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PROJETO CONHECER PARA ACOLHER

CURSO

AUTISMO E INCLUSÃO ESCOLAR

MÓDULO 4
Plano Educacional Individualizado para o
aluno com Transtorno do Espectro Autista
Módulo 4- Plano Educacional Individualizado para o aluno com
Transtorno do Espectro Autista

Profª. Maria Dantas de Lima

Conforme já vimos no módulo 2, ao chegar na escola os alunos com


TEA devem ser acolhidos de forma que inicialmente se crie um vínculo,
para só então pensar em intervenção pedagógica, nesse sentido, a família
contribui compartilhando relatos históricos de outras intervenções, êxitos
e desafios para que se possa conhecer melhor o aluno com necessidades
educacionais especializadas. Após esse período de criação de vínculo e
conhecimento das potencialidades e limitações do aluno, o docente em
parceria com a coordenação pedagógica deve planejar as aulas com
metodologias que atendam às suas demandas individuais. É neste
contexto que para atender as especificidades dos alunos, o professor
deve elaborar o Plano Educacional Individualizado (PEI) cujo propósito é
viabilizar a mediação de saberes do aluno com Transtorno do Espectro
Autista.
Mas, o que é o PEI?
O Plano Educacional Individualizado é um instrumento de
planejamento, que irá acompanhar o processo de aprendizagem e
desenvolvimento de estudantes com deficiência, Transtorno do Espectro
Autista (TEA) e altas habilidades/superdotação, cuja referência é a
trajetória individual de cada um.
Com a finalidade de orientar a aplicação do PEI, uma série de
documentos e legislações que defendem o direito ao atendimento
educacional individualizado para pessoas com deficiência, entre estes
destaca-se: a Constituição Federal (1988), o Estatuto da Criança e do
Adolescente (1990), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(1996), a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (2008) e a Lei Brasileira de Inclusão (2015) explica
Oliveira, 2017.
Destacamos a Lei nº 9.394/96, que em seu artigo 59, inciso I, prevê
que aos educandos com deficiência deve ser assegurado, pelos sistemas
de ensino, os “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específicos, para atender às suas necessidades” (BRASIL,
1996). Para que a escola possa atender ao que é exigido na lei,
oferecendo aos alunos com TEA um atendimento educacional
individualizado, onde sejam capazes de atender às suas especificidades,
é necessário um conjunto de ações no sentido de adequar a sua proposta
pedagógica às possibilidades pedagógicas e cognitivas daqueles que
apresentam alguma necessidade educacional especial.
Todo planejamento só tem sentido se for executado, dessa forma
o PEI precisa ser posto na prática, visto que é:
um planejamento de ações específicas para um
estudante e levará em consideração suas habilidades,
conhecimentos e desenvolvimento, bem como a idade
cronológica, nível de escolarização para assim, traçar
objetivos educacionais a serem alcançados em curto,
médio e longo prazo (GLAT, VIANNA; REDIG, 2012, p.
84).

Por meio do PEI, é possível individualizar e personalizar os


processos de ensino (MARIN et al, 2013), mas ele, não é exclusivo para
autistas, serve para todas as pessoas com deficiência. Para que o PEI,
não seja apenas mais um instrumento legal, em meio a tantos outros já
expostos em portarias, decretos e leis voltadas para Inclusão, se faz,
necessário conhecer e entender sua funcionalidade para assim, poder
aplicar na prática. Após execução do plano, se avalia para melhorar o
plano com novas metas, se as metas anteriores não foram cumpridas, é
preciso analisar o que foi feito e como foi feito, pois é possível mudar de
estratégia com o propósito de dar qualidade ao processo de incluir.
Repetir o mesmo plano sem avaliar é dizer que nada foi feito ou que o
aluno não aprendeu nada, sabendo que na verdade, os avanços e
retrocessos precisam não foram medidos.
Ao longo dos aos no Brasil, se tem observado o surgimento de
diferentes concepções e nomenclaturas, voltadas para planos que tem o
objetivo de favorecer um positivo desenvolvimento cognitivo do estudante
com deficiência, destaca-se entre eles:
 Plano de Desenvolvimento Individual (PDI),
 Plano de Atendimento Individualizado (PAI),
 Plano de Atendimento Educacional Especializado (Plano de AEE),
 Plano de Desenvolvimento Psicoeducacional Individualizado (PDPI)
 Planejamento Educacional Individualizado (PEI).
Nota-se que o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) foi um dos
modelos iniciais de plano voltado ao atendimento das necessidades
cognitivas na Educação Especial. Ele surgiu no início dos anos 2000, e a
responsabilidade da elaboração era do professor de AEE e do
coordenador pedagógico. Em sua estrutura o PDI era composto de duas
partes: I – Informações e avaliação do aluno; e II – Plano pedagógico
especializado (POKER et al., 2013).
Na atualidade, o PEI é o modelo que tem sido destacado como sendo
importante para acompanhar o desenvolvimento educacional dos alunos
com deficiência nas instituições. E assim, se percebe que além de garantir
a matrícula do aluno autista no serviço de AEE, dando-lhe o direito à
educação especial e inclusiva, se deve também vencer o desafio de
favorecer de fato à inclusão, buscando oferecer aos mesmos, ações
pedagógicas que viabilizem e promovam o desenvolvimento cognitivo,
assegurando o que é garantido por lei. Deve-se garantir a permanência e
a conclusão exitosa do curso escolhido, isto é, buscar à garantia da
permanência e não apenas à garantia do acesso a escola (SONZA et al,
2018).
Quanto mais informações sobre o alunos autista o professor tiver,
mais estruturado e completo será este documento. O PEI centrado no
indivíduo é um documento que deve conter quais tipos de serviços,
recursos humanos, acessibilidade, objetivos, suportes e avaliações o
estudante PAEE necessita para obter sucesso em seu processo de
escolarização (SANTOS, et al. 2022, p. 17).
Para maiores esclarecimentos e aprendizado aqui sugere-se o
vídeo abaixo produzido pelo RHEMA EDUCAÇÃO
(rhemaeducacao.com.br) e que com uma linguagem esclarededora,
certamente contribuirá para uma maior apropriação sobre este tema.

Figura 1 – Vídeo sugerido no Youtube: QUAIS OS OBJETIVOS DO PLANO DE


ENSINO INDIVIDUALIZADO (PEI)? - Bing video
Disponível em: https://youtu.be/5n5ue2zmQX0
NÃO deve-se usar o PEI de um aluno para outro, pois como o próprio
nome já diz, é um plano individual, visto que cada pessoa é única na sua
singuralidade, seja no contexto acadêmico, social, emocional e etc. Sendo
assim, o professor poderá trabalhar a real necessidade do aluno e propor
metas alcançáveis que promovam a aprendizagem, desenvolvimento
cognitivo e real autonomia do aluno com TEA.

E quem deve elaborar o PEI dos alunos com TEA?

O PEI deverá ser construído de forma colaborativa, a partir do


estabelecimento de uma parceria efetiva entre o professor de sala e
demais profissionais que trabalham com o desenvolvimento cognitivo do
aluno autista. A colaboração é um fator importante, por exemplo, na fase
inicial de construção do PEI, será preciso realizar o levantamento das
habilidades que o aluno autista já domina, saber quais habilidades
deverão ser trabalhadas (linguagem, psicomoticidade, entre outras) e
poderá contar ainda com auxílio de terapeutas e equipe multidisciplinar
para ter um relatório diagnóstico mais completo.
Pereira (2014. p. 51) confirma quando diz que “o PEI é definido
como um recurso pedagógico, centrado no aluno, elaborado
colaborativamente e que estabelece metas acadêmicas e funcionais aos
educandos com deficiência”. A elaboração coletiva exigirá dos docentes
a união com pessoas como: coordenador pedagógico, pais,
psicopedagogos e em casos onde o autista é acompanhado por uma
equipe multidiciplinar, os profissinais que o acompanham para melhor
elaboração do PEI.
Ainda se destaca aqui o trabalho de parceria do professor da sala
regular com o profissional da sala de AEE (tema do módulo 3 deste curso),
trata-se de um sistema de colaboração e cooperação entre o professor de
ensino regular e o de ensino especial, procurando atuar junto ao aluno
que necessita de um plano individualizado (MARIN; MARETTI, 2014).
Considerando que a educação inclusiva diz respeito a todos os
estudantes e que o processo de cada estudante é singular, estratégias de
planejamento e acompanhamento individual do processo de
aprendizagem e desenvolvimento como o PEI deveriam ser estendidas a
todos, ao invés de ficarem restritas somente ao público-alvo da educação
especial, nesse caso, trata-se de um desenho universal, que se bem
aplicado tende atender maior número de pessoas com necessidades
educacionais diversas, seja usando uma vídeo aula (com áudio descrição)
ou um resumo de material que facilita a interpretação de textos.

Existe critérios para elaboração do PEI de alunos autistas?

Para melhor organização e elaboração deste documento os


envolvidos devem se atentar para alguns critérios, pois o PEI como já
visto é uma colaboração que se propõe a articular os saberes do ensino
comum e os do ensino especial, por meio das habilidades desses dois
docentes (MARIN;BRAUN, 2013, p.53).
Quando elaborado na instituição escolar, a coordenação pedagógica
da escola em parceria com os docentes devem elaborar e desenvolver
o PEI, considerando:

– As competências e habilidades da criança: observando aspectos que


o aluno traz consigo, quais ele já domina ao chegar à escola, que
habilidades tem e como as realiza (com ou sem dificuldades).
– Faixa etária do aluno: de acordo com a faixa etária do aluno, ter a
sensibilidade de estudar e observar os marcos do desenvolvimento e
como acontece o desenvolvimento infantil - juvenil na idade determinada,
para assim, melhorar a organização do PEI com base nessas
informações.

– Aspecto funcional: tendo em vista que o aluno autista pode ter reações
diferenciadas a estímulos e conhecer como ele se estrutura diante de
determinados estímulos, quais suas possíveis reações funcionais diante
das dificuldades.

– Déficits apresentados: sabendo que os alunos que necessitam da


elaboração do PEI, em geral, são alunos com alguma deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento (seja com alto desenvolvimento
ou superdotação) ou dificuldades de aprendizagem, saber sobre os
Déficits que por exemplo o aluno com autismo apresenta, se possui mais
de uma condição que exige atenção, permitirá que com a identificação se
possa melhor auxiliar no planejamento voltado para mediação de saberes.

– Avaliação: assim, como as estratégias de intervenção são planejadas


de acordo com as deficiências, no PEI o processo de avaliação também
deverá ser considerado como parte indispensável de todo esse processo,
por meio dela, todos os envolvidos, poderão em uma análise criteriosa,
verificar se as estratégias pensadas estão conseguindo potencializar as
aprendizagens e avanços no desenvolvimento cognitivo. Para este ponto
os registros são indispensáveis para que o percurso do aluno seja
documentado.
Material de Apoio
1- Uma leitura que contribuirá para enriquecer os saberes:
Dissertação de Débora Mara Pereira: Análise dos efeitos de um plano
educacional individualizado no desenvolvimento acadêmico e funcional
de um aluno com Transtorno do Espectro do Autismo.

Disponível em:

https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/14582/1/DeboraMP_DISSERT.pdf

2- Sugestão de video: Passo a passo de como fazer um PEI

Disponível em:
Passo a passo para a elaboração do PEI (Plano de Ensino
Inidividualizado) | IEAC - YouTube
3- LEITURA COMPLEMENTÁRIA DO ASSUNTO:
Plano Educacional Individualizado. Vários autores

Disponível em:https://www.edesp.ufscar.br/arquivos/colecoes/segunda-
licenciatura-em-educacaoespecial/pei-i.pdf

Referências

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as


Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em:. »
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm Acesso em: 23 jul.
2023.
_______,Constituição Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988.
________. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência). Brasília, 2015.
________________Ministério da Educação. Política Nacional da
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília,
2008.
GLAT, Rosana; VIANNA, Márcia Marin; REDIG, Annie Gomes. Plano
educacional individualizado: uma estratégia a ser construída no
processo de formação docente. Revista Universidade Rural, Série
Ciências Humanas, v. 34, p. 79-100, 2012. Disponível em: <http://www.
ufrrj.br/SEER/index.php?journal=chsr&page=article&op=view&path%5B
%5D=834> Acesso em: 05 agosto. 2023.
MARIN, Márcia; BRAUN, Patrícia. Ensino colaborativo como prática de
inclusão escolar. In: GLAT, Rosana; PLETSCH, Márcia Denise (Orgs.).
Estratégias educacionais diferenciadas para alunos com
necessidades especiais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013.
_________, Márcia; MARETTI, Márcia. Ensino Colaborativo:
Estratégias de Ensino para a Inclusão Escolar. In: SEMINÁRIO
INTERNACIONAL DE INCLUSÃO ESCOLAR: PRÁTICAS EM DIÁLOGO,
1., 2014. Anais... Rio de Janeiro: UERJ, 2014. p. 1 -8. Disponívelem:
<www.cap.uerj.br/site/images/stories/noticias/4marin_e_maretti.pdf>.Ace
sso em: 15 Julho. 2023.
OLIVEIRA, Wanessa Moreira. Ações inclusivas no âmbito do IF
sudeste MG: um processo em construção. 2017. 189 f. Dissertação
(Mestrado em Diversidade e Inclusão) – Programa de Pós-Graduação da
Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2017.
PEREIRA, Débora Mara. Análise dos efeitos de um plano educacional
individualizado no desenvolvimento acadêmico e funcional de um
aluno com transtorno do espectro do autismo, 2014. 181f. Dissertação
(Mestrado em Educação), Programa de Pós-Graduação em Educação.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.
POKER.R. B. et al. Plano de desenvolvimento individual para o
atendimento educacional especializado. São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2013.
SONZA, Andréa Polleto; SALTON, Bruna Polleto; AGNOL, Anderson Dall.
Reflexões sobre o Currículo Inclusivo (Orgs). Bento Gonçalves: IFRS,
2018.
SANTOS, [et al.], Jéssica Rodrigues. Planejamento Educacional
Individualizado I : elaboração e avaliação / -- Documento eletrônico -
- São Carlos : EDESP-UFSCar, 2022.

AVALIAÇÃO DO MÓDULO 4

O exercício de aprendizagem é um teste relacionado ao


conteúdo do vídeo aula e dos materiais de apoio

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