realidade, saltando
da primeira etapa para a terceira. O primeiro passo para que a Desidentificação possa
ocorrer é o fato de o indivíduo ter experienciado a identificação; não há como
desidentificar-se daquilo que ainda não reconheceu e identificou em si, seja ideia,
emoção ou conflito. É, portanto, a partir dessa fase, que o indivíduo pode tomar
distância, “ver de fora”, focar distintos elementos opostos e aperfeiçoar. Essa fase
favorece o desapego e cria um vácuo receptivo para a próxima etapa e novas inter-
relações. Se, nesse momento, é favorecida ao indivíduo a sua inteireza pessoal e
valorizados outros aspectos da vida humana, sobretudo, a intuição e sensação, há
uma abertura para níveis mais diferenciados de percepção, emergindo, natural e até
concomitantemente, a etapa seguinte. Em termos didáticos, podemos dizer que houve
uma ampliação de percepção com abertura para o eixo evolutivo e reflexões mais
profundas acerca do conhecimento adquirido. Na área clínica, em contextos de
conflitos e dificuldades, é fundamental esta fase de Desidentificação, pois as emoções
reprimidas ou patológicas que vieram à tona na Identificação são agora
desidentificadas de forma clara, lúcida.
4. Transmutação:
Na quarta etapa, há a Transmutação, o conhecimento adquire significados pessoais.
Emergem aspectos positivos, negativos, fáceis, difíceis, desafios, a luta entre querer
ir mais fundo e o abandonar, assim como os desafios da nova aquisição e as
mudanças que se impõem. São aspectos funcionais e disfuncionais de uma mesma
realidade. Há um contemplar não só intelectual, mas também humano e ético do
conhecimento, do conflito e da solução, vai-se do limitado para o sem limite. O nível
superior da consciência emerge, vem à tona, manifesta-se, possibilitando a etapa
seguinte. Esta é uma fase onde o julgamento do certo e errado ou bem e mal é
insuficiente, concorrem neste momento também as funções da percepção. Nada é
inteiramente certo, nada é inteiramente errado ou inteiramente bom ou totalmente
mau. Há uma emergência multiparadigmática, uma visão transcendente que permite
a passagem para outra etapa. Observamos que, na área clínica, precede o perdão, o
autoperdão, a ampliação de percepção e, sobretudo, a perspectiva de aprendizagem
e crescimento com maturidade para o indivíduo.
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5. Transformação:
Na quinta etapa, há a Transformação. A experiência pessoal, a que Graf Durckheim,
citado por Leloup, chama de individualidade criadora, somada às vivências das etapas
anteriores, transformam-se em um novo conhecimento estabelecido, introjetado. Já
há forma e contextualização diferenciada, não é mais fragmentado, cindido entre o
bem e mal, nem distanciado do indivíduo, mas sim, é uma nova resultante da síntese
favorecida pela etapa anterior. Didaticamente podemos sugerir que houve uma
passagem, uma mudança de nível, de ordem estrutural da informação. Ela já é uma
aquisição diferenciada, traz um novo referencial interno e externo para o indivíduo. No
contexto terapêutico, é quando emergem as respostas. As soluções ao conflito e
dificuldades são transformadas e novas perspectivas, diferenciadas, emergem de
forma clara, óbvia, dantes não percebidas e às vezes nem sequer imaginadas.
6. Elaboração:
Na sexta etapa, ocorre a Elaboração advinda da própria Transformação com os
insights da nova aquisição. Há apreensão global da situação e das possibilidades e
articulações, promovendo o novo, diferenciado. O estado mental é outro, a situação
já é outra. Há Elaboração entre Self e ego. Revelam-se o sentido da aquisição nova,
a dimensão que possui no contexto pessoal, social, espiritual e o sentido da
experiência em seu eixo experiencial e evolutivo. Há, então, uma apreensão do
verdadeiro conhecimento com sabedoria, com sentido propósito maior desse saber
na vida do indivíduo. No contexto terapêutico, ele experiencia também o sentido
positivo do que antes lhe foi adverso. Há abertura da dimensão maior da sabedoria, a
imersão sagrada, evolutiva, que estava por trás dos dados factuais. Há força e poder
pessoal que emerge.
7. Integração:
Nessa sétima etapa, há a Integração do conhecimento na vida pessoal, profissional e
cotidiana, mas agora já inserido no todo do ser. O indivíduo jamais será o mesmo; há
um novo olhar e um novo fazer; seu horizonte e perspectivas se ampliaram com a
aquisição desses novos conhecimentos. Quanto maior a aprendizagem, maior essa
consciência da integração, mais plena, nas várias dimensões pessoal, coletiva e
cósmica, assim como nas distintas áreas da vivência do indivíduo. Essa dinâmica
natural de integração e apreensão do conhecimento é o que o torna um instrumento
vivo, parte íntima do processo transformador e revelador da vida humana, contribui no
nível social e coletivo, ao mesmo tempo, em que dá sentido à existência. No contexto
clínico, favorece a Integração desta nova resposta, a disponibilização de um novo
contexto, um novo fazer. Há o olhar de outro lugar, um novo olhar para um bem
pessoal, UM BEM MAIOR e, naturalmente, um bem coletivo e social.
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Esse processo ocorre através da mobilização de diferentes níveis do ser:
Razão, Emoção, Intuição e Sensação (REIS), o Eixo Experiencial, bem como a
abertura para o Eixo Evolutivo, ou a dimensão superior de consciência humana
caracterizando os aspectos dinâmicos do enfoque representado abaixo:
Eixo Evolutivo
Transmutação
Desidentificação
Transformação
Identificação Elaboração
Reconhecimento Integração
Eixo Evolutivo
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Rebaixam o nível de tensão e a ansiedade, aprende-se melhor em campo
relaxado;
Promovem uma clareza mental maior e receptividade ao novo;
A tradição hindu, por meio da ioga, afirma, milenarmente, que suas posturas
(asanas), associadas à meditação e mantras, podem equilibrar a produção dos
hormônios nas glândulas endócrinas, harmonizando todo o metabolismo fisiológico e
as emoções, aumentando as defesas imunológicas (Fadiman; Frager, 1986).
Relaxamentos
São técnicas que possibilitam desfazer as contrações desnecessárias no corpo físico,
diminuindo o estado de tensão que se manifesta em forma de elevação do tônus
muscular, desconforto e, algumas vezes, ansiedade. O relaxamento pacifica o corpo,
favorece a quietude da mente, podendo ser feito pelo controle da respiração, de sua
contagem ou de uma contração de todo corpo, prendendo a respiração e soltando-a,
percebendo a sensação de alívio, ou também, pela contração e descontração de cada
parte do corpo sucessivamente. Jacobson afirmava que a contração e descontração
das pálpebras é um indutor neurológico para o relaxamento. Poderá ser também
realizado por sugestões de imagens visuais, sinestésicas e auditivas, que induzam a
uma descontração física e mental.
Concentração
Refere-se ao ato de dirigir o foco mental, fixar e manter a atenção em uma coisa só.
Esse foco de atenção pode ser a própria respiração ou batimentos cardíacos.
Também a concentração pode ser em relação a uma imagem externa, figura
geométrica, ponto e outros. Uma forma eficiente dessa modalidade consiste em
solicitar ao aprendiz que observe, de forma rápida e atenta, uma imagem externa –
poderá ser um quadro, uma planta – e depois que feche os olhos e reproduza de forma
rápida, mentalmente, essa imagem. A seguir, que abra os olhos e confira a imagem
interna reproduzida mentalmente e a imagem real externa. O aprendiz deve ser
tranquilizado quanto à importância de apenas realizar o exercício constatando a
imagem, sem a preocupação de ter que reproduzir de forma idêntica o objeto de
concentração. Durante a realização desse exercício, pouco ou nenhum pensamento
irá interceptar a sequência da “fotografia” mental: a imagem, fechar os olhos,
reproduzi-la, abrir os olhos e conferir a imagem mental com a real. Esse é o objetivo
do exercício: exercer o controle, reduzindo o fluxo incessante de pensamentos da
mente destreinada sem confrontá-la, o que promove uma pacificação interior, torna o
curso do pensamento mais focado, menos disperso e favorece a aprendizagem.
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Contemplação
É um estágio posterior à concentração. Há uma interiorização, um aprofundamento
mental, quando o objeto de concentração se funde com o próprio indivíduo que o
contempla. É um estágio muito próximo da meditação e pode ser realizado com
elementos da natureza como, por exemplo, flores ou imagens arquetípicas positivas,
escolhidas pelo aprendiz.
Meditação
É um estado de inação. De puro ser, de um saber espontâneo, totalizador, de uma
presença plena. Há consciência da própria consciência. Existem recursos técnicos
para facilitar a entrada e a permanência nesse estado. Contudo, nenhuma técnica é a
meditação em si. Podemos nos valer do relaxamento, da pacificação do corpo físico,
da mente, da concentração ou da contemplação como recursos auxiliares que
favorecem a meditação. O simples prestar atenção aos pensamentos, ou focalizar a
atenção na temperatura do ar, que se inspira e expira, pode levar o indivíduo ao estado
meditativo. A versão de meditação Zen Budista, adquiriu na contemporaneidade o
conceito de Mindfulness, com inúmeras pesquisas iniciadas a partir de Kabat-Zinn.
Além destes recursos, também outros tais como trabalhos corporais, automassagem,
tarefas, cartas, mandalas e outros são sugeridos para o indivíduo no contexto da AIT.
Assim, esses recursos adjuntos poderão ser utilizados na Didática Transpessoal em
diferentes momentos da aprendizagem, favorecendo o ensino e bem-estar do
educando e também do educador, assim como na área clínica, nas organizações e
instituições, com resultados excelentes!
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COMUNICAÇÃO TRANSPESSOAL
Vera Pizzichini Saldanha
E em duas dimensões:
Externo e
Interno.
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A IMPORTÂNCIA DA ESCUTA
Vera Pizzichini Saldanha
“A voz só contém o que o ouvido é capaz de ouvir”.
Alfred Tomatis
Todo processo de comunicação, nos distintos níveis de consciência, desde a
vigília à consciência mais elevada, tem como estrutura fundamental a audição e a
intuição em seus distintos níveis de expressão da realidade e do universo material
concreto às dimensões mais sutis, diáfanas: as que se escutam através do silêncio
da mente.
É importante também diferenciar escutar de ouvir. Ouvir é uma atitude passiva.
Sem interpretações julgamentos e reações. Algumas vezes é necessário este ouvir
nos distintos contextos de relações interpessoais, Muitas vezes é necessário na
comunicação intrapessoal. Na proposta de determinadas técnicas meditativas, é este
ouvir sem julgamento, deixar passar pensamentos, que o levará a um estado de
serenidade e até presença.
Entretanto se este ouvir se torna regra, há muitas vezes uma ausência
importante de atentividade e de “escuta”, a qual tem uma característica ativa.
A escuta pressupõe a participação do indivíduo em sua adesão, acolhimento
ou recusa.
No processo de escuta, pode-se diferenciar uma “escuta ativa” de escuta
“proativa”, e de “escuta reativa”, segundo a ótica da AIT.
Cada uma delas implica em diferentes níveis de consciência e distinta
participação das emoções, base de nossas ações. Nesse contexto, a Emoção poderá
ser usada a favor, ou depor contra o próprio sujeito. Tal implicação envolve inclusive
mecanismos neurofisiológicos, o tálamo, nos quais os aspectos afetivos da vida do
indivíduo estão presentes.
Para Alfredo Tomatis é o tálamo que abre as portas do cérebro ou que
representa nossa parte emocional. As cargas emocionais encontram sua
representação neste espaço e vão determinar a qualidade da escuta interior e da
escuta do outro.
O trabalho terapêutico visa restabelecer a qualidade desta escuta, torná-la
proativa a si e ao outro. Cada cisão é, num certo sentido, uma dissociação da
realidade, que impedirá nossa própria escuta, e a escuta do outro. Comprometerá a
qualidade da comunicação pessoal, intra e interpessoal assim como a comunicação
transpessoal. Os trabalhos da AIT favorecem a reintegração de cada parte cindida,
em direção a um ser pleno.
O prefixo “trans” na palavra transpessoal indica aquilo que está ao mesmo
tempo entre o pessoal, através do pessoal e além do pessoal, nos sugerindo a
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multidimensionalidade do Ser neste processo de comunhão consigo, com outro e com
o cosmo.
Para que a comunicação plena se estabeleça, é necessária uma congruência
entre o nível inter, intra e além do pessoal.
Ao focalizar a comunicação intrapessoal, estaremos nos preparando para
vivenciar a comunicação transpessoal plenamente, ela se dá simultaneamente na
multidimensionalidade do Ser.
Poderá acontecer nas vivências transpessoais, no encontro com o outro, na
meditação, nas situações que acolhemos, nas experiências vividas e, sobretudo no
silêncio; é a experiência do instante, da presença.
Sobre o silêncio, leia algumas reflexões no texto: “O silêncio na comunicação”,
e então procure experimentá-lo. Tal como Camões se referia ao amor, o silêncio vale
mais experimentá-lo, que julgá-lo.
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O SILÊNCIO NA COMUNICAÇÃO
Vera Pizzichini Saldanha
Vivemos atualmente em uma cultura que estimula o tempo todo o fazer, fazer,
fazer e ter, ter, ter e o parecer, parecer criando-nos muitas vezes a ilusão que este
fazer, ter ou só parecer nos trará todas as respostas, bem como a suprema felicidade.
Com isso, intensificamos os mecanismos do ego, alimentamos a autoimagem,
favorecendo o controle egóico, aprisionando o Ser que É nas memórias do Ser que
Está.
Temos em nós inúmeros potenciais; contudo, para serem atualizados,
precisamos de espaço dentro e fora de nós, espaço interno, espaço psíquico.
Nossos encontros são programados de forma a favorecer a atualização destes
potenciais do seu ser no momento atual. Maslow chamava esta condição de
“autoatualização”. A expressão de sua natureza mais genuína e essencial.
Assim, além do ter e o fazer na formação em transpessoal, evidenciamos
também o ser e o estar através das diferentes experiências, da organização e
distribuição do tempo, e das atividades durante nossos encontros e entre os nossos
encontro ao vivo online.
Fazem parte do conhecimento teórico as vivências, os exercícios grupais, os
exercícios individuais realizados no grupo, práticas individuais e a permanência em
grupo durante o dia de sábado e na sexta-feira à noite.
A partir deste terceiro encontro sugerimos que você inicie a prática do silêncio.
Esta é uma das práticas importantes para a atualização do transpessoal, o
silêncio dentro e fora. Ele deve ser exercitado por você individualmente, como parte
deste nosso treinamento. Se você já realiza, ótimo! Estará aprimorado e intensificado,
neste contexto multidimensional de encontro consigo mesmo.
Abstemo-nos do fazer, e neste recolhimento buscamos o Ser, e, para isto,
necessitamos estimular nossa condição de estar. “Estar conosco”; “Estar no aqui e
agora”; “Estar com”, estar na Presença.
Assim, nossas atividades online dentro da sala terão uma hora e meia a duas
horas de intervalo para almoço.
Nossa sugestão é a de que dedique uma hora à refeição, ao social, descanso,
enfim ao que você provavelmente já exercita no seu dia a dia. No tempo seguinte,
poderá ser vivenciada pela ausência de palavras e, no quanto lhe for possível,
ausência de pensamentos. Mesmo que inicie só com dez a quinze minutos, já será
relevante.
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Você poderá “estar” no fazer que deseje, mas sem palavras e, no quanto lhe
for possível, ausência de pensamentos. Poderá também “fazer” nada. Só ser,
silenciar.
Talvez você sinta certa dificuldade no início, isto é natural!
Fique, então, consciente do tempo que suportou sem falar continuamente
conscientemente.
“Esteja com você”, na condição em que se apresentar nesta primeira etapa.
Observe-se simplesmente! Esteja presente.
Talvez você precise caminhar, ler, desenhar, nadar, rir, chorar, enfim, descubra
a forma que inicialmente lhe será viável e mais agradável. Vá com a curiosidade de
uma criança, na busca de uma nova descoberta.
Não importa que nesta primeira etapa você esteja no “fazer”, mas faça
individualmente, sem palavras, atentamente, conscientemente, silenciosamente.
Este será o primeiro passo para que você possa, ao longo do tempo, silenciar
a mente inquieta, favorecendo a emergência de sua natureza transpessoal...
Plagiando Antonio Machado, diríamos: “O seu caminho se faz ao seu próprio
caminhar”. Naturalmente ele irá se construindo, se revelando, quem é você, o que é
você, porque é você, para quem é você!
A Psicologia tem trazido algumas referências sobre o significado do silêncio.
Sobre o silêncio, muito se tem refletido na abordagem transpessoal: o silêncio
terapêutico, o silêncio na comunicação entre a mãe e o bebê, o silêncio entre os
amantes, o silêncio no coração, na mente, enfim, o silêncio consigo mesmo.
Há uma profunda ordem de comunhão que se estabelece no silêncio. O
silêncio entre as palavras, o silêncio entre os pensamentos, e este silêncio é
intraduzível, diz respeito a uma experiência.
Segundo Basarab Nicolescu, há diferentes níveis de silêncio, e além destes
níveis há uma qualidade de silêncio – lugar sem lugar.
O poeta M. Camus chama de nossa “luminosa ignorância”. É um
desconhecimento luminoso, pois ilumina a ordem do conhecimento.
Para Nicolescu, os níveis de silêncio e nossa luminosa ignorância determinam
nossa lucidez.
Jean Yves reflete sobre o arquétipo de Maria dizendo que, para encontrar a
“confiança original”, temos que passar por um estado de silêncio de nossas memórias.
“É reencontrar em nós mesmos aquilo que diz sim à vida, quaisquer que sejam as
formas que esta vida tomar”.
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Para os Antigos Terapeutas, o estado de silêncio é a virgindade, esta não é
algo físico.
Orígenes e mestre Eckart dizem que é preciso ser virgem para se tornar mãe,
ou seja, só no estado de silêncio, da vacuidade, da receptividade é que o Logos pode
ser gerado em nós.
É preciso encontrar em nós mesmos este lugar onde entra a vida, a
consciência, o amor, esse espaço sagrado. Este lugar é um estado entre o criado e o
incriado.
Maria, como arquétipo, é o símbolo de toda a Terra, de todo universo material
que acolhe em sua sombra, em seus limites a semente de luz, conclui Jean Yves
Leloup.
Através de nossa vida, corpo e sombra que nos cobre, a semente de luz é
gerada.
Assim, nosso mais profundo desejo é o de que você conclua esta formação,
não só com a aquisição de muitos conceitos e técnicas e prontidão profissional, mas
com uma profunda manifestação do seu SER pleno de luz; essencial, propiciando
bem-estar, amor, felicidade a você mesmo, e a todos os seres de nosso Planeta
Terra!
Que você, que nos ouve, nos escuta e agora nos lê, tenha uma comunicação
plena, uma escuta plena, o ouvir a si mesmo, e um encontro com o mais além em um
silêncio fecundo e expressão de uma Vida Plena.
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EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO – R E I S
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QUEM SOU EU
(ou Bússola da Psique)
Vera Pizzichini Saldanha
Objetivo: Expressar no papel conteúdos do inconsciente, sob a perspectiva do REIS, de
algum tema específico a ser trabalhado. Favorecer o autoconhecimento e indicar caminhos
de mudança a partir do REIS.
Corpo teórico: Conceito de Ego, Estados de Consciência. Favorece o Eixo Experiencial e
Eevolutivo, integra REIS.
Modalidade: Técnica Interativa, faz uso do Grafismo, ou seja, a expressão gráfica no papel,
seja com desenho ou escrita.
Fases trabalhadas – Sete etapas, Técnica Interativa.
Recurso utilizado: 10 folhas de sulfite (A4) ou 5 folhas A4 dividida ao meio, giz pastel, giz de
cera colorido ou tinta, caneta, música evocativa.
APLICAÇÃO
a) Em duas folhas em branco A4 coloque a palavra EU.
b) Utilize quatro folhas (ou metade da folha A4) separadamente para simbolizar
cada função psíquica, respectivamente: Razão, Emoção, Intuição, Sensação.
c) Colorir cada folha com a cor correspondente para você, a cada um desses
aspectos do desenvolvimento psicoespiritual.
d) Nas outras quatro folhas, escreva apenas a letra inicial de froma pequena em
um canto do elemento psicoespiritual em cada uma: Razão, Emoção, Intuição,
Sensação e reserve-as para um segundo momento.
e) Coloque a folha "EU" no centro.
f) Agora, seja cada um desses elementos, respondendo à pergunta: - Quem sou
eu? (Ou algum tema específico que esteja trabalhando) relacionado ao
elemento psicoespiritual. Por exemplo: - Quem sou eu como Razão? Quem
sou eu como Emoção? – Quem sou eu como Intuição? – Quem sou eu como
Sensação? Alguns pontos de indicação para cada um desses elementos são:
Razão: é certo, errado, pode ou não, tempo linear, análise, lógica,
racionalidade, gosto ou não gosto, é bonito ou feio. Pensamentos e
sentimentos.
Emoção: ação, movimento, energia.
Intuição: insight, momentâneo, retrospectiva do passado, perspectiva do
futuro, brisa suave, evidencia o que é.
Sensação: revela os cinco sentidos, as memórias do corpo, pele, atração
ou repulsão, peso, leveza, visceral.
g) Observe o que está mais desenvolvido em você ou mais próximo do “EU” ou,
mais distante, e monte a imagem correspondente com as 4 folhas e o “EU”.
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h) Chame o observador externo – aquele que vê de fora, sabe e pode te ajudar
– um “amigo especial”, um aspecto de dimensão superior de consciência
personificado.
i) Ouça a análise da imagem que você montou com esses elementos. do seu
amigo.
j) Seu “amigo especial” então organiza ao lado, outra imagem, a que seria a
ideal para você, com as outras 4 folhas restantes.
k) Verifique o que fica diferente?
l) Dê o colorido apropriado para essa nova forma de ser.
m) Seja este novo “EU”.
n) Como você se sente?
o) Agora, mude a organização da imagem inicial (a primeira imagem) para a
imagem ideal, e identifique o que você moveu primeiro para isso acontecer.
Sua Razão ou Emoção ou...? E a seguir, e depois.
p) Fique consciente de “como” mudou e o que significa fazer isso “de fato” em
sua vida.
q) Faça uma síntese da sua experiência, qual a relação com seu momento atual.
Obs.: Você poderá utilizar este exercício com a queixa principal do cliente, ou com diferentes
temas, colocando no centro sentimentos, conflitos, problemas; deixando que cada um dos
elementos psíquicos dê sua orientação e chegue então a uma síntese e decisão positiva.
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QUEM SOU EU (Outra versão)
Esta prática pode ser feita como um Psicodrama de orientação Transpessoal,
tal como foi sugerida na versão original que apresentamos, usando dinâmicas mais
corporais, privilegiando assim o movimento, o corpo em ação e tendo as Sete Etapas
como norte desta prática. Entretanto, algumas vezes utilizo também, em grupos e
individualmente no consultório, uma modalidade similar, na qual privilegio a Intuição
inicialmente fazendo a prática por meio da Imaginação Ativa e, posteriormente vou
integrando passo a passo a Razão, Emoção e Sensação, como aspectos de um
Psicodrama interno de orientação transpessoal. Tenho observado resultados
interessantes que ampliam o leque de possibilidades do indivíduo, ao mesmo tempo
em que trazem de forma bem concreta a percepção de como estão os elementos do
desenvolvimento psíquico em sua vida.
a) A prática consiste em sensibilizar o paciente com breve relaxamento, convidar
a imaginação.
b) Nesse estado, cria-se quatro personagens, denominando-os de RAZÃO,
EMOÇÃO, INTUIÇÃO e SENSAÇÃO.
c) Faz-se um a um, apresentando cada um desses elementos do
desenvolvimento psíquico. O terapeuta anota as características de cada
personagem.
d) Estabelecem-se diálogos com cada um, separadamente, e expressa o diálogo
em voz alta.
e) Inserem-se perguntas poderosas tais como: Razão:
- Quem é você em minha vida?
- Como você está presente em minhas decisões, comportamentos?
f) Estabelecem-se diálogos com inversões de papeis, a partir dessas perguntas.
g) Repete-se o processo com cada um dos outros personagens: Emoção, Intuição
e Sensação
h) Faz-se uma visualização e pede-se para criar uma paisagem no qual esses
personagens estejam presentes e define-se onde e como cada um está
presente nesse cenário.
i) Congela-se e pede que abra os olhos e desenhe-os da forma visualizada em
folha de papel A4.
j) Continua a visualização e traz um mentor que irá dialogar com cada um e
sugerir ou aprimorar a relação entre esses quatro personagens. O terapeuta
pergunta: - Qual a relação, agora, entre eles?
k) E repete-se as duas Perguntas Poderosas para os quatro, juntos, para o cliente
(paciente) responder a si próprio:
- Quem são vocês REIS em minha vida?
- Como vocês poderão estar presentes em minhas decisões,
comportamentos, de forma saudável e integrados?
l) O terapeuta registra e lê a resposta ao paciente, após ele abrir os olhos.
m) Após a leitura, o pede ao paciente expressar e escrever:
- Qual é a relação com o meu momento atual?
- Como eu posso ser beneficiado?
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A FONTE E A CRIANÇA DIVINA
De Assagioli, com adaptação da “Criança Divina” por Vera Pizzichini Saldanha)
Aplicação
Feche os olhos, respire calmamente e sinta-se em estado de profunda paz e
tranquilidade.
Imagine uma linda paisagem e nessa paisagem veja uma fonte. Uma fonte
com águas cristalinas e puras, brilhando ao sol, banhando, em silêncio, tudo que a
rodeia. Relaxe... Sinta esse lugar especial onde tudo é mais claro, mais puro, mais
essencial.
Aproxime-se da fonte e, com as duas mãos, apanhe um pouco de água e beba
dessa fonte e sinta sua energia benéfica que penetra em você e o faz sentir-se mais
leve. Coloque os pés na água dessa fonte e comece a banhar-se desde o alto de sua
cabeça por todo o seu corpo. Sinta-se leve, limpando-se, purificando-se, aliviando-se,
refrescando-se nas águas dessa fonte.
Sinta que essa água tem o poder de fluir por suas células do corpo e entre
elas também.
Imagine também que fluem por entre cada uma das matrizes dos seus
sentimentos, de suas emoções e por sua inteligência, por todo seu ser. Sinta que essa
água está limpa de todos os desperdícios psíquicos que você vem acumulando dia
após dia – frustrações – arrependimentos – temores – pensamentos de todas as
classes.
Em seguida, sinta-se como se você fosse uma gotinha de água dessa fonte e
depois se sinta a própria fonte.
Experimente gradualmente como a pureza da fonte se torna sua pureza e, a
energia que jorra incessante da fonte, a sua energia. Você é a fonte na qual tudo é
possível e a vida nasce, renova e renasce sempre.
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Contemple mais uma vez a fonte... Novamente imagine-se como sendo uma
gotinha de água dessa fonte... E depois, a própria fonte...
Finalmente, sinta-se fora da fonte... Olhe para a fonte.
Como você se percebe? Integre, harmonize em todo o seu ser a renovação.
Ao olhar novamente para a frente, observe que já existiam ou surgiram de
algum lugar raios de sol iluminando ainda mais esta fonte.
O Sol atravessa essa fonte, e vai criando ainda mais uma sensação de magia
e encantamento deste local e desponta um arco-íris luminoso, belo; deste arco-íris
uma criança divina surge radiante, voando, alegre e se aproxima de você saltitante, o
convida a voar em suas asas. Entregue-se, desfrute este momento desta experiência.
Nada é mais importante neste momento para você, deixe sua imaginação fluir.
Você brinca, sorri, é sua criança divina! Desperta em você a alegria, o
espontâneo criativo.
Neste instante, vocês juntos voam em direção ao arco-íris e se fundem neste
arco-íris luminoso – você é luz, multicolorida, expansão, Desfrute!!
Você está recebendo neste momento tudo aquilo que de melhor necessita para
sua vida.... (Pausa)
Agora, respire e sinta-se gentilmente retornando à fonte; olhe mais uma vez
para este cenário e mantenha conectada a sua fonte interior de onde tudo de melhor
e cristalino e verdadeiro jorra incessantemente.
Mais uma vez, respire mais e mais seu corpo integrado e melhor. Venha
voltando para o aqui e agora, sentindo-se perfeitamente bem. Integrando todo seu ser
físico, mental e espiritual, fazendo os movimentos que seu corpo estiver pedindo e
quando estiver perfeitamente bem, abra os olhos.
Gentilmente, vá tocando seu corpo, se acolhendo, se percebendo, integrado
à sua fonte, à sua criança divina, ao seu melhor, àquilo que genuinamente você
sempre foi. Aquilo que verdadeiramente você é!
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REVENDO METAS EXISTENCIAIS
Orientações
Através da sensibilização corporal, relaxamento, sugere-se o encontro com
elementos da natureza vegetal e animal: árvore, rosa, leão e coruja. Posteriormente,
o contato com um conselheiro espiritual, acessando uma experiência de mágoa.
Durante o exercício, realizam-se o processamento junto ao cliente, de sua
aprendizagem, a relatividade das situações e suas novas metas para os próximos
cinco anos em sua vida.
Esse exercício poderá ser vivenciado de forma internalizada, ou com
verbalizações do cliente, que se expressará em cada etapa.
No início, faça a sensibilização para relaxamento com visualização de um prado
verde, depois, sugerir para o cliente sentir-se nesse local e, após, encontrar com
alguns elementos, um de cada vez na seguinte ordem:
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A seguir, ir a um espaço circular, no meio muitas flores, multicoloridas; no
círculo, um banco e o conselheiro espiritual – simbolizando um ser do mundo
luminoso, de sabedoria infinita, que vela pela evolução do cliente.
Encontro com o conselheiro espiritual.
Ele pede que o cliente fale sobre a experiência/pessoa que mais lhe machucou.
(dar um tempo...)
O conselheiro espiritual convida o conselheiro espiritual do cliente da
experiência/pessoa que mais lhe machucou.
O conselheiro espiritual do cliente dialoga com o conselheiro espiritual da
pessoa/experiência e pergunta:
- Por que (a pessoa/experiência) se desviou do caminho de luz dela para vir
ensinar alguma coisa a você? O que você tem a aprender com essa
experiência?
- O que ela (a pessoa/experiência) tinha a lhe ensinar?
Veja, ouça, sinta, intua... (dar um tempo...)
Se você desejar, o conselheiro pode trazer essa pessoa e você pode expressar
seu sentimento e até perdoar e/ou reconciliar, se assim o desejar.
Após, diga ao cliente que o conselheiro espiritual dele agradece ao conselheiro
espiritual da experiência/pessoa. Diz a ele que pode retornar ao caminho de luz
daquela pessoa/experiência, que ele, o cliente, já não precisa mais deles, pois já
aprendeu com a experiência e irá trilhar o próprio caminho de luz.
Diga, também, que o conselheiro espiritual lhe toma nas mãos e lhe mostra o
seu caminho de luz. E que o cliente se veja projetado em seu caminho de luz, com
tudo o que mais deseja nos seus próximos 5 anos (dar um tempo...). Peça a ele que
veja essa cena com detalhes positivos.
Agora, então, junto ao seu conselheiro espiritual você percorre o seu caminho
de luz. Subindo, subindo, ultrapassando planetas, galáxias rapidamente até a grande
luz Universal, se integrando na luz. Você é luz. (dar um tempo...)
A grande luz reflete seus raios luminosos no Universo e retorna ao cliente um
desses raios, especificamente para um planeta azul, a Terra, nessa sala, e esse raio
de luz penetra no centro de sua cabeça, distribuindo intensamente essa luz em sua
cabeça, enchendo seu corpo de luz, integrando a luz em todo o seu ser físico, mental
e espiritual.
Finalize o exercício, dizendo:
- Sinta-se bem, integrado, harmoniosamente.
- Faça os movimentos que seu corpo estiver pedindo e, quando estiver
perfeitamente bem, abra os olhos.
Obs.: Este exercício pode ser usado para situações de mágoa, ressentimento, reorganização
de vida, fases de crise ou transição do paciente. Também é adequado para adolescentes.
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ROTEIRO DE VIDA
(Descrição geral)
Objetivo: Facilitar ao cliente uma revisão de sua vida, ajudá-lo a recordar, rever e trazer
conteúdos de sua existência atual; favorecendo redecisões importantes a serem tomadas.
Expressar no papel, de forma a ser visualizada, as etapas da vida
Corpo teórico: Estados e cartografia da consciência, Conceito de Vida e de Ego.
Modalidade: Reorganização simbólica, trabalho corporal, evocação de memória, imaginação
mnemônica e criativa.
Fases trabalhadas: todas as Sete Etapas.
Recurso utilizado: música evocativa, barbante, lápis, papel, fita crepe.
Orientações
a) Estabeleça uma idade, desde o nascimento até a sua morte, na qual gostaria
de permanecer no Planeta Terra.
b) Subdivida esta idade em dez (exemplo: se deseja viver 80 anos ou se deseja
viver 95 anos ou 50, dívida por dez, no primeiro exemplo corresponde a 8 anos
cada divisão, no segundo a 9 anos e 6 meses e 5 anos no terceiro exemplo).
c) Dê dez passos à frente e deixe que cada passo simbolize esse número de anos
resultante da divisão. Represente o total de passos (anos) com um barbante.
d) O barbante significa a linha de sua vida, o tempo em idade que você determinou
para viver na Terra.
e) Cada passo representa a sua idade desejada, dividida por dez. Assim no
primeiro exemplo de 80 anos, o primeiro passo 8 anos, o segundo de 8 a 16, o
terceiro de 16 a 24, assim sucessivamente até 80 anos.
f) Ao final do barbante, deixe as 5 folhas A4 para o exercício.
g) A partir do seu nascimento, você selecionará em cada passo, 3 fatos para
escrevê-los. Escreva como se você estivesse sempre no tempo presente, tanto
em relação aos fatos do passado, quanto aos fatos do futuro, você irá escrevê-
los como se estivesse acontecendo em cada momento, no “como se” fosse
aqui e agora.
Use sua imaginação!
Bom trabalho!
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ROTEIRO DE VIDA
(Descrição detalhada)
Vera Pizzichini Saldanha
“O homem é o seu próprio livro de estudo.
Basta ir virando as páginas até encontrar o autor”.
Jean-Yves Leloup
A) PREPARAÇÃO
Quantos anos desejo viver para evolução do meu ser nesta existência atual?
Dividir o total do tempo por 10;
Estabelecer simbolicamente 1 passo para cada décimo;
Usar um barbante simbolizando o espaço de tempo da existência biológica, para
o espaço total do número de passos dados. Cada passo terá 1/10 do tempo
total;
Deixar disponíveis 3 folhas A4 em branco no espaço “pós-morte” e tiras de papel
para cada espaço de tempo (em torno de 3 a 5).
B) INÍCIO
Nascimento;
Do nascimento em cada décimo (selecionar 1 a 5 fatos);
Vivência antecede morte;
Experiência morte.
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Na segunda folha, responder:
- Se eu pudesse voltar o que faria? Quais as minhas decisões?
“Ninguém consegue voltar atrás e fazer um novo começo,
mas todos podem começar agora e fazer um novo fim”. (Chico Xavier)
Na terceira folha, escrever um plano de ação:
- Como tornar real as minhas decisões, na minha existência atual?
Na quarta folha, comprometer-se: inserir as redecisões na agenda da semana,
a partir de agora.
D) FINALIZAÇÃO
Trazer a folha da redecisão do ser essencial para o dia de hoje!
Enrole o fio de barbante esticado, até o momento atual;
Operacionalizar, traduzir em ações representativas no seu dia a dia, a partir
de já;
Escrever suas redecisões em ações propostas na folha em branco, a partir de
agora (uma folha A4);
Escrever a data do dia de hoje na folha e assinar.
Bom trabalho!
Vá em direção a si próprio. Vá seguro.
Sua consciência imortal, seu ser essencial o acompanha.
Aquele que a tudo criou está lado a lado, te acompanha.
Sempre e sempre e sempre...
E o fará ver claro como a luz do dia, qual a essência que move a sua vida!
Esta dinâmica pode ser feita, também, somente por meio da Imaginação Ativa,
sem utilizar o barbante.
Este exercício pode ser usado como roteiro do ano (12 passos = 12 meses). Às
vezes, com adolescentes, fazemos o roteiro da semana e até mesmo do dia,
visualizando e reorganizando pequenas metas de organização diária, em que o cliente
não consegue organizar. Nessa dinâmica, quase sempre fica evidenciado o que
estava bloqueando o desenvolvimento do cliente, favorecendo o trabalho
psicoterapêutico no manejo clínico deste exercício.
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COMO NOS COMUNICAMOS
Leia antes de iniciar a conversação:
1. Não faça anotações nesta folha enquanto a outra pessoa estiver falando. Apenas ouça.
2. Quando a outra pessoa terminar de falar, passe uns minutos anotando nesta folha.
3. Observe seu par, naturalmente, à medida que fala. Mantenha a conversação através de
perguntas, observações ou comentários, mas procure concentrar-se em ouvir.
4. Observe o seguinte (anotando depois)
EXPRESSÃO FACIAL
( ) Plácida ( ) Tímida ( ) Expressiva ( ) Extrovertida ( ) Entusiasmada ( ) Desinibida
( ) Invulnerável
OLHOS
( ) Críticos ( ) Ansiosos ( ) Medrosos ( ) Hostis ( ) Cuidadosos ( ) Expressivos
( ) Velados, encobrindo sentimentos
MÃOS
Que sentimentos você percebe do movimento ou posição das mãos?
___________________________________________________________________
RESPIRAÇÃO
( ) Rasa ( ) Tensa ( ) Rápida ( ) Ansiosa ( ) Natural ( ) Profunda
FALA (discurso)
O que você percebe através da maneira de falar/Qualidade de tom:
___________________________________________________________________
Inflexão: ____________________________________________________________
Modo de expressão:
___________________________________________________________________
Enumere quaisquer outros aspectos, não mencionados acima, que você acha que
seu par comunicou.
___________________________________________________________________
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TAREFA
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ANEXO I
Despertar
Acorda da letargia da rotina que te enrijece
e desperta para o encontro com o inusitado.
Ruy de A. Mattos
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ANEXO II -
HUMBERTO MATURANA E O PAPEL DA EMOÇÃO NO VIVER E
CONVIVER
Célia M. Lameiro Rodrigues
Psicóloga e Professora Universitária
ce.lamei@terra.com.br
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A forma de pensar sistêmica prioriza as relações entre diferentes elementos de
um objeto, que integra um sistema cada vez mais amplo e global, entendendo-se aqui
por sistema como uma unidade global organizada e complexa. Para essa abordagem,
não existe separação entre sujeito e objeto, pois objeto é relação e ambos existem
relacionalmente (Maturana, 1998, 2000, 2001) Portanto, essa forma de pensar
sistêmica compreende o mundo através de uma rede de relações e conexões.
Com seus estudos, iniciadas com pesquisas sobre a percepção das cores,
Maturana demonstrou que aquilo que era considerado apenas “especulação
filosófica”, ou hipóteses sobre o funcionamento mental, é antes de tudo, uma
consequência inevitável da “biologia do ser vivo”.
Para o referido autor, não há outro modo de funcionar possível. O conhecimento é
construído pelo sujeito que conhece, dentro de sua estrutura biológica (e social,
cultural), através de sua interação com o meio. Conforme é comentado por ele, nós
criamos o mundo em que vivemos com nosso viver e conviver.
Maturana e Varela (2001) explicitam que a vida é um processo de
conhecimento e que os seres vivos constroem esse conhecimento não a partir de uma
atitude passiva e sim através da interação. Eles aprendem vivendo e vivem
aprendendo.
Todo ato de conhecimento é uma construção de um sujeito observador que vê,
explica, classifica e qualifica os fenômenos a partir de uma emoção constitutiva
fundamental.
Tanto Maturana quanto Varela entendem “que todo fazer é conhecer e todo
conhecer é fazer”, portanto configurando a relação entre ação e cognição. Todo
conhecer é uma ação da parte daquele que conhece e todo conhecer depende da
estrutura daquele que conhece. O que mais nos compromete não é o conhecimento,
mas o conhecimento do conhecimento, ou seja, não é saber que a bomba mata, mas
o que queremos fazer com a bomba que determina se a usaremos ou não. Isso é
ignorado ou a pessoa finge desconhecer para evitar a responsabilidade que tem em
todos os atos cotidianos, já que todos os nossos atos, sem exceção, contribuem para
formar o mundo em que existimos e que legitimamos precisamente por meio desses
atos, configurando o processo do vir a ser.
Mas, tudo isto acontece mediado pela linguagem. “Tudo o que é dito é dito por
alguém”.
A linguagem é entendida como uma forma de estar no mundo, como uma
“coordenação de coordenação de comportamentos”. E é nesta interação, dentro de
um consenso, que os significados de cada coisa são construídos. A linguagem é
formalização e não é simbolização, pois os significados não existem a priori, mas são
construídos nesta interação linguística.
Maturana (1998, 2000, 2001) estudou com profundidade o que levou a que o
tamanho do cérebro entre os hominídeos crescesse de 450 para 1450 centímetros
cúbicos e constatou que não foi o uso das ferramentas que provocou a evolução, mas
a linguagem. Para ele, foi o comportamento aproximativo, com interações, com uma
certa sociabilidade, com o toque, o acariciar-se mútuo na convivência de interações
consensuais, que provocou o surgimento do homem e não o discurso como o
entendemos.
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Assim, parece que bastou a convivência e as interações para que ocorresse o
crescimento do cérebro.
Maturana (1998) sustenta que não há ação humana sem uma emoção que a
estabeleça como tal e a torne possível como ato, sendo que esta emoção é o amor.
Portanto, não é a razão que nos leva à ação, mas a emoção.
Ao estruturar a Biologia do Amar o autor propõe o amor como emoção básica
que caracteriza o modo de vida humano. “O amor é o fundamento biológico do
humano, pois é a emoção central na história evolutiva que nos dá origem” (p.57).
De acordo com Maturana (1998, 2000, 2001), tudo que fazemos todas as
nossas condutas, mesmo aquelas que chamamos de racionais, dão-se sob o domínio
básico de uma emoção, denominado amor. Não o amor místico, transcendental ou
divino, e não uma virtude especial de alguns poucos, mas uma emoção, uma
disposição corporal que nos possibilita algumas condutas e outras não e que funda o
humano do ser humano.
O amor não é um fenômeno biológico eventual nem especial, é um fenômeno
biológico cotidiano. Ele é um fenômeno biológico tão básico e cotidiano no ser humano
que muitas vezes é negado, criando-se limites culturais na legitimidade da convivência
e em função de outras emoções (Maturana, 1998, p. 67).
A Biologia do Amar, assim denominada e utilizando-se do verbo amar ao invés
do substantivo amor, pois amar pressupõe a ação de alguém. Não podemos esquecer,
dessa forma, que Maturana propõe o amor como uma ação, uma atitude, onde o outro
é aceito como um legítimo outro na convivência. E, já explicitado neste texto, não é o
amor místico ou transcendental, mas uma atitude epistemológica na construção de
uma aprendizagem em que a ênfase recai na cooperação que ocorre na aceitação
mútua e na aceitação do outro como um legítimo outro.
Maturana propõe um modo de vida sob o princípio da cooperação e não na
competição. Viver sob a égide da competição nega o outro e não possibilita a
aceitação mútua. De forma semelhante, para o pensamento sistêmico, não se trata
de formular conceitos ao se falar em amor, aceitação mútua e cooperação, mas trata-
se de um ato espontâneo, ou uma experiência que nos qualifica como uma espécie
evolutiva.
Para ele, o Ser Humano surge quando se juntam uma série de características
estruturais e organizacionais, ou seja, o convívio em grupo, baseado na ajuda e
proteção mútuas, o compartilhamento dos alimentos, o cuidado e proteção dos
filhotes, e o prazer sensual e sexual da convivência entre machos e fêmeas,
independentemente da reprodução.
Ao abordar o humano do ser humano, Maturana também discute, além do
amor, sobre as emoções, as quais não são o mesmo que sentimentos. Para ele,
sentimentos são a forma como designamos diferentes emoções tais como a raiva,
alegria, tristeza e outras, ou seja, tanto as comumente interpretadas como positivas
quanto as negativas.
As emoções são componentes dos sistemas vivos e imprescindíveis à vida
social e elas estão ocultas em todo o fazer, ou melhor, estão implícitas em todo e
qualquer ato humano. Dessa forma, as emoções são caracterizadas como
fundamento básico que constitui todas as ações do ser humano (Maturana, 2001).
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Somos seres basicamente amorosos, em função de nossa organização e
estrutura, mas vivemos em uma cultura patriarcal que nega nossos fundamentos
amorosos, matriarcais. O ser humano não nasce sabendo fazer discriminações
raciais, culturais ou de gênero; as crianças se aceitam independentemente se o outro
compartilha da mesma raça, classe social ou religião que ele. Se não negamos os
fundamentos amorosos do humano, passamos a repensar todas as relações com as
demais pessoas do nosso entorno, com outros seres vivos e com o nosso ambiente.
Dessa forma, até as nossas práticas profissionais podem ser revistas e até
modificadas.
De acordo com Maturana (2000), a negação dos fundamentos amorosos do ser
que é humano, implica na destruição e essa fecha a inteligência na autodepreciação
e centra a atuação da pessoa na agressão. Diferentemente da aceitação que é
construtiva, vai possibilitar a ampliação da inteligência no autorrespeito e centrar a
pessoa na colaboração. Para ele, a negação do ser tira o sentido à vida e ao fazer,
enquanto a aceitação do ser devolve o sentido à vida e ao fazer.
Maturana e a Educação
A educação, bem mais holística, deve ter um olhar voltado ao outro em sua
totalidade, além do que indivíduo e contexto precisam ser pensados como um
conjunto de relações as quais devem ser consideradas como integridades unas.
Qualquer vestígio de fragmentação e explicações simplistas e simplificadas deve ser
deixado de lado, pois são típicos do paradigma cartesiano. O pensamento sistêmico
contribui para outro olhar ao se estudar os sujeitos envolvidos no ato educacional e,
portanto, imprescindível o delineamento de um novo caminho a ser percorrido.
O antropólogo inglês Gregory Bateson (1979) comentou que as crianças
sempre foram ensinadas a definir as coisas que a cercam através de critérios objetivos
e estanques e não “através de sua relação com as outras coisas”. E, ensinar, para
Maturana seria criar um espaço de convivência onde alunos e professores criam uma
dinâmica em que se transformam juntos.
Moraes (2004) explica que pensar sistemicamente é pensar de maneira
complexa, de maneira global, de maneira ecológica, lembrando que toda ação
individual é também influenciada pelos pensamentos, pelos sentimentos e ações do
outro. Uma ação não envolve apenas a intenção daquele que atua... toda ação
envolve interação.
O ato de aprender é um fenômeno complexo, envolve as diferentes dimensões
do ser humano e ocorre em uma integração no ser e no fazer consigo mesmo e com
o outro. Enquanto isso, o conhecimento é um fenômeno baseado em representações
mentais que é feita do mundo e é constituído através das interações frequentes que
acontecem ao longo da vida de cada um. Influenciamos, somos influenciados e
modificados por tudo o que cada um de nós vivência e experiência no cotidiano.
Portanto, o mundo não está pronto e acabado, ele é formado por seres humanos que
estão em um processo contínuo e ativo.
Ele defende que a educação deve ser um processo de transformação na e pela
convivência com o outro e consigo mesmo. Para ele, é muito importante refletirmos
sobre a educação para a vida do ser humano e a fazer reflexões constantes sobre,
por exemplo, o que é o ser humano? Para que se quer educar? O que é educar?
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Suas preocupações com o aspecto educacional levaram a discutir sobre a
infância e a juventude. Na infância deve-se criar possibilidades de a criança ser capaz
de aceitar e respeitar o outro partindo da aceitação e do respeito por si mesma.
Enquanto na juventude, esse aprendizado precisa ser reafirmado configurando a
maneira de agir da vida adulta.
As escolas e educadores deveriam trabalhar o respeitar e aceitar os erros como
oportunidades de mudanças, também ser trabalhado a aceitação e o respeito por si e
pelos outros e sem que o fantasma da competição se imponha.
Maturana (2000) relatou que é responsabilidade da escola conduzir os alunos
de forma que seus conhecimentos reflexivos sejam ampliados e também sua
capacidade de ação. No entanto, é necessário que o fazer do aluno seja corrigido e
não o seu ser, é necessário que condições sejam dadas aos alunos para que cresçam
no autorrespeito e no respeito pelo outro.
Torna-se necessário a criação de um espaço relacional para que os discentes
cresçam no respeito e na aceitação de si mesmos a partir de si mesmo e não a partir
de exigências que viriam do meio exterior ou através de comparações.
A escola é um ambiente para que a humanização de cada um dos envolvidos
nas ações pedagógicas aconteça e ela só se dá na aceitação da diversidade tanto
com respeito às diferenças étnicas, físicas, sensoriais quanto às diferenças culturais,
de desenvolvimento e de aprendizagem. A homogeneidade e a uniformização não
devem ser o normal, mas a diferença.
Com respeito ao professor, não se aceita mais a prática tradicional onde a
relação educadora - educando está alicerçada unicamente na transmissão do
conhecimento, em que os alunos precisam saber a resposta certa aos
questionamentos dados. No pensamento sistêmico, os conteúdos escolares devem
ter significado para o professor e sua atuação (o fazer) deve estar o mais congruente
possível com o seu ser. A relação com os educandos deve estar pautada na
aprendizagem coletiva e ele precisa propiciar espaços de convivência onde cada um
dos seus alunos seja um participante ativo ao buscar decisões a serem tomadas.
Além disso, “a tarefa da educação escolar é permitir o crescimento das crianças
como seres humanos que respeitam a si próprios e os outros com consciência social
e ecológica, de modo que possam atuar com responsabilidade na comunidade a que
pertencem” (Maturana, 2000, p.13). Com isso, a escola precisa colocar ênfase na
formação humana diferentemente do que acontece há muito tempo que é enfatizar a
formação técnica e específica.
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“Relações sociais implicam em confiança mútua e ausência de manipulação ou
instrumentalização das relações. Assim, as relações sociais quebram a manipulação
quando esta aparece”. Os seres humanos ficam enfermos num ambiente de
desconfiança, manipulação e instrumentalização das relações. As crianças precisam
crescer na confiança, na aceitação corporal sem exigências, no prazer de estar juntos,
isto é, na cooperação para se tornarem indivíduos bem integrados e seres sociais
(Maturana e Rezepka, 2000, p.60 - 61).
Para os citados autores, a tarefa da educação é formar seres humanos para o
presente, para qualquer presente e seres nos quais outros seres humanos possa
confiar e respeitar. E, enfatizam que há uma confusão entre formação humana e
capacitação.
A formação humana refere-se ao desenvolvimento da criança como pessoa
capaz de ser cocriadora com os outros de um espaço de convivência social desejável.
Aqui, a tarefa educacional é a de criar condições para que a criança se sinta guiada e
apoiada em seu crescimento como um ser capaz de viver no autorrespeito e no
respeito pelo outro. Que a criança entenda que pode dizer não a si a partir de si mesma
e que a sua individualidade, identidade e confiança em si mesma não estão
fundamentadas na oposição ou diferença com relação aos outros, mas no respeito
por si mesmo. Agindo assim, ela consegue colaborar justamente porque não teme
desaparecer na relação.
A capacitação, para os autores, refere-se à aquisição de habilidades e
capacidade de ação no mundo aonde se vive como recursos operacionais que a
pessoa tem para realizar o que quiser viver. Neste caso, a tarefa educacional consiste
na criação de espaços de ação onde as habilidades que se deseja desenvolver sejam
exercitadas.
Concluindo, os autores relatam que a criança que cresce no respeito por si
mesmo pode aprender qualquer coisa e adquirir qualquer habilidade se assim o
desejar. Todo o processo educativo tem que estar alicerçado na formação humana,
pois quando ela se completa teremos uma criança que consegue viver como um ser
socialmente responsável e livre, capaz de refletir sobre sua atividade e sobre o seu
próprio refletir, capaz de ver e corrigir erros, capaz de cooperar e de ter um
comportamento ético. Acima de tudo, ela não desaparecerá nas relações com os
outros e não será arrastada para as drogas e para o crime, pois não terá que depender
da opinião dos outros ao buscar a sua identidade fora de si mesma.
Referências
MATURANA R., Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 1998.
______ e REZEPKA, S. N. Formação humana e capacitação. Petrópolis: Vozes, 2000.
______ e VARELA G., Francisco. A árvore do conhecimento: as bases biológicas do
entendimento humano. São Paulo: Palas Athena, 2001.
MORAES, M. C.; TORRE, S. Sentipensar: fundamentos e estratégias para reencantar a
educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: UNESCO, 2000.
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