Você está na página 1de 41

3

RESUMO
Este trabalho aborda o Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade,
culminando na visão dos professores que responderam à pesquisa exploratória em
relação ao tema estudado. O objetivo desta pesquisa foi identificar e refletir a
respeito da formação e capacitação dos professores nas escolas da rede estadual e
municipal de Belo Horizonte e Contagem, principalmente, no que se refere às
orientações adequadas para lidar com alunos que apresentam TDA/H. O mesmo
mostra de maneira clara e abrangente o comportamento hiperativo de uma criança,
relata os problemas causados e sofridos pela mesma no relacionamento familiar, na
escola e no convívio social. Partiu-se do pressuposto que, os professores são,
freqüentemente, aqueles que mais rapidamente, percebem quando um aluno tem
está tendo problemas de atenção, aprendizagem e comportamento inadequado.
Desenvolveu-se um o estudo utilizando técnicas de pesquisa bibliográficas e
aplicação de questionário para pesquisa. A análise das pesquisas foi detalhada e
embasada nas teorias bibliográficas. Participaram da entrevista vinte professores,
sendo dez da rede municipal e dez da rede estadual de Belo Horizonte e Contagem,
que possuem (ou não) alunos com hiperatividade. Os resultados apontaram que os
professores da rede municipal possuem mais conhecimentos sobre o assunto do
que os da rede estadual. Estas conclusões denotam a eficácia do instrumento
elaborado para esta avaliação, apesar do pequeno número de amostragem. A
inexperiência da maioria dos professores foi identificada, como vem sendo apontada
por pesquisadores, à exemplo de PHELAN (2005). As amostragens obtidas vêm
reforçar a nossa idéia inicial, ou seja, a maioria dos professores da rede estadual e
municipal não possui nenhuma experiência ou capacitação para lidar com crianças
com TDAH.
4

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

“Se não encontrarmos respostas adequadas a todas as questões sobre educação,


continuaremos a forjar almas de escravos em nossos filhos”.
(Céletin Freinet)
5

O tema deste trabalho perpassa pela formação de professores das Redes Municipal

e Estadual, e o objetivo do projeto é verificar se os professores das escolas de Belo

Horizonte e Contagem recebem orientação e formação continuada adequada para

lidar com alunos que apresentam o Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade (TDAH).

Através de pesquisas realizadas vimos que, no cotidiano escolar o professor depara-

se com uma série de obstáculos, sendo um deles, a dificuldade de aprendizagem.

Sabendo que cada aluno é detentor de características específicas no seu "eu",

buscamos compreender o fenômeno TDAH, verificando a possibilidade de preparar

o professor (que atua com estas crianças) para ser capaz de diferenciar a

hiperatividade de um comportamento indisciplinado; pois, apesar dos sintomas da

indisciplina e da hiperatividade serem semelhantes, existem diferenças

comportamentais significativas que as distinguem.

O profissional da educação deve estar preparado para atuar com estas crianças,

visto que, os sintomas da indisciplina e da hiperatividade são semelhantes, mas há

diferenças comportamentais significativas que os diferenciam. (Du: acho que pode

cortar esse parágrafo, pois as informações se repetiram no parágrafo anterior a ele.

Fiz uma junção. Veja se não mudei o sentido do que vc queria dizer.)

Os sintomas da criança portadora do TDAH apresentam com mais precisão suas

características em idade escolar. O profissional da educação é um dos mais

indicados para encaminhar crianças para um diagnóstico especializado, devido à

sua convivência cotidiana com a criança em situações grupais. Mediante a

constatação do problema, o educador deve informar aos pais, orientando qual o

procedimento a ser seguido.


6

Esta pesquisa objetiva identificar os processos que têm sido empregados para a

capacitação dos professores no exercício de suas atribuições no espaço escolar.

No capítulo II apresentaremos o histórico, as características e os sintomas da

Síndrome TDAH. As pesquisas apontam que desde o início da década de 1960, a

hiperatividade infantil tem recebido atenção crescente de psicólogos e educadores.

Modelos teóricos, pesquisa básica extensiva e uma variedade de novos programas

de tratamento mostram a importância deste assunto. As definições conceituais são

importantes para a formulação de uma pesquisa teórica. Sendo assim, faz-se

necessária a operacionalização destas definições, para o desenvolvimento

fidedigno.

Para a confirmação diagnóstica clínica e para a elaboração de um tratamento eficaz,

direcionado a criança com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

(TDAH), é muito importante o conhecimento do que venha a ser a síndrome.

A falta de exatidão com que o TDAH tem sido definido conduz a equívocos e a uma

situação em que os resultados das pesquisas já realizadas vêm sendo mal

interpretados e pouco esclarecedores. É perigosa a tentativa de se definir o

transtorno sem validades empíricas sólidas, uma vez que os procedimentos usados

para avaliação do comportamento refletem uma influência direta da definição. A

prática mais popular e talvez a que mais necessite ser revista, em busca de

legitimidade, é a de se usar sinônimos que refletem os comportamentos da criança

com TDAH, mas que não avançam na definição correta do TDAH (ESCUDEIRO,

2001).

Outra consideração a ser feita, diz respeito ao fato do conceito da mesma ser usado

como sinônimo de inquietação, déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade,


7

indiscriminadamente. O atual termo adotado pelo Manual Estatístico e Diagnóstico

de Distúrbios Mentais (DSM-IV), para designar a patologia denominada leigamente

de Hiperatividade, é o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade ’ cuja sigla

pode ser tanto TDAH quanto TDA/H, sendo que no último caso a barra inclinada

indica que o problema pode ocorrer com ou sem o componente de hiperatividade,

outrora considerado o sintoma mais importante e definidor do quadro (BARKLEY,

2002).

Na classe médica, é consenso o fato de que a maioria das crianças diagnosticadas

como portadoras do TDAH, apresenta padrões de falta de atenção e/ou

hiperatividade-impulsividade que são mais freqüentes e severos, comparativamente,

com outras crianças do mesmo nível de desenvolvimento. Outra característica

relevante é quando estes indivíduos manifestam disfunções nas áreas de: atividade

e coordenação motora; atenção e função cognitiva (em especial em situações

estruturadas, como por exemplo, em sala de aula); controle dos impulsos; nas

relações interpessoais direcionadas à dependência-independência; responsabilidade

adequada à influência social, principalmente para harmonizar as ações de acordo

com as exigências da situação enfrentada e de seu aspecto emocional (ARAUJO,

2002).

A causa, ou causas, exatas da hiperatividade são ainda discutidas. A maior parte

dos pesquisadores teoriza que a desordem pode ser resultado de alterações

fisiológicas no Sistema Nervoso Central, resultando na inaptidão para controlar as

capacidades de atenção e filtragem de estímulos externos (MOURA, 1999).

Numa perspectiva interdisciplinar este estudo procura elucidar a definição desta

patologia, explanando a evolução histórica do conceito e denominação, e também


8

fazendo alusão ao progresso da ciência. Para tanto serão discutidos alguns temas

como: conceito, características clínicas, diagnóstico e tratamento, do TDAH.

No capítulo III abordaremos a realidade escolar e familiar da criança portadora da

síndrome. Uma vez que o ponto principal da pesquisa está direcionado ao

desenvolvimento da criança nas escolas de ensino básico, será estudado o

comportamento e atitudes dos professores das redes municipais e estaduais de

ensino diante de crianças diagnosticadas hiperativas. Em seguida o estudo abordará

a formação e capacitação dos professores no cotidiano escolar e sua relação

pedagógica com crianças portadoras da síndrome de TDH/A.

No capítulo IV discutiremos os procedimentos metodológicos usados para análise

dos dados. Tendo em vista, a falta de conhecimento sobre importância e atuação de

profissionais capacitados na vida destas crianças, justifica-se o presente estudo.

Considerando também, a escassez de publicações sobre o assunto, a falta de

constatações científicas relacionadas à eficácia desta relação professor /aluno. A

importância desta pesquisa ainda implica, na possível contribuição para

investigações futuras.

No capítulo V mostraremos os resultados obtidos na pesquisa. Quanto aos seus

propósitos, esta pesquisa objetiva avaliar o grau de comprometimento do professor

diante um aluno diagnosticado hiperativo. Dessa forma, os objetivos específicos, a

serem alcançados ao término do estudo, podem ser resumidos da seguinte forma:

analisar as diferentes concepções a respeito do TDA/H; analisar a intervenção

pedagógica dos professores e da equipe pedagógica, com alunos que apresentam

TDA/H; verificar o envolvimento da equipe pedagógica e dos docentes no

desenvolvimento do trabalho com aluno hiperativo.


9

No capítulo VI faremos as considerações finais sobre o tema de pesquisa.

Acreditamos que esta pesquisa seja de suma importância para todos educadores,

pois possibilita conhecermos mais sobre o assunto. Assim poderemos evitar

avaliações errôneas sobre o comportamento de crianças com TDAH, o que leva a

rotulações e transtornos aos alunos. Acreditamos que os professores devem ter o

cuidado de não diagnosticar, mas apenas descrever o comportamento e o

rendimento do aluno, propondo um possível curso de ação, encaminhando para um

profissional da saúde.
10

CAPÍTULO II

TDA/H EM CONTEXTO

“A única coisa que se aprende e realmente faz a diferença no comportamento da pessoa


que aprende é a descoberta de si mesma”.
(Carl Rogers)
11

2.1 Histórico da Síndrome

TDA/H é a sigla que denomina uma síndrome neurobiológica, e significa “Transtorno

do Déficit de Atenção e Hiperatividade”. A síndrome de TDHA foi descrita pela

primeira vez em 1845 pelo psiquiatra alemão Heinrich Hoffman no livro

“Zappelphilipp”. No entanto, foi em 1902 que George Frederick Still a descreveu de

forma completa, ou seja, crianças excessivamente ativas e agitadas, com falta de

atenção, dificuldades de aprendizagem, foram caracterizadas como tendo “Defeitos

mórbidos de controle moral”.

Em 1934, crianças que apresentavam conduta similar ao que Still apresentou, foram

descritas por Kahn e Cohen como “Organicamente impulsionadas”.

De acordo com (Weiss,1995), em 1947, Strauss descreveu algumas crianças

retardadas com hiperatividade, impulsividade, defeitos cognitivos, considerando-as

com “Lesão Cerebral Mínima”.

Em 1962, alguns clínicos sugeriram que uma criança não podia ser rotulada como

lesionada cerebral por causa do seu comportamento. Entretanto, apesar das críticas,

o termo foi mantido, como enfatiza (Weiss,1995).

Ainda na década de 60, foi denominada como “Reação Hipercinética da Infância”

DSMII,1968 (sigla em inglês para o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios

Mentais, segunda edição) e por “Síndrome Hipercinética da Infância” CID-9,1975

(Código Internacional de Doenças).

De acordo com Gaião e Barbosa (2001), o nome Transtorno de Déficit de Atenção

surgiu pela primeira vez em 1980, chamado DSMIII. Essa nova definição deixava
12

claro que o ponto central do problema era a dificuldade de se concentrar e manter a

atenção.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (1980) aponta duas

categorias para a síndrome de TDA: com hiperatividade e o sem hiperatividade. As

duas categorias envolvem a dificuldade de atenção, mas as crianças que se

enquadravam no TDA com hiperatividade eram excessivamente ativas, impulsivas e

comportavam-se muitas vezes de maneira destrutiva. O DSM-III também reconhecia

que as crianças portadoras do TDA muitas vezes se transformam em adultos

portadores da síndrome e, em função disso, o termo “TDA Tipo Residual” foi

incluído.

Em 1987, O DSMIII (1980) foi revisto, mudando novamente a terminologia para

transtorno de Déficit de Atenção por Hiperatividade. Por meio dessa mudança,

reconhecia-se o fato de que tanto a desatenção quanto a inquietação estavam

freqüentemente envolvidas no distúrbio. No entanto, a descrição do TDAH no DSM-

III-R (1980) infelizmente eliminou o subtipo TDA sem hiperatividade. Em seu lugar,

fazia-se referência a um “Tipo Indiferenciado” de TDA, uma espécie de categoria

que monopolizava tudo aquilo que não se encaixava claramente na classificação

TDA.

O DSM-IV (1995) representa efetivamente um aperfeiçoamento em nosso modo de

pensar o Transtorno de Déficit de atenção. De acordo com o DSM-IV, vários critérios

devem ser observados para que o indivíduo seja diagnosticado como portador de

TDA. Basicamente, a pessoa precisa apresentar um padrão de desatenção e ou

hiperatividade – impulsividade que se encaixe nos seguintes critérios:

1. Persistência: o comportamento tem de persistir por pelo menos seis meses.


13

2. Início precoce: os sintomas têm de estar presentes (não necessariamente

diagnosticados) antes da idade de sete anos.

3. Freqüência e gravidade: a desatenção e/ ou a hiperatividade – impulsividade

devem ter um caráter extraordinário quando comparadas às pessoas da mesma

idade.

4. Claras evidências de deficiência: o padrão comportamental do TDA precisa

causar uma interferência significativa na capacidade funcional da pessoa.

5. Deficiência em um ou mais cenários; os sintomas causam problemas sérios em

contextos múltiplos, inclusive na escola (ou no trabalho, no caso de adultos), em

casa e em situações sociais.

O DSM-IV apresenta duas listas de características da síndrome, com nove sintomas

cada uma. A primeira lista inclui manifestações de desatenção:

1. Não consegue prestar muita atenção em detalhes ou comete erros por descuido;

2. Tem dificuldade em manter a atenção no trabalho ou no lazer;

3. Não ouve quando abordado diretamente;

4. Não consegue terminar as tarefas escolares, os afazeres domésticos ou os

deveres do trabalho;

5. Tem dificuldade em organizar atividades;

6. Evita tarefas que exijam um esforço mental prolongado;

7. Perde coisas;

8. Distrai-se facilmente;

9. É esquecido;
14

Já na segunda lista, os primeiros seis itens são sinais de Hiperatividade e os

últimos três são sinais de impulsividade:

1. Tamborila com os dedos ou se contorce na cadeira;

2. Sai do lugar quando se espera que permaneça sentado;

3. Corre de um lado para o outro ou escala coisas em situações em que tais

atividades são inadequadas;

4. Tem dificuldade de brincar em silêncio;

5. Age como se fosse “movido à pilha”;

6. Fala em excesso.

Impulsividade:

1. Responde antes que a pergunta seja completada;

2. Tem dificuldade de esperar sua vez;

3. Interrompe os outros ou se intromete.

(Sugestão; pode numerar os itens de 01 a 09; pois você deixou bem claro que os

três últimos itens referem-se aos sinais de impulsividade)

De acordo com Phelan (2005), para fazer o diagnóstico, basta observar se o

indivíduo encaixa-se em seis ou mais itens de ambas as listas, o diagnóstico é

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Tipo Combinado. Essas pessoas

têm problemas para prestar atenção e também são excessivamente ativas. Esse tipo

de TDA é aquele que costumávamos chamar de TDA com hiperatividade.

Se a pessoa encaixa-se em seis dos nove itens de Desatenção, mas não se encaixa

em seis dos nove critérios de Hiperatividade/Impulsividade, pode-se dizer que é

portador de um Transtorno de Déficit de atenção e Hiperatividade, Tipo


15

Predominantemente Desatento. Essas crianças (ou adultos) não são inquietas, mas

têm problemas para se concentrar em tarefas, manter a atenção, organizar e

terminar coisas. Esse tipo de TDA é aquele que costumávamos chamar de TDA sem

hiperatividade.
16

CAPÍTULO III

REALIDADE ESCOLAR E FAMILIAR

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade
muda”.
(Paulo Freire)
17

De acordo com Weiss (1995), um dos aspectos mais marcantes da criança

portadora do TDAH, consiste nos relacionamentos, nos problemas que se envolvem

em casa, na escola e com os amigos. Elas geralmente são mal vistas por seus

colegas, professores, irmãos e pais. Um relacionamento duradouro e saudável é

quase impossível, e a tendência é que esta impopularidade transforma-se em

isolamento social.

“As crianças portadoras de TDA/H ultrapassam a festiva


barreira das travessuras engraçadinhas, deixam de ser
adoráveis diabinhos e se transformam em um verdadeiro
transtorno na vida dos pais, professores e todos que
estiverem a sua volta. Elas parecem ignorar as regras de
convívio social e, devido ao incômodo que causam, acabam
sendo considerada de má índole, caráter ou coisa parecida.
No entanto, é preciso deixar claro que as crianças Hiperativas
não são, de forma nenhuma, más. Além disso, elas não se
convencem facilmente e não conseguem se concentrar na
argumentação lógica dos pais, já que essas crianças têm
extrema dificuldade em sentar e dialogar”. (Ballone,2003).

Na infância, só outra criança hiperativa, mais nova ou uma criança com problema

similar, que se dispõe a brincar com as crianças Hiperativas. As avaliações feitas

pelos colegas indicam que estas crianças causam problemas, levando os outros a

situações constrangedoras, difíceis e de aborrecimento, o que as tornam não

queridas.

Para Goldstein e Goldstein (2002), o comportamento da criança hiperativa torna-se

ciente para crianças de todas as idades, ocasionando rejeição, já que elas são vistas

de forma negativa. Geralmente, por que tendem a agir sem pensar, sendo

inadequadas socialmente, argumentativas, ativas e falantes em excesso, incapazes

de cooperar, compartilhar ou esperar sua vez, elas não são bem vistas por seus

parceiros de jogos. Essa rejeição leva a frustração e resulta em aumento da

agressividade e tentativa de controlar os amigos, favorecendo outros


18

comportamentos inadequados e a uma maior rejeição. Conseqüentemente, restringi-

se ainda mais a oportunidade que tem a criança hiperativa de desenvolver e praticar

as habilidades sociais adequadas. Entretanto, as crianças negligenciadas são mais

tímidas, retraídas, evitam interação com seus pares e possuem comportamentos

menos agressivos.

Como já pontuado, as maiores dificuldades do portador de TDAH estão relacionadas

com o planejamento, estruturação e organização das atividades cotidianas. A escola

é o espaço onde provavelmente, pela primeira vez, o TDA/H pode ser observado de

forma clara, como sendo um problema real da criança, a partir das exigências no

processo de aprendizagem. A criança com TDA /H torna-se vulnerável afetivamente,

à medida que as cobranças e pressões aumentam e em conseqüência, suas

dificuldades tornam-se mais salientes em relação às crianças não portadoras.

Quando a escola e os professores não estão preparados para receber uma criança

com TDA /H, sua vida e da família podem se tornar uma grande aflição. As

dificuldades, às vezes, são confundidas com falta de limite, preguiça, falta de

educação ou falha de caráter, o que aumenta ainda mais a dificuldade de

integração.

Goldstein e Goldstein (2002) afirmam que uma criança hiperativa, na idade escolar,

aventura-se no mundo e não tem a família para agir como amortecedor. Ela agora

precisa lidar com as regras e os limites de uma educação organizada, o

comportamento que antes era tolerado por ser engraçadinho, não é mais aceito, pois

parece imaturo e não se ajusta com as expectativas da escola. Com este

comportamento, a professora passa a ocupar grande parte do seu tempo com essas

“crianças difíceis”, e volta-se de forma negativa para elas, pois estão sempre

reclamando que a criança hiperativa interrompe a aula constantemente, não presta


19

atenção, não se senta quieta, atrapalha o rendimento da turma, não termina seus

trabalhos e não escuta. São incapazes de planejar ou aderir a um curso de ação.

De acordo com Gaião e Barbosa (2001), por desconhecer uma melhor forma de lidar

com as crianças hiperativas, o professor vivencia um alto nível de stress e

ansiedade que passa a ser sentido por todos na sala de aula, levando essa

dificuldade aos outros alunos que não sabem como conviver com um hiperativo. Não

compreendem o motivo de tanta agitação, nem o fato de não terminarem as tarefas,

tirarem notas baixas, comportamentos agressivos ou liderança autoritária. Algumas

das conseqüências enfrentadas pela criança portadora da Síndrome de TDH/A estão

relacionadas ao comprometimento cognitivo, atrasos específicos do

desenvolvimento motor e da linguagem, dificuldades de leitura e aprendizagem,

ocasionando o não-aproveitamento escolar, várias repetências e fracassos ao longo

de sua trajetória educacional.

Goldstein e Goldstein (2002) afirmam, que como conseqüência de sua incapacidade

de satisfazer as exigências na sala de aula, algumas crianças tornam-se deprimidas

e retraídas, enquanto outras se tornam irritadiças e agressivas. Esses

comportamentos são geralmente encarados como desajustes e trazem

conseqüências negativas tanto no campo social, como na aprendizagem. Tudo isso,

levam a perda da auto-estima e fazem com que se sintam perdedoras e rejeitadas.

Apatia, labilidade emocional e isolamento também são conseqüências do TDAH,

bem como os diversos rótulos que elas recebem, por exemplo: ”problemáticos”,

“desmotivados”, “avoados”, “malcriados”, “foguetinho”, “Mal-educados”, “diabinhos”,

“indisciplinados”, “irresponsáveis”, “pouco inteligentes”, “estabanados”, “no mundo

da lua”.
20

Os relacionamentos da criança hiperativa são difíceis de acontecer, pois, até mesmo

em casa, seus familiares sentem-se incapazes e algumas vezes frustrados por não

saberem conviver com ela. O encontro com o outro é problemáticos, elas estão

sempre ouvindo palavras e expressões que as fazem sentir-se mal-amadas e

incompreendidas. E como elas toleram pouco as frustrações, discutem com os pais,

professores, adultos e amigos. Fazem birras e seu humor flutua rapidamente.

Essa criança tende a ser mais apegada às pessoas que lhes dêem atenção. È

importante para os pais perceberem que as crianças hiperativas entendem regras,

instruções e expectativas sociais, o problema é que elas têm dificuldade em

obedecê-las. Esses comportamentos são acidentais e não propositais. Para a

criança hiperativa e sua família, uma ida a um parque de diversão ou supermercado

pode ser desastrosa, na medida em que há muito estímulo ao mesmo tempo. A

partir de sua incapacidade para concentrar-se ao constante bombardeamento de

estímulos, a criança hiperativa acaba por ficar estressada.

A Síndrome pode trazer grande desequilíbrio na dinâmica de toda família, gerando

discórdia, principalmente no que se refere às condutas e procedimentos na vivência

da criança, tornando difícil, inclusive para os pais lidar com a variação de

comportamento e humor da mesma. Outro aspecto importante de ser ressaltado

está relacionado, com o controle sobre algumas atividades solicitadas pelos pais,

levando-os a interpretar estas atitudes como proposital ou apenas para irritá-los. As

atitudes comportamentais dessa criança acabam por esgotar seus pais, deixando-os

envergonhados pelo comportamento inadequado e pelas diversas críticas sociais

que recebem. É comum que os pais culpem uns aos outros pelos problemas

enfrentados e os fatores estressantes de discórdia multiplicam-se. Assim, quanto

mais cedo o diagnóstico, menos sofrimento e angústia para a criança e a família.


21

Além do que, pode-se conseguir um ambiente mais harmonioso para todos

envolvidos no processo de crescimento do individuo portador da Síndrome de

TDHA.

Os irmãos da criança hiperativa também têm sentimentos negativos para com ela,

pois logo percebem que concentra mais tempo e atenção dos pais, o que torna uma

fonte de inveja, ciúme, raiva e frustração, principalmente quando os irmãos são mais

novos. A diferença de tratamento entre eles e a criança hiperativa acarreta, para os

primeiros, perda de benefícios ou discriminação, o que aumenta ainda mais os

sentimentos negativos. A relação entre os irmãos é muito difícil, pois sua baixa

tolerância à frustração leva a não aceitar os direitos dos outros, como também afasta

a possibilidade de troca de afeto.

Mesmo sendo difícil a interação com o pai e a mãe, alguns autores como Barkley

(2002) pontuam que estas crianças parecem se comportar melhor com o pai, sendo

menos negativas e mais capazes de permanecer em tarefas do que quando em

companhia da mãe. Porque isso ocorre ainda é uma incógnita, contudo pode estar

relacionado ao fato das mães terem mais responsabilidade no processo de interação

social da criança.

Muitas vezes é deixada à mãe a tarefa de inserção do filho nas circunstâncias do

dia-a-dia, como por exemplo, prepará-lo para ir à escola, ensinar as tarefas

escolares, além de cuidar dos outros filhos e das tarefas do lar, mesmo quando

trabalham fora de casa. A mãe geralmente utiliza do carinho, do diálogo e da razão

para lidar como os problemas de comportamento dos filhos, enquanto a maioria dos

pais são menos pacientes e utilizam mais da autoridade.


22

Tentando ignorar ou negar atenção a seus filhos, acreditam que estas crianças

estão querendo chamar a atenção. Com isto, dão ordens para pararem de se

comportar de forma inadequada e quando não obtêm resultados positivos, utilizam o

meio habitual da disciplina física ou outras formas de punição.

As perdas de privilégios têm como fim, a tentativa de controlar o comportamento da

criança, usando de mecanismos coercitivos. Alguns pais, depois de várias tentativas,

simplesmente desistem e algumas vezes, fazem eles próprios, as tarefas dos filhos,

ou deixam por fazer; proporcionando à criança a opção de executar só aquilo que

mais lhe agrada.

Barkley (2002), afirma, que quando chegam a esse estágio, os pais podem passar

por um quadro depressivo, baixa auto-estima, sentimento de culpa e pouca

satisfação no papel de pais. Ele ainda adverte que a convivência com as crianças

portadoras de TDAH pode comprometer a saúde mental dos pais e seu

compromisso com a paternidade, agravando-se mais quando esses pais já carregam

consigo problemas emocionais.

No entanto, a decisão de buscar ajuda, geralmente só acontece quando estas

crianças entram para a escola e percebem que seu filho se comporta de forma

diferente em relação a outras crianças, daí finalmente concluem que algo está

errado.

Quanto antes os pais identificarem os sintomas e procurarem auxílio de profissionais

especializados, como médicos (neurologistas, pediatra), psicólogo ou psiquiatra,

para obterem uma avaliação completa e detalhada, que conduzam ao tratamento,

mais cedo serão evitadas os malefícios que este transtorno ocasiona na vida da

criança e dos que convivem com ela.


23

De acordo com Barkley (2002), os pais podem ter algumas reações emocionais

quando descobrem que seus filhos são portadores do TDAH. Alguns se sentem

aliviados, aceitando de forma positiva, enquanto outros negam, até que possam

refletir sobre a informação, e conhecer mais sobre o assunto. Goldstein e Goldstein

(2002) aconselham aos pais, ver o mundo com os olhos do filho hiperativo, o que irá

auxiliá-lo no cotidiano. É importante salientar, que os pais têm um papel fundamental

no crescimento dessas crianças, porém, faz-se necessário também aprenderem a

cuidar de si, já que este trabalho é cansativo e estressante.

A criança portadora de TDAH é uma criança de difícil convivência, está sempre

ocasionando momentos desagradáveis e constrangedores aos que estão ao seu

redor, e, como conseqüência, tendem a isolar-se e possuir baixa auto-estima.

Portanto, é fundamental aprendermos aceitá-la incondicionalmente, transmitindo-lhe

confiança e respeito e, acima de tudo, acreditando que, apesar dos seus limites, ela

é uma pessoa capaz de viver e conviver de forma mais plena possível.


24

CAPÍTULO IV

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

“Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança
na sua própria capacidade de pensar”
(Emília Ferreiro)
25

Buscando a compreensão conceitual da Síndrome Transtorno de déficit de atenção

e Hiperatividade (TDA/H), fez-se necessário em um primeiro momento, o

levantamento da pesquisa bibliográfica, para melhor aprofundamento teórico sobre o

tema.

Este trabalho de pesquisa classifica-se como “Pesquisa Qualitativa”, abordando,

além do levantamento bibliográfico, pesquisa e questionários aplicativos com

profissionais que atuam em espaços escolares.

Pesquisa qualitativa é uma metodologia de trabalho, não estruturada, de caráter

exploratório, permitindo ao pesquisador um melhor entendimento do contexto em

que o problema de pesquisa está inserido.

É importante ressaltar, que a pesquisa qualitativa possibilita estabelecer relações e

comparações a partir de quadros estatísticos simples. Outra possibilidade deste tipo

de pesquisa perpassa pela “interpretação em contexto”; utilizando informações e

retratando realidades vindas de espaços diversos. Seria então, falar dos diferentes

em lugares distintos, presentes na sociedade.

No ambiente escolar, a fim de diagnosticar e identificar os possíveis problemas que

circundam o tema “Formação de Professores”, foram aplicados questionários, com

questões que pudessem orientar nossas analises.

Outro ponto fundamental que buscamos, foi à reflexão a cerca da capacitação do

professor e o seu fazer pedagógico com portadores de TDAH, porque essa é a

nossa unidade principal de estudo.

Para realizar tais propostas de análise foram aplicados questionários com o (a)

coordenador (a) ou psicólogo (a) e professores da escola para que pudéssemos


26

observar se a instituição de ensino estava apta a lidar com crianças portadoras

desse distúrbio, se os professores estavam devidamente capacitados para tal e se a

instituição na qual o professor está inserido oferece esta formação continuada.

Os questionários foram aplicados em instituições escolares da Rede de ensino

Estaduais e Municipais na região Metropolitana de Belo Horizonte. Os alunos

observados são oriundos de classe social baixa, são crianças carentes.

A observação para a coleta de dados aconteceu nos momentos de Estágio, entre

2005 e 2006, o que contribuiu efetivamente para o desenvolvimento do projeto de

pesquisa. Posteriormente, foi feito a analise dos questionários, ancorado pelas

teorias pesquisadas. As perguntas que pautaram nossos questionamentos foram:

1- Você conhece o assunto Hiperatividade?

( ) Sim ( ) Não ( ) Já ouvi falar

2- Para você a Hiperatividade é:

( ) Um distúrbio ( ) Modismo ( ) Desculpa para crianças levadas

3- Você já leu textos, artigos ou livros sobre TDA/H?

( ) Nenhum ( ) De 1 a 3 ( ) Vários

4- Você saberia identificar um aluno hiperativo?

( ) sim ( ) não

5- Na escola em que você leciona possui alunos Hiperativos?

( ) Sim ( ) Não Quantos? _______

6- Você sabe lidar com crianças Hiperativas?


27

( ) Sim ( ) Não ( ) Acho que sei, pois lido com crianças “bagunceiras”

7- Você teve alguma capacitação ou orientação para lidar com estes alunos?

( ) sim ( ) não

8- É importante para o educador participar de capacitação, seminários e palestras

sobre Hiperatividade.

( ) Concordo ( ) Não concordo ( ) Concordo parcialmente

9- Você participou de cursos de capacitação sobre TDA/H?

( ) Não ( ) Menos de 1 ano ( ) Mais de 1 ano

10- Para você, pode haver uma maior conscientização entre os educadores da

necessidade de desenvolver parceria entre escola e família para garantir que os

alunos sejam bem sucedidos na escola?

( ) concordo ( ) não concordo ( ) não acredito na parceria.

11- A escola que você leciona tem a preocupação com a capacitação do professor

para trabalhar com crianças Hiperativas.

( ) Concordo ( ) Não concordo ( ) Concordo parcialmente

12- A escola está preparada para receber este aluno?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente Se responder parcialmente, justifique.

13- A criança Hiperativa tende a apresentar um menor rendimento escolar.

( ) Concordo ( ) Não concordo ( ) Concordo parcialmente


28

14- Caso você receba um aluno diagnosticado por especialistas, mas você não

concorda e acha que esta criança necessita é de limites, você:

( ) Ignora o diagnóstico e a trata igual as outras crianças ( ) Não concorda, mas

segue as recomendações dos especialistas

( ) Recomenda aos pais um novo diagnóstico

15- Se você suspeita que um determinado aluno é Hiperativo, você:

( ) Conversa com o pedagógico ( ) Conversa diretamente com os pais

( ) Não fala com ninguém, você mesma (o) faz o diagnóstico e toma providências

16- Quando a escola recebe uma criança com sintomas de Hiperatividade, que tipos

de cuidado e procedimentos iniciais o pedagógico e o professor tomam em

relação a este aluno?

17- Como ensinar a um aluno que fica “no mundo da lua” o tempo todo?

18- As metodologias usadas para trabalhar com crianças diagnosticadas Hiperativas

são as mesmas trabalhadas com o restante da turma? Justifique.

19- Qual é a relação entre professor e aluno Hiperativo? E a relação entre alunos e

aluno Hiperativo?

20- A escola tem um papel fundamental no tratamento de crianças com TDA/H.

( ) Concordo ( ) Não concordo ( )Concordo parcialmente

Justifique sua resposta.


29

Os objetivos deste questionário foram:

 Entrevistar professores do Ensino Fundamental da rede estadual e municipal,

constatando, o nível de conhecimento destes, acerca do assunto pesquisado;

 Verificar a capacidade desses professores de reconhecer um possível caso

de TDAH em sala de aula;

 Observar as metodologias aplicadas em sala com crianças com TDA/H;

 Analisar as diferentes concepções do professor acerca do assunto;

 Verificar se os professores estão ou não preparados para lidar com crianças

com TDA/H. 

Por fim, foi organizado o registro das teorias e dados analisados ao longo deste

processo. De forma esquemática, foram realizadas as seguintes etapas:

 Entrevista com coordenador (a) e professor (a)

 Pesquisa Bibliográfica

 Levantamento e seleção bibliográfica

 Leitura analítica

 Análise dos dados recolhidos.


30

CAPÍTULO V

ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DOS DADOS

“Ninguém pode escolher os próprios pais ou a pátria, mas cada um pode moldar sua
personalidade pela educação”.
(Erasmo de Roterdã)
31

Tendo como base a pesquisa realizada com professores da rede municipal e

estadual de Belo Horizonte e Contagem passaremos descrever os resultados

obtidos nesta e a dar ênfase às respostas dos professores. Lembrando que os

questionários foram aplicados em vinte escolas, sendo dez estaduais e dez

municipais.

QUESTÃO INSTITUIÇÃO RESPOSTAS

Sim Não Já ouvi falar


1- Você conhece
o assunto ESTADUAL 9 1
Hiperatividade?

MUNICIPAL 10

Estadual Municipal

0%
0% 10% 0%

SIM SIM
NÃO NÃO
JÁ OUVI FALAR JÁ OUVI FALAR

90% 100%
32

QUESTÃO INSTITUIÇÃO RESPOSTAS

Um distúrbio Modismo Desculpa para


crianças levadas
2- Para você a
Hiperatividade é: 9 1
ESTADUAL

MUNICIPAL 10

Estadual Municipal

10% 0%
UM DISTÚRBIO 0% UM DISTÚRBIO
0%

MODISMO MODISMO

DESCULPA PARA DESCULPA PARA


CRIANÇAS LEVADAS 100% CRIANÇAS LEVADAS
90%

QUESTÃO INSTITUIÇÃO RESPOSTAS

Nenhum De 1 a 3 Vários
3- Você já leu
textos, artigos ou
livros sobre 4 5 1
ESTADUAL
TDA/H?

MUNICIPAL 5 5

Estadual Municipal

10% 0%

40%
NENHUM NENHUM
DE 1 A 3 DE 1 A 3
VÁRIOS 50% 50% VÁRIOS
50%
33

QUESTÃO INSTITUIÇÃO RESPOSTAS

Sim Não Quantos


5- Na escola em ESTADUAL 4 6
que você leciona
possui alunos
Hiperativos?
MUNICIPAL 9 1

Estadual Municipal

0% 10% 0%

40%
SIM SIM
NÃO NÃO

60%

90%

QUESTÃO INSTITUIÇÃO RESPOSTAS

Sim Não talvez


6- Você sabe lidar
com crianças 6 4
Hiperativas?

ESTADUAL

MUNICIPAL 3 5 2

Estadual Municipal

0% 20%
30%
40%
SIM SIM
NÃO NÃO
TALVEZ TALVEZ
60%

50%
34

QUESTÃO INSTITUIÇÃO RESPOSTAS

Sim Não
7- Você teve 1 9
alguma
capacitação ou ESTADUAL
orientação para
lidar com estes MUNICIPAL 2 8
alunos?

Estadual Municipal

0% 10% 0%
20%

SIM SIM
NÃO NÃO

80%
90%

QUESTÃO INSTITUIÇÃO RESPOSTAS

QUESTÃO INSTITUIÇÃO Concorda RESPOSTAS


Discorda Concorda
parcialmente
8- É importante Não Menos de 1 ano Mais de 1 ano
para o educador
QUESTÃO
9- Você INSTITUIÇÃO 10 RESPOSTAS
participar de ESTADUAL
ESTADUAL 10
participou de
capacitação,
cursos dee Concorda Discorda Não acredita na
seminários
10- Para você
capacitação MUNICIPAL 10 parceria.
palestras sobre
pode
sobrehaver
TDA/H?uma MUNICIPAL 6 2 2
Hiperatividade.
maior 10
conscientização ESTADUAL
entre os
daEstadual MUNICIPAL
educadoresEstadual 10 Municipal
Municipal
necessidade de
desenvolver
parceria entre
escola e família0% 0%
0%
para garantir 0%que0%
CONCORDA 20% 0% CONCORDA

os alunos sejam NÃO


DISCORDA NÃO
DISCORDA

bem sucedidos MENOS DE 1 ANO


CONCORDA
MAIS DE 1 ANO
MENOS DE 1 ANO
CONCORDA
MAIS DE 1 ANO
20% 60%
na escola? 100%100% PARCIALMENTE
100%
PARCIALMENTE

Estadual Municipal

0% 0%
0% CONCORDA 0% CONCORDA

DISCORDA DISCORDA

NÃO ACREDITA NA NÃO ACREDITA NA


PARCERIA PARCERIA
100% 100%
35

QUESTÃO INSTITUIÇÃO RESPOSTAS

Concorda Discorda Concorda


11- A escola que parcialmente
você leciona tem
a preocupação 1 4 5
com a ESTADUAL
capacitação do
professor para
trabalhar com MUNICIPAL 5 1 4
crianças
Hiperativas.

Estadual Municipal

10%
CONCORDA
40%
CONCORDA
DISCORDA
DISCORDA
50% 50% PARCIALMENTE
40% CONCORDA
PARCIALMENTE
10%

QUESTÃO INSTITUIÇÃO RESPOSTAS

Concorda Discorda Concorda


13- A criança
QUESTÃO INSTITUIÇÃO RESPOSTAS parcialmente
Hiperativa tende a
apresentar um 1 1 8
menor rendimento
QUESTÃO ESTADUAL Sim
INSTITUIÇÃO Não RESPOSTAS Parcialmente
12- A escola está
escolar.
preparada para
Ignora
4 o 4 Não concorda, 6 Recomenda aos
14- Caso ESTADUAL
receber este você MUNICIPAL 2 4
aluno? diagnóstico e a mas segue as pais um novo
receba um aluno trata igual as recomendações diagnóstico
diagnosticado por outras crianças dos especialistas
MUNICIPAL
especialistas, 1 4 5
mas você Estadual
não Municipal
5 5
concorda e acha ESTADUAL
que esta criança
necessita
Estadual é de Municipal
limites, você: MUNICIPAL 8 2
10%
10% CONCORDA CONCORDA
40% 40%
DISCORDA DISCORDA

CONCORDA CONCORDA
0%
80% Estadual PARCIALMENTE 10% Municipal
20%
PARCIALMENTE
40%
SIM SIM
NÃO NÃO
5 5
PARCIALMENTE 50% PARCIALMENTE
60% 40%
IGNORA O IGNORA O
DIAGNÓSTICO E A DIAGNÓSTICO E A
TRATA IGUAL AS TRATA IGUAL AS
0% OUTRAS CRIANÇAS 20% 0% OUTRAS CRIANÇAS
NÃO CONCORDA, MAS NÃO CONCORDA, MAS
SEGUE AS SEGUE AS
50% 50% RECOMENDAÇÕES RECOMENDAÇÕES
DOS ESPECIALISTAS DOS ESPECIALISTAS
RECOMENDA AOS 80% RECOMENDA AOS
PAIS UM NOVO PAIS UM NOVO
DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO
36

QUESTÃO INSTITUIÇÃO RESPOSTAS

Conversa com o Conversa Não fala com


15- Se você pedagógico diretamente com ninguém, você
suspeita que um os pais mesmo faz o
determinado diagnóstico e
aluno é toma
Hiperativo, você: providências

6 4
ESTADUAL

MUNICIPAL 7 3

Estadual Municipal

CONVERSA COM O CONVERSA COM O


PEDAGÓGICO PEDAGÓGICO

0% 0%
CONVERSA 30% CONVERSA
40%
DIRETAMENTE COM DIRETAMENTE COM
OS PAIS OS PAIS
60%
70%
NÃO FALA COM NÃO FALA COM
NINGUÉM, VOCÊ NINGUÉM, VOCÊ
MESMO FAZ O MESMO FAZ O
DIAGNÓSTICO E TOMA DIAGNÓSTICO E TOMA
PROVIDÊNCIAS PROVIDÊNCIAS
37

CAPÍTULO VI

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“É sábio o homem que pôs em si tudo que leva à felicidade ou dela se aproxima”.
(Sócrates.11)
38

A escolha do tema deu-se em razão de lidarmos com muitas crianças sem limites e

tentarmos buscar conhecimentos e soluções para melhor conviver com elas.

Pensávamos, a princípio, que muitas delas eram bagunceiras e necessitavam de

limites, mas ao finalizarmos nosso estudo concluímos que estas crianças

necessitam de um diagnóstico e que podemos ajudar descrevendo os

comportamentos e dificuldades de aprendizagem. No entanto, não devemos

diagnosticar, pois este e o papel que cabe aos especialistas da área da saúde.

Realizamos uma pesquisa com professores da rede municipal e estadual de Belo

Horizonte e Contagem, baseada no levantamento bibliográfico e nos objetivos

propostos, e após organização e análise dos dados, foi possível perceber que os

professores de Ensino Fundamental das escolas da rede Municipal de Belo

Horizonte e Contagem possuem um conhecimento significativo a respeito do

Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade. Enquanto que os professores de

Ensino Fundamental das escolas da rede estadual de Belo Horizonte e Contagem

possuem menor conhecimento a respeito do Transtorno do Déficit de Atenção /

Hiperatividade.

Foi possível perceber ainda, que frente a esse conhecimento, os professores

saberiam identificar um caso de TDA/H dentro da sala de aula, e reagiriam de forma

coerente. Porém, como discorrido durante o desenvolvimento deste trabalho, mesmo

para profissionais especializados, o TDA/H é um transtorno de difícil diagnóstico. O

professor deve saber distinguir entre o comportamento que resulta da falta de

capacidade, daquele que resulta de desobediência deliberada.

Como já vimos, a hiperatividade é uma conduta em que a criança está em constante

estado de inquietude, de alerta, de impulsividade e sem controle. No entanto, diante


39

da pesquisa realizada, percebe-se que os professores que lidam com estas

crianças, não receberam nenhuma capacitação ou orientação para lidar com as

mesmas.

Para que o profissional docente desenvolva um trabalho de qualidade com os alunos

com TDA/H, é importante que ele receba orientação devida e esteja constantemente

em busca de novas informações sobre o assunto. Desta maneira, este professor

estará mais bem preparado para identificar e lidar com as crianças hiperativas,

evitando assim, confundir os comportamentos da criança com indisciplina ou falta

de limite. Mais uma vez, cabe à escola alertar os pais para que observem as atitudes

dos filhos, e se necessário encaminhem a um especialista para realizar o

diagnóstico. Acredita-se que o educador desempenha um papel primordial, pois de

suas informações dependerão um melhor rastreamento dos sintomas apresentado

em classe e na própria escola. É ele quem vê, conhece e observa as crianças.

A família resiste em aceitar o transtorno do filho. É necessário que ela tenha

conhecimento sobre o TDA/H e seu tratamento, para contribuir no trabalho da

escola, no processo de aprendizagem da criança. É importante a relação escola/

família na definição do desenvolvimento da criança. Pode-se conduzir essa criança

ao caminho do sucesso ou do fracasso, tanto na vida escolar quanto na vida social.

Através da pesquisa bibliográfica observamos que no nosso modelo de escola as

crianças tendem a permanecerem calmamente sentadas, prestando atenção,

planejando e quando conseguem alcançar seus objetivos é bem recompensada,

considerada pelos professores como criança exemplar. Por outro lado, as crianças

hiperativas que são incapazes de satisfazer tais exigências, são candidatas

imediatas a uma infinidade de problemas.


40

Por isso, a escola deve oferecer um clima afetivo, humano, calmo e regular, visto

que a criança hiperativa vive rodeada de problemas: não traz sua tarefa, não pára

quieta, não senta, mexe com os colegas, pede para ir ao banheiro várias vezes, é

agitada e condutas imprevisíveis.

Hoje, fala-se muito de inclusão. O sistema educacional tem sugerido que o aluno

deve ser inserido no contexto da escola, independente das suas diferenças ou

particularidades. Portanto, a escola ideal para atender o aluno hiperativo é aquela

que visa desenvolver o potencial específico de cada aluno, em atender ás suas

características únicas, em perceber seus pontos fortes e tentar superar pontos

fracos, porque eles irão precisar de apoio e intervenção acadêmica com mais

intensidade.

No entanto, através da pesquisa realizada com os professores, verificamos que

ainda há uma grande resistência de alguns deles em aceitar essa criança. Salas

cheias são apontadas como uma das dificuldades em se realizar um bom trabalho

com a criança hiperativa. Entretanto, outros professores que têm experiência com

essas crianças, não encontram nenhuma dificuldade em lidar com elas, apontado

para a questão de que quando há um vínculo afetivo entre professor e aluno, inicia-

se uma compreensão do transtorno e a relação torna-se positiva, podendo

desenvolver um bom trabalho.

Concluímos que, apesar das visões diferentes entre os professores que

responderam à pesquisa, os mesmos apresentam interesse na questão do

transtorno, demonstrando querer aperfeiçoar e aprofundar seus conhecimentos em

torno do assunto. Muitos deles, inclusive, chegaram a solicitar indicações

bibliográficas sobre o tema. O objetivo de todos é garantir um futuro de qualidade


41

para essas crianças e isso só é possível se houver conhecimento compartilhado do

problema, se houver uma estreita colaboração entre escola-professor e família.

Finalizando, sugerimos às instituições que proponham um trabalho multidisciplinar,

onde pais, professores e profissionais da saúde devem fazer um planejamento

quanto às estratégias e intervenções que serão usadas para o atendimento desse

aluno: Modificação do ambiente, adaptação do currículo, flexibilidade na realização,

apresentação de tarefas, adequação do tempo de atividade, administração e

acompanhamento de medicação (quando necessário), dentre outros.


42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, Adriana Gaião; AMORIM, Gaião. Transtorno Hipercinéticos: uma revisão


crítica. Ver. Neurobial, 59(4). 125-136, 1996.
BARBOSA, Adriana Gaião; BARBOSA, Genário Alves; AMORIM, Georgianne Gaião.
Hiperatividade: conhecendo sua realidade. 1 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2005. 124 p.
BARKLEY, Russel a. Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH): guia
completo e autorizado para os pais, professores e profissionais da saúde. Trad. Luiz
Sérgio Roizman. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.
BERNARDES-DA-ROSA, Luciana; GARCIA, Rosana Maria; DOMINGOS, N.A.M. &
SILVARES, Edwirges F.M. Caracterização do atendimento psicológico prestado por
um serviço de psicologia a crianças com dificuldades escolares. Estudos de
Psicologia. V 17. n2, set./dez.2000.
BEE,Helen. Transtorno de Déficit de Atenção: In: A criança em desenvolvimento: 7
ed. Porto Alegre: Artes médicas,1996.p433-434.
CID-10 Classificação de Transtornos mentais e de comportamento: Descrições
Clínicas e Diretrizes Diagnósticas. Porto alegre: artes Médicas, 1993.
GOLDSTEIN, S. e GOLDSTEIN, M. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade
de atenção da criança. Tradução: Maria Celeste Marcondes. São Paulo: Papirus,
1994.
GOLDSTEIN, S. e GOLDSTEIN, M. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade
de atenção da criança. São Paulo: Papirus, 1998.
GOLDSTEIN, S. e GOLDSTEIN, M. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade
de atenção da criança. Tradução: Maria Celeste Marcondes. São Paulo: Papirus,
2002.
MALAGRIS, Lúcia E.; CASTRO, Maria A. Distúrbios emocionais e elevações de
stress em crianças. In: LIPP, Marilda E. N. (org.) Crianças stressadas: causas,
sintomas e soluções. 2ed, Campinas SP: Papirus, 2003, p. 79-91.
MATTOS, Paulo. No mundo da lua: Perguntas e respostas sobre Transtorno de
Déficit de Atenção com Hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. Rio de
Janeiro: Lemos Editorial, 2001.
NEWCOMBE, Nora. Problemas de Subcontrole. In: ______ Desenvolvimento
Infantil: abordagem de Mussen. 8 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. cap.
16, p. 462 - 463.
PAPALIA, Diane; OIDS,Sally. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade.
In:______ Desenvolvimento humano. 7ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
cap. 8, p. 274.
43

PHELAN, Thomas. Trabalhando com a Escola. In:______ TDA/ TDAH – Transtorno


de Déficit de Atenção e Hiperatividade: São Paulo: M. Books do Brasil Editora ltda,
2005. cap 14, p. 181-189.
PHELAN, Thomas. Gerenciamento da sala de aula. In:______ TDA/ TDAH –
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: São Paulo: M. Books do Brasil
Editora ltda, 2005. cap. 15, p. 190-207.
RODH, Luiz Augusto P; BENCZIK, Edyleine B. P. Transtorno de Défict de Atenção /
Hiperatividade: O que é? Como ajudar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
ROTHENBERGER, Aribert; BANASCHEWSKI, Tobias. Mentes Inquietas. Viver
Mente e Cérebro: Revista de Psicologia, Psicanálise, Neurociências e conhecimento.
São Paulo, n.144, p. 44 – 55, janeiro. 2005.
SENA, Simone; NETO, Orestes. Distraído e a 1000 por hora: Perguntas e respostas
sobre o transtorno de déficit de atenção. Belo Horizonte: Anome livros, 2005. 174 p.
SILVA, Ana Beatriz B. Mentes Inquietas: Entendendo o Mundo das Pessoas
Distraídas, Impulsivas e Hiperativas. 5ª ed. Rio de Janeiro: Napades, 2003.
SMITH, C. e STRICK, L. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z. Um guia completo
para pais e educadores. Porto Alegre: Ed. Artmed Editora, 2001.
TOPCZEWSKI, Abran. Hiperatividade: como lidar. São Paulo: Casa do
Psicólogo,1999.
WEEIS, Gabrielle. Transtorno de déficit de atenção por Hiperatividade. In: LEWIS,
Merlin (org.) Tratado de Psiquiatria da Infância e Adolescência. Trad. Irineo C. S.
Ortz. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

Sites
BALLONE,G.J. Disponível em: <,http://gballone.uol.com.br/infantil/tdah.html> Acesso
em 17 agos. 2003.
BROMBERG, Maria Cristina. O TDAH e a escola. Disponível em:
<http//www.hiperatividade.com.br> Acesso em: 12 nov. 2004.
O que é TDAH. Disponível em <http://www.tdah.org.br/oque01.php> Acesso em 22
nov 2004.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Disponível em:
<http://www.abcdasaude.com.br> Acesso em 19 nov. 2004.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Disponível em:
<http://www.adhd.com.br/artigos.php> Acesso em 22 nov 2004.

Você também pode gostar