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Análise Da Associação Entre o Desempenho Acadêmico, A Velocidade de Execução Das Tarefas e o Comportamento Da Criança A Partir Da EACI - P
Análise Da Associação Entre o Desempenho Acadêmico, A Velocidade de Execução Das Tarefas e o Comportamento Da Criança A Partir Da EACI - P
ARTIGO et al.
ORIGINAL
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Análise da associação entre o desempenho acadêmico, a velocidade de execução das tarefas
e o comportamento da criança a partir da EACI-P
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concluem que o baixo rendimento acadêmico foi que todos os onze artigos revisados encontraram
mais frequente entre meninos, e as meninas com uma correlação positiva entre autoconceito e de
alto rendimento. Sugerem, ainda, que as crian sempenho escolar, ou seja, crianças com desem
ças que apresentam baixo rendimento acadêmi penho acadêmico satisfatório tendem a ter um
co estão em desvantagem de desenvolvimento bom autoconceito e aquelas com desempenho
em relação às crianças com alto rendimento, uma escolar ruim tendem a apresentar autoconceito
vez que no baixo rendimento acadêmico foram diminuído.
maiores: a incidência de crianças com desem Peixoto17 no seu estudo demonstra que as va
penho escolar inferior ao esperado, o número riáveis cognitivas (Q.I e fator “g” de inteligência)
de crianças com inteligência abaixo da média influenciam os problemas de aprendizagem e de
ou intelectualmente deficientes e o número de comportamento. Os problemas de aprendizagem
crianças com resultados visomotores abaixo do e de comportamento de acordo com a percepção
esperado para a idade. dos professores foram subdivididos em doze
Barra et al.13, analisando a opinião dos pro categorias distribuídas conforme os aspectos
fessores sobre o rendimento acadêmico, o com avaliados: 1) aspectos mais ligados à cognição
portamento de escolares e a necessidade de ser (raciocínio, atenção e memória); 2) aspectos
viços especializados por não estarem respondendo mais ligados a aprendizagem (cálculo, leitura
às demandas da escola, concluíram que os profes -escrita e motivação); 3) aspectos mais ligados
sores avaliam melhor problemas de comportamen ao comportamento perturbador em sala de aula
to do que baixo rendimento acadêmico dos alunos, (hiperatividade, indisciplina e oposição); e 4)
tendo alta sensibilidade para detectar crianças com aspectos mais ligados ao comportamento não
problemas emocionais/comportamentais. perturbador (autoconfiança, inibição e apatia).
Machado et al.14, em pesquisa focalizando Os resultados de Peixoto17 revelam que a dife
a sala de aula e a avaliação feita pelos profes rença nas médias das variáveis cognitivas entre
sores, concluíram que o grupo de crianças com os grupos de alunos referidos pelos professores
dificuldades de aprendizagem apresentava mais como sem problemas ou com problemas nos doze
problemas de comportamento, principalmente indicadores de aprendizagem-comportamento
ligados à externalização, reforçando a ideia de são sempre favoráveis aos alunos do grupo sem
que as crianças que apresentam dificuldades problemas, com exceção das categorias indisci
para aprender também são avaliadas como tendo plina e autoconfiança.
mais problemas comportamentais. Em síntese, no estudo de Peixoto17, a percep
Ainda D´Abreu e Marturano15, em um levan ção dos professores é consistente com os resulta
tamento na literatura de estudos prospectivos e dos obtidos nas variáveis cognitivas, pois os alu
longitudinais investigando a associação entre nos referidos pelos professores sem problemas
problemas de comportamento externalizantes e tendem a obter melhores resultados nas variáveis
baixo rendimento escolar no Ensino Fundamen cognitivas. Outro achado interessante é que a
tal, sugerem a influência de variáveis anteceden diferença nas médias é maior nas categorias
tes como condições adversas na família e baixo relativas à cognição-aprendizagem, sendo mais
nível socioeconômico, e indicam que a associa elevada no conjunto dos indicadores relativos
ção traz prognóstico ruim para as crianças, como à cognição (raciocínio, atenção e memória) do
comorbidades com transtornos psiquiátricos, que na aprendizagem propriamente dita (leitura
posteriores problemas acadêmicos e de compor -escrita, cálculo e motivação).
tamento anti-social, evidenciando a situação de No estudo realizado por Miranda-Casas et
risco psicossocial em que se encontram. al.18, crianças com TDAH e com dificuldades
Para Ferreira16, em seu artigo de revisão sobre de aprendizagem da matemática solucionaram
autoconceito e desempenho escolar, concluiu menos problemas da vida real e realizaram
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sivo, mal humorado; perturba colegas; triste; chora com frequência e facilidade;
provoca confusões; humor muda drasti isola-se das outras crianças; submissa, tí
camente com rapidez; matreiro, se faz de mida e medrosa.
esperto, destrutivo, mente, tem explosões e) FATOR V - Socialização Negativa: Parece
de raiva, comportamento imprevisível; não ser aceita pelo grupo; não tem espírito
desafiador, atrevido, excessiva exigência esportivo; parece não ter liderança; não se
de atenção; provoca outras crianças ou relaciona bem com o sexo oposto; não se re
interfere com as suas atividades; teimoso, laciona bem com a criança do mesmo sexo.
sempre mudando de atividade, grita em
sala; dificuldade em esperar a sua vez, Análise dos dados
sempre correndo ou pulando, frequente Foi utilizado para análise dos dados o pro
mente responde antes que se complete grama estatístico SPSS versão 15.0 (Statistical
a pergunta; tem dificuldade em brincar Package for the Social Sciences). Para análise
quieto, fala excessivamente, frequente dos dados categoriais, foram aplicados os testes
mente interrompe ou se intromete nas do Qui-quadrado e correlação V de Cramer. Na
atividades dos outros; frequentemente análise dos dados numéricos, foi utilizada a
perde objetos de uso na escola e em casa ANOVA (Análise de Variância) por idade, para
(ex brinquedos, livros); participa das ta determinar se havia diferenças nos fatores do
refas que envolvem perigo sem considerar EACI-P que fossem sensíveis à idade da criança
as possíveis consequências, tenta envol e correlação de Sperman entre o QI estimado do
ver o outro em confusão, começa briga WISC-III e os fatores do EACI-P. As variáveis do
sem nenhum motivo, ridiculariza outro de instrumento referentes ao ponto de corte que
modo malicioso. eram variáveis escalares foram convertidas no
b) FATOR II - Funcionamento Independen programa em variáveis categoriais, através da
te/Socialização Positiva: trabalha de for dicotomização do valor do ponto de corte nas
ma independente, persistem em tarefas categoriais 0-1 (0 = abaixo do ponto de corte e
por um bom tempo, completa deveres 1= acima do ponto de corte), permitindo a com
com pouca assistência; segue instruções paração com outras varáveis do instrumento. As
simples corretamente; funciona bem em variáveis que foram analisadas por meio do teste
sala de aula, executa corretamente uma de associação para variáveis categoriais foram
sequência de instruções, comporta-se bem velocidade (lento, médio e rápido) e desempenho
com os colegas; comunicação verbal clara (bem abaixo, abaixo, médio, acima e bem acima).
e concatenada, comunicação verbal não
correta, compreende normas e regras so RESULTADOS
ciais; sabe fazer novos amigos, enfrenta Os resultados da avaliação dos professores
situações confiantes. quanto à presença ou não de problemas de
c) FATOR III - Inatenção: desatento, não comportamento, nas 84 crianças avaliadas,
termina o que começa, dificuldades em revelam que 7,9% (7) apresentam Hiperativi
se concentrar nos deveres escolares; difi dade/Problema de Conduta, 2,2% (2), um nível
culdades em fixar em uma brincadeira abaixo do esperado para sua idade e nível de
ou jogo; dificuldades em organizar suas escolarização no que se refere ao Funcionamento
atividades e deveres; muitas vezes parece Independente/Socialização Positiva, 13,5% (12),
não prestar atenção ao que está sendo dito Inatenção, 5,6% (5) têm sintomas de Neurotis
a ele. mo/Ansiedade e 1,1% (1) vivencia um processo
d) FATOR IV - Neurotismo/Ansiedade: extre de Socialização Negativa. A análise de como
mamente sensível; extremamente sério ou esses problemas de comportamento influencia
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Tabela 5 – Análise do desempenho de crianças de 6 a 12 anos nos fatores do EACIP, utilizando a ANOVA.
Fatores N Min. Max. Média Dp P
Hiperatividade 81 ___ 81 17,56 22,04 0,86
Inatenção 81 ___ 18 5,16 6,1 0,58
Funcionamento/Independência 81 ___ 36 17,53 12,75 0,03*
Neuroticismo/Ansiedade 80 ___ 21 3,93 4,33 0,11
Socialização Negativa 79 ___ 10 1,9 2,82 0,52
* significante para p < 0,05.
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cias encontradas em outros estudos8,10. No es potetizarmos que o fato da criança apresentar
tudo de Brito et al.8, que avaliou 402 crianças do relacionamentos sociais pobres e apresentar
Rio de Janeiro, por exemplo, verificou-se que características de maior passividade frente ao
11,9% das crianças apresentaram Inatenção e grupo, influencia o modo pelo qual ela se adapta
4,2% Hiperatividade/Problemas de conduta, às exigências ambientais escolares em amplos
enquanto que, no nosso estudo com crianças da aspectos desde as demandas de socialização
cidade de São Paulo, as frequências para esses até as acadêmicas. Neste sentido, Speakman et
domínios foram de 13,5% e 7,9%, respectiva al.21, por exemplo, apontam que entre os fatores
mente. As médias também das crianças por nós de risco para problemas de aprendizagem estão
avaliadas nos instrumentos foram diferentes, os relacionamentos sociais pobres. Entretanto,
enquanto que no estudo de Brito et al.8 as médias a questão é como a socialização negativa está
foram: Hiperatividade/Problemas de conduta envolvida no desenvolvimento de problemas de
(M=17,5), Inatenção (M=5,1), Funcionamento aprendizagem. Com base na análise da Tabela
Independente/Socialização Positiva (M=17,5), 3 observamos que a socialização negativa não
Neurotismo/Ansiedade (M=5,0) e Socialização influencia o desempenho acadêmico, mas sim
Negativa (M=2,6); no presente estudo, elas a velocidade de execução, indicando o meca
foram: Hiperatividade/Problemas de conduta nismo explicativo que pode estar associado a
(M=12,7), Inatenção (M=3,3), Funcionamento está variável.
Independente/Socialização Positiva (M=24,6), Outro achado interessante é de que houve
Neurotismo/Ansiedade (M=3,9) e Socialização correlação moderada, estatisticamente signifi
Negativa (M=1,9) (Tabela 5). Esses achados re cativa e positiva entre Inatenção e Socialização
velam que existem diferenças para a frequência Negativa (Tabela 5). Sabemos que crianças com
de problemas de comportamento entre crianças TDAH tipo predominante desatento apresen
do Rio de Janeiro e São Paulo, se significativas tam desempenho mais lentificado conforme
ou não, depende da realização de outros estudos, Simões19 e Miranda-Casas et. al.18 e que crianças
inclusive as diferenças encontradas relativas às com TDAH também tendem a apresentar mais
médias para as subescalas do EACI-P apontam problemas de socialização e prejuízos nas habi
para a necessidade de normas específicas para lidades sociais22.
a população de crianças do Estado de São Paulo. O fato da Inatenção ser o fator mais expres
Os resultados referentes à velocidade de sivo nas variações no desempenho das crianças,
execução (Tabelas 1 e 2) de que somente a so sendo responsável por 37,2% dessa variação,
cialização negativa está associada a esse fator, seguido do nível de Funcionamento Indepen
explicando 11,6% da sua variação, permite hi dente/Socialização Positiva que explica 12,5%
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da variação, foram achados que permitem al que eles tendem a crescer em sentidos opostos.
gumas considerações. Primeiro como a atenção Nesse sentido, a literatura tem revelado que
traduz, de maneira geral, a habilidade da criança crianças com Q.I acima da média têm menores
em manter o interesse em determinada tarefa taxas de morbidade psiquiátrica, enquanto que
ou ideia, inclusive manipulando suas próprias crianças com Q.I abaixo da média são mais vul
distrações23, sendo requisito para a execução neráveis para desenvolvimento de transtornos
de qualquer tarefa escolar, o seu prejuízo im de comportamento, apresentando, assim uma
pacta de maneira geral o desempenho escolar maior prevalência dos mesmos28.
da criança. Isso é especialmente observado em
crianças com TDAH cujo perfil de inatenção CONCLUSÃO
faz com que tenham dificuldades de atenção Os resultados demonstram que a Escala de
seletiva, sustentada, de organização, inibição e Comportamento Infantil para o Professor (EACI-P)
integração no curso da execução de tarefas, por apresenta dados importantes para compreender
exemplo, escolares24,25. o comportamento e a aprendizagem da criança
Outro dado é que há influência recíproca no ambiente escolar, auxiliando o professor nas
entre o desenvolvimento emocional e cognitivo, suas funções pedagógicas. Portanto, enquanto
sendo possível uma associação entre problemas instrumento estruturado, a escala favorece a com
comportamentais e desempenho acadêmico12. preensão do professor em relação às variáveis en
Muitas vezes as necessidades da criança de volvidas no processo de ensino-aprendizagem,
maior autonomia e independência não são ade permitindo aos profissionais da educação refletir
quadamente atendidas pelo ambiente escolar e sobre suas observações e registros, remetendo
familiar, fazendo com que a mesma não encontre -as a processos de intervenção a curto, médio e
a motivação e confiança necessárias para o de longo prazo.
senvolvimento de um apropriado autoconceito O estudo corrobora outros achados da lite
sobre suas próprias capacidades de aprendiza ratura sobre a influência dos problemas de com
gem e desempenho acadêmico26. portamento no desempenho acadêmico de crian
As correlações entre o Q.I estimado do WISC-III ças em processo de escolarização, demonstrando
e os fatores do EACI-P corroboram os achados do as inter-relações entre comportamento, desempe
estudo de Naglieri et al.27. Nesse estudo que bus nho acadêmico, velocidade de execução e inteli
cou correlacionar os escores no WISC-III com gência, apontando-os também como importantes
as escalas Conners, versão pais e professores, fatores de risco ou proteção para o desenvolvi
e Continuous Performance Test, aplicado a 117 mento típico da criança e da sua aprendizagem,
crianças de 6 a 16 anos, foram demonstradas no dependendo dos mesmos estarem preservados
WISC-III correlações significativas com a escala ou comprometidos.
Conners versão professores, sendo a correlação Concluímos que este estudo indica a neces
mais importante encontrada para o fator Ina sidade de um cuidado especial quanto à obser
tenção (r = -0,37), semelhante ao nosso estudo vação do comportamento da criança no ambiente
a correlação para este fator também foi pequena da aprendizagem, oportunizando assim inter
e significativa (ρ = -0,38). Como o Q.I estimado venções mais precoces e com validade ecológica.
do WISC-III apresentou correlações negativas Entendemos que as relações professor-aluno-es
e significativas com a maior parte dos fatores cola são fundamentais para o desenvolvimento
do EACI-P, traçamos a hipótese que a reserva cognitivo e psicossocial da criança, e quando
cognitiva traduzida no fator (“G”) é uma medida adequadamente mediados, podem evitar a ins
de proteção no que se refere ao desenvolvimento tauração de problemas de aprendizagem, com
de problemas de comportamento na infância, já portamentais e interpessoais.
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Análise da associação entre o desempenho acadêmico, a velocidade de execução das tarefas
e o comportamento da criança a partir da EACI-P
SUMMARY
Analysis of association between the academic performance, the speed
of execution of tasks and behavior of children from EACI-P
Objective: The aim of this study was to analyze the association between
academic achievement, assessed by Child Behavior Scale for Teacher (EACI-P),
as well as to correlate it to behavioral problems, speed of performance and IQ
score. Methods: This is a cross-sectional study analysing EACIP Inventory
answers through standardized comparison to neuropsychological variables
in 84 children. Results: Hyperactivity and conduct problems prevailed in
7.9% (7 cases) children, 2.2% of cases showed difficulties in Independent
Functioning / Positive Socialization, 13.5% revealed inattention, 5.6% (5 cases)
showed symptoms of neuroticism / anxiety and 1.1% (1 case) of cases ex
periences a negative socialization. Global performance was associated with
inattention scores and positive socialization, whereas hyperactivity symptoms
were correlated to inattention. Speed of performance was associated with
negative socialization and IQ score was negatively correlated to all behavioral
variables except independent functioning. Conclusion: It is possible through
the application of EACI-P to obtain data to understand behavior and learning
correlations, supporting early intervention. Behavior, speed of performance
and intelligence could be either risk or protective factors for learning if they
are preserved or impaired. Such data suggest that teacher-student interface
is crucial to understand psychosocial development of children and could give
support to positive approaches to face learning, behavior and interpersonal
problems.
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