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ENSINO DA

PESSOA COM
ALTAS
HABILIDADES/
SUPERDOTAÇÃO

Carla Maria de Schipper


Atendimento educacional
especializado e alunos
com altas habilidades/
superdotação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever o atendimento educacional especializado e sua importância.


 Identificar os alunos com altas habilidades/superdotação que neces-
sitam do atendimento educacional especializado.
 Sugerir um plano de desenvolvimento individual para alunos com
altas habilidades/superdotação.

Introdução
Convenções internacionais, discussões e votações para elaboração de
documentos oficiais culminaram, no Brasil, na implantação de uma política
de educação inclusiva que considera a diversidade como princípio. Ensinar
atendendo às diferenças individuais tornou-se uma prática constante,
tanto na educação comum quanto na educação de alunos em processo
de inclusão, principalmente com a Política Nacional de Educação Especial
na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008b). A educação inclusiva
prevê uma educação de qualidade para todos, independentemente de
suas características individuais, em todos os níveis de ensino: da educação
básica ao ensino superior.
Neste capítulo, você vai ler sobre o atendimento educacional espe-
cializado (AEE) e sua importância para alunos com altas habilidades/
superdotação (AH/SD). Vai estudar as características desses alunos, de
modo multidimensional, e a necessidade do AEE para cada caso. Por
fim, você vai conferir o que é um planejamento coletivo para ações do
AEE com a elaboração do plano de desenvolvimento individualizado
2 Atendimento educacional especializado e alunos com altas habilidades/superdotação

(PDI), instrumento que garante o atendimento das peculiaridades de


cada estudante.

1 Atendimento educacional especializado


e sua importância para alunos com altas
habilidades/superdotação
Com a implantação da Política Nacional de Educação Especial na Pers-
pectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008b), o AEE deve oferecer
atendimento às necessidades do aluno inserido no contexto escolar comum. A
função do AEE é orientar os sistemas de ensino para responder às necessidades
e peculiaridades educacionais do público-alvo da educação inclusiva. De acordo
com as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento
Educacional Especializado, esse serviço:

[…] tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos


e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos
estudantes, considerando suas necessidades específicas. As atividades desen-
volvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas
realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse
atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos estudantes com
vistas à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2008a, p. 1).

O AEE oferta apoio e atendimento às necessidades específicas que o aluno


público-alvo da educação especial apresenta, além de suporte ao professor,
orientando-o a utilizar metodologias e materiais adequados. Esse atendimento
não serve para substituir o ensino comum, como já ocorreu outrora, e sim para
complementar, o que garante o acesso e a permanência do aluno na escola ao
atender as particularidades deste para aprender.
A Constituição Federal Brasileira, em seu art. 206, apregoa que o ensino
será ministrado em “[…] igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola” (BRASIL, 1988, documento on-line). Isso significa que o AEE
é a forma de garantir todas as condições para a aprendizagem no contexto
escolar, conforme segue:

É um conjunto de atividades, recursos pedagógicos e de acessibilidade, ofere-


cidos de forma complementar ou suplementar à escolarização dos estudantes
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilida-
des/superdotação matriculados nas classes comuns do ensino regular. Esse
Atendimento educacional especializado e alunos com altas habilidades/superdotação 3

conjunto de atividades, registradas no Projeto Político Pedagógico de cada


escola, é realizado, preferencialmente na Sala de Recurso Multifuncionais,
individualmente ou em pequenos grupos, em turno contrário ao da escolari-
zação (BRASIL, 2014, p. 1).

O espaço é a sala de recurso multifuncional (SRM), ofertado em período


contrário ao da matrícula do aluno. Não é um ambiente separado, distinto,
excludente, e sim inclusivo e articulado entre a sala que o aluno frequenta e o
serviço. Pode ainda ser disponibilizado em centros de AEE da rede pública ou
de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos
(BRASIL, 2014). Além disso:

Está previsto que o atendimento educacional especializado pode ocorrer intra


ou extramuros da escola, entre pares da mesma idade, entre os mais velhos da
própria escola ou junto com alunos universitários com formação profissional
de mais alto nível, em grupos com áreas de interesse comuns ou diferenciados
(DELOU, 2014, p. 414).

Para o aluno com AH/SD, o AEE é um atendimento suplementar, por meio


de programas de enriquecimento curricular e aprofundamento dos conheci-
mentos, como aceleração, aprofundamento e adaptação curricular. Conecta-
-se com a proposta do ensino comum em sala de aula e na sala de recursos
multifuncionais. O enriquecimento curricular se refere à:

Organização de práticas pedagógicas exploratórias suplementares ao currí-


culo, que objetivam o aprofundamento e a expansão nas diversas áreas do
conhecimento, com o desenvolvimento de projetos de trabalho, com temá-
ticas diversificadas, como artes, esporte, ciências e outras. Tais estratégias
podem ser efetivadas pela articulação dos serviços realizados na escola, na
comunidade, nas instituições de educação superior, na prática da pesquisa e
no desenvolvimento de produtos (BRASIL, 2019, p. 9).

O AEE deve estimular as habilidades latentes do aluno, além daquelas


que seu ambiente cultural restringiu, observar suas áreas de interesse, opor-
tunizando a manifestação de todo o seu potencial criativo e intelectual. Deve
também analisar as dificuldades desse aluno, pois é um mito crer que a pessoa
com AH/SD apresenta apenas resultados positivos na aprendizagem e no
aspecto emocional/relacional.
Delpretto e Zardo (2010, p. 23) elencam cinco objetivos do AEE para o
aluno com AH/SD:
4 Atendimento educacional especializado e alunos com altas habilidades/superdotação

1. Maximizar a participação do aluno na classe comum do ensino regular,


beneficiando-se da interação no contexto escolar;
2. Potencializar a(s) habilidade(s) demonstrada(s) pelo aluno, por meio do
enriquecimento curricular previsto no plano de atendimento individual;
3. Expandir o acesso do aluno a recursos de tecnologia, materiais pedagógicos
e bibliográficos de sua área de interesse;
4. Promover a participação do aluno em atividades voltadas à prática de
pesquisa e desenvolvimento de produtos;
5. Estimular a proposição e o desenvolvimento de projetos de trabalho no
âmbito da escola, com temáticas diversificadas, como artes, esportes, ciência
e outras.

Segundo os autores, uma possibilidade para o desenvolvimento desses


objetivos seria a:

[...] articulação da escola com instituições de educação superior, centros


voltados para o desenvolvimento da pesquisa, das artes, dos esportes, entre
outros, e promover a cooperação entre estes centros e a escola, oportuni-
zando a execução de projetos colaborativos, que atendam às necessidades
específicas dos alunos com altas habilidades/superdotação (DELPRETTO;
ZARDO, 2010, p. 22).

Por isso, é fundamental que se realize uma avaliação diagnóstica inicial e,


principalmente, que se ouça os o aluno com AH/SD, pois assim suas expec-
tativas estarão sendo atendidas, diminuindo as frustrações.

Como funciona o processo?


Como mencionado anteriormente, primeiro deve-se avaliar o aluno para
entender o que ele necessita do serviço. Isso significa conhecer suas necessi-
dades, seus potenciais, questões emocionais e de relacionamento. A avaliação
é conjunta entre o professor da sala e o professor da SRM e mediada pelo
pedagogo, para definir o plano de atendimento individualizado, elencar quais
serão os recursos e serviços selecionados para atender à necessidade individual
do aluno, estabelecer as estratégias para avaliação e organização curricular,
executar o planejamento das ações e a avaliação contínua do processo.
Em seguida, aplicam-se as ações elencadas no planejamento, para de-
senvolver uma área particular ou tópico de estudo com aprofundamento e
enriquecimento escolar adequado ao aluno em sala de aula ou na SRM que
ele frequenta no contraturno.
Atendimento educacional especializado e alunos com altas habilidades/superdotação 5

2 Alunos com altas habilidades/superdotação


que necessitam do AEE
Para identificar o aluno com AH/SD que necessita do AEE, deve-se, inicial-
mente, observar as particularidades ou traços do comportamento superdotado
que estão postas na legislação e nas orientações das instituições reguladoras
da educação brasileira:

São estudantes que demonstram potencial elevado em qualquer uma das


seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança,
artes e psicomotricidade; também apresentam elevada criatividade, grande
envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu inte-
resse (BRASIL, 2014, p. 1).

Além disso, você precisa observar os estudos que embasam as orientações


legais e que direcionam as práticas realizadas no AEE para o aluno com AH/SD.
Alguns mitos construídos historicamente e de modo equivocado interferem
na forma como muitas pessoas compreendem as AH/SD hoje. Um exemplo é
acreditar que a pessoa com AH/SD é autodidata, gênio, geneticamente privile-
giada, que sabe tudo e domina todas as áreas do conhecimento. Normalmente,
não se imagina que esse aluno necessita de AEE ou apoio emocional, pois, na
visão do senso comum, tudo é fácil para ele (PÉREZ, 2003).

Confira no link a seguir o artigo “Mitos e crenças sobre as pessoas com altas habilidades:
alguns aspectos que dificultam o seu atendimento” (PÉREZ, 2003).

https://qrgo.page.link/AgHgi

Até pouco tempo, vigorava uma concepção de que a pessoa com altas
habilidades era aquela com uma grande habilidade em raciocínio lógico ou
um cientista enfurnado em um laboratório de pesquisa ou de invenção. Essa
ideia construiu outro mito, o de que quem possui altas habilidades é exímio em
matemática e línguas. No entanto, esse equívoco se baseia em uma concepção
6 Atendimento educacional especializado e alunos com altas habilidades/superdotação

ultrapassada sobre o que é inteligência. Felizmente, os documentos orientadores


trazem correntes teóricas atuais e amplamente aceitas.
De acordo com o documento orientador do programa de educação inclusiva
como direito à diversidade (BRASIL, 2005a, p. 15), os elementos utilizados
para caracterizar o aluno com AH/SD são:

Notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes


aspectos isolados ou combinados: Capacidade intelectual geral; Aptidão aca-
dêmica específica; Pensamento criativo produtivo; Capacidade de liderança;
Talento especial para artes e Capacidade psicomotora.

Já o capítulo V da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva


da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008b) caracteriza os estudantes com AH/
SD pelo potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou
combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além
de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização
de tarefas em áreas de seu interesse.
Redefinições dos conceitos de inteligência e da compreensão das AH/SD
aconteceram, principalmente, com os estudos de Joseph Renzulli (2004) e
Howard Gardner (1994). Howard Gardner revisitou o conceito de inteligência
questionando os testes de aferição tradicionais e ampliou a inteligência para
outras áreas do conhecimento e das habilidades humanas. Para comprovar
a validade de sua teoria, estudou pessoas com AH/SD, pessoas com e sem
deficiência e danos cerebrais em diferentes culturas e os savants (pessoas que
apresentam alta habilidade em uma área, mas têm um significativo deficit de
inteligência).
Ao desenvolver a teoria das inteligências múltiplas, o conceito de inte-
ligência passa a ser revisto, incorporando novas inteligências à habilidade
linguística e lógico-matemática. Assim, as oito inteligências são: inteligência
corporal-cinestésica; inteligência interpessoal; inteligência musical; inteligência
lógico-matemática; inteligência linguística; inteligência naturalista; inteligência
intrapessoal e inteligência espacial.
Renzulli (2004) traz uma perspectiva multidimensional da AH/SD, que
denomina como comportamento de superdotação. Para ele, o comportamento
superdotado é a interação entre três elementos: habilidade acima da média
em alguma área do conhecimento; envolvimento com a tarefa e criatividade.
Observe na Figura 1 que a intersecção entre esses três elementos caracteriza
o comportamento de superdotação.
Atendimento educacional especializado e alunos com altas habilidades/superdotação 7

Figura 1. Os três anéis de Renzulli.


Fonte: Machado (2019, documento on-line).

A habilidade acima da média divide-se em geral e específica. A geral é a


utilização do raciocínio abstrato produzindo respostas adequadas e generali-
záveis, e a específica é a aplicação de várias habilidades gerais a uma ou mais
áreas do conhecimento, habilidades psicomotoras, relações interpessoais, arte.
O envolvimento com a tarefa é a persistência, a perseverança em executar
uma ação ou atividade. A pessoa aplica todo o seu potencial criativo revestido
de uma autoconfiança e determinação. Já a criatividade é o uso de todos os
recursos intelectuais, motivacionais, inovadores ou criativos que resultam em
produtos ou soluções superiores e surpreendentes (FREITAS; PÉREZ, 2012).
Renzulli (2014), após o trabalho intensivo com um grupo de alunos, con-
seguiu, de certa forma, categorizar o comportamento de superdotação em:
superdotação escolar e superdotação criativo-produtiva. Essa proposta está
sintonizada com a concepção de inteligência de Gardner: uma concepção múl-
tipla da inteligência e das altas habilidades/superdotação. Portanto, a partir das
mudanças do paradigma conceitual da inteligência propostas por Gardner e as
redefinições das AH/SD expostas por Renzulli, chegamos à definição atual de
AH/SD que está na Política Inclusiva do AEE. Essa definição utiliza conceitos
de inteligência e de AH/SD multidimensionais (FREITAS; PÉREZ, 2012).
Esses estudos trouxeram um avanço, pois anteriormente apenas alunos
com alto nível de habilidades acadêmicas eram considerados o público-alvo
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do AEE, principalmente habilidades relacionadas à área linguística e mate-


mática. Alunos com potenciais elevados em outras áreas das habilidades e do
conhecimento humano eram desconsiderados.
Por fim, atualmente define-se como sendo o público-alvo do AEE na área
das AH/SD aquele aluno que apresenta habilidade acadêmica acima da média
de seus pares da mesma idade e mesmo contexto cultural ou que demonstra
um alto envolvimento com a tarefa, além de ser criativo. As manifestações
de sua inteligência poderão ser múltiplas, com alta performance em uma ou
mais das inteligências de Gardner (corporal-cinestésica, interpessoal, musi-
cal, lógico-matemática, linguística, naturalista, intrapessoal e espacial). Os
traços que apresentam são: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica
específica, pensamento criativo-produtivo, capacidade de liderança, talento
especial para artes e capacidade psicomotora. Esses traços podem ocorrer
isolados ou combinados. Além disso, podem estar aparentes, por terem sido
adequadamente estimulados, ou ocultos, por necessitarem de um ambiente
instigante para desenvolver habilidades latentes.

3 Plano de desenvolvimento individual para o


aluno com altas habilidades/superdotação
O art. 59 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, afirma que “[…] a escola deve prever currículo,
métodos, recursos educativos e organizações específicos para atender às suas
necessidades e […] aceleração para concluir em menor tempo o programa
escolar para superdotados” (BRASIL, 2005b, p. 25). Isso significa que os
sistemas de ensino devem garantir o atendimento a todas as necessidades
educacionais que o aluno apresenta ofertando-lhes todos os recursos, adapta-
ções, complementações e metodologias necessárias para garantir o acesso e a
permanência ao ensino em igualdade de condições com os demais alunos. No
caso do aluno com AH/SD, suplementar e enriquecer os conteúdos, recursos
e metodologias.
Para projetar esses recursos, conteúdos e métodos, deve-se ter em mente
algo que parece óbvio, mas é extremamente importante: os alunos com AH/
SD que compõem o AEE não têm todos as mesmas características. Diver-
sos elementos distinguem cada um, como traços de personalidade, aspectos
culturais, relações familiares, forma como as suas habilidades foram ou não
estimuladas. Somada a esses fatores há a distinção entre aqueles alunos que
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são superdotados escolares e/ou criativos-produtivos. Isso significa que deve


ser feita uma identificação multidimensional (FREITAS; PÉREZ, 2012).
Conhecendo todos os elementos que caracterizam individualmente o aluno,
inicia-se a elaboração de um plano de trabalho que norteará toda a prática na
SRM e na sala regular para atender às necessidades individuais. Com esse
plano, devem ser ofertadas todas as possibilidades para o máximo desenvol-
vimento das potencialidades desse aluno, além de todo suporte ao professor
que atua com ele, pois “[…] é necessário o desenvolvimento de um plano de
ensino que contemple as especificidades dos alunos, respeite as diferenças
acadêmicas e seus ritmos de aprendizagem” (LEITE; BORELLI; MARTINS,
2013, documento on-line).
O professor da SEM e os professores da classe regular, juntamente com
o coordenador pedagógico da unidade escolar, elaboram o PDI, que seria
um “[…] planejamento individualizado, periodicamente avaliado e revisado,
que considera o aluno em patamar atual de habilidades, conhecimentos e
desenvolvimento, idade cronológica, nível de escolarização já alcançado e
objetivos educacionais desejados em curto, médio e longo prazos” (GLAT;
VIANNA; REDIG, 2012, p. 84).
O trabalho com o PDI requer avaliações sistematizadas que permitam
elencar metas prioritárias para alcançar um objetivo específico para o aluno.
Segundo Mascaro (2018), os objetivos a serem trabalhados podem ser os
mesmos do seu grupo de referência/ano escolar. O que muda, a partir da
aplicação do PDI, são as metas a serem atingidas pelo aluno.
Para elaboração do PDI, portanto, devem ser observados os seguintes
fatores:

 avaliação inicial das potencialidades e obstáculos a serem vencidos;


 apresentação de dados relevantes do aspecto social, afetivo, cognitivo,
motor, psicomotor e linguagem (diagnóstico inicial);
 planejamento de acordo com o currículo e a proposta pedagógica da
escola;
 mediação do professor da SRM e da sala regular;
 enriquecimento curricular de qualidade;
 objetivos trazidos do currículo das áreas do conhecimento;
 extensão e profundidade devem ser discutidas entre professor, professor
do AEE e equipe pedagógica;
 deve ser flexível e retroalimentável;
 regular a aprendizagem do aluno e sua avaliação.
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Delou (2014) sugere a utilização de um plano individual de ensino com


vistas à aceleração de estudos adaptada de um modelo aplicado por Joseph
Renzulli. Segundo a autora, o PDI visa à realização das modificações ou
adaptações curriculares para o desenvolvimento escolar dos alunos, segundo
a capacidade de cada um.
A primeira página do formulário traz informações de identificação do aluno,
da escola, dos professores e dos responsáveis pelo aluno. Para preencher essa
primeira folha, é necessário realizar a avaliação inicial do aluno, para observar
seus interesses e talentos. Ainda no primeiro formulário, será identificado
o local do AEE, os serviços, os recursos e as acessibilidades disponíveis e
necessárias, além de informações como o número de atendimentos e o período
em que será realizado. Para realizar a identificação, sugere-se a lista-base de
indicadores de superdotação. Veja o formulário na íntegra na Figura 2.

Figura 2. Plano de atendimento educacional especializado: página 1.


Fonte: Delou e Erick ([2012], documento on-line).

A segunda folha sugere um planejamento didático com proposta de dife-


renciação do conteúdo a ser ensinado, o processo pedagógico e os produtos
finais alcançados. Conforme Delou (2014), na primeira coluna, deve ser feita
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uma breve descrição das áreas curriculares, dos interesses e talentos a serem
trabalhados, trazendo os critérios de avaliação. Na segunda coluna, devem
ser descritos os recursos utilizados para o desenvolvimento das experiências
de aprendizagem e, na terceira, serão descritas as atividades pedagógicas.
Observe a Figura 3.

Figura 3. Plano de atendimento educacional especializado: página 2.


Fonte: Delou e Erick ([2012], documento on-line).

Na terceira página, há campos para registro do acompanhamento da exe-


cução do plano, para emissão de parecer final e recomendações, conforme
a Figura 4.
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Figura 4. Plano de atendimento educacional especializado: página 3.


Fonte: Delou e Erick ([2012], documento on-line).

Ainda visando subsidiar a sua prática, sugere-se um modelo que pode ser
útil não só na área das altas habilidades, mas também em outras modalidades
do AEE, especialmente nas ações em sala de aula. Inicialmente, devem ser
descritos os dados de identificação do aluno; em seguida, os obstáculos e
as potencialidades que o aluno apresenta, além dos atendimentos ofertados
externamente e internamente.
Em forma de tabela, você descreverá a área do conhecimento humano a que
se refere o plano, o conteúdo a ser enriquecido, os objetivos a serem atingidos,
as adaptações curriculares, as estratégias educacionais, os recursos materiais e
como será realizada a avaliação da aprendizagem. Veja o modelo na Figura 5.
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Figura 5. Modelo de plano de atendimento educacional especializado.


Fonte: Elaborada pela autora.

Planejamento como ponto de partida, vislumbrando a chegada “[…] é o


processo contínuo e dinâmico de reflexão, de tomada de decisão, colocação
em prática e de acompanhamento” (VASCONCELLOS, 2014, p. 56). Isso
significa que ações bem-planejadas de enriquecimento curricular, aceleração
de estudos ou adaptação curricular servirão como um mapa seguro para
executar, elaborar e avaliar todo o processo de ensino do aluno com AH/SD,
garantindo-lhes todos os direitos de uma trajetória escolar de êxitos.

No link a seguir, acesse um relato de experiência do Super Summer (Super Verão),


um programa que oferece aos alunos a estrutura física, de pessoal e material das
universidades para promover o desenvolvimento de talentos nas diversas áreas do
conhecimento humano, desde a educação infantil até o ensino médio.

https://qrgo.page.link/upaMT
14 Atendimento educacional especializado e alunos com altas habilidades/superdotação

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF,


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16 Atendimento educacional especializado e alunos com altas habilidades/superdotação

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